saraMAGO:
"Vivemos no que se pode chamar hoje, sem nenhum exagero, um deserto de ideias. Não há ideias novas, não há ideias que mobilizem, não há ideias que façam levantar as pessoas da sua resignação, pois todos nos resignámos a uma espécie de fatalidade que não aceita mudanças. Mas as ideias tão pouco nascem de um momento para o outro, é a própria sociedade que tem de gerar isso e, quando ocorrer, começaremos a fazer algo."
"Acreditámos que com a democracia abandonávamos certos medos, mas trocámo-los por outro medo colectivo e geral que nada tem a ver com a tortura ou a censura. É o temor constante de perder o emprego, um medo que limita e condiciona totalmente a vida de quem o sente. E esse medo alimenta o verdadeiro governo do mundo de hoje, o poder das multinacionais que conforma tudo à sua própria lógica. Uma lógica que impõe um perigoso acriticismo que cresce como uma mancha de óleo por todo o mundo. Parece que a norma é não pensar, não reagir, não criticar."
"A questão fundamental no poder é saber quem o tem, como chegou até ele e para quê ou para quem o usa."
"Vivemos numa época de gregarismo e com a sensação de que o mundo se tornou inseguro; assim, não se vislumbra como sair disto porque a razão e a resposta é uma das palavras mais velhas do mundo: o poder."
"Neste momento há uma espécie de fragmentação, de pulverização, em que as ideias não têm consistência, em que tudo se nos escapa das mãos. É um período negro. Está claro que é um período negro, mas isto não é definitivo."
"Já não há indignação espontânea, que é a boa, a verdadeira indignação. Existe uma doença do espírito: o mal da indiferença dos cidadãos. Estamos todos moralmente doentes."