Nasceu a 12julho1904
e morreu a 23set1978
***
29noVEMbro2013 postei:tb faz mbem à saúde intervalar com Neruda:
"Podes cortar todas as flores mas não podes impedir a Primavera de aparecer.""Sentir o amor das pessoas que nós amamos é um fogo que alimenta a nossa vida."
https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/330145163668050/?type=3&theater
***
19noVEMbro2013...Fiz partilha:
AconTECE
Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguéme ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.
Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.
Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.
Que entrevista espaçosa e especial!
***
7ouTUbro2019
mergulhei no dia:
7ouTUbro2013
4.44' da tarde é bELO miNUto para partILHArr neruda
Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo
Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo
“ Amor, quantos caminhos até chegar a um beijo,
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em taltal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,19noVEMbro
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa cravos.”
que solidão errante até tua companhia!
Seguem os trens sozinhos rodando com a chuva.
Em taltal não amanhece ainda a primavera.
Mas tu e eu, amor meu, estamos juntos,
juntos desde a roupa às raízes,
juntos de outono, de água, de quadris,
até ser só tu, só eu juntos.
Pensar que custou tantas pedras que leva o rio,19noVEMbro
a desembocadura da água de Boroa,
pensar que separados por trens e nações
tu e eu tínhamos que simplesmente amar-nos
com todos confundidos, com homens e mulheres,
com a terra que implanta e educa cravos.”
https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/301437383205495/?type=3&theater
De noite, amada, amarra teu coração ao meu De noite, amada, amarra teu coração ao meu
e que eles no sonho derrotem
as trevas como um duplo tambor
combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sonho.
Interceptando o fio das uvas terrestres
com pontualidade de um trem descabelado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, amarra-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate.
Com as asas de um cisne submergido,
para que as perguntas estreladas do céu
responda nosso sonho com uma só chave,
com uma só porta fechada pela sombra.
***
***
9jan2020
relembro postagem:
a nota de Elisabete Costa.
Proibido Proibir...
15jun1924
(via avante de 16jun2016)
15 de Junho de 1924
– 20 Poemas de Amor
e uma Canção Desesperada
– 20 Poemas de Amor
e uma Canção Desesperada
Pablo Neruda, aliás Nefatali Ricardo Reyes, tinha apenas 20 quando editou o livro «20 Poemas de Amor uma Canção Desesperada», consensualmente considerado como uma jóia da poesia latino-americana. Dirigidos por um homem a uma mulher – não necessariamente a mesma –, os poemas abordam a complexidade da relação amorosa, misturando a felicidade com a melancolia, a alegria da posse com a tristeza da ausência, a certeza do amor («Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras», poema 14), com o desespero do abandono («Posso escrever os versos mais tristes esta noite», poema 20). Com propriedade, esta obra da juventude revela o poeta que Neruda tão bem definiu quando recebeu o Nobel de Literatura em 1971: «Frequentemente disse que o melhor poeta é o homem que nos entrega o pão de cada dia, o padeiro mais próximo e que não se crê um deus. Ele cumpre a sua majestosa e humilde tarefa de amassar, colocar o pão no forno, dourar e entregar o pão de cada dia como uma obrigação comunitária. E se o poeta alcançar esta consciência poderá também converter-se como parte de uma colossal obra de artesão [...] e entregar com a sua mercadoria: pão, verdade, vinho e sonhos.»
***
suspeitas de assassinato...
http://www.avante.pt/pt/2046/nacional/123808/?tpl=612
A justiça chilena ordenou a exumação do corpo de Pablo Neruda, no âmbito de uma investigação sobre as circunstâncias da morte do poeta, anunciou, dia 8, a Fundação responsável pelo seu legado literário.
O poeta, membro do Partido Comunista Chileno e prémio Novel da Literatura em 1971, morreu 12 dias após o golpe de Estado militar de Augusto Pinochet, em 11 de Setembro de 1973.
Internado numa clínica em Santiago, a sua morte foi então atribuída a um cancro. No entanto, em 2011, o antigo motorista de Neruda insistiu que o poeta fora assassinado por agentes da ditadura que lhe ministraram uma injecção letal.
Face às revelações, o Partido Comunista do Chile interpôs uma acção para apurar as causas da morte de Neruda, cujo corpo será exumado no próximo mês de Março.
***
Via Graça Silva
"Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo."
***
23SEtemBRO2012
hj é dia do cAMARada neruda...morreu há 39 anos
(...) Por isso, Pátria branca e estrelada,
Pátria rubra e azul, Pátria primor,
Pátria chilena, Pátria delicada,
(...) Por isso, Pátria branca e estrelada,
Pátria rubra e azul, Pátria primor,
Pátria chilena, Pátria delicada,
de longe escutei o teu tambor.
E inquieto alcancei tua morada.
E fiquei dominado pela dor!
***
8ouTUbro2019
fiz partilha de Neruda via Gisela Mendonça https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2290943286605&set=a.1181415429102.28176.1639690204&type=3&theater
Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
Pensar talvez:
“Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.
***
8noVEMbro2011
**hj x AQUI estou a rELEVAR neruda...podem encontrar + nestas Fotos do Mural...bnoite e d'alcobaça que
vos abRRaça desejo-vos o melhor...com muita LUTA é claro!!!
https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/314120271937206/?type=3&theater
*
As lágrimas que não se choram esperam em pequenos lagos? Ou serão rios invisíveis que escorrem até a tristeza?”
*
Dever do poeta é cantar com seu povo e dar ao homem o que é do homem: sonho e amor, luz e noite, razão e desvario.
*
“Eu sou o homem das lágrimas e dos protestos. Não posso destinar a prosa à luta e a poesia ao sofrimento. Parece-me que ambas podem ter o mesmo destino.”
*
ACONTECE
Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.
Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.
Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.
Que entrevista espaçosa e especial!
https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/314238541925379/?type=3&theater
***
23seTEMbro2011
*
hj x AQUI Pablo Neruda
Ana Fernandes com PEdro Tévez e 29 outras pessoas.
Amigo1.
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.
2.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Bebe do meu cântaro se tens sede.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.
Amigo,
se tens fome come do meu pão.
se tens fome come do meu pão.
3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.
Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...
... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...
é uma rosa branca que se abre em silêncio...
in "Crepusculário" a minha homenagem hoje e para todos os que me acompanham
***
2dez2010...postei.
Pablo Neruda recomenda-nos: "Sê
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1432830167041086&set=a.1420260694964700.1073741827.100009423502594&type=1&theater
O Teu Riso
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, na hora
mais obscura desfia
o teu riso, e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
Perto do mar no outono,
o teu riso deve erguer
a sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero o teu riso como
a flor que eu esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
curvas da ilha,
ri-te deste rapaz
desajeitado que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando os meus passos se forem,
quando os meus passos voltarem,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas o teu riso nunca
porque sem ele morreria.
***
As sátrapiasNixon, Frei e Pinochet,
até hoje, até este amargo
mês de setembro
do ano de 1973,
com Bordaberry, Garrastazu
e Banzer, hienas vorazes
de nossa história, roedores
das bandeiras conquistadas
com tanto sangue e tanto fogo,
atolados em suas riquezas,
depredadores infernais,
sátrapas mil vezes vendidos
e vendedores, atiçados
pelos lobos de Nova York,
máquinas famintas de dores
manchadas no sacrifício de seus povos martirizados,
prostituídos mercadores
do pão e do ar americano,
imundos, carrascos,
manada de prostibulários caciques,
sem outra lei que a tortura
e a fome continuada do povo.
tradução de Paulo Monteiro
*trata-se do último poema escrito por Neruda
***
https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/1186039101411981/?type=1&theater
Num único beijo saberás tudo aquilo que tenho calado.
***
https://www.facebook.com/112890882080018/photos/a.114014221967684.7650.112890882080018/924768144225617/?type=3&theater
in PRESENTES DE UM POETA (Arteplural ed.)
Já não se encantarão meus olhos em teus olhos,
já não se achará doce minha dor a teu lado.
Mas por onde eu caminhe levarei o teu olhar
e para onde tu fores levarás minha dor.
Fui teu, foste minha. Que mais? Juntos fizemos
um desvio na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás de quem te ame,
Do que corte em teu horto aquilo que eu plantei.
Eu me vou. Estou triste: mas eu sempre estou triste.
Eu venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
…Desde teu coração diz adeus um menino.
E eu lhe digo adeus.
Tela: The nest, de ©John Tarahteeff
(LT)
Já não se encantarão meus olhos em teus olhos,
já não se achará doce minha dor a teu lado.
Mas por onde eu caminhe levarei o teu olhar
e para onde tu fores levarás minha dor.
Fui teu, foste minha. Que mais? Juntos fizemos
um desvio na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás de quem te ame,
Do que corte em teu horto aquilo que eu plantei.
Eu me vou. Estou triste: mas eu sempre estou triste.
Eu venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
…Desde teu coração diz adeus um menino.
E eu lhe digo adeus.
Tela: The nest, de ©John Tarahteeff
(LT)
***
Via Ângela Fontes:
8 de Junho - O dia do melhor amigo
https://www.facebook.com/ALuaVoa/photos/a.746679182114157.1073741828.746659858782756/790243647757710/?type=1&theater
+
Amigo
1.
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.
2.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Bebe do meu cântaro se tens sede.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.
Amigo,
se tens fome come do meu pão.
3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.
Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...
... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...
in "Crepusculário"
***
Via VANDA MARQUES:
http://www.vandafurtadomarques.blogspot.com/
Vale a pena dar sempre o melhor de nós
O espírito Natalício ajuda e abre o coração das pessoas para os actos
de solidariedade e partilha e torna-nos mais preocupados com os outros.
Mas e depois… Depois devemos dar o melhor de nós, todos os dias e
às vezes basta um sorriso, uma palavra carinhosa, um abraço, um elogio
para poder mudar o mundo. Cada um de nós é responsável por essa mudança…
Sê… como diz Pablo Neruda.
Sê
Se não puderes ser um pinheiro,
no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale
mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo,
se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo,
sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol,
sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
***
13jul2018
Via Susana Duarte
Sofre mais quem espera sempre
Ou quem nunca esperou ninguém?
[O livro das perguntas]
Ou quem nunca esperou ninguém?
[O livro das perguntas]
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10215687041516586&set=a.2784518179639.2143835.1458792324&type=3&theater
***
VIA PÁGINA ESTUPENDA
A LUA VOA
https://www.facebook.com/ALuaVoa/photos/a.746679182114157.1073741828.746659858782756/790244097757665/?type=1&theater
Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida, a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
in "Cem Sonetos de Amor"
***
Poema de Pablo Neruda compedido meu de
Tradução à Gisela Mendonça:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205117022798754&set=a.1181415429102.28176.1639690204&type=1&theater
Enche-te de mim.
Anseia-me, esgota-me, derrama-me, sacrifica-me.
Pede-me. Vem buscar-me, contém-me, esconde-me.
Quero ser de alguém, quero ser teu, é tua a hora.
Sou aquele que passou pairando sobre as coisas,
o fugidio, o que sofre.
Pablo Neruda (tradução de GM)
***
A Essência da Poesia
Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição de um poema; e não deixarei impresso, por meu turno, nem sequer um conselho, modo ou estilo para que os novos poetas recebam de mim alguma gota de suposta sabedoria. Se narrei neste discurso alguns sucessos do passado, se revivi um nunca esquecido relato nesta ocasião e neste lugar tão diferentes do sucedido, é porque durante a minha vida encontrei sempre em alguma parte a asseveração necessária, a fórmula que me aguardava, não para se endurecer nas minhas palavras, mas para me explicar a mim próprio.
Encontrei, naquela longa jornada, as doses necessárias para a formação do poema. Ali me foram dadas as contribuições da terra e da alma. E penso que a poesia é uma acção passageira ou solene em que entram em doses medidas a solidão e solidariedade, o sentimento e a acção, a intimidade da própria pessoa, a intimidade do homem e a revelação secreta da Natureza. E penso com não menor fé que tudo se apoia - o homem e a sua sombra, o homem e a sua atitude, o homem e a sua poesia - numa comunidade cada vez mais extensa, num exercício que integrará para sempre em nós a realidade e os sonhos, pois assim os une e confunde.
E digo igualmente que não sei, depois de tantos anos, se aquelas lições que recebi ao cruzar um rio vertiginoso, ao dançar em torno do crânio de uma vaca, ao banhar os pés na água purificadora das mais elevadas regiões, digo que não sei se aquilo saía de mim mesmo para se comunicar depois a muitos outros seres ou era a mensagem que os outros homens me enviavam como exigência ou embrazamento. Não sei se aquilo o vivi ou escrevi, não sei se foram verdade ou poesia, transição ou eternidade, os versos que experimentei naquele momento, as experiências que cantei mais tarde.
De tudo aquilo, amigos, surge um ensinamento que o poeta deve aprender dos outros homens. Não há solidão inexpugnável. Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico em que podemos dançar com hesitação ou cantar com melancolia, mas nessa dança ou nessa canção acham-se consumados os mais antigos ritos da consciência; da consciência de serem homens e de acreditarem num destino comum.
in "Nasci para Nascer" (Discurso na entrega do Prémio Nobel)
Via Gisela Mendonça
***
Nós calávamosSaber é uma dor. E o soubemos:
cada dado saído de sua sombra
deu-nos padecimento necessário:
o rumor transformou-se nas verdades,
a porta escura foi cheia de luz,
e se retificaram essas dores.
A verdade foi a vida nessa morte.
Era pesado o saco do silêncio.
E ainda custava sangue levantá-lo:
eram tantas as pedras do passado.
Porém foi assim de valoroso o dia:
com uma faca de ouro abriu a sombra
e entrou a discussão como uma roda
rodando pela luz restituída
até ponto polar do território.
Agora as espigas que coroaram
a grandeza do sol e sua energia:
de novo o camarada respondeu
à interrogação do camarada.
Caminho, aquele, duramente errado
voltou, com a verdade a ser caminho.
_____________________
Via
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10204137959842792&set=a.2912669309367.132818.1639690204&type=1&theater
Llénate de mí.
Ansíame, agótame, viérteme, sacrifícame.
Pídeme. Recógeme, contiéneme, ocúltame.
Quiero ser de alguien, quiero ser tuyo, es tu hora,
Soy el que pasó saltando sobre las cosas,
el fugante, el doliente.
tradução rr (a aguardar a tradução da especialista Gisela)
Serve-te de mim.
Faz-me ansiar, esgota-me, sirva-me, sacrifica-me.
Pede-me. Reconhece-me, contém-me, esconde-me.
Quero ser alguém, quero ser teu, é a tua hora,
Sou o que passou saltando sobre as coisas,
o fugitivo, o doente.
***
https://www.facebook.com/MinhaTerraMeuChao/photos/a.1393838497496687.1073741828.1393828550831015/1559195470960988/?type=1&theater
"Quero viver num mundo em que os seres sejam simplesmente humanos, sem mais títulos além desse, sem trazerem na cabeça uma regra, uma palavra rígida. Quero que a grande maioria, a única maioria, todos, possam falar, ler, ouvir, florescer. Nunca compreendi a luta senão como um meio de acabar com ela. Quero um caminho, porque creio que esse caminho nos leva a todos, a essa amabilidadeduradoura. Quero uma bondade ubíqua, extensa, inexaurível. Resta-me no entanto uma fé absoluta no destino humano, uma convicção cada vez mais consciente de que nos aproximamos de uma grande ternura. Neste sobressalto de agonia, sabemos que entrará a luz definitiva pelos olhos entreabertos. Entender-nos-emos todos. Progrediremos juntos. E esta esperança é irrevogável."
***
https://www.facebook.com/349094905211303/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/620711421382982/?type=1&theater
Não eras para os meus sonhos, não eras para a minha vida,
nem para os meus cansaços perfumados de rosas, nem para a impotência da minha raiva suicida,
não eras a bela e doce, a bela e dolorosa.
Não eras para os meus sonhos, não eras para os meus cantos,
não eras para o prestígio dos meus amargos prantos,
não eras para a minha vida nem para a minha dor,
não eras o fugitivo de todos os meus encantos.
Não merecias nada. Nem o meu áspero desencanto
nem sequer o lume que pressentiu o Amor.
Bem feito, é muito bem feito que tenhas passado em vão
que a minha vida não se tenha submetido ao teu olhar,
que aos antigos prantos se não tenha juntado
a amargura dolente de um estéril chorar.
Tu eras para o imbecil que te quisesse um pouco.
(Oh! meus sonhos doces, oh meus sonhos loucos!)
Tu eras para um imbecil, para um qualquer
que não tivesse nada dos meus sonhos, nada,
mas que te daria o prazer animal
o curto e bruto gozo do espasmo final.
Não eras para os meus sonhos, não eras para a minha vida
nem para os meus quebrantos nem para a minha dor,
não eras para os prantos das minhas duras feridas,
não eras para os meus braços, nem para a minha canção.
em ‘Cadernos de Temuco’
Tradução de Albano Martins
Arte - Mark Spain
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=327197027432641&set=a.251929848292693.1073741828.251925724959772&type=1&theater
"Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho: amo-te assim porque não sei amar de outra maneira."
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=327196927432651&set=a.251929848292693.1073741828.251925724959772&type=1&theater
"A timidez é uma condição alheia ao coração, uma categoria, uma dimensão que desemboca na solidão."
***
https://www.facebook.com/282054545145829/photos/a.282056735145610.78181.282054545145829/822743507743594/?type=1&theater
"Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,"
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Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas.
Nada contava nem tinha nome.
O mundo era do ar que esperava
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo.
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalianavelmente alheio.
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
A Dança -
ART" dorina costras"
***
"Quero viver num mundo em que os seres sejam simplesmente humanos, sem mais títulos além desse, sem trazerem na cabeça uma regra-, uma palavra rígida, um rótulo...
Quero que a grande maioria, a única maioria, todos, possam falar, ler, ouvir, florescer. Nunca compreendi a luta senão como um meio de acabar com ela. Nunca aceitei o rigor senão como meio para deixar de existir o rigor. Tomei um caminho porque creio que esse caminho nos leva, a todos, a essa amabilidade duradoura. Luto pela bondade ubíqua, extensa, inexaurível...
resta-me no entanto uma fé absoluta no destino humano, uma convicção cada vez mais consciente de que nos aproximamos de uma grande ternura.
Escrevo sabendo que sobre as nossas cabeças, sobre todas as cabeças, existe o perigo da bomba, da catástrofe nuclear, que não deixaria ninguém nem nada sobre a Terra. Pois bem: nem isso altera a minha esperança. Neste momento crítico, neste sobressalto de agonia, sabemos que entrará a luz definitiva pelos olhos entreabertos. Entender-nos-emos todos. Progrediremos juntos. E esta esperança é irrevogável.
Quero que a grande maioria, a única maioria, todos, possam falar, ler, ouvir, florescer. Nunca compreendi a luta senão como um meio de acabar com ela. Nunca aceitei o rigor senão como meio para deixar de existir o rigor. Tomei um caminho porque creio que esse caminho nos leva, a todos, a essa amabilidade duradoura. Luto pela bondade ubíqua, extensa, inexaurível...
resta-me no entanto uma fé absoluta no destino humano, uma convicção cada vez mais consciente de que nos aproximamos de uma grande ternura.
Escrevo sabendo que sobre as nossas cabeças, sobre todas as cabeças, existe o perigo da bomba, da catástrofe nuclear, que não deixaria ninguém nem nada sobre a Terra. Pois bem: nem isso altera a minha esperança. Neste momento crítico, neste sobressalto de agonia, sabemos que entrará a luz definitiva pelos olhos entreabertos. Entender-nos-emos todos. Progrediremos juntos. E esta esperança é irrevogável.
(Via Susana C)
***
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"Se sou amado,
quanto mais amadomais correspondo ao amor.
Se sou esquecido,
devo esquecer também,
Pois amor é feito espelho:
-tem que ter reflexo."
***
Sê
Se não puderes ser um pinheiro,no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale
mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo,
se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo,
sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol,
sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
***
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É Proibido
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
***
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Se Me Esqueceres
Quero que saibas
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
***
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Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,mas o amado já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos magoa,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.
Arte - Mark Keller
***
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Meu amor, o que encontras em teu poço fechado? Algas, pântanos, rochas? O que vês, de olhos cegos, rancorosa e ferida? Não acharás, amor, no poço em que cais o que na altura guardo para ti: um ramo de jasmins todo orvalhado, um beijo mais profundo que esse abismo.
***
AS MULHERES
Elas sorriem quando querem gritar.Elas cantam quando querem chorar.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.
***
As sátrapias
Nixon, Frei e Pinochet
até hoje, até este amargomês de setembro
do ano de 1973,
com Bordaberry, Garrastazu
e Banzer, hienas vorazes
de nossa história, roedores
das bandeiras conquistadas
com tanto sangue e tanto fogo,
atolados em suas riquezas,
depredadores infernais,
sátrapas mil vezes vendidos
e vendedores, atiçados
pelos lobos de Nova York,
máquinas famintas de dores
manchadas no sacrifício de seus povos martirizados,
prostituídos mercadores
do pão e do ar americano,
imundos, carrascos,
manada de prostibulários caciques,
sem outra lei que a tortura
e a fome continuada do povo.
tradução de Paulo Monteiro
*trata-se do último poema escrito por Neruda
HÁ QUEM DIGA QUE ESTE NÃO É DE NERUDA:
"Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê,
Quem não ouve música,
Quem destrói o seu amor-próprio,
Quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
Quem prefere O "preto no branco"
E os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços,
coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa
quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não se permite,
Uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem passa os dias queixando-se da má sorte
ou da Chuva incessante,
Desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,
Recordando sempre que estar vivo
exige um esforço muito maior
do que o Simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!"
***
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Para não Deixar de Amar-te Nunca
Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=686413708061013&set=a.559507790751606.1073741828.559343457434706&type=1&theater
in “Cem Sonetos de Amor”
“Amo o pedaço de terra que tu és,
porque das campinas planetárias
outra estrela não tenho. Tu repetes
a multiplicação do universo.
Teus amplos olhos são a luz que tenho
das constelações derrotadas,
tua pele palpita como os caminhos
que percorre na chuva o meteoro.
De tanta lua foram para mim teus quadris,
de todo o sol tua boca profunda e sua delícia,
de tanta luz ardente como mel na sombra
teu coração queimado por longos raios rubros,
e assim percorro o fogo de tua forma beijando-te,
pequena e planetária, pomba e geografia”
© Josh Adamski - Imagem
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=792419637448762&set=a.139691682721564.20114.114396468584419&type=1&theater
Amor
Para sentir-te nas veias como Deus num rio
e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal,
para que sem esforço teu ser pelo meu passasse
e saísse na estrofe - limpo de todo o mal -.
Imagem: Yuri Yarosh
***
https://www.facebook.com/282054545145829/photos/a.282056735145610.78181.282054545145829/805580916126520/?type=1&theater
"Quero, quando eu morrer, tuas mãos em meus olhos:
quero a luz, quero o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim essa doçura:
sentir tua suavidade que mudou meu destino.
Quero que vivas enquanto, adormecido,
espero que teus olhos sigam ouvindo o vento,
que sintas o perfume do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.
Quero que o que amo siga vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso segues florescendo, florida,
para que alcances tudo o que o meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teus cabelos,
para que assim conheçam a razão de meu canto."
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=669213493114368&set=a.559507790751606.1073741828.559343457434706&type=1&theater
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.
© Zaneta Frenn - Imagem
***
Para não Deixar de Amar-te Nunca
Saberás que não te amo e que te amo
pois que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem a sua metade de frio.
Amo-te para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Amo-te e não te amo como se tivesse
nas minhas mãos a chave da felicidade
e um incerto destino infeliz.
O meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
***
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in “Cem Sonetos de Amor”
“Amo o pedaço de terra que tu és,
porque das campinas planetárias
outra estrela não tenho. Tu repetes
a multiplicação do universo.
Teus amplos olhos são a luz que tenho
das constelações derrotadas,
tua pele palpita como os caminhos
que percorre na chuva o meteoro.
De tanta lua foram para mim teus quadris,
de todo o sol tua boca profunda e sua delícia,
de tanta luz ardente como mel na sombra
teu coração queimado por longos raios rubros,
e assim percorro o fogo de tua forma beijando-te,
pequena e planetária, pomba e geografia”
© Josh Adamski - Imagem
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Amor
Para sentir-te nas veias como Deus num rio
e adorar-te nos ossos tristes de pó e cal,
para que sem esforço teu ser pelo meu passasse
e saísse na estrofe - limpo de todo o mal -.
Imagem: Yuri Yarosh
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"Quero, quando eu morrer, tuas mãos em meus olhos:
quero a luz, quero o trigo de tuas mãos amadas
passar uma vez mais sobre mim essa doçura:
sentir tua suavidade que mudou meu destino.
Quero que vivas enquanto, adormecido,
espero que teus olhos sigam ouvindo o vento,
que sintas o perfume do mar que amamos juntos
e que sigas pisando a areia que pisamos.
Quero que o que amo siga vivo
e a ti amei e cantei sobre todas as coisas,
por isso segues florescendo, florida,
para que alcances tudo o que o meu amor te ordena,
para que passeie minha sombra por teus cabelos,
para que assim conheçam a razão de meu canto."
***
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Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas
não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a flor de espiga que desfias,
a água que de súbito
jorra na tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
por vezes com os olhos
cansados de terem visto
a terra que não muda,
mas quando o teu riso entra
sobe ao céu à minha procura
e abre-me todas
as portas da vida.
© Zaneta Frenn - Imagem
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Prende o teu coração ao meu
De noite, amada, prende o teu coração ao meu
e que no sono eles dissipem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
e que no sono eles dissipem as trevas
como um duplo tambor combatendo no bosque
contra o espesso muro das folhas molhadas.
Noturna travessia, brasa negra do sono
intercetando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade dum comboio desvairado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
intercetando o fio das uvas terrestres
com a pontualidade dum comboio desvairado
que sombra e pedras frias sem cessar arrastasse.
Por isso, amor, prende-me ao movimento puro,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas dum cisne submerso,
à tenacidade que em teu peito bate
com as asas dum cisne submerso,
para que às perguntas estreladas do céu
responda o nosso sono com uma única chave,
com uma única porta fechada pela sombra.
responda o nosso sono com uma única chave,
com uma única porta fechada pela sombra.
do livro "Cem Sonetos de Amor"
Arte - Tomasz Rut
https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/414952298520669/?type=1&theater
ODE AO AMOR
Amor, não tenhamos ilusões.
Na minha idade
já não é possível
enganar ou enganarmo-nos.
Fui, talvez, salteador
de estradas,
mas não me arrependo.
Um profundo minuto,
uma magnólia esgarçada
pelos meus dentes
e a luz da lua opalina.
Pois bem, e o balanço?
A solidão manteve
a sua rede entrelaçada
de frios jasmineiros
e então
a que veio a meus braços
era a rosada rainha das ilhas.
Amor,
mesmo que caia
uma gota
durante toda
a nocturna
primavera
não se engendra o oceano
e eu, solitário e nu,
esperando fiquei.
Mas eis aquela
que passou pelos meus braços
como uma onda,
aquela,
que foi somente um sabor
de fruta vespertina,
subitamente
pestanejou como uma estrela,
ardeu como uma pomba
e na minha pele
senti que ela
se desatava
como a cabeleira duma fogueira.
Amor, tudo foi mais simples
desde aquele dia.
Obedeci às ordens
que o meu olvidado coração ordenava
e enlacei a sua cintura
e solicitei a sua boca
com toda a força dos meus beijos,
como um rei que arrebata
com um exército em fúria
uma pequena torre onde cresce
a açucena selvagem da sua infância.
Por isso, Amor, eu creio
que emaranhado e cruel
pode ser o teu caminho,
mas que regressas
da tua caçada
e quando acendes
novamente o fogo,
como o pão sobre a mesa,
assim, singelamente,
deve estar o que amamos.
Amor, isso me deste.
Quando pela primeira vez
ela veio a meus braços
passou como as águas
numa despenhada primavera.
Hoje
dou-lhe guarida.
São estreitas as minhas mãos pequenas
as órbitas dos meus olhos
para que elas possam receber
o seu tesouro,
a cascata
de infindável luz, o fio de ouro,
o pão da sua fragância
que são singelamente, Amor, a minha vida.
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=619476388107321&set=a.107207769334188.12956.100001348957610&type=1&theater
Nenhuma outra Viajará pela Sombra Comigo
Já és minha. Repousa com teu sono no meu sono.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite em suas rodas invisíveis
e ao meu lado és pura como o âmbar adormecido.
Nenhuma outra, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma outra viajará pela sombra comigo,
apenas tu, sempre-viva, sempre sol, sempre lua.
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves signos sem rumo,
teus olhos fecharam-se como duas asas cinzentas,
enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento fiam o seu destino,
e sem ti já não sou senão apenas o teu sonho.
in "Cem Sonetos de Amor"
imagem For the Love,for the Death and the Poetry
********************
O pensamento tem poder infinito.
Ele mexe com o destino, acompanha a sua vontade.
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***
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"E desde então sou porque tu és
E desde então és
sou e somos.
E por amor
Serei, serás, seremos."
***
"É proibido chorar sem aprender,
levantar-se um dia sem saber o que fazer
ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
não lutar pelo que se quer,
abandonar tudo por medo,
não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor."
***
Ao esperar o melhor, você cria uma expectativa positiva que detona o processo de vitória.
Ser otimista é ser perseverante, é ter uma fé inabalável e uma certeza sem limites de que tudo vai dar certo.
Ao nascer o sentimento de entusiasmo, o universo aplaude tal iniciativa e conspira a seu favor, colocando-o a serviço da humanidade.
Você é quem escreve a história de sua vida - ao optar pelas atitudes construtivas - você cresce como ser humano e filho dileto de DEUS.
Positivo atrai positivo.
Alegria chama alegria.
Ao exalar esse estado optimista, nossa consciência desperta energias vitais que vão trabalhar na direcção de suas metas.
Seja incansavelmente optimista. Faz bem para o corpo, para a mente e para a alma.
É humano e natural viver aflições, só não é inteligente conviver com elas por muito tempo.
Seja mais paciente consigo mesmo, saiba entender suas limitações.
Sem esforço não existe vitória.
Ao escolher com sabedoria viver sua vida com otimismo, seu coração sorri, seus olhos brilham e a humanidade agradece por você existir.
***
Via Marta L:
"Algum dia, em qualquer parte, em qualquer lugar, indefectivelmente, encontrar-te-ás a ti mesmo e essa, só essa, pode ser a mais feliz ou a mais amarga das tuas horas."
***
12 de Julho de 1904: Nasce o poeta chileno Pablo Neruda, Nobel da Literatura em 1971, autor de "Crepusculario".
Nome literário do
poeta, diplomata e marxista chileno Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Nasceu a 12 de julho de 1904 em Parral, no Chile, e morreu a 23 de setembro de 1973, em Santiago. De família humilde, viveu no sul do Chile, em Temuco. A mãe faleceu uns meses após o seu nascimento e o pai voltaria a casar. Neruda viria a ter um bom relacionamento com a madrasta, que considerou como a sua verdadeira mãe. Escreveu um dia "eu nasci para a vida, para a terra, para a poesia e para a chuva". Estudou no liceu desta cidade, entrando aos 15 anos no Instituto Pedagógico da Universidade de Santiago. Começou a escrever aos 10 de idade. Quando tinha apenas 12 anos conheceu Gabriela Mistral, uma famosa poetisa chilena, que lhe deu a conhecer os escritores clássicos que iriam influenciar a sua carreira e as suas decisões políticas. Tornou-se militante anarquista e traduziu o trabalho de Jean Grave, a notável teoria de Peter Kropotkine, um anarquista comunista. A partir de 1920 passou a usar o nome Pablo Neruda, que legalmente adotou em 1946. Em 1921 deixou Temuco e mudou-se para a capital, Santiago. O estudante romântico invadiu a vida literária da capital chilena com a sua capa de estudante. Neste ano ganhou o prémio da federação chilena de estudantes de poesia com La canción de la fiesta e a partir daí começou a publicar poemas na revista da federação, Claridad. Em 1923 escreveu o primeiro livro, Crepusculario . Para cobrir as despesas desta publicação viu-se obrigado a vender o relógio que o pai lhe tinha oferecido. Em 1924 encontrou quem lhe publicasse Viente poemas de amor y una canción desesperada . Este trabalho foi muito bem recebido pelo público e conservou a sua popularidade ao longo dos anos. Aos vinte anos e com dois livros publicados, Neruda tornou-se o poeta chileno mais conhecido. Abandonou os estudos de francês para se dedicar inteiramente à poesia. Escreveu Tentativa del hombre infinito , Anillos, em colaboração com Tomás Lago, e El hondero entusiasta .Em 1927 foi nomeado cônsul em Rangoon, Burma, e durante cinco anos representou o seu país na Ásia. Seguidamente viajou para Ceilão, Colombo, Jacarta, Java, onde casou com a sua primeira mulher, de origem holandesa. Esteve ainda em Singapura. Viveu um período de grande solidão, animado apenas pelo romance com uma jovem burmesa. Durante estes anos na Ásia escreveu Residencia en la tierra . Em 1933 foi nomeado cônsul em Buenos Aires e daí data a sua amizade com o poeta espanhol Federico García Lorca. No ano seguinte foi transferido para Barcelona e depois para Madrid onde voltou a casar, desta vez com Delia del Carril. Com o mesmo impacto literário que obteve no seu país, Neruda conquistou a Europa e o resto do mundo, a sua poesia tornou-se rapidamente conhecida. Foi um escritor bem acolhido em Espanha. Este clima de desenvolvimento poético foi subitamente interrompido pelo eclodir da guerra civil espanhola em 1936. A execução do seu amigo García Lorca, a prisão de Miguel Hernández e o sangue nas ruas contribuíram para a maturidade do poeta e para as suas atitudes políticas. Escreveu então Espanã en el corazón , publicado durante a guerra civil nas linhas da frente republicanas. Pablo Neruda regressou ao Chile em 1938, com um grupo de refugiados espanhóis. Depois desta atitude, o governo chileno mandou-o para o México onde produziu intensamente textos poéticos, inspirado na II Guerra Mundial, que assolava a Europa, posicionando-se especialmente ao lado da defesa de Estalinegrado contra a ocupação germânica. Em 1943 voltou ao Chile por mar, recebendo uma grande ovação dos seus conterrâneos. Em 1945 foi eleito senador e nos três anos seguintes consagrou a maior parte do seu tempo aos problemas do país. A atividade política de Neruda foi interrompida quando foi eleito um governo de direita. Pablo Neruda, comunista, foi forçado a ocultar a sua ideologia, assim como outros esquerdistas. Estes anos de clandestinidade foram, no entanto, proveitosos do ponto de vista da obra literária. Escreveu Canto General , um dos grandes poemas épicos escritos no continente americano. Em fevereiro de 1948, deixou o Chile, atravessando a zona sul das montanhas dos Andes a cavalo. Em junho de 1949 visitou a União Soviética para participar na celebração dos 150 anos de Aleksandr Pushkin. Visitou depois outros países da Europa e o México. Em 1952, depois da ordem para prisão dos escritores de esquerda e de figuras políticas terem sido retiradas, Neruda regressou ao Chile e casou pela terceira vez, com a chilena Matilde Urrutia. Com a sua residência na Ilha Negra, no Pacífico, viajou constantemente por vários países, entre os quais Cuba e Estados Unidos, respetivamente em 1960 e 1966. A sua poesia foi traduzida em quase todas as línguas. A poesia de Neruda representa uma constante mudança, relacionada com as experiências da sua vida. Um dos mais enigmáticos trabalhos é Residencia en la tierra onde rompeu com a forma tradicional e criou uma técnica poética altamente personalizada embora plena de realismo, que se tornou conhecida como "nerudismo". Pablo Neruda foi Prémio Nacional de Literatura, Prémio Lenine da Paz (1953) e Prémio Nobel da Literatura (1971).
Pablo Neruda. In Infopédia
[Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.
wikipedia (Imagens)
Fotografía do jovem Pablo Neruda, ainda assinando
como Ricardo Reyes
Madonna recita:https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=8iG2JuURG7E
Si tu me olvidas:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=B8LxNEx1ETM
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/07/12-de-julho-de-1904-nasce-o-poeta.html
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/07/12-de-julho-de-1904-nasce-o-poeta.html?spref=fb&fbclid=IwAR09OMlC3ioB589yIsab-j3kOTEUEcsO-dkY-MvPSQTv3KYxZrpyb_6zmzE
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23 de Setembro de 1973 : Morre o poeta chileno Pablo Neruda, Nobel da Literatura em 1971
Nome literário do
poeta, diplomata e marxista chileno Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Nasceu a 12 de julho de 1904 em Parral, no Chile, e morreu a 23 de setembro de 1973, em Santiago. De família humilde, viveu no sul do Chile, em Temuco. A mãe faleceu uns meses após o seu nascimento e o pai voltaria a casar. Neruda viria a ter um bom relacionamento com a madrasta, que considerou como a sua verdadeira mãe. Escreveu um dia "eu nasci para a vida, para a terra, para a poesia e para a chuva". Estudou no liceu desta cidade, entrando aos 15 anos no Instituto Pedagógico da Universidade de Santiago. Começou a escrever aos 10 de idade. Quando tinha apenas 12 anos conheceu Gabriela Mistral, uma famosa poetisa chilena, que lhe deu a conhecer os escritores clássicos que iriam influenciar a sua carreira e as suas decisões políticas. Tornou-se militante anarquista e traduziu o trabalho de Jean Grave, a notável teoria de Peter Kropotkine, um anarquista comunista. A partir de 1920 passou a usar o nome Pablo Neruda, que legalmente adotou em 1946. Em 1921 deixou Temuco e mudou-se para a capital, Santiago. O estudante romântico invadiu a vida literária da capital chilena com a sua capa de estudante. Neste ano ganhou o prémio da federação chilena de estudantes de poesia com La canción de la fiesta e a partir daí começou a publicar poemas na revista da federação, Claridad. Em 1923 escreveu o primeiro livro, Crepusculario . Para cobrir as despesas desta publicação viu-se obrigado a vender o relógio que o pai lhe tinha oferecido. Em 1924 encontrou quem lhe publicasse Viente poemas de amor y una canción desesperada . Este trabalho foi muito bem recebido pelo público e conservou a sua popularidade ao longo dos anos. Aos vinte anos e com dois livros publicados, Neruda tornou-se o poeta chileno mais conhecido. Abandonou os estudos de francês para se dedicar inteiramente à poesia. Escreveu Tentativa del hombre infinito , Anillos, em colaboração com Tomás Lago, e El hondero entusiasta .Em 1927 foi nomeado cônsul em Rangoon, Burma, e durante cinco anos representou o seu país na Ásia. Seguidamente viajou para Ceilão, Colombo, Jacarta, Java, onde casou com a sua primeira mulher, de origem holandesa. Esteve ainda em Singapura. Viveu um período de grande solidão, animado apenas pelo romance com uma jovem burmesa. Durante estes anos na Ásia escreveu Residencia en la tierra . Em 1933 foi nomeado cônsul em Buenos Aires e daí data a sua amizade com o poeta espanhol Federico García Lorca. No ano seguinte foi transferido para Barcelona e depois para Madrid onde voltou a casar, desta vez com Delia del Carril. Com o mesmo impacto literário que obteve no seu país, Neruda conquistou a Europa e o resto do mundo, a sua poesia tornou-se rapidamente conhecida. Foi um escritor bem acolhido em Espanha. Este clima de desenvolvimento poético foi subitamente interrompido pelo eclodir da guerra civil espanhola em 1936. A execução do seu amigo García Lorca, a prisão de Miguel Hernández e o sangue nas ruas contribuíram para a maturidade do poeta e para as suas atitudes políticas. Escreveu então Espanã en el corazón , publicado durante a guerra civil nas linhas da frente republicanas. Pablo Neruda regressou ao Chile em 1938, com um grupo de refugiados espanhóis. Depois desta atitude, o governo chileno mandou-o para o México onde produziu intensamente textos poéticos, inspirado na II Guerra Mundial, que assolava a Europa, posicionando-se especialmente ao lado da defesa de Estalinegrado contra a ocupação germânica. Em 1943 voltou ao Chile por mar, recebendo uma grande ovação dos seus conterrâneos. Em 1945 foi eleito senador e nos três anos seguintes consagrou a maior parte do seu tempo aos problemas do país. A atividade política de Neruda foi interrompida quando foi eleito um governo de direita. Pablo Neruda, comunista, foi forçado a ocultar a sua ideologia, assim como outros esquerdistas. Estes anos de clandestinidade foram, no entanto, proveitosos do ponto de vista da obra literária. Escreveu Canto General , um dos grandes poemas épicos escritos no continente americano. Em fevereiro de 1948, deixou o Chile, atravessando a zona sul das montanhas dos Andes a cavalo. Em junho de 1949 visitou a União Soviética para participar na celebração dos 150 anos de Aleksandr Pushkin. Visitou depois outros países da Europa e o México. Em 1952, depois da ordem para prisão dos escritores de esquerda e de figuras políticas terem sido retiradas, Neruda regressou ao Chile e casou pela terceira vez, com a chilena Matilde Urrutia. Com a sua residência na Ilha Negra, no Pacífico, viajou constantemente por vários países, entre os quais Cuba e Estados Unidos, respetivamente em 1960 e 1966. A sua poesia foi traduzida em quase todas as línguas. A poesia de Neruda representa uma constante mudança, relacionada com as experiências da sua vida. Um dos mais enigmáticos trabalhos é Residencia en la tierra onde rompeu com a forma tradicional e criou uma técnica poética altamente personalizada embora plena de realismo, que se tornou conhecida como "nerudismo". Pablo Neruda foi Prémio Nacional de Literatura, Prémio Lenine da Paz (1953) e Prémio Nobel da Literatura (1971).
Pablo
Neruda. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2012.
wikipedia (Imagens)