publicada no região de cister de 10.11.2011
Mais Europa, menos Europa.
Apenas alguns meses depois de assinado o memorando com o FMI, BCE e União Europeia, o primeiro-ministro diz agora que são necessários “reajustamentos que possam trazer maior flexibilidade”.
O que era óbvio foi finalmente assumido pelo governo. Faltam 25 mil milhões de euros, os juros têm de ser reduzidos, o prazo tem de ser alargado (olhem a Grécia). Aquilo que era sagrado, o memorando, afinal não é para cumprir. Já sabíamos que não, porque vem lá expresso que temos de reduzir municípios e o governa já informou que só vamos reduzir freguesias, assim como está lá a redução da TSU e esse ponto também já foi retirado, embora o IVA tenha sido aumentado. Ou seja, só cumprem o que querem.
Com o aumento do IVA para a electricidade anunciado em Agosto, já devemos estar no PEC 10. Quando me lembro dos argumentos utilizados pelo PSD e CDS para recusarem o PEC 4! Era pedir demasiado esforço aos mais sacrificados!
A sucessiva aplicação de medidas de austeridade vai provocar mais recessão, que como todos sabem, atrasa o crescimento e provoca ainda mais recessão. O governo prevê 2,8% para 2012 mas alguns especialistas já falam em 5%!
Entretanto, o primeiro-ministro deixou cair uma frase das mais assassinas que já ouvi a um político: “só vamos sair desta crise empobrecendo”. Para moralizar os portugueses deve ter um impacto notável. Inacreditável!
O que dizer da viagem de Paulo Portas ao Paraguai e à Venezuela assinando vários protocolos? Entre várias outras, a empresa J.P. Sá Couto dos computadores Magalhães. O que ele disse na oposição sobre estes negócios com a Venezuela de Hugo Chávez nem Maomé diria do toucinho!
O que pensar da ministra Assunção Cristas como deputada na oposição a apoiar a continuação e recuperação da Linha do Oeste? E agora no governo a aceitar o seu fim?
O que dizer do Secretário de Estado da Juventude, Alexandre Mestre, que aconselhou os jovens desempregados a emigrar? Eles sabem que têm de emigrar, mas um dos responsáveis para criar condições para tal não acontecer, aconselhar precisamente o seu contrário?
Como escrevia Eça de Queirós sobre um governo do seu tempo: “Este governo não sai com eleições, vai sair com benzina, porque é uma nódoa”.
Entretanto na Europa a dupla Merkozy continua a demonstrar a sua incompetência que já se arrasta desde 2007 e 2008 quando a crise americana, provocada pela ausência de regulação financeira, nos chegou às fronteiras, demonstrando claramente que estamos numa era global. Em vez de atacarem o problema frontalmente, este directório não eleito pelos europeus, foi adiando decisões importantes, gerindo a crise em cima do joelho, empurrando os problemas com a barriga, improvisando. Deixaram a Europa sem rumo, ao ponto da Itália, um dos países do G7 e do G20, uma das maiores economias da Europa, pedir uma monitorização do FMI. Já estão com uma taxa de 7% a 5 anos. Por falar em G20, já repararam que a Argentina, na bancarrota em 2001, está a crescer muito bem e tem assento nos 20 países mais ricos do mundo?