(via acantoon)
Reportagem: Turquel, a “Aldeia do hóquei”
20.11.2011 - 18:15 Ana Tulha
Foto: Rui Soares | |
O Turquel, mesmo a jogar na segunda divisão, é um caso |
Chamam-lhe a “Aldeia do Hóquei” e quem, em dia de jogo, entra no Pavilhão do Hóquei Clube de Turquel (HCT) não tarda a perceber porquê. As centenas de adeptos e cachecóis, uma claque que canta de forma ininterrupta e a música que se faz ouvir no pavilhão à mínima paragem no jogo criam um ambiente que transcende o espectáculo desportivo e dá a cada jogo de hóquei do Turquel contornos de uma verdadeira festa.
“As pessoas aqui vivem e respiram o hóquei”, conta Maria do Carmo, habitante desta pequena vila do concelho de Alcobaça. As assistências médias de 1300 espectadores nos jogos em casa comprovam-no. “No ano passado, tivemos muitas vezes mais adeptos aqui no pavilhão do que o União de Leiria no estádio”, recorda Dinis Vicente, vice-presidente do clube. Os números ganham ainda maior relevância se olharmos para os dados relativos aos habitantes de Turquel – são perto de 4400, o que significa que, de cada vez que os seniores jogam em casa, quase um terço da aldeia se mobiliza para ir apoiar o clube da terra.
Mas nem só os habitantes de Turquel rumam ao pavilhão do HCT de cada vez que há um jogo em casa. “Já tivemos cá pessoas que fizeram 140 quilómetros para nos vir ver”, garante.
Com onze presenças no campeonato nacional sénior da I Divisão, o HCT entrou para o quadro de honra do hóquei em patins nacional no final da década de 1980, período em que foi treinado por António Livramento. Hoje, e apesar de o clube se manter na II Divisão há quase dez anos, o entusiasmo dos adeptos não esmorece.
Para o embate com o Oeiras, actual décimo classificado da prova (o HCT está em quarto), vieram 890 pessoas, mas, de acordo com Dinis Vicente, “nesta fase da época, ainda está tudo muito calminho”. “Mais para o meio do campeonato, isto é a loucura. Não consegue entrar aqui mais ninguém”, assegura.
Às 21 horas em ponto, o pavilhão assiste à primeira grande explosão de alegria: os jogadores do Turquel entram em campo. São “os filhos da terra”, como se ouve na bancada. Dos dez jogadores do plantel deste ano, apenas um não fez parte dos escalões de formação do HCT. “Apostarmos na formação é o que faz com que tenhamos muita gente a apoiar-nos”, explica João Simões, treinador do clube, também ele um “homem da casa”.
Rola a bola no ringue. A explosão de alegria repete-se poucos segundos depois, com o primeiro golo do HCT. Os “Brutos dos Queixos” – nome pelo qual são conhecidos os habitantes de Turquel – festejam cada golo como uma vitória e os jogadores não se fazem rogados: aí vão dois.
Na bancada, Carmo Honório, também ela antiga jogadora do clube, vibra com os golos dos atletas de casa. “Não falho um jogo”, assegura. E hoje nem a laringite a impediu de marcar presença. “Vimos apoiar os miúdos que vimos crescer, aqui somos todos uma grande família!”, afirma.
Ao intervalo, são já seis os golos da equipa da casa e nem os três do conjunto de Oeiras fazem os adeptos perder o ânimo. “E o Turquel é o nosso grande amor”, cantam a plenos pulmões.
A segunda parte recomeça no mesmo clima de festa e o festival de golos continua. Na bancada, os mais novos entoam, abraçados, os cânticos do clube. “O facto de termos muitos jogadores seniores que também são treinadores das camadas jovens é muito importante para trazer os miúdos”, assegura João Simões.
Mas não é este o único segredo do entusiasmo à volta da equipa. De acordo com Dinis Vicente, a comunicação directa entre os atletas e os adeptos (através de SMS e do Facebook), a criação de uma televisão online que transmite os jogos (HCTv), o relato dos jogos ao minuto no Twitter e os outdoors com mensagens personalizadas são trunfos fundamentais para fomentar o amor pelo clube.
“Uma vez ouvi um atleta desta equipa dizer: ‘Em Turquel, o hóquei não é um desporto, é um acontecimento social’”, recorda Catarina Maria, uma das responsáveis pelo Departamento de Comunicação do Clube. Carmo Honório concorda: “É uma convivência: as pessoas gostam de vir cá para se verem umas às outras, para se rirem e para dizerem umas coisas aos árbitros, porque também faz parte”, graceja.
O jogo termina com um expressivo 11-4, mas há ainda tempo para a última grande ovação da noite: os jogadores do Turquel juntam-se no centro do campo para agradecer a presença dos 890 adeptos que vieram para os apoiar. “O público é o nosso sexto jogador”, refere André Luís, capitão de equipa e um dos casos mais paradigmáticos de longevidade no clube – enverga a camisola do HCT há já 25 anos.
“As pessoas aqui vivem e respiram o hóquei”, conta Maria do Carmo, habitante desta pequena vila do concelho de Alcobaça. As assistências médias de 1300 espectadores nos jogos em casa comprovam-no. “No ano passado, tivemos muitas vezes mais adeptos aqui no pavilhão do que o União de Leiria no estádio”, recorda Dinis Vicente, vice-presidente do clube. Os números ganham ainda maior relevância se olharmos para os dados relativos aos habitantes de Turquel – são perto de 4400, o que significa que, de cada vez que os seniores jogam em casa, quase um terço da aldeia se mobiliza para ir apoiar o clube da terra.
Mas nem só os habitantes de Turquel rumam ao pavilhão do HCT de cada vez que há um jogo em casa. “Já tivemos cá pessoas que fizeram 140 quilómetros para nos vir ver”, garante.
Com onze presenças no campeonato nacional sénior da I Divisão, o HCT entrou para o quadro de honra do hóquei em patins nacional no final da década de 1980, período em que foi treinado por António Livramento. Hoje, e apesar de o clube se manter na II Divisão há quase dez anos, o entusiasmo dos adeptos não esmorece.
Para o embate com o Oeiras, actual décimo classificado da prova (o HCT está em quarto), vieram 890 pessoas, mas, de acordo com Dinis Vicente, “nesta fase da época, ainda está tudo muito calminho”. “Mais para o meio do campeonato, isto é a loucura. Não consegue entrar aqui mais ninguém”, assegura.
Às 21 horas em ponto, o pavilhão assiste à primeira grande explosão de alegria: os jogadores do Turquel entram em campo. São “os filhos da terra”, como se ouve na bancada. Dos dez jogadores do plantel deste ano, apenas um não fez parte dos escalões de formação do HCT. “Apostarmos na formação é o que faz com que tenhamos muita gente a apoiar-nos”, explica João Simões, treinador do clube, também ele um “homem da casa”.
Rola a bola no ringue. A explosão de alegria repete-se poucos segundos depois, com o primeiro golo do HCT. Os “Brutos dos Queixos” – nome pelo qual são conhecidos os habitantes de Turquel – festejam cada golo como uma vitória e os jogadores não se fazem rogados: aí vão dois.
Na bancada, Carmo Honório, também ela antiga jogadora do clube, vibra com os golos dos atletas de casa. “Não falho um jogo”, assegura. E hoje nem a laringite a impediu de marcar presença. “Vimos apoiar os miúdos que vimos crescer, aqui somos todos uma grande família!”, afirma.
Ao intervalo, são já seis os golos da equipa da casa e nem os três do conjunto de Oeiras fazem os adeptos perder o ânimo. “E o Turquel é o nosso grande amor”, cantam a plenos pulmões.
A segunda parte recomeça no mesmo clima de festa e o festival de golos continua. Na bancada, os mais novos entoam, abraçados, os cânticos do clube. “O facto de termos muitos jogadores seniores que também são treinadores das camadas jovens é muito importante para trazer os miúdos”, assegura João Simões.
Mas não é este o único segredo do entusiasmo à volta da equipa. De acordo com Dinis Vicente, a comunicação directa entre os atletas e os adeptos (através de SMS e do Facebook), a criação de uma televisão online que transmite os jogos (HCTv), o relato dos jogos ao minuto no Twitter e os outdoors com mensagens personalizadas são trunfos fundamentais para fomentar o amor pelo clube.
“Uma vez ouvi um atleta desta equipa dizer: ‘Em Turquel, o hóquei não é um desporto, é um acontecimento social’”, recorda Catarina Maria, uma das responsáveis pelo Departamento de Comunicação do Clube. Carmo Honório concorda: “É uma convivência: as pessoas gostam de vir cá para se verem umas às outras, para se rirem e para dizerem umas coisas aos árbitros, porque também faz parte”, graceja.
O jogo termina com um expressivo 11-4, mas há ainda tempo para a última grande ovação da noite: os jogadores do Turquel juntam-se no centro do campo para agradecer a presença dos 890 adeptos que vieram para os apoiar. “O público é o nosso sexto jogador”, refere André Luís, capitão de equipa e um dos casos mais paradigmáticos de longevidade no clube – enverga a camisola do HCT há já 25 anos.