15/12/2011

5.313.(14dez2011.21h53') Perceber onde é e como funciona o reino dos agiotas

respigado do  "avante" de 15dez2011, 1 artigo do Henrique Custódio:
http://www.avante.pt/pt/1985/opiniao/117783/
Inadmissível
Ignacio Ramonet, director do Le Monde Diplomatique, afirmou numa edição deste mês que «por ano, a economia real (empresas de bens e de serviços) cria em todo o mundo uma riqueza (PIB) estimada em 45 biliões de euros (45 milhões de milhões). Concomitantemente, também à escala planetária e na esfera financeira, os ditos “mercados” movem capitais na ordem dos 3450 biliões de euros. Ou seja, 75 vezes o que produz a economia real...».
O que primeiro ocorre é perguntar como pode o sistema capitalista sobreviver, indefinidamente, com esta inacreditável «bolha» financeira 75 vezes superior ao PIB mundial.
Mas a quem se pergunte como foi possível tamanha hipertrofia, convém recordar a natureza do bicho. O capitalismo tem uma regra de ouro – o lucro é o seu objectivo central. Por outro lado, a actividade produtiva que há muito gira na grande roda financeira, que tudo faz mover, incluindo os capitais, não garante indefinidamente tal desiderato. Mas como os capitais têm sempre de «ser remunerados» (em função da tal «regra de ouro»), a tentação de fazer deles a fonte central dos lucros é muito grande, sobretudo quando os negócios com a «economia real» começam a claudicar por outra «falha» mortal do sistema – a falta ou o «saturamento» dos mercados. E é por isso que os capitais foram transformados eles próprios num «produto» transaccionável em busca de elevados rendimentos perdidos na produção material.
Resumidamente, está aqui a grelha da actual crise: o mergulho suicida do sistema capitalista ocidental na especulação financeira para cobrir a falta de rentabilidade na economia real, praticando durante décadas um crescendo especulativo tão vertiginoso, que se chegou a este absurdo mortal de fazer circular nos «mercados» capitais que já correspondem a 75 vezes o PIB mundial.
Obviamente, tão desmedida «bolha» especulativa tinha de rebentar, o que aconteceu com a «crise do sub-prime». Já sabemos o que decorreu: os governos (com os EUA de Obama à cabeça) canalizaram rios de dinheiro dos seus povos para tapar este «buraco» desmedido e mantiveram o sistema intocável.
Resultado: a especulação e o «jogo dos mercados» continuaram alegremente, com novas aliciantes: o desastre da bolha especulativa foi-nos apresentado como a razão da «crise», os governos – mandatários, como sempre, dos interesses do grande capital – trataram de converter a «crise» num óptimo pretexto para espoliar os respectivos povos de direitos adquiridos e os «mercados» atiraram-se vorazmente ao negócio das «dívidas públicas», onde pontificam os próprios bancos europeus que, concomitantemente, «emprestam» e sacam juros delirantes aos «parceiros» da UE em dificuldades com o défice.
Num quadro assim, tudo está por um fio: a moeda única, a União Europeia e o próprio sistema capitalista, nesta insustentável burla de especular com capitais que correspondem a 75 PIB mundiais.
Também, num quadro assim, torna-se cada vez mais intolerável e inadmissível o ataque em curso contra os trabalhadores e o povo, por um Governo reaccionário que se escuda nesta periclitante conjuntura para tentar «limpar», do País, quaisquer resquícios do Portugal de Abril.

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ver 5.280.
Posted: 14 Dec 2011 04:32 PM PST
Há dias, o sítio “Cubadebate” publicou o artigo que adiante se transcreve, omitindo-se somente algumas linhas que mencionam os órgãos de comunicação ligados ao tratamento do tema e aos seus protagonistas. Não sendo já uma novidade, as espúrias e criminosas relações entre os banqueiros e os governos de serviço ao grande capital, o texto vale a leitura pelos dados informativos que fornece.

O Goldman Sachs é um poderoso banco estadunidense, com representação em todo o mundo. Ele ganhou fortunas apostando contra os fundos de hipotecas subprime que vendia aos seus próprios clientes e a bancos de Londres e alemães. E continuou colectando dólares e euros aos montes. O Lehman Brothers foi a pique, mas não o Goldman Sachs. E-mails trocados entre os seus principais executivos, tornados conhecidos em Abril de 2010, mostrou-os divertindo-se a provocar os clientes. David Viniar, director financeiro, gabava-se de ter ganho US $ 50 milhões em um único dia!
E punição para uma tal destruição? Muito pouco, quase nada. Pesquisa promovida pela Comissão de valores (SEC), com audições no Senado, arrastada por meses e meses e, no final, eles foram punidos (!) com uma modesta coima de US $ 550 milhões. Para continuar a operar, feliz, com derivativos financeiros, sem controles governamentais, com consultadorias e comunicações, petróleo e serviços de investimentos.
Os Citigroup e Bank Of America necessitaram do apoio financeiro de Barack Obama. O Goldman Sachs não precisou, pois tinha ganho antes da crise e continuou embolsando. No primeiro trimestre de 2010 teve lucros de US $ 3,3 bilhões. Os seus “colegas” também ganharam: o Citigroup 4.400 milhões de dólares, o JP Morgan 3.3 bilhões e o Bank of America 2.800 milhões.
O Goldman Sachs tira proveito dos antigos gestores e executivos com longos anos de serviço, que passaram a assumir cargosem governos. Osucessor de Silvio Berlusconi no Palazzo Chigi, Mario Monti, foi gerente do banco desde 2005, além de ter sido comissário europeu. Este “Super Mário” estreou-se com um pacote de ajuste, o sétimo contra os italianos nos últimos tempos. O país está super-endividado por um equivalente a 120 por cento do PIB. Berlusconi e os seus antecessores viveram numa festa, sem qualquer intervenção da Comissão Europeia, onde trabalhava Monti.  Com o “Decreto Salva Itália”, eles querem fazer um ajuste de 24.000-30.000 milhões de euros, com cada vez mais impostos, com empresas públicas a privatizar e apertando as regras do sistema de reformas (que passará a exigir 42 anos de contribuições).(…)

Outros homens seus

“Onde está o poder mundial”? A resposta deve ter um nome e um local: na sede do banco de negócios Goldman Sachs. O banco norte-americano alcançou um feito raro na história política do mundo: colocar os seus homens na cabeça de dois governos europeus e do banco que governou os destinos das políticas económicas da União Europeia. Mario Draghi, o actual Presidente do Banco Central Europeu; Mario Monti, Presidente do Conselho de Ministros italiano, que substituiu  Silvio Berlusconi; Lucas Papademos, o novo primeiro-ministro grego, todos pertencem ao conglomerado do Goldman Sachs.
Outros meios de imprensa divulgaram que Draghi era o encarregado por este banco para vender produtos financeiros “Swap” na Europa, que estiveram no cerne da crise que estalou em 2007-2008. E agora os seus patrões recompensaram-no, com uma posição-chave no continente europeu? Esses “swaps” permitiram ao governo grego a maquilhagem da sua dívida em 2000, para os seus números manipulados permitirem a entrada do país na zona euro. Vendidos por Draghi e comprados pela Grécia, o titular do Banco Central grego era Lucas Papademos, aquele que recebeu agora em Atenas o cargo de chefe de governo, após a derrocada do “socialista” Yorgos Papandreou.
É de supor que agora o titular do BCE e o premier grego estarão de acordo mais facilmente, dada a sua estreita relação e o facto de obedecerem aos mesmos chefes. Papademos estudou em universidades americanas e de lá saltou para altos postos de gestão no banco. Papandreou também foi aluno nos Estados Unidos, embora depois tenha tomado o lado da social-democracia. Os magnatas das finanças são hábeis em colocar os ovos em várias cestas. Eles apostam nos “swaps”, ADO, subprime, dólar, euro, iene, marco ou qualquer outra coisa, mas sempre saem em vantagem.
Dias atrás Papademos apresentou o enésimo plano de ajustamento para os helenos, que foi aprovado: impostos mais elevados, garantindo 7,1 por cento mais nas receitas e um corte dos de salários e seguros sociais de 5 bilhões de €. O primeiro ministro não chorou como a ministra do Trabalho italiana Elsa Fornero, ao informar as más notícias sobre estes ajustes no seu país.
As medidas na Grécia motivaram a sétima greve geral dos sindicatos que tendem a mobilizar-se activamente e a chocarem com a polícia. É um caso muito avançado em toda a Europa nos movimentos de indignados, geralmente mais passivos nesta matéria.

Você também, Geithner?

O domínio que o Banco Goldman Sachs exerce sobre os poderes políticos não é limitado às fronteiras da Europa. A sua sede foi sempreem Nova York, com tentáculos até à Casa Branca, através da Secretaria do Tesouro.
O actual ocupante desta última unidade, Timothy Geithner, foi gerente da empresa de Henry Kissinger em primeira instância, do FMI em seguida e posteriormente do Goldman. Esta semana foi para a Europa para conversar com as autoridades da União sobre como podem desactivar os “incêndios” no velho continente, antes que os próprios fogos norte-americanos se propaguem outra vez.
O Secretário do Tesouro cruzou o Atlântico para se encontrar com Draghi em Frankfurt, com as autoridades francesas, com o futuro presidente do governo de Espanha, Mariano Rajoy e mais tarde em Milão com Monti, o presidente do Conselho de Ministros italiano. Como se vê, o cartel dos Goldman´s boy´s está muito activo; ele alega estar a reparar os danos de uma crise que ele mesmo causou.
Antes de Geithner no Tesouro esteve Henry Paulson, com George W. Bush, depois de ter sido director da Goldman Sachs de1974 a1998. Paulson trabalhou com Lawrence Summers, também da equipe do banco, que foi funcionário de Bill Clinton junto com Robert Rubin, do Citibank, passando em2009 aconselheiro económico de Obama.
Por isso, alguns autores têm apontado a ligação do banco com ministros e chefes de governo. “Raposas para cuidar das galinhas: homens de Goldman Sachs tomam as rédeas da Europa”, publicou A.G. em “El Confidencial, 17/11. Aqui citou um artigo publicado no Le Monde, referindo as relações políticas entre Monti, Draghi e Papademos.
Entre os muitos vasos comunicantes desta entidade bancária com baseem Nova Yorkcom a política internacional, menciona-se também Paul Deighton, que trabalhou durante 22 anos no banco e agora é director-geral do Comité de organização dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.”
Para quê este banco estadunidense e os colegas Citigroup, Bank Of America, etc, usam a sua influência política? O negócio está à vista. Em primeiro lugar,
para garantir a impunidade por crimes cometidos no desencadear da crise. Em segundo lugar, para garantir bons pacotes de auxílios estatais, enquanto durar a situação de emergência. E terceiro, para ganhar mais contratos com as acessórias a governos e empresas, durante a crise e a futura saída [?!] da mesma.
Enquanto isso, desmentindo todas as declarações e todos os compromissos, os controles e regulamentos para o capital financeiro e a especulação dormem algures em alguma gaveta no G-20. Achave atirou-a ao mar o Goldman Sachs e nesse mar também faz negócios: tem acções na Desiré, uma empresa britânica que procura petróleo nas Malvinas.
(via blogue cheira-me a revolução)
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Quem deve, quanto deve e a quem deve?

http://www.bbc.co.uk/news/business-15748696

Clicando em cada país vê-se a dívida a cada um dos outros, mas vê-se sobretudo que nunca podem ser a Grécia, Portugal ou a Irlanda a representar uma ameaça efectiva dada a pequeníssima escala comparativa das suas dívidas?

os "piigs" são de facto bodes (expiatórios) de uma gigantesca trapalhada especulativa, porque o problema é a insolvabilidade da divida americana e inglesa!
a dívida dos EUA à China é 1 oceano!!!