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9feVEr2012
"Militares têm tido paciência demais", diz bispo das Forças Armadas
10 de Maio de 1906: Nasce o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes
D.
António Ferreira Gomes nasceu em 1906, no dia 10 de maio em Penafiel, e faleceu
em 1989.
Concluiu os seus estudos eclesiásticos na
Universidade Gregoriana, onde se formou em Filosofia, em 1928. Ordenado
sacerdote nesse mesmo ano, foi professor, prefeito, vice-reitor e reitor do
Seminário de Vilar, na cidade do Porto. Foi nomeado coadjutor de Portalegre em
1948, passando a titular da diocese em 1949. Tornou-se bispo do Porto em
1952.
No exercício
do magistério episcopal e em defesa da doutrina social da Igreja Católica, em
1958 (coincidindo, portanto, com a campanha presidencial de Humberto Delgado),
dirigiu uma carta ao então chefe do Governo, António de Oliveira Salazar,
crítica da situação política, social e religiosa da nação. Consequentemente, foi
forçado ao exílio a 24 de julho de 1959. Residiu em Espanha, na República
Federal da Alemanha e em França, sendo mais tarde nomeado membro da Comissão
Pontifícia de Estudos Ecuménicos para a preparação do Concílio Vaticano II pelo
Papa João XXIII.
Após
a morte de Salazar, regressou a Portugal, em 1969, e retomou o governo da sua
diocese. Sendo o fundador do semanário Voz
Portucalense e
do boletimIgreja
Portucalense,
foi também responsável pela criação, nos anos 70, da Secção Diocesana da
Comissão Pontifícia "Justiça e Paz". Apresentou o pedido de resignação da
diocese em 1981, cessando funções no ano seguinte.
Publicou uma
vasta obra de reflexão e ensaio. Foi alvo de várias homenagens e galardoado com
a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1976, e a Grã-Cruz da Ordem Militar de
Cristo, em 1983.
Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)
D. António Ferreira Gomes
Na
cidade do Porto há muito granito
Entre névoas sombras e cintilações
A cidade parece firme e inexpugnável
E sólida – mas habitada
Por súbitos clarões de profecia
Junto ao rio em cujo verde se espelham as
visões
Assim quando eu entrava no Paço do Bispo
E passava a mão sobre a pedra rugosa
O paço me parecia fortaleza
Porém a fortaleza não era
Os grossos muros de pedra caiada
Nem os limites de pedra nem a escada
De largos degraus rugosos de granito
Nem o peso frio que das coisas inertes
emanava
Fortaleza era o homem – o Bispo –
Alto e direito firme como torre
Ao fundo da grande sala clara: fortaleza
De sabedoria e sapiência
De compaixão e justiça
De inteligência a tudo atenta
E na face austera por vezes ao de leve o
sorriso
Inconsútil da antiga infância.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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9feVEr2012
"Militares têm tido paciência demais", diz bispo das Forças Armadas
Em comentário ao Expresso sobre a carta aberta dos oficiais ao ministro da Defesa, D. Januário Torgal considera que o documento traduz "um sentimento generalizado" e que os militares têm de ser ouvidos.
Para D. Januário Torgal, os militares não querem ser privilegiados, mas também não podem ser o "elo mais fraco"
Tiago MIranda
Um "apelo" que traduz "um sentimento generalizado" entre o setor militar. Para D. Januário Torgal, bispo das Forças Armadas "está enganado" quem olhar para a carta aberta dirigida ao ministro da Defesa como algo representativo de "um pequeno clube regional".
"Não conhecia a carta", disse ao Expresso D. Januário, "mas depois de ouvir as notícias e de a ter lido o que acho importante não é tanto a falta de elegância, mas saber se o que lá vem dito é verdade".
O bispo das Forças Armadas enfatiza nunca ter sentido "que os militares queiram ter mais privilégios" ou estar acima dos sacrifícios que são pedidos aos portugueses, mas percebe que "também não podem ser menorizados".
"Não se podem em certas alturas fazer discursos de grande retórica, considerar os militares glórias da nossa pátria e depois, no dia-a-dia, mudar a música e esquecer a solidariedade" apregoada, considera D. Januário, para quem é chegado o momento de "passar das palavras às atitudes".
Uma "ferramenta útil"
Na opinião do bispo, a carta deveria ser entendida como uma "ferramenta útil" para todos se sentarem "à volta de uma mesa e dialogarem", com os governantes a ouvirem as chefias militares, mas "com certeza, sem excluir outros patamares" das Forças Armadas: "Nada se faz se a população militar não fizer parte das decisões".
"Parece-me que os militares têm tido paciência de mais", rematou D. Januário Torgal, "mas sou um otimista e acredito no diálogo".
"Quem semeia injustiças não terá paz"
Em declarações à "TSF", D. Januário tinha ontem comentado também a situação de pobreza em Portugal, criticando o Governo de Passos Coelho, ao lamentar a forma como a questão social está a ser tratada no país.
"É vista como uma malga de sopa, uma solidariedade ultrajante", afirmou o bispo, considerando que "tem havido atitudes extremamente insólitas com dinheiro", que existe "para certos senhores e cargos", mas não "para os pobres".
"Começo a sentir um certo odor a incêndio, que antecede quedas de regime", disse ainda D. Januário Torgal, para quem o risco de tumultos não pode ser ignorado: "quem semeia injustiças não terá paz".
"Sinto-me desassossegado porque vejo a instabilidade da miséria", insistiu o bispo das Forças Armadas. "Será pieguice dizer isso?", questionou. "Sinto-me desassossegado" por estar a assistir apenas "ao rigor do corte e ao rigor da insensibilidade".