10/02/2012

5.475.(10fev2012.8.8') Forças Armadas...Soberania...Defesa...

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Jorge Aires opinou na página AbrilAbril

3seTEMBRO2018

Incrementar a natalidade, estancar o decréscimo populacional e a diluição do Sentimento de Estado-Nação, recuperar o Sentimento de Patriotismo, é imprescindível  à afirmação de um Portugal Soberano.

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NRP António Enes (F471), corveta da classe «João Coutinho», da Marinha de Guerra Portuguesa.
NRP António Enes (F471), corveta da classe «João Coutinho», da Marinha de Guerra Portuguesa.Créditos

A Constituição da República Portuguesa (CRP) define as tarefas fundamentais do Estado, ou seja, os seus interesses gerais permanentes e estabelece com clareza o papel das Forças Armadas (FA) para daí se deduzir o que a elas compete e para isso devem estar equipadas.
Independentemente da tecnologia envolvida, ganhará o conflito o Povo que for mais forte no Sentimento de Nação - Patriotismo. A interrupção do Serviço Militar Obrigatório e a promoção do "sentimento de europeus" têm desgastado um recurso nacional insubstituível à disponibilidade para lutar por um Portugal independente. Ao desgaste da disponibilidade para lutar por um Portugal independente acresce a insuficiente natalidade e a emigração qualificada, variáveis de vulnerabilidade cujo comportamento é fundamental para a nossa sustentabilidade enquanto Nação Soberana e onde o espaço aeronaval tem expressão geográfica incontornável e predominante.
1. Existe a metodologia da estratégia total1, que reflete sobre a Nação e o Estado na interação entre os vários domínios (nomeadamente: politica externa, justiça, defesa militar, educação) e na sua globalidade. Daí deduz-se onde estamos e para onde queremos ir. No caminho a percorrer é imprescindível aplicar recursos e como estes são sempre limitados haverá que estabelecer prioridades. No estabelecimento de prioridades ajuizar-se-á das nossas vulnerabilidades, perigos e ameaças, inimigos/opositores e suas intenções e capacidades para desencadearem ações contra nós (ou de oposição ao que nos propomos fazer). É um exercício de dimensão tal que está para além do que aqui seria possível fazer e para o qual é imprescindível aceder a informações que o Serviço de Informações da República Portuguesa2 deverá produzir.
2. Mas, primeiro que tudo, o exercício de reflexão inerente à metodologia referida deve respeitar o teor da CRP. Esta define as tarefas fundamentais do Estado, ou seja, os seus interesses gerais permanentes.
Acresce que a nossa CRP define com clareza qual o papel das FA e não se compadece com fronteiras difusas entre os conceitos de Segurança e Proteção3 dos nossos concidadãos em território nacional e defesa militar da República. O empenhamento das FA em território nacional pode ocorrer em diferentes circunstâncias (Artigo 275º, nº 6), com destaque para aquelas que politicamente justifiquem a declaração de um estado de exceção - de emergência ou de sítio - (CRP, Artigo 275º nº 7 e Lei 44/86, atualizada em 2012).
Assinale-se que a «declaração do estado de sítio ou do estado de emergência compete ao Presidente da República e depende da audição do Governo e da autorização da Assembleia da República» (Lei 44/86, Artigo 10º).
Será que os apologistas do maior envolvimento das FA em operações de Segurança Interna dispensando a necessidade de declaração do estado de sítio pretendem um subterfúgio que habilite um qualquer Governo a «cumprir» futura legislação «aligeirada» dos contrapoderes democráticos de controlo?
3. Partindo da CRP, a presente reflexão será limitada aos fatores que mais diretamente incidem sobre a componente militar da estratégia e dar relevo a realidades que estão para além de qualquer controvérsia ou subjetividade sem desconsiderar o teor do Artigo 7º da CRP (Relações Externas de Portugal) mas não assumindo tal quadro de relacionamento como primado de todo o exercício conducente à identificação do que há a fazer, se o fizéssemos e por redução ao absurdo poderíamos concluir que as FA eram dispensáveis.
4. Atento o teor da CRP é nulo (no limite diminuto) o leque de argumentos que ponham em causa a necessidade de Portugal possuir uma capacidade de defesa autónoma. Aos que desta afirmação discordarem propomos o adiamento da controvérsia até à publicação do última reflexão em que esmiuçaremos dos fundamentos e sustentáculo a esta linha de atuação estratégica - pugnar por uma capacidade de defesa autónoma.
5. Para uma reflexão prospetiva sobre a Instituição Militar do século XXI, o General Martins Barrento elaborou quatro cenários possíveis4, desses situemo-nos no que se aplica a «Unidades Politicas com Elevado Espírito de Defesa e Reduzida Capacidade Tecnológica» e para o qual são descritos cinco pilares de intervenção para as instituições militares respetivas:
- Procurar garantir uma capacidade de defesa autónoma, mesmo que para isso tenham que utilizar formas não convencionais de fazer a guerra;
- Dispor de um sistema de forças que valorize o quantitativo de homens nas fileiras;
- Utilizar essencialmente a conscrição (Serviço Militar Obrigatório - SMO) como forma de obtenção de potencial humano;
- Utilizar da melhor forma os meios disponíveis, procurando prioritariamente a obtenção de armas «anti-meios»5;
- Usufruir de elevado prestigio no seio das instituições nacionais.
Dos quatro cenários apresentados a escolha deste é justificada por não sermos um País de elevada capacidade tecnológica mas, como a nossa história comprova, possuidores de elevado espirito de defesa. A nossa história tem evidenciado que o Povo Português demonstra um arreigado Sentimento de Nação.

O Sentimento de Nação (ou Estado-Nação) - Patriotismo6

6. O Sentimento de Nação é um dos fatores que maior incidência tem sobre a componente militar da estratégia, é a maneira como os cidadãos se revêm nos sacrifícios que poderão ser chamados a fazer para defender a independência do seu País (o conflito termina quando uma das partes deixa de ter vontade de se opor à outra parte).
Não há assimetrias de sofisticação tecnológica entre opositores que se sobreponha à assimetria do Sentimento de Nação na sua conexão direta com o papel que cada opositor representa no conflito. Acabará sempre por vencer o opositor que, em conexão direta com o seu papel no conflito, possua um Sentimento de Nação mais elevado.

Milicianos vietnamitas junto aos destroços de um avião americano abatido durante um bombardeamento a Hanói, em 10 de Setembro de 1972. CréditosFonte: Mashable /
Pode perder batalhas mas ganhará a guerra no tempo histórico (sobram os exemplos desde o Vietname às guerras contra a colonização, tenham elas sido contra a potência colonial ou contra quem ela colocou no poder (África do Sul, Rodésia/Zimbabué)).
O que possuir maior Sentimento de Nação «vergará» a vontade do opositor. Ganhará o conflito aquele que for mais forte no Sentimento de Nação independentemente da tecnologia envolvida.
7. No nosso País, umas FA onde domine a sofisticação tecnológica sem cuidar da contingência ditará da sua incapacitação (i.e. meios de comunicações e combate que só possam operar com informação encriptada e, ou via satélite, por exemplo «global positioning system» (GPS), ou dependentes de informações e software que nos tem de ser fornecido por terceiros podem revelar-se totalmente inúteis).
Somos uma Nação com mais de oito séculos (desde 1143) e onde os dialetos e regionalismos7 têm expressão muito limitada. O Sentimento de Nação8, bem plasmado na revolução de 13839, na mobilização para os exércitos que intervieram na guerra da restauração (1640 a 1668), na resistência popular às invasões francesas (1807 a 1811)10 e na Revolução dos Cravos (1974), tem vindo a ser prejudicado pela politica seguida nos últimos quarenta anos pelos sucessivos Governos (PS/PSD/CDS), com destaque para a nossa adesão à Comunidade Europeia (1985), a subscrição do Tratado de Lisboa (2009)11 e, no anterior Governo, o empurrão para a emigração da "nata" da nossa juventude e a sujeição, sem necessidade, do nosso Povo ao austericídio sustado em 2015.

Dia da Defesa Nacional
Não se conhecem estudos sociológicos que permitam avaliar o grau de perceção da nossa juventude para a importância do Sentimento de Nação mas a intuição sugere que a interrupção do Serviço Militar Obrigatório (SMO) e a promoção do «sentimento de europeus» têm desgastado um recurso insubstituível, a disponibilidade para lutar por um Portugal independente12. Se não se inverter o caminho, quando a isso precisarmos de apelar acontece como na história do pastor que anunciava «lobos» a brincar… só longo tempo o permitirá recuperar (o patriotismo).

A demografia

Um segundo fator com incidência incontornável sobre a componente militar da estratégia é a demografia.

8. Portugal tem 42,1% da sua população com mais de 50 anos de idade, valor acima do que se verifica em toda a Europa (38,9%). Na faixa etária dos 20 aos 29 a Europa possui 12.1% da sua população, a Espanha 9,8% e Portugal 10.6%. Na faixa etária dos 15 aos 19 Portugal tem 5.2% (538.359 habitantes), a Espanha 4,7% (2.145.616 habitantes) e a Europa 5% (≈37 milhões). Esta distribuição etária da população está muito longe da pirâmide recomendável e mais próxima da situação de baixa natalidade e mortalidade, maior expetativa de vida e necessidade de que haja mais pessoas a trabalhar para que se possam estabilizar ou mesmo reduzir os rácios de dependência económica (população ativa versus reformados e jovens). No contexto da presente reflexão a incidência a relevar é a baixa natalidade.
Em 2016, como nos últimos oito anos, Portugal revela um decréscimo da população (morrem mais pessoas do que nascem). Dados provisórios de 2017 indicam que, neste ano e desde 2000, atingimos o máximo de saldo negativo (nascimentos-falecimentos). Do ponto de vista da fertilidade, em 2015 tínhamos um índice13 de 8.3 nascimentos sobrevivos por cada 1000 mulheres – abaixo, por exemplo, da Espanha (9), da Irlanda (14,2) e da Turquia (16,49). Por ordem decrescente do valor do referido índice, estamos no 192.º lugar duma lista de 195 países ou equiparados (seguem-se Hong Kong, Mónaco, Itália e por último o Japão com um índice de 7.9).
POPULAÇÃOEUROPA*PORTUGALESPANHA
IDADE +5038.9%42.1%48.4%
IDADE 20 a 2912.1%10.6%12.1%
IDADE 15 A 195% ≈36,8Milhões5.2% ≈0,54Milhões4.7% ≈2,15Milhões
SOBREVIVOS**Não disponível8.3/10009/1000
ANO 2017739 207 74210 264 797/td>46 070 145
ANO 2100+17%≈ - 28%≈ - 17%
Inclui todas as áreas geográficas da Europa (Norte≈103Milhões; Sul≈152Milhões; Ocidental≈292Milhões e Oriental ≈192Milhões)
** Dados de 2015 (A taxa bruta de natalidade indica o número de nascidos vivos ocorridos durante o ano, por 1.000 habitantes estimados no meio do ano. A taxa de mortalidade bruta deduzida da taxa bruta de natalidade dá a taxa de aumento natural, que é igual à taxa de mudança populacional na ausência de migração.)
Até 2100 (ver quadro supra) estima-se que a população europeia cresça 17%. Contrariando essa dinâmica, a população em Portugal diminuirá 28%.
O que os dados sugerem é uma acentuada redução da população acompanhada da sangria do País de uma parte significativa da sua força produtiva e, nos anos mais recentes, da mais qualificada14.
Se a tendência de redução da população residente não for estancada em 2100 seremos menos 2,858 milhões de habitantes.
9. Se quisermos conter e inverter a situação não precisamos de muita imaginação, é estudar e aqui replicar com a devida adaptação o que fazem países como a Irlanda ou a Dinamarca em apoio às mães, recém-nascidos e jovens famílias. Que farão estes países para apresentarem um índice de nascimentos sobrevivos bem melhor do que o nosso (Irlanda, 14,2; Islândia, 12,5; Suécia, 11,7; Noruega, 11,4; Dinamarca, 10,2)? Não são «latinos» mas se calhar são mais férteis. A fertilidade depende da qualidade de vida15... sem stress, não é o nosso caso.
Hoje, os nossos jovens correm e esgravatam para sobreviver ao mesmo tempo que são confrontados com os escandalosos lucros e proventos dos gestores das grandes empresas e bancos que, com a conivência e pró-atividade dos Governos dos últimos quarenta anos (PS/PSD/CDS-PP), trouxeram a TRÓICA e levaram o País à situação em que nos encontramos.
Não é com jovens precários a entrar no mercado de trabalho com o ordenado mínimo (ou pouco mais que isso), impossibilitados de constituir família e a viver em casa dos pais e avós, que aumentará o número de nascimentos.
As famílias não crescem com trabalhadores que, para fazerem face às despesas do mês, se esgadanham a trabalhar em dois empregos (mais de 12 horas por dia e pode ser um emprego e os biscates) e ficam fora de casa 15 a 16 horas por causa de transportes públicos caros, deficientes e rendas de casa incomportáveis.
10. Temos de mudar de políticas, ir mais longe no apoio às famílias jovens, à parentalidade, à maternidade e nisso incluir os jovens militares. Sem juventude não temos futuro e muito menos FA.
A geografia16
11. Outro fator de consideração obrigatória na abordagem à componente militar da estratégia é a geografia. Portugal é constituído pelo território Nacional (92 mil quilómetros quadrados), Continente, Açores e Madeira), correspondentes espaços aéreos e marítimos e uma linha de costa de 1793 quilómetros.
O espaço marítimo resultante da fusão da Zona Económica Exclusiva (1,72 milhões de km2) e da extensão da Plataforma Continental poderá corresponder a 40 vezes o território nacional ou seja, 97% do nosso território passa a ser de natureza marítima.
12. Caso as pretensões nacionais sejam consideradas, Portugal verá o seu solo soberano aumentado em 2,15 milhões de quilómetros quadrados, o que projeta o território nacional para cerca de 4 milhões quilómetros quadrados17.

No reconhecimento desta realidade é incontornável que as nossas FA tenham de possuir uma elevada componente aérea e naval.

Síntese

13. Se não incrementarmos a natalidade, se não estancarmos o decréscimo populacional e a diluição do Sentimento de Estado-Nação, se não recuperarmos o Sentimento de Patriotismo de que a nossa juventude deveria ser portadora, se não construirmos um sistema de forças capaz de exercer a nossa Soberania no todo nacional seremos confrontados com uma hipoteca irresgatável do nosso futuro. Não seremos dignos da herança dos nossos egrégios avós.
São imprescindíveis novas políticas que materializem as duas linhas de atuação seguintes:
- Estancar a degradação do Sentimento de Estado-Nação e consequentes debilidades;
- Pugnar por uma capacidade de defesa materializada num sistema de forças que exerça a soberania no todo nacional (terra, mar e ar).
14. No presente texto elencaram-se considerações estratégicas essenciais (atenta a sua incidência na capacidade militar do País e no reconhecimento de que o fator determinante da capacidade militar reside nos homens e mulheres das FA) a satisfazer para afirmar Portugal como Estado Soberano. Atenta a relevância que se reconhece ao Sentimento de Estado-Nação, abordaremos no próximo texto como sustar o seu desgaste e intervir para o seu reforço.
Próximo artigo: Estancar a degradação do Sentimento de Estado-Nação.



O autor escreve ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AE90)
  • 1. Raul François Martins, «Acerca do Conceito de estratégia», Nação e Defesa n.º 29 (IDN; 1984), a propósito de Atividades/Objetivos/Meios/Ambiente hostil e Atores como elementos da estratégia, cita Cabral Couto: «a estratégia é a ciência e a arte de desenvolver e utilizar, com o máximo de rendimento, as forças morais e materiais de um Estado ou coligação, a fim de se atingirem objetivos fixados pela política, e que suscitam, ou podem suscitar, a hostilidade de uma outra vontade política».
  • 2. O SIRP é o organismo público, que depende direta e hierarquicamente do Primeiro-Ministro, a quem cumpre responder pela produção das informações necessárias à: Prevenção das ameaças à segurança interna e externa; Manutenção da unidade e integridade do Estado de direito democrático; Salvaguarda da independência e dos interesses nacionais.
  • 3. «A segurança tem dois sentidos interlaçados: um de alcance amplo, de âmbito nacional (security), outro restrito, ligado ao cidadão (safety), e é por isso óbvio que a CRP democrática tivesse de atribuir uma titulação (IX e X) diferenciada (polícia e defesa militar), sob pena de editar a versão de pax romana, tudo sob a capa da legitimidade democrática». António Bernardo Colaço, Juiz-Conselheiro do STJ (jubilado), em «O que é preciso não fazer – A revisão da Constituição em causa», Diário de Notícias, 22 de Junho de 2018.
  • 4. A literatura sobre pensamento estratégico é muito vasta. Menor é a quantidade de textos que estrategicamente pensam Portugal. Das leituras com que nos cruzamos nos diferentes cursos associados ao desenvolvimento da carreira militar e aquando da elaboração da presente reflexão, decidimos, por razões de sistematização da mesma, adotar o cenário apresentado pelo Sr. General Martins Barrento (ex-Chefe do Estado Maior do Exército) em «A Instituição Militar no século XXI», Nação e Defesa n.º 98 (IDN; 2001). Refletir só a partir dos comandos constitucionais era um caminho possível mas a adoção do referido cenário acompanha-nos por ser particularmente assertivo no que respeita ao reconhecimento da variável «Sentimento de Estado-Nação», que se reputa de fundamental para tudo o resto que releva do exercício da Soberania.
  • 5. Por exemplo, guerra eletrónica e mísseis.
  • 6. Patriotismo sem ser Nacionalista no sentido Hitleriano. André Levy, «Nacionalismo vs Patriotismo», no blogue 5dias (8 de Julho de 2010). Trata-se, conforme o autor esclarece, de um excerto de um post de sua autoria, previamente publicado: ver André Levy, «Nacionalismo vs Patriotismo», no blogue Jangada de Pedra (6 de Julho de 2010). Ver também a entrada «Patriotismo», na Wikipédia, e José Goulão, «A perversa confusão entre patriotismo e nacionalismo», em AbrilAbril (5 de Julho de 2018).
  • 7. Não confundir com a necessidade de materializar a CRP e estabelecer Regiões Administrativas.
  • 8. Ver Manuel Fernandes Vizela Cardoso Marques, «Portugal nas vésperas das invasões francesas; contexto político e geoestratégico», em Revista Militar n.ºs 2497/2498 (Fevereiro/Março de 2010): «Historicamente, tem-se verificado que, nos momentos críticos da luta constante de Portugal pela sua soberania e independência, foi possível contar com um forte sentimento de patriotismo, mobilizador de vontades para superar as ameaças à sobrevivência do País».
  • 9. Ver General Vasco Gonçalves, «A Revolução de 1383-85», no blogue Resistir.info (reprodução de um texto publicado no jornal O Diário, de 11 de Dezembro de 1983): «Da parte dos portugueses é uma guerra nacional e popular, uma guerra que mergulha as suas raízes nas lutas sociais, nas lutas de classes que se vinham desenvolvendo e intensificando ao longo do Séc. XIV», e em «6 de Dezembro de 1383 – Revolução burguesa em Portugal», jornal Avante! n.º 2192 (3 de Dezembro de 2015). Segundo vários autores, incluindo Álvaro Cunhal, «a revolução burguesa identificou-se com uma luta nacional pela independência» e a vitória da nação portuguesa foi uma «vitória das forças progressistas sobre as forças reacionárias de Portugal e Espanha».
  • 10. Ver Manuel Fernandes Vizela Cardoso Marques, idem, ibidem, ao referir exército e «corpos militares (as milícias) ou militarizados (as ordenanças), cujas missões diziam respeito à defesa regional do território ou à defesa local das próprias povoações, constituindo-se, respetivamente, em exércitos de 2.ª e 3.ª linha e empenhando toda a população válida, num moderno conceito de “nação em armas”»; e, nas conclusões, «a Guerra Peninsular foi a maior convulsão social que abalou o País e constituiu o período mais dramático da sua História, tendo-se assistido a êxodos de populações inteiras, incêndio, devastação e saque de cidades, povoações e edifícios religiosos, combates sangrentos, vitórias brilhantes e fuga da corte para o Brasil».
  • 11. Ironia das ironias, a escolha de 1 de Dezembro para a sua entrada em vigor, coincidência das coincidências!
  • 12. O Dia da Defesa Nacional constitui uma iniciativa muitíssimo limitada na mitigação do deslace do Sentimento de Patriotismo.
  • 13. Podem referir-se vários índices relacionados com a natalidade e fertilidade. No mapa «Gravidez na adolescência» Portugal, com o índice 9,45, está em 162.º lugar, um pouco acima da Espanha (índice 8,31) e à frente de 19 países europeus, sendo que para estes o índice mais baixo pertence à Suíça (2,84). No mapa «Fertilidade» Portugal aparece em penúltimo lugar (índice 1,23), a Espanha no 187.º lugar (índice 1,23), e a França (índice 2,01), o país da Europa com o valor mais elevado, ocupa o 116.º lugar da lista.
  • 14. «Fuga de cérebros representa 40% dos emigrantes», em AbrilAbril, 7 de Dezembro de 2017, número do dia.
  • 15. A saúde reprodutiva é um estado de bem-estar físico e mental em relação ao sistema reprodutivo e suas funções e processos. Os meios de alcançar a saúde reprodutiva incluem, nomeadamente, educação e serviços durante a gravidez e parto, contraceção segura e eficaz, e prevenção e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis.
  • 16. Ver Ministério da Defesa Nacional, Missões das Forças Armadas (MIFA 2014), aprovado em Conselho Superior de Defesa Nacional (CSDN) de 30 de julho de 2014: o Espaço Estratégico de Interesse Nacional Permanente (EEINP) «é o espaço (...) entre o ponto mais a norte, no concelho de Melgaço, até ao ponto mais a sul, nas ilhas Selvagens, e do seu ponto mais a oeste, na ilha das Flores, até ao ponto mais a leste, no concelho de Miranda do Douro, bem como o espaço interterritorial e os espaços aéreos e marítimos sob responsabilidade ou soberania nacional»; e Tenente-Coronel Luís Fernando Machado Barroso, «Análise conceptual do conceito estratégico nacional», Revista Militar n.º 2475 (Abril de 2008).
  • 17. Ver Capitão-tenente Jaime Carlos do Vale Ferreira da Silva, A Plataforma Continental Portuguesa. «Análise do Processo de Transformação do Potencial Estratégico em Poder Nacional», Cadernos Navais n.º 43 (Outubro-Dezembro de 2012).

2seTEMbro2018

Refletir sobre Soberania e componente Militar de Defesa remete-nos para um exercício complexo que, no fundamental, abordaremos numa série de 4 artigos: Considerações estratégicas essenciais; Estancar a degradação do Sentimento de Estado-Nação; Legislação e materialização de capacidades militares e Pugnar por uma capacidade de defesa autónoma.

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Comandos portugueses
Comandos portuguesesCréditosFonte: Prometheo Liberto
1. Escrever sobre Soberania e componente Militar de Defesa com rigor e em formato e conteúdo acessíveis a não especialistas na área constituiu um exercício que se espera tenha sido bem sucedido.
Não se sintam os leitores entediados pelo recurso extensivo ao texto da Constituição da República (CRP), trata-se de opção assumida com intenção. Importa dar visibilidade ao seu conteúdo para dar mais força à defesa da sua vigência e evidenciar os caminhos tortuosos que, dizendo respeitá-la, a contraditam.
2. Ao caracterizar a situação em que se encontra a Instituição Militar (IM) predomina, na opinião publicada, o reconhecimento da depauperação acelerada em que as Forças Armadas (FA) se encontram. Mas não é inocentemente que o exército de formadores de opinião, articulistas, consultores e aconselhadores dos decisores políticos não destaca, nem respeita como ponto de partida dos respetivos pronunciamentos, o teor da CRP para daí derivar o que de prioritário se impõe fazer.
3. As causas profundas da presente situação residem nas orientações politicas adotadas (PS-PSD-CDS-PP), nomeadamente as que foram perfilhadas para a administração da IM. Orientações onde predomina a subserviência a interesses estrangeiros ardilosamente vendidos à opinião pública como «Interesse Nacional». Causas que incluem as políticas adotadas na educação para a cidadania, na gestão do território e de apoio à natalidade e às famílias. Subserviência que não nos conduzirá à superação da situação de depauperação assinalada, pelo contrário, por este caminho em 2025 estaremos pior do que hoje nos encontramos.
4. Simplisticamente poder-se-ia pensar que a superação da situação atual em que as FA se encontram seria ultrapassada a reboque do aprofundamento da sua integração com as grandes potências europeias e a NATO e do reforço do investimento em material. Pensamento simplista e excelente maquilhagem para esconder que esse caminho acelera a decapitação do País de um recurso indispensável ao exercício da nossa Soberania.
5. Politicamente, fundamentar decisões e orientações para o investimento nas FA e para o seu envolvimento na ação externa do Estado com base em postulados oriundos da propaganda que promove a guerra sem cuidar de os submeter ao confronto com a realidade, é o mesmo caminho que envolveu Portugal (governo de Durão Barroso) na destruição do Iraque.
A razão demonstra, que o fundamental, numas FA ao serviço de um Estado Soberano, reside nos seus homens e mulheres formados(as), desde a sua juventude, num contexto de conteúdos curriculares que privilegiem o culto e preservação de um saudável Sentimento de Patriotismo. Aí não há investimento, mas retrocesso. A História e as decisões recentes comprovam-no.
Próximo artigo: Considerações estratégicas essenciais.

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2014 Contraditório mundo.Há dinheiro para sustentar guerras e poderes dos poderosos.Kosovo...Iraque...Agora a tenebrosa Rússia de Putin...Afinal não era o comunismo...***

 

No dia 5dez2014
PCP arrumou ideias +1x
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A assumpção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais
http://www.pcp.pt/assumpcao-de-uma-politica-soberana-afirmacao-do-primado-dos-interesses-nacionais

Debate

A assumpção de uma política soberana e a afirmação do primado dos interesses nacionais

Uma nova política de que Portugal precisa tem de romper com a crescente subordinação externa, rejeitar a submissão às imposições do Euro e da União Europeia, recuperando para o País a sua soberania e recolocando no centro da orientação política a afirmação de um desenvolvimento económico soberano, a defesa intransigente dos interesses nacionais, articulada com a necessária cooperação no plano europeu e internacional.
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Jerónimo de Sousa
http://www.pcp.pt/portugal-tem-futuro-com-forca-do-seu-povo

Portugal tem Futuro! Com a força do seu Povo!

Realizamos hoje o último dos debates temáticos inseridos na acção nacional do PCP a que demos o lema “Uma Política Patriótica e de Esquerda. A força do povo por um Portugal com futuro” e que precede a sessão de encerramento que terá lugar já no próximo dia 13 de Dezembro. Uma acção que levou a todo o País uma mensagem de esperança, de confiança e de determinação assente nessa ideia tão simples e tão poderosa de que é no povo que reside a força para operar as mudanças necessárias que garantam o presente e futuro do nosso País, e de que existem propostas concretas para construir uma alternativa política baseada numa política alternativa.
Uma acção que não se limitou a fazer o diagnóstico da situação, nem se refugiou em estudos e estratégias tão difusas como distendidas no tempo para fugir ao compromisso político, mas que, pelo contrário, visou apresentar soluções, discutir políticas concretas e reflectir sobre uma verdadeira estratégia, politicamente comprometida, patriótica e de esquerda, para o desenvolvimento de Portugal.
Queremos por isso valorizar a participação de todos nesta acção. Valorizar a participação e empenho dos militantes do PCP, mas também de organizações, e de muitos homens e mulheres sem partido que com as suas convicções e reflexões aceitaram, a exemplo deste debate, trocar ideias com o PCP sobre os caminhos, as propostas e as soluções para alterar o rumo de empobrecimento, retrocesso e submissão que caracteriza hoje a nossa realidade nacional. A eles, e em particular aos nossos oradores convidados de hoje, o nosso reconhecimento.
Este último debate centra-se na assumpção de uma política soberana e na afirmação do primado dos interesses nacionais. Não é por acaso que esta é a última das reflexões que levamos a cabo nesta acção nacional. Tal como a Revolução de Abril nos comprovou pela prática, e tal como a Constituição da República consagra na sua matriz, a soberania e a independência nacionais são parte integrante da democracia nas suas quatro vertentes – a económica, a social, a política e a cultural.
Defender a soberania nacional é defender o direito do povo português a determinar o seu próprio destino, é afirmar a nossa auto-determinação na definição dos caminhos do desenvolvimento económico e social do nosso País e da sua relação com os povos do mundo. É, portanto, no fundo defender a verdadeira noção e conceito de democracia. Uma democracia que tem conteúdos concretos, que não é uma palavra oca desprovida de opções de classe.
Não há uma verdadeira democracia social num País onde a riqueza produzida é canalizada para os grandes grupos económicos e seus proprietários, grande parte deles associados ao grande capital estrangeiro, ao mesmo tempo que se acentuam realidades dramáticas como o desemprego, a pobreza e mesmo a fome. Não há verdadeira democracia social quando governos como o actual se submetem e colaboram com interesses alheios ao interesse nacional, canalizando grande parte dos nossos recursos para alimentar a gula do grande capital financeiro numa espiral de endividamento sem fim. Não há verdadeira democracia social quando sucessivos governos aprovam na União Europeia tratados, directrizes e orientações que impõem aos trabalhadores e ao povo – e portanto ao País – o empobrecimento, uma regressão sem paralelo dos direitos sociais e laborais ou a destruição e privatização de serviços públicos.
Do mesmo modo não se pode falar de uma verdadeira democracia económica quando se entregam aos interesses privados e ao grande capital estrangeiro quase todas as alavancas da economia nacional, quando vemos destruídos centenas de milhar de postos de trabalho em poucos anos, quando importamos grande parte do que comemos, quando vemos reduzida a metade a nossa frota pesqueira, quando estamos a perder a soberania sobre a nossa estrutura nacional de comunicações, de energia ou mesmo de abastecimento de água, ou quando estamos em risco de deixar de ter nas mãos dos portugueses uma companhia aérea nacional. Não, não se pode falar de verdadeira democracia económica quando sucessivos governos do PS, PSD e CDS submetem o País a ditames como os da União Económica e Monetária e do Pacto de Estabilidade, da troika e do Pacto de Agressão, do Tratado Orçamental, ou de outros tratados e mecanismos da União Europeia que aprofundam a destruição do aparelho produtivo e a dependência face ao grande capital e às grandes potências. Ou seja, não se pode falar de democracia económica quando o povo e o País se vêem privados dos instrumentos para criar riqueza, para fazer progredir a sociedade e para desenvolver o País. É aqui que reside a causa dos défices e da dívida, e não em outro lado qualquer.
Mas não é só no plano económico e social que os ataques à soberania nacional se fazem sentir. A concentração de capital, a restauração monopolista e a venda a desbarato de importantes sectores da economia nacional é acompanhada de um poderoso ataque à soberania nacional no plano do funcionamento do sistema político. Não há verdadeira democracia política num País em que as suas instituições são cada vez mais esvaziadas e subalternizadas no seu poder, quando se concentra o poder político em instituições supranacionais comandadas por elites escolhidas em função dos interesses dos monopólios e de interesses alheios ao povo português, convenientemente resguardadas do controlo popular; quando se negoceia, de forma entusiástica e em segredo, um Tratado Transatlântico que funcionará como um rolo compressor de direitos e de soberania, ao mesmo tempo que representará mais uma machadada em sectores vitais da nossa economia.
E mesmo no plano cultural as consequências estão à vista. Não se pode falar de verdadeira democracia cultural num País em que se destrói paulatina e premeditadamente o sistema público de ensino ao mesmo tempo que se empurram para o estrangeiro jovens altamente qualificados e com competências que aprofundariam com toda a certeza o património cultural, científico e tecnológico nacional. Não se pode falar de verdadeira democracia cultural num País que em vez de garantir as condições que promovam a criação, produção, difusão e fruição culturais, pelo contrário, as limita e restringe. Não se pode falar de verdadeira democracia cultural num País que não defende e promove a sua língua. Não se pode falar de verdadeira democracia cultural num País cada vez mais submetido aos interesses dos grandes grupos económicos transnacionais da comunicação. Não se pode falar de democracia e de um verdadeiro País soberano quando a intolerância, o racismo e a xenofobia fazem caminho por entre a crise social e a política de neocolonialismo dominante, e quando o Governo português contribui para esse caldo de cultura ao associar e submeter Portugal às políticas que estão na origem desses fenómenos e às estratégias da União Europeia e da NATO de intervencionismo e militarismo nos mais diversos pontos do Globo.
Não deixam de ser significativas dessa posição de submissão, as declarações do primeiro-ministro, Passos Coelho, numa deslocação ao Regimento de Infantaria 14, em Viseu, quando afirmava: “Tal como consta no Programa do Governo e como está no memorando de entendimento [com a troika], as Forças Armadas conhecerão (…), processos de racionalização que visam tornar mais sustentável o seu futuro, assegurar que a sua missão, a sua razão de ser possam ser asseguradas, não apenas dentro de um quadro de garantia da segurança nacional, mas também de boa prestação daquilo que é a presença de forças portuguesas em missão no exterior”.
Estamos em presença de uma afirmação que comporta vários e muito sérios problemas. O primeiro e o mais grave diz respeito à aceitação de determinações estrangeiras em matéria respeitante às Forças Armadas. É particularmente aberrante, pela sua natureza e missão fundamental, que a Instituição a quem constitucionalmente é cometida a missão de ser o garante da independência e soberania nacionais, se veja obrigada a adoptar medidas de reestruturação, justificadas a partir de imposições externas. Tal afirmação é simultaneamente clarificadora do grau de submissão dos subscritores desse Pacto de Agressão, como justamente o PCP apelidou tal memorando. É em nome da concretização dessa submissão que se tem assistido a um conjunto de medidas que, destruindo direitos dos militares, procuram conduzir as Forças Armadas e o País para acrescidos e reforçados laços de dependência e envolvimento externo, ao arrepio dos princípios fundamentais consagrados na Constituição da República.
Também no que à Justiça diz respeito, assistimos a manifestações de regozijo da Ministra da respectiva pasta quando disse que na sua área o programa da Troika já estava concretizado. Que triste manifestação esta quando, simultaneamente, assistimos a tudo o que rodeou o programa CITIUS, cujas consequências ainda perduram, o fecho e a desqualificação de Tribunais afastando a justiça dos cidadãos.
As consequências de toda esta evolução e deste empobrecimento democrático do País, resultado de 38 anos de políticas de retrocesso social, de degradação do tecido económico e de abdicação da soberania nacional estão à vista de todos. E como sempre alertámos elas não afectariam a prazo apenas os salários ou os direitos dos trabalhadores, o que já por si é grave, afectariam, e estão a afectar todos os pilares do regime democrático.
É por estas e outras razões que na proposta política que apresentamos ao povo português inserimos como um dos seus dois elementos centrais o conceito de política patriótica. Do mesmo modo que durante o fascismo consideramos este um pilar fundamental do processo de libertação do povo português da exploração e opressão do fascismo e da construção do regime democrático, também hoje, passados 40 anos do 25 de Abril, a questão da defesa da soberania nacional é elemento da luta pela defesa da democracia, dos direitos laborais e sociais, do direito ao desenvolvimento. Ou seja, o conteúdo progressista da política que o PCP propõe a Portugal é indissociável do exercício da soberania pelo povo – aliás como a Constituição portuguesa consagra ao determinar que a soberania é una e indivisível, e reside no povo.
Uma política patriótica porque o novo rumo e a nova política de que Portugal necessita tem de romper com a crescente submissão e subordinação externas, e recolocar no centro da orientação política a afirmação de um desenvolvimento económico soberano, a redução dos défices estruturais, a defesa intransigente dos interesses nacionais, articulada com a necessária cooperação no plano europeu e internacional.
O País enfrenta hoje sérios problemas que não se podem escamotear e cuja resolução será tudo menos fácil e simples. Infelizmente não cometemos nenhum exagero ao afirmarmos que vivemos um dos mais delicados e difíceis períodos da nossa História recente. À crise económica e social, à dependência crescente, à destruição paulatina e continuada do aparelho produtivo nacional, soma-se uma crise política e institucional, emergindo fenómenos e revelações que demonstram o quão longe foi a política de direita na distorção e subversão de elementos centrais do regime democrático consagrado na Constituição da República, nomeadamente o da submissão do poder económico ao poder político.
Com outros contornos, num contexto histórico diferente, esta nação com quase 900 anos de existência encontra-se novamente numa encruzilhada histórica em que existem apenas dois caminhos possíveis. Ou aprofundar o rumo actual pondo em causa a vida e a dignidade dos portugueses, o regime democrático e o futuro soberano do País ou, pelo contrário, operar as rupturas políticas necessárias para, afirmando e cumprindo a Constituição e repondo os valores de Abril como eixos estruturantes da estratégia de desenvolvimento, abrindo caminho a uma recuperação de direitos, de condições de vida, de capacidade de desenvolvimento e de soberania. É esta a questão que está colocada, uma questão que não se compadece com a espuma dos dias nem com operações mediáticas desprovidas de conteúdo concreto, que no essencial visam alimentar a alternância de actores num mesmo guião que dura há 38 anos - a política de direita.
É importante entender como aqui chegámos. Seria um erro limitar em responsabilidades individuais ou individualizadas, as causas da situação que estamos a viver. Não. A causa da situação não reside unicamente no actual governo ou na acção do actual Presidente da República e muito menos neste ou naquele protagonista político. A situação que vivemos resulta de um processo desencadeado após a Revolução de Abril que tem uma opção de classe e que teve como elementos centrais a restauração do capitalismo monopolista de Estado; o agravamento da exploração dos trabalhadores; a perversão do regime democrático; a promoção e reposição de valores obscurantistas ou retrógrados; a crescente dominação do capital estrangeiro sobre a economia portuguesa e a limitação da soberania e independência nacionais.
Um processo que teve na contra-revolução e na política de direita o mais importante factor, mas que teve como alavancas dois factos históricos que não devemos esquecer: o primeiro é que, com a Revolução de Abril, Portugal abriu-se ao Mundo, recuperou prestígio e soberania e afirmou a sua independência, mas não se conseguiu libertar totalmente do domínio de estruturas de poder imperialista como por exemplo a NATO, tendo continuado submetido à lógica da submissão aos interesses das principais potências imperialistas, lógica essa profundamente acentuada nos últimos 25 anos, e que hoje faz, a título de exemplo, com que tenhamos cada vez mais umas Forças Armadas direccionadas essencialmente para servir missões alheias ao interesse nacional e uma política externa completamente submetida à lógica das potências da União Europeia e da NATO.
O segundo foi a associação de Portugal ao processo de integração capitalista na Europa e em particular à União Económica e Monetária. Contrariamente aos discursos e loas do pelotão da frente, do oásis e do clube dos ricos, a realidade demonstra que Portugal perdeu muito com a sua associação a um processo que cada vez mais se confirma como um projecto de domínio económico e político dos mais fortes sobre os mais fracos, ditado pelas agendas e interesses dos grandes grupos económicos e financeiros e de potências como a Alemanha. Tratado após tratado – do Acto Único ao Tratado de Maastricht, do Tratado de Lisboa ao Tratado Orçamental –, o que sobressai deste processo é a imposição de um quadro e normas supranacionais que assegurando o domínio político – com a crescente colocação em causa da soberania nacional – possibilitem o domínio económico de uns – isto é, das grandes potências e dos grandes grupos económicos e financeiros –, sobre outros – ou seja, os trabalhadores e os povos dos diferentes países da União Europeia, nomeadamente os da sua designada «periferia».
As consequências estão à vista de todos e só uma irresponsável propaganda como aquela que está a ser feita em torno dos fundos estruturais é que ignora o facto de que a entrada e permanência de Portugal no Euro, a submissão aos sucessivos tratados da União Europeia, nomeadamente após Maastricht, constituíram e constituem um sério entrave ao desenvolvimento soberano de Portugal e das condições de vida dos portugueses.
Acresce, e esta não é uma questão menor quando falamos do exercício da soberania, que este processo foi desenvolvido à margem da vontade do povo português, que nunca teve oportunidade de se pronunciar sobre a Ratificação por Portugal dos tratados que regem a União Europeia. Assim foi em 1992, com o PS e PSD a inviabilizar toda e qualquer possibilidade de submeter o Tratado de Maastricht a referendo e depois em 1997 com o Tratado de Amesterdão. Assim foi em 2005, ao passarem a admitir o referendo mas, assim que assinado o Tratado de Lisboa, para o qual o Governo do PS deu uma grande contribuição, tomaram a decisão política de o recusar.
Hoje estão à vista as consequências trágicas para a economia nacional, para as condições de vida do povo português e para a soberania de Portugal do conjunto destas decisões: aprofundamento da divergência com outros países europeus, uma quase estagnação económica desde a entrada no Euro, crescente aumento do desemprego, da dívida pública, das dívidas das empresas e das famílias, manutenção e até agravamento de défices estruturais, mais injusta distribuição do rendimento, maiores desequilíbrios regionais. Uma evolução onde pesa a contínua liquidação do aparelho produtivo e de sectores estratégicos em que o País tinha adquirido conhecimentos, à medida que se amputava a protecção constitucional das grandes transformações sócio-económicas de Abril e que permitiram a reconstituição dos grandes grupos económicos monopolistas e do seu domínio.
Uma realidade que se agravou gravemente com a imposição ao País do chamado acordo de intervenção externa do FMI, BCE e UE, que se traduziu com afirmámos desde o início num verdadeiro Pacto de Agressão contra os portugueses e os interesses nacionais, e que foi assinado pelos mesmos partidos que protagonizaram a política de direita ao longo destes 38 anos e conduziram o País à grave crise em que se encontra. Um Pacto de Agressão que como não nos cansámos de alertar não só iria deixar um rastro de destruição como iria condenar o País a uma dependência e chantagem sem fim. A realidade aí está a dar razão ao PCP.
A todos aqueles que fazem a legítima pergunta: “qual então o caminho e a alternativa?”. Respondemos que esse caminho e essa alternativa estão nas suas próprias mãos, vontade e acção. Um caminho que se trilha na luta, e cujo primeiro e imediato passo é a continuação da exigência de demissão de um Governo cada vez mais isolado política e socialmente, um governo acossado pelo iniludível protesto popular contra a sua política, um governo em desagregação e manchado por uma sucessão de escândalos que revelam o seu comprometimento com os mais obscuros interesses e esquemas.
Nada está decidido ou predestinado. Contrariamente à agenda mediática que alimenta já a ideia da alternância para a continuação da mesma política, nós afirmamos que a alternativa para Portugal será aquela que o povo quiser e como quiser. Portugal não está condenado a mais do mesmo, tal como não está condenado a viver em função de interesses alheios aos do nosso povo. Nada pode obrigar Portugal a renunciar ao direito de optar pelas suas próprias estruturas socioeconómicas e pelo seu próprio regime político. Nada pode obrigar Portugal a aceitar a posição de Estado subalterno nomeadamente no quadro da UE e a alienar a sua independência e soberania nacionais. Nada pode impedir Portugal de definir o seu próprio modelo de desenvolvimento.
Nos últimos dias temos ouvido muitos discursos que nos falam de ruptura, termo que o PCP há muito vem a usar para ilustrar o que significa a sua política patriótica e de esquerda. Mas é importante clarificar que ruptura. Para nós ruptura implica ruptura com a política de direita, com os 38 anos dessa uma e mesma política, e isso, entre várias outras linhas de ruptura, implica recuperação de instrumentos de soberania que foram sendo alienados ao longo dos tempos pelo PS, pelo PSD e CDS, implica reverter os processos que, nomeadamente na relação com a União Europeia, nos retiraram essa soberania. E sobre isso há muitas clarificações a fazer por parte daqueles que agora usam essa palavra.
Mas há também outras clarificações necessárias. Centrando-nos apenas no debate que aqui nos trouxe e tendo presente a tese de que a soberania é um elemento da democracia nas suas diversas vertentes surgem-nos várias perguntas para as quais são necessárias respostas claras e comprometidas:
A alternativa para Portugal passa por manter o garrote e saque da dívida ou passa por uma renegociação da mesma, feita por iniciativa do Estado português e de acordo com os interesses nacionais e as necessidades de desenvolvimento económico e social de Portugal, nomeadamente rejeitando a parte ilegítima da dívida?
A alternativa passa por continuar a aceitar imposições, nomeadamente no âmbito do mercado único, que destroem o aparelho produtivo nacional, e por uma política de continuação da privatização das alavancas económicas do País, ou pelo contrário passa por uma corajosa política de valorização da produção nacional, nomeadamente pela recuperação para o controlo público de sectores e empresas estratégicas, designadamente do sector financeiro, nomeadamente por via da nacionalização?
A alternativa passa por dar continuidade ao actual rumo da União Europeia, mantendo Portugal amarrado a ditames contrários aos nossos interesses, ou pelo contrário passa por uma política corajosa, em coordenação com outros povos e países, que rejeite as imposições do Euro e da União Europeia recuperando para o País a sua soberania económica, orçamental e monetária, nomeadamente estudando, preparando e criando as condições para uma saída de Portugal do Euro? Não defendemos um acto súbito, mas um processo inclusive de negociação.
Estas questões partes constituintes de uma política soberana que pugne pelos interesses nacionais, a par com outras como a política salarial e de rendimentos, da reposição dos direitos sociais e laborais e seu alargamento ou a política fiscal, são questões essenciais e imediatas quando falamos de alternativa e de ruptura, e que portanto exigem resposta de todos aqueles que estiverem genuinamente interessados em levar a cabo uma real mudança no nosso País.
Nesta acção que levámos a cabo durante estes meses, foi nossa preocupação central dar respostas concretas aos problemas reais do País e apresentar soluções. Também nesta área fundamental da defesa da soberania temos uma proposta política concreta que tem como objectivo fundamental assegurar a independência económica do País, assente na utilização dos recursos nacionais.
Uma política que recupere os instrumentos políticos e económicos que se revelem indispensáveis ao desenvolvimento de Portugal, no plano económico e monetário, das relações comerciais e do desenvolvimento do sector produtivo, e da defesa da produção nacional.
Uma política que, no plano da União Europeia, rejeite a imposição de políticas comunitárias lesivas do interesse nacional e destruidoras do aparelho produtivo.
Uma política que, afirmando um inabalável compromisso com a Constituição, rejeita uma integração europeia que se caracteriza pela submissão e condicionamento do desenvolvimento de Portugal.
Uma política que assegure e afirme o pleno direito do povo português de decidir do seu próprio destino e de ver assegurada a prevalência dos interesses nacionais. Uma política que não aceite ver esse direito expropriado em nenhuma circunstância.
Uma política assente na diversificação das relações económicas e financeiras com o maior número de países do Mundo, tirando partido nomeadamente do desenvolvimento das relações económicas sul-sul, e do relacionamento com os países africanos, latino-americanos e asiáticos.
Uma política que rejeite a liberalização do comércio mundial, defenda relações de cooperação e apoio económico mutuamente vantajosos, que lute decididamente pela efectiva regulação dos mercados financeiros, pelo fim dos paraísos fiscais, pela penalização de deslocalizações de empresas e pelo direito de todos os povos ao seu desenvolvimento económico e social.
Uma política que salvaguarde e promova o desenvolvimento da cultura portuguesa e a preservação da identidade cultural do povo português e a afirmação da sua valorização internacional.
Uma política externa que rejeite o unilateralismo e o afunilamento “transantlântico”, que defenda o direito dos povos à soberania, auto-determinação e integridade territorial dos seus países, que rejeite a instrumentalização da ONU e defenda a sua democratização.
Uma política que, no respeito pela Carta das Nações Unidas, defenda a dissolução dos blocos político-militares, nomeadamente da NATO, articulando este objectivo central com a necessária desvinculação de Portugal das estruturas deste bloco político-militar, que oponha ao militarismo um projecto de cooperação internacional para a paz e o desarmamento.
Alguns reconhecendo o valor destas propostas dizem-nos: mas o grande capital não permite, a União Europeia não deixa! Não permite nem deixa até ao dia que o povo português quiser! Interiorizar e proclamar a impossibilidade é o primeiro passo para o claudicar do princípio de que a soberania reside no povo!
São estas a linhas políticas que propomos ao povo português, e é esta a nossa base para, em nome do desenvolvimento e da soberania nacional, trabalhar para a convergência e unidade dos patriotas e democratas, dos homens e mulheres de esquerda, dos trabalhadores e do povo em torno da defesa da Constituição da República, pela exigência de ruptura com a política de direita e de afirmação de uma política alternativa patriótica e de esquerda, de uma democracia que respeite e projecte os valores de Abril no futuro de Portugal.
A situação do País é deveras complexa e difícil, exige coragem, determinação, compromisso político e cívico, e a consciência de que não existem soluções fáceis. Mas simultaneamente não podemos permitir que ela nos impeça de olhar com confiança para o futuro de Portugal. É verdade que são muitos aqueles que se sentem esmagados e violentados pelos ataques a que são sujeitos e que por vezes sentem cansaço e desesperança face à sucessão de escândalos e acontecimentos.
Mas a esses queremos dizer que o PCP nunca desistiu nem desistirá dos portugueses e de Portugal. À ideia de que “Portugal acabou” contrapomos a ideia de que Portugal tem futuro. Porque, para além de território, Portugal é o seu povo, com a sua cultura, com a sua força, com a sua criatividade, capacidade de trabalho e a sua História. E se há tese que a nossa História demonstra, essa é a de que os grandes momentos de avanço progressista foram protagonizados e alcançados pelas massas populares e pela sua luta tendo sempre como aspiração e suporte a afirmação da soberania e independência nacionais – assim foi com a Revolução de Abril e a Constituição que a consagrou, e assim será com a alternativa patriótica e de esquerda e o caminho para uma Democracia Avançada que propomos, tendo como horizonte a construção de uma sociedade nova, uma sociedade socialista.
Portugal tem Futuro! Com a força do seu Povo!
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João Ferreira do Amaral
http://www.pcp.pt/uma-das-maiores-ameacas-independencia-nacional-processo-de-integracao-europeia

"Uma das maiores ameaças à independência nacional é o processo de integração europeia"

*** Viahttps://www.facebook.com/canalmoritzptnet/photos/a.200318570040618.50644.194137590658716/672540366151767/?type=1

José Gabriel
https://www.facebook.com/canalmoritzptnet
ASAS PELO AR
 O governo português, informou Aguiar Branco, esticando o pescoço e fazendo peito para dar um ar marcial, vai mandar uma esquadrilha de F16 para patrulhar os céus dos países bálticos. Eu sei que a NATO, ultimamente, tem tido o comportamento dos agressores juvenis descerebrados ( Obama conseguiu, sobre o tema, fazer o discurso mais imaturo e burro que já ouvi de um presidente norte-americano - não, não me esqueci de G.W. Bush), mas este feliz evento (Portugal já vai à guerra/ Com uma data de aviões/ Que custaram mil milhões/ Mas que ladrões - inspirei-me em Juca Chaves...) mostra que, não só saímos da crise, como saímos ricos e em grande! E com o sentido de prioridades dos sábios. Tremei, bárbaros do Leste, que agora é connosco!!
Nota: já agora, tanto quanto sei, um F16 custa mais que cem milhões de euros (leram bem, + de 100 000 000 00, fazendo as contas pelo preço - em 2ª mão - de há anos, que era de vinte milhões de contos) e custa por hora no ar, centenas de pensões de reforma. Pensem nisso quando os canalhas, de ar compungido, vos falarem na necessidade de austeridade já que "vivemos acima das nossas possibilidades".
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entretanto
os generais



Generais abandonam cerimónia por causa de ministro

A presença do ministro da Defesa na cerimónia de lançamento do último livro de Loureiro dos Santos motivou saída em massa de generais. 
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Mais de uma dezena de oficiais generais abandonou esta quarta-feira as instalações do Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM) como sinal de protesto pela presença do ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, no lançamento do último livro do general Loureiro dos Santos, "Reflexões sobre Estratégia VII - Tempos de crise".
Os generais, todos eles na reserva ou na reforma, estavam presentes para a referida cerimónia, ao fim da tarde, mas deixaram a sala quando se aperceberam da chegada do ministro e de que ele poderia intervir, o que não chegou a acontecer.
"Não me prestaria a fazer de plateia, depois de tudo o que ele fez e continua a fazer às Forças Armadas", disse ao Expresso o ex-Chefe de Estado-Maior General do Exército, Pinto Ramalho, um dos que abandonou o recinto do IESM.
FA vistas como "passivos incómodos"
Ao intervir, o general Loureiro dos Santos criticou por sua vez a política dos governos europeus por traçarem os dispositivos militares apenas em função de fatores de "sustentabilidade financeira" e de olharem para as Forças Armadas como "passivos incómodos".
É como "se essa sustentabilidade financeira fosse o vetor fundamental a determinar o aparecimento e desenvolvimento das correntes geopolíticas que atingem (os governos europeus) ou podem atingir, nomeadamente com a utilização da força militar", afirmou.
Numa crítica na qual incluiu notoriamente Portugal, Loureiro dos Santos disse ainda que "os governos europeus em geral olharam para as suas Forças Armadas como passivos incómodos, pouco necessários e dispendiosos, em vez de as verem como ativos essenciais, que são importantes instrumentos de política externa e a qualquer momento podem ter de garantir a segurança dos respetivos países".
Reduções até ao absurdo
Segundo o general, foi em nome da sustentabilidade financeira que os governos "reduziram forças, pararam processos de modernização de equipamentos e de armamentos e tornou-se menor o grau de disponibilidade dos existentes, diminuíram os exercícios e treinos, pouparam nos efetivos, por vezes até ao absurdo, e enfraqueceram as condições materiais e morais dos militares, criando-lhes insegurança quanto ao presente e incerteza em relação ao futuro".
Este "inapropriado comportamento" - referiu ainda - "está a conduzir generalizadamente ao aumento cada vez maior da insatisfação dos militares e, como consequência da sua desmotivação".


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/generais-abandonam-cerimonia-por-causa-de-ministro=f868951#ixzz317iQmHlm

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Entretanto 1 mapa elucidativo

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10203003698066717&set=a.1292209458644.43715.1032495044&type=1&theater
Una imagen vale más que mil palabras. Lo que hay eh juego en Ucrania es el cerco político-militar (como ayer la "guerra fria" a la URSS) de la OTAN contra Rusia y China (también se juega la independencia de Iran, Bielorusia, Venezuela, Ecuador, Bolivia, Cuba, Corea, Brasil, etc y la posibilidad de avances sociales y progresistas de los pueblos). Los EEUU, la UE y Japón quieren seguir dominando el mundo, para que sus multinacionales sigan amasando fortunas mientras condenana a los pueblos y la clase obrera a la miseria, al fascismo y a la guerra. En su intento de avanzar en la hegemonía mundial, ponen en peligro de gurra mundial a toda la humanidad. Ucrania es una de las claves donde se juega nuestro futuro en paz y con derechos, como ayer lo fue la II República española. ¡No pasarán!
*** ***
30jan2010
Felisberto Matos no blogue
http://o-melro.blogspot.com/
quer acabar com as Forças Armadas...

.....
Neste Orçamento de Estado de 2010 impressiona as verbas para o Ministério da Cultura e para o Ministério da Defesa...11 vezes menos!!!!
via
http://www.samuel-cantigueiro.blogspot.com/
(...)Quanto aos restantes orçamentos dos vários ministérios, individualmente, não faltará quem acertadamente os analise um por um... mas se descermos pela lista, até ao último, lá está o Ministério da Cultura, a olhar para os 2.440 milhões da Defesa... e agarrando-se como pode aos seus miseráveis 236 milhões, envergonhado. Envergonhado o Ministério e humilhada a Cultura!(...)
,,,,,,,,
Luís Amaro faz um texto importante, nomeadamente, sobre o negócio dos submarinos...Que neste Orçamento 2010 é tema de referência...Até para perceber o CDS/Portas...
http://www.avante.pt/noticia.asp?id=32214&area=19&edicao=1886
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10feVEReiro2012

(Via Jorge A)

Martins Guerreiro, foi um dos oficiais de marinha que tomou parte no 25 de Abril, julgo que nessa altura teria o posto de 1º Tenente ou Capitão -Tenente.

Na marinha não existe de forma isolada o posto de Capitão, será sempre o conjunto de dois termos (ex. Capitão-Tenente; Capitão de Fragata; Capitão de mar e Guerra) .

Este Senhor passou à Reserva de Marinha com o posto de Contra-Almirante.

Como não sei se estás familiarizado,  com algumas siglas que vêm no texto, segue a descodificação.

FA’s  -  Força Armadas

HFA  -  Hospital das Forças Armadas

PJM -  Polícia Judiciária Militar

LPM -  Lei de Programação Militar

MDN – Ministro ou Ministério da Defesa Nacional    

 

MAIS UMA

quinta-feira, 9 de Fevereiro de 2012, 22:51:13 | noreply@blogger.com (Manel)Ir para o artigo completo

Face às várias notícias sobre a intervenção do Ministro da Defesa Nacional, decidi ler na íntegra o seu “discurso”, esperando algo de substancial.
Após uma leitura atenta, eis o que encontrei: uma encenação com formulações genéricas ou vagas, para um ataque às Associações sócio profissionais militares. Isto era o que se deduzia das notícias. Porem esperava que existissem conceitos e conteúdo, para alem de alguma parra, quanto à forma de resolução da crise e ao contributo esperado das FA’s.
Vejamos então o que disse o titular da pasta da Defesa, as ideias que explanou:
A solução da crise está em nós. Em todos nós. Em cada um de nós.
É importante rever e reestruturar a nossa forma de pensar e agir.
Tudo está, entre nós, a ser repensado, por necessidade e por uma questão de oportunidade.
Seguidamente presta contas dos seus sete meses de governo:
- Duas decisões – Localização do HFA e transição para a nova tabela remuneratória
- Dois estudos concluídos: sobre o Dia da Defesa Nacional e sobre a PJM
- Início do processo de revisão da LPM (o que ocorre periodicamente)
- Início de quatro a cinco novos estudos: novo conceito estratégico de Segurança e Defesa, reorganização das estruturas do MDN e das FA’s, questão das promoções, aeroporto complementar de Lisboa, Estabelecimentos Militares de Ensino.
Classifica isto como medidas cujas necessidades todos os presentes reconhecerão, medidas que tem tanto de essenciais como de básicas, diz.
Quando aborda o processo de reorganização e reestruturação orgânica das FA’s afirma que a sustentabilidade das FA’s está hoje em causa: -“Tudo está a ser refletido. Em alguns casos chegaremos a soluções diferentes das que hoje existem, noutras perceberemos, pelo menos, o porquê das coisas.”
Questiona mesmo se o papel das FA’s é apenas o de defesa.
“Há que distinguir o que é estratégico e o que foi tático.”
“Este é o tempo de fazer Todas as reformas. E nós vamos fazê-las.”
“São precisos todos aqueles que pensam a segurança e a defesa e todos aqueles que no terreno tem o comando efetivo das operações.”
“Esta reforma faz-se convosco, faz-se com os militares, faz-se com os chefes. Ou não se faz de todo.”
“Faz-se para nós, por nós e para a República.”
Comentários que me ocorrem a este tipo de formulação e afirmações:
Confessa alguma ignorância ou desconhecimento, o que não lhe fica mal, quando afirma que depois de tudo refletir e se não chegar a soluções diferentes das que existem, perceberá pelo menos o porquê das coisas.
Não será este um processo de aprendizagem do Ministro muito caro para as FA’s e sobretudo para o País?
Questiona se o papel das FA’s é apenas o de defesa. Nunca foi nem será no futuro apenas o de defesa, sempre se estendeu em maior ou menor grau, a outros campos do serviço público, da investigação, da inovação, com impacto na economia e no desenvolvimento do País.
Há que distinguir o estratégico do tático, mas não distingue nada.
É o tempo de todas as reformas, mas não diz quais, todas inclui tudo e não inclui nada. Para as concretizar são necessários todos, mas só indica os de topo e conclui que se não for assim não se fazem de todo. Conclusão certa para uma formulação vaguíssima.
Se isto fosse a substância da intervenção do Ministro, teríamos que recomendar-lhe que aplicasse a si próprio a sua afirmação de “rever e reestruturar a nossa forma de pensar e agir”; porem a substância encontra-se na abordagem que faz ao descontentamento de militares “manifestado por palavras e atos de alguns movimentos associativos”.
Faz algumas afirmações óbvias quanto ao que não é um militar e que assume como reafirmação da natureza das FA’s – “Um militar não é um funcionário público, ser militar não é uma profissão como as outras, não é um emprego como os outros, nem sequer carreira com progressão automática.”
Ser militar é servir o País em armas, ser militar é uma vocação.”
“Durante anos, alguns confundiram a profissionalização das FA’s com a profissionalização dos militares que nelas serviram. Nada mais errado.”
Comentário: - este alguns serão os políticos ou serão mesmo os militares? Não se percebe se quem afirma entende a diferença. Faz um convite aos que não sentem a vocação militar para saírem com base na seguinte afirmação:
 - “Nem um homem sem vocação pode servir as FA’s, nem as FA’s, chegado o momento da verdade, podem servir-se de um homem assim.”
Este parágrafo contem a substância da intervenção ministerial que comentarei na parte final.
Afirma também que: “banalizar o protesto militar desprestigia a instituição que jura cumprir as leis da República. Utilizar o protesto como forma de intervenção pública, política e partidária é grave.”
Comentário: - concordo com esta afirmação em termos genéricos, mas não posso deixar de notar a confusão estabelecida entre o protesto dos militares enquanto cidadãos e o protesto militar, que se expressará por formas e vias militares podendo ser bem mais do que um simples protesto, assim nasceu o 25 de Abril, acto fundador da nossa Democracia. Deve ficar claro que quem jura guardar a Constituição e cumprir as Leis da República são os militares individualmente e não a Instituição.
Devo referir também que repudio igualmente a utilização ou instrumentalização das Forças Armadas para fins de política partidária, mesmo que por iniciativa do Poder político legítimo, o que não seria inédito na nossa democracia.
Repudio a demagogia fácil, para consumo de opinião pública pouco esclarecida, de que os militares são gente  a quem é preciso falar “grosso” e que as Forças Armadas custam muito ao erário público, a tal ponto que não seriam sustentáveis tal como existem.
Sobre o que  não é sustentável teria muito a dizer, começava pelos exemplos que vem de cima, do Poder, no que se refere ao respeito pelos princípios e pela legalidade, mas isso será para outra oportunidade.
Voltemos à substância da intervenção do MDN.
O que é isso de “chegado o momento da verdade”? Está na intenção do Poder utilizar as FA’s para fins não previstos, no tal momento da verdade? Pretende ou está a desembainhar a espada?
Normalmente o momento da verdade para um militar é o da entrada em combate e devo esclarecer o senhor ministro que não é preciso ser militar profissional nem ter vocação para isso, que o digam quase um milhão de homens que participaram, direta ou indiretamente, na guerra colonial.
Para servir o País nas Forças Armadas ou noutra instituição é preciso sim um forte sentido de Serviço Público e isso os militares profissionais, os milicianos e os contratados demonstraram-no em muitos momentos.
Fosse esse o exemplo igualmente transmitido aos cidadãos por todos os que exercem funções de responsabilidade política ou governativa.
Se todos os que exercem essas responsabilidades se sentissem, primeiro que tudo, servidores públicos, não estaríamos com certeza na actual situação de crise, nem teríamos preocupações quanto ao tal “momento da verdade”.
Quanto á utilização de gestos ou expressões fortes que possam pressupor o  desembainhar da espada, será bom ter presente que o militar é o cidadão mais relutante e mesmo resistente a iniciar essa via, pensará três vezes antes de o fazer mas se for forçado a desembainhar a espada não voltará a embainha-la sem honra 

5 Fev 2012                                                          Martins Guerreiro
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