Ilda Figueiredo: É inadmissível a actuação da União Europeia relativamente à Grécia, especialmente dos seus principais responsáveis - Alemanha e França. Estão a brincar com o fogo ao pôr em causa uma economia que representa, hoje, menos de 2% do PIB da UE e ao espezinhar um Povo e um Estado apenas para se afirmarem como braços do poder que domina na integração capitalista que temos na Europa. Por isso, toda a solidariedade com o povo grego que luta contra esta política neoliberal.
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dn.baptista bastos
Excerto de artigo de B.Bastos no DN de hoje-O caitulo grego
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O caos grego não tem sido bem explicado. E as "ajudas" externas, com taxas de juro humilhantes, têm acentuado a distorção e quebrado os laços sociais. Os laços sociais sempre se opuseram às lógicas do belicismo. Provinham do conflito moral e político com a ditadura; e, se quisermos, da experiência terrível ocasionada pela guerra civil. A sua inserção no quotidiano, na vida de todos os dias, é um elemento essencial da efectividade com que essas tensões se acumularam. A cólera do povo grego manifesta-se de modo unívoco, e é explicável pelas razões históricas das relações de poder.
Há uma ocultação das responsabilidades, que parece criarem uma impotência na rigorosa explicação dos factos. A quem interessa esta babel de confusão e de discórdia, que alastra pela Europa, e de que a Grécia é reflexo dramático? Qual o país que se segue, na continuidade da dissolução de um projecto que se pretendia harmonioso e solidário? Talvez sejam fáceis e claras as explicações, mas a própria natureza desta balbúrdia, meticulosamente organizada, pode conduzir a conjunturas bem mais trágicas: à guerra, por exemplo.
O cerco feito aos gregos, os vexames a que são submetidos em declarações proferidas por ignaros funcionários estrangeiros, provocam a mais funda indignação naqueles que ainda sentem o rebate da consciência. E a reacção daquele povo resulta da humilhação sistemática de que é alvo.
Sinto uma surda revolta quando ouço os medíocres políticos portugueses dizerem: "Mas nós não somos a Grécia!", sem a noção do peso das palavras e com a desfaçatez de quem nada conhece de história. Não; não somos a Grécia, mas pertencemos- -lhe, e a Grécia pertence-nos. Faz parte integrante da nossa condição relacional e da existência cultural e intelectual que nos define. Temos mais ou menos o mesmo número de população, e o percurso das nossas vidas possui traços muito semelhantes. A comparação, depreciativa e sórdida, constantemente feita, assume os contornos de grave insulto.
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O caos grego não tem sido bem explicado. E as "ajudas" externas, com taxas de juro humilhantes, têm acentuado a distorção e quebrado os laços sociais. Os laços sociais sempre se opuseram às lógicas do belicismo. Provinham do conflito moral e político com a ditadura; e, se quisermos, da experiência terrível ocasionada pela guerra civil. A sua inserção no quotidiano, na vida de todos os dias, é um elemento essencial da efectividade com que essas tensões se acumularam. A cólera do povo grego manifesta-se de modo unívoco, e é explicável pelas razões históricas das relações de poder.
Há uma ocultação das responsabilidades, que parece criarem uma impotência na rigorosa explicação dos factos. A quem interessa esta babel de confusão e de discórdia, que alastra pela Europa, e de que a Grécia é reflexo dramático? Qual o país que se segue, na continuidade da dissolução de um projecto que se pretendia harmonioso e solidário? Talvez sejam fáceis e claras as explicações, mas a própria natureza desta balbúrdia, meticulosamente organizada, pode conduzir a conjunturas bem mais trágicas: à guerra, por exemplo.
O cerco feito aos gregos, os vexames a que são submetidos em declarações proferidas por ignaros funcionários estrangeiros, provocam a mais funda indignação naqueles que ainda sentem o rebate da consciência. E a reacção daquele povo resulta da humilhação sistemática de que é alvo.
Sinto uma surda revolta quando ouço os medíocres políticos portugueses dizerem: "Mas nós não somos a Grécia!", sem a noção do peso das palavras e com a desfaçatez de quem nada conhece de história. Não; não somos a Grécia, mas pertencemos- -lhe, e a Grécia pertence-nos. Faz parte integrante da nossa condição relacional e da existência cultural e intelectual que nos define. Temos mais ou menos o mesmo número de população, e o percurso das nossas vidas possui traços muito semelhantes. A comparação, depreciativa e sórdida, constantemente feita, assume os contornos de grave insulto.
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as dívidas
Vinte e oito deputados de diferentes partidos requereram no Parlamento grego o agendamento de um debate sobre o “empréstimo de ocupação” pago pelo governo colaboracionista grego à Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, bem como sobre as reparações às vítimas do nazismo e sobre os tesouros roubados pela ocupação.
Segundo cálculos feitos pelo jornal económico francês Les Echos, a Alemanha deverá à Grécia nada menos que 575 mil milhões de euros a valores atuais. Atenas tem tentado cobrar essa dívida, sem sucesso, desde o fim da Segunda Guerra. Fê-lo em 1945, 1946, 1947, 1964, 1965, 1966, 1974, 1987 e, após a reunificação, em 1995.
O governo alemão, que tanto insiste que todos devem pagar as suas dívidas, recusa-se porém a sequer discutir a questão. Ao mesmo tempo, é inflexível na exigência de draconianas medidas de austeridade para que a Grécia possa pagar a sua dívida soberana.
(via Jorge A)