03/04/2014

7.767.(3abril2014.7.17') Milan Kundera

Nasceu a 1abril1929
***
7noVEMbro2017
“Não quero dizer com isso que havia deixado de amá-la, que a esquecera, que sua imagem desbotara; ao contrário; ela morava em mim dia e noite, como uma silenciosa nostalgia; eu a desejava como se desejam as coisas perdidas para sempre.”
Milan Kundera
(...) e a vida, afinal, é como as orquídeas.
ESTREIA - 10 nov. 21h30 | Cine-teatro de Alcobaça João D'Oliva Monteiro
11, 17, 18, 24 e 25 nov. 1 e 2 dez. 21h30 | Centro Cultural C C Gonçalves Sapinho
***
https://www.facebook.com/portaldeliteratura/photos/a.139691682721564.20114.114396468584419/1106563482701041/?type=3&theater
A Insustentável Leveza do Ser

Tudo se vive imediatamente pela primeira vez sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que vale a vida se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida?
***
Via Gisela Mendonça:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205461088520182&set=a.1181415429102.28176.1639690204&type=1&theater
Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?
*
Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um actor entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo ‘esboço’ não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projecto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.
***

https://www.facebook.com/NarizVermelho/photos/a.10151377071894621.500283.301085554620/10152432233714621/?type=1&theater
***
Via Maria Elisa Ribeiro

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=850736641609573&set=a.104671869549391.10003.100000197344912&type=1&theater
"Os Caminhos Desapareceram da Alma Humana 

Caminho: faixa de terra sobre a qual se anda a pé. A estrada distingue-se do caminho não só por ser percorrida de automóvel, mas também por ser uma simples linha ligando um ponto a outro. A estrada não tem em si própria qualquer sentido; só têm sentido os dois pontos que ela liga. O caminho é uma homenagem ao espaço. Cada trecho do caminho é em si próprio dotado de um sentido e convida-nos a uma pausa. A estrada é uma desvalorização triunfal do espaço, que hoje não passa de um entrave aos movimentos do homem, de uma perda de tempo.
Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente. "
 in "A Imortalidade"

***

https://www.facebook.com/112890882080018/photos/a.114014221967684.7650.112890882080018/884106298291802/?type=1&theater
Procuramos sempre o peso das responsabilidades,
quando o que na verdade almejamos é a leveza da liberdade.

***
Via Cláudia de Sousa Dias
Ignorância
http://hasempreumlivro.blogspot.pt/2007/07/ignorncia-de-milan-kundera-dom-quixote.html

***
***

Via Citador:
*
Um homem possuído pela paz está sempre a sorrir.
*
A felicidade é o desejo pela repetição.
*
O valor de um ser humano reside na capacidade de ir além de ele próprio, de sair de dentro de si próprio, de existir dentro de si próprio e para as outras pessoas.
*
Existe uma parte de todos nós que vive fora do tempo. Talvez só tomemos consciência da nossa idade em momentos excepcionais, na maioria do tempo não temos idade.
*
O amor não se manifesta no desejo de fazer amor com alguém, mas no desejo de partilhar o sono.
*
O amor é uma interrogação contínua. Não conheço melhor definição de amor.
*
Os amores são como os impérios: quando a ideia em que foram baseados desmorona, eles, também, se desvanecem.
*
A emoção do amor dá-nos a todos nós uma ilusão enganadora de conhecermos o outro.
*
Podemos reprovar-nos a nós próprios por alguma acção, por alguma observação, mas não por um sentimento, simplesmente porque não temos qualquer controle sobre ele.
*
A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento.
*
O número de série da espécie humana é o rosto, que é uma acidental e irrepetível combinação de características.
*
Não há nada mais forte que a compaixão. Nem a sua própria dor pesa tão fortemente como a dor que se sente por alguém, pela dor de alguém amplificada pela imaginação e prolongada por centenas de ecos.
*
Viver num mundo onde nada é perdoado, onde tudo é irremediável, é a mesma coisa que viver no Inferno.
*
A cultura está a extinguir-se em sobre-produção, em avalanches de palavras, na loucura da quantidade.
*
Escrevo pelo prazer de contradizer e pela felicidade de estar sozinho contra todos.
*
Os extremos são a fronteira além da qual termina a vida e a paixão pelo extremismo; na arte e na política, é uma velada ânsia de morte.
*
A vida é a memória do povo, a consciência colectiva da continuidade histórica, a maneira de pensar e de viver.
*
Não há papéis pequenos, só actores pequenos.
*
A ambição é uma desculpa esfarrapada por não se ser suficientemente preguiçoso.
*
O homem infeliz procura consolo amalgamando as suas penas com as penas de outro.
*
"Talvez a razão pela qual não sejamos capazes de amar seja porque ansiamos ser amados, isto é, exigimos algo (amor) do nosso parceiro em vez de nos darmos genuinamente a ele sem nada exigir, querendo apenas a sua companhia."
Talvez a razão pela qual não sejamos capazes de amar seja porque ansiamos ser amados, isto é, exigimos algo (amor) do nosso parceiro em vez de nos darmos genuinamente a ele sem nada exigir, querendo apenas a sua companhia. - Milan Kundera - Frases
**
A insustentável leveza do ser
O amor é a ânsia pela metade de nós que perdemos.
*
O amor físico é impensável sem violência.
*
Mas faz alguém que se tenha apaixonado ouvir o ronco do seu estômago, e a unidade de corpo e alma, essa ilusão lírica da idade da ciência, imediatamente cai por terra.
*

A Verdadeira Bondade do Homem


A verdadeira bondade do homem só pode manifestar-se em toda a sua pureza e em toda a sua liberdade com aqueles que não representam força nenhuma. O verdadeiro teste moral da humanidade (o teste mais radical, aquele que por se situar a um nível tão profundo nos escapa ao olhar) são as suas relações com quem se encontra à sua mercê: isto é, com os animais. E foi aí que se deu o maior fracasso do homem, o desaire fundamental que está na origem de todos os outros. 
*

As Perguntas Verdadeiramente Importantes

As perguntas verdadeiramente importantes são as que uma criança pode formular - e apenas essas. Só as perguntas mais ingénuas são realmente perguntas importantes. São as interrogações para as quais não há resposta. Uma pergunta para a qual não há resposta é um obstáculo para lá do qual não se pode passar. Ou, por outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não há resposta que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência.
**
A Brincadeira
O homem, essa criatura que aspira ao equilíbrio, compensa o peso do mal com que lhe partem a espinha, com a massa do seu ódio.
**
O Livro do Riso e do Esquecimento
Rir é viver profundamente.
**
A Vida Está Noutro Lugar
Sim, é louco. O amor ou é louco ou então não é nada.
**
A Imortalidade
O ódio é uma cilada na medida em que nos ata demasiado fortemente ao nosso adversário.
*

Os Caminhos Desapareceram da Alma Humana

Caminho: faixa de terra sobre a qual se anda a pé. A estrada distingue-se do caminho não só por ser percorrida de automóvel, mas também por ser uma simples linha ligando um ponto a outro. A estrada não tem em si própria qualquer sentido; só têm sentido os dois pontos que ela liga. O caminho é uma homenagem ao espaço. Cada trecho do caminho é em si próprio dotado de um sentido e convida-nos a uma pausa. A estrada é uma desvalorização triunfal do espaço, que hoje não passa de um entrave aos movimentos do homem, de uma perda de tempo.
Antes ainda de desaparecerem da paisagem, os caminhos desapareceram da alma humana: o homem já não sente o desejo de caminhar e de extrair disso um prazer. E também a sua vida ele já não vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples obstáculo que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente. 
**
 in "A Lentidão" 

O Amor é um Prémio sem Mérito

O amor é, por definição, um prémio sem mérito. Se uma mulher me diz: eu amo-te porque tu és inteligente, porque és uma pessoa decente, porque me dás presentes, porque não andas atrás de outras mulheres, porque sabes cozinhar, então eu fico desapontado. É muito mehor ouvir: eu sou louca por ti embora nem sejas inteligente nem uma pessoa decente, embora sejas um mentiroso, um egoísta e um canalha.
***
Via Mary Bento
http://www.contioutra.com/a-insustentavel-leveza-do-ser/
A Insustentável leveza do ser é umas das obras mais filosóficas da literatura mundial e sem a menor sombra de dúvida um clássico. A discussão proposta por Kundera nos deixa sem reação em um primeiro momento, pois essa ambivalência entre a leveza e o peso, talvez, seja a maior incógnita da nossa vida.
Na contemporaneidade, a leveza, ou seja, a ideia de ser livre ganhou destaque. Estar na moda é ser livre, é viver de forma desprendida em relação ao que nos circunda. A liberdade passou a ser vangloriada como uma grande virtude, a virtude daqueles que sabem voar.
Mas será que a leveza é mesmo uma virtude? A felicidade está imbricada à liberdade? O ser leve é aquele que não cria vínculos, não carrega malas, pois os vínculos trazem pesos que o impedem de flutuar pela vida. Para o ser leve não há quem lhe diga o que fazer ou não fazer, o certo ou errado; é livre para expor seus pensamentos, sentimentos e desejos.
O ser leve dança com destreza, ri da vida, afinal, não existe algo que o prenda, que o impeça de falar e fazer o que lhe apetece. Por isso, a leveza era vista por Parmênides (filósofo grego), como positiva. O ser só é completo, quando possui a liberdade para ser o seu eu sem restrições; sem peso.
Assim, a leveza é vista de forma positiva, como uma espécie de ser lúdico que passeia pela vida. De fato, é preciso ter leveza para sonhar, enxergar o inimaginável, arriscar, experimentar. Pois,
“Pelo fato da vida ser, relativamente, tão curta e não comportar “reprises”, para emendarmos nossos erros, somos forçados a agir, na maior parte das vezes, por impulsos, em especial nos atos que tendem a determinar nosso futuro.”

Se olhado sob essa perspectiva, o peso é negativo (era assim que Parmênides o via). Entretanto, o que é a vida senão um caminhar de mãos dadas. O peso vem quando nos relacionamos, mais que isso, quando nos permitimos ser tocados. O peso está em tudo que nos move, nos liga. O peso é a voz do outro que ecoa dentro de nós.
O peso nos faz terrenos, nos faz fracos, nos impede, muitas vezes, de fazer, de dizer. Mas, é esse mesmo peso que nos aproxima dos outros, do ser amado e dá sentido á vida. O peso nos aproxima do chão, permite que olhemos nos olhos do outro e possamos sentir a dor que o aflige.
“Mesmo nossa própria dor não é tão pesada como a dor co-sentida com outro, pelo outro, no lugar do outro, multiplicada pela imaginação, prolongada em centenas de ecos”
O amor, assim, está no campo do peso. Tudo que amamos nos traz um peso, já que, quando amamos algo, destinamos uma força enorme para segurá-lo. Não somente uma pessoa, mas também uma causa, a qual nós nos dedicamos tanto, que é impossível viver sem a sua existência.
O peso nos dá sentido e nos guia na neblina. Mas, como peso, traz consequências negativas; choro, tristeza, e, por vezes, nos prende, nos sufoca, como num beco sem saída. Dessa forma, qual o melhor caminho?
“Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”
A leveza por si só tornar-se insustentável, pois à medida que nos elevamos, uma responsabilidade nos é colocada (e responsabilidades tiram a leveza). A responsabilidade de ser livre impõe decisões sem nenhum apoio, sem nenhuma ajuda, sem importância aos outros.
O peso, por sua vez, nos faz terrenos, dramáticos, necessários, importantes. Como já dito, é preciso sonhar e arriscar, isto é, ser leve. Mas, é preciso ser importante, fazer com que alguém te porte para dentro (importe) e divida a dor que faz parte da vida.
A leveza e o peso são contraditórios e complementares. A vida necessita dos dois. A leveza para voar, sonhar, rir; o peso para amar, importar, chorar. Pois, como diz Machado:
“Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo cansativo; mas uma boa distribuição de lágrimas e polcas, soluços e sarabandas, acaba por trazer à alma do mundo a variedade necessária, e faz-se o equilíbrio da vida.”
***
Quer saber mais sobre o livro?
A insustentável leveza do ser- Sinopse
Lançado em 1982, este romance foi logo traduzido para mais de trinta línguas e editado em inúmeros países. Hoje, tantos anos depois de sua publicação, ele ocupa um lugar próprio na história das literaturas universais: é um livro em que o desenvolvimento dos enredos erótico-amorosos conjuga-se com extrema felicidade à descrição de um tempo histórico politicamente opressivo e à reflexão sobre a existência humana como um enigma que resiste à decifração o que lhe dá um interesse sempre renovado.
Quatro personagens protagonizam essa história:Tereza e Tomas,Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.