04/04/2014

7.785.(4.4.2014.14.4') Valter Hugo Mãe

nasceu a 25set1971
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Via Marta Luís
“Ela olhou por sobre o muro e percebeu que, mínima e a diminuir, estava a trancar-se cada vez mais, como a fugir por dentro, para longe, para um lugar tão distante que podia existir só dentro das pessoas.” 
O Filho de Mil Homens
Foto de Marta Luis.
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PASSEIO BOOKS&MOVIES com VALTER HUGO MÃE 
Quarta, 4 junho, 21h00
Local: Ala Sul Café 

Todos os dias, durante os nove dias do evento, a Praça da República e os cafés do centro histórico da cidade recebem escritores, produtores, realizadores ou especialistas para uma Tertúlia. Marque na agenda!

VALTER HUGO MÃE nasceu em Saurimo, Angola, no ano de 1971. Licenciado em Direito, pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea, Valter Hugo Mãe é vocalista do grupo musical Governo e letrista dos músicos/projetos Mundo Cão, Paulo Praça, Indignu, Salto, Frei Fado Del’Rei, Blandino e Eliana Castro. Dedica-se esporadicamente às artes plásticas. Publicou os romances O apocalipse dos trabalhadores (2008), O remorso de Baltazar Serapião, Prémio José Saramago (2006), O nosso reino (2004), A máquina de fazer espanhóis (2010), entre outros. Recebeu, em 2009, o troféu Figura do Futuro, atribuído pelo Correio da Manhã; em 2010, a Pena de Camilo Castelo Branco e a Medalha de Mérito Singular de Vila do Conde e, em 2012, o Grande Prémio Portugal Telecom de Literatura.

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Talvez o tempo, por si só, explique a cada um de nós o que é necessário para a felicidade. Talvez a felicidade seja sempre outra coisa que em cada idade se revela para que nos esforcemos de novo, continuamente.
Há um amor guardado para cada fim. No limite, já não podemos adiá-lo. Temos de amar sem olhar a quem até que, olhando, o perfeito desconhecido nos seja familiar. Até que se invente uma família, tão pura e fundamental quanto outra qualquer. A felicidade, afinal, é possível, embora se esconda atrás de um mundo de tristezas. Mas nenhuma tristeza nos deve vencer. O destino de cada um é só este: acreditar, mesmo quando ninguém mais acredite.

© Leonardo Basana

Um dos autores mais emblemáticos da nova geração. Em 2012, Valter Hugo Mãe foi o vencedor absoluto do Prémio PT de Literatura.

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"As pessoas são tão diferentes. Aprecio muito que o sejam. Fico a pensar se me acharão diferente também. Adoraria que achassem. Ser tudo igual é característica de azulejo na parede e, mesmo assim, há quem misture."
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"As pessoas são tão diferentes. Aprecio muito que o sejam. Fico a pensar se me acharão diferente também. Adoraria que achassem. Ser tudo igual é característica de azulejo na parede e, mesmo assim, há quem misture."
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in ESTOU ESCONDIDO NA COR AMARGA DO FIM DA TARDE (Campo das Letras, 2000)

(excerto)

estou escondido na cor amarga do
fim da tarde. sou castanho e verde no
campo onde um pássaro
caiu. sinto a terra e orgulho
por ter enlouquecido. produzo o corpo
por dentro e sou igual ao que
vejo. suspiro e levanto vento nas
folhas e frio e eco. peço às nuvens
para crescer. passe o sol por cima
dos meus olhos no momento em que o
outono segue à roda do meu tronco e, assim
que me sinta queimado, leve-me o
sol as cores e reste apenas o odor
intenso e o suave jeito dos ninhos ao
relento

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Fotografia de © Martin Stranka
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(LT)

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Percebi que para dentro de nós há um longo caminho e muita distância.
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Talvez o tempo, por si só, explique a cada um de nós o que é necessário para a felicidade. Talvez a felicidade seja sempre outra coisa que em cada idade se revela para que nos esforcemos de novo, continuamente. Há um amor guardado para cada fim. No limite, já não podemos adiá-lo. Temos de amar sem olhar a quem até que, olhando, o perfeito desconhecido nos seja familiar. Até que se invente uma família, tão pura e fundamental quanto outra qualquer. A felicidade, afinal, é possível, embora se esconda atrás de um mundo de tristezas. Mas nenhuma tristeza nos deve vencer. O destino de cada um é só este: acreditar, mesmo quando ninguém mais acredite.

in O Filho de Mil Homens
 

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caminham sobre a
terra rápida, e quando
morrem são anjos em
eterna muda de penas, feitas
só pássaros sem bico, engolidas
por grande morte depois de
tão pequena vida, assistem
ao céu, pasmadas numa
lentidão eterna
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As pessoas que não liam não tinham sentidos. Andavam como sem ver, sem ouvir, sem falar.
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não é sobre a solidão,
pouco me importa quem me
desviou palavra, é sobre
a tua ausência no lugar
íngreme da minha pele
(...)

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"Tira-me Daqui.
Leva-me a ver Algo que não Exista e não me Devolvas.
Rouba-me com Loucura e sem Pensar em mais Nada…"

Imagem - © Victor • Kostuk