Nasceu a 10abril1924
e morreu a 7fev1952
***
Tenho de visitar o
Museu em Azeitão
http://www.azeitao.net/Sebastiao/museu.htm
***
http://www.mun-setubal.pt/pt/pagina/sebastiao-da-gama-1924-1952/130
***
"A verdade era bela,
***
http://www.presenca.pt/autor/sebastiao-da-gama/
Biografia: Sebastião da Gama (1924-1952) Poeta português, natural de Vila Nogueira de Azeitão,
Setúbal. Concluiu o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
em 1947, e ainda nesse ano iniciou a sua actividade de professor, que exerceu em Lisboa, Setúbal
e Estremoz. Foi colaborador das revistas Árvore e Távola Redonda.
Sebastião da Gama ficou para a história pela sua dimensão humana, nomeadamente no convívio com
os alunos, registado nas páginas do seu famoso Diário (iniciado em 1949). Literariamente, não esteve dependente de qualquer escola, afirmando-se pela sua temática (amor à natureza, ao ser humano) e
pela candura muito pessoal que caracterizou os seus textos. Atingido pela tuberculose, que causaria a
sua morte precoce, passou a residir no Portinho da Arrábida, com a panorâmica serra da Arrábida a
alimentar o culto pela paisagem presente na sua obra. Foi, entretanto, instituído, com o seu nome,
um Prémio Nacional de Poesia.
Estreou-se com Serra Mãe, em 1945. Publicou ainda Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946,
em colaboração com Miguel Caleiro), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951).
Após a sua morte, foram editados Pelo Sonho é que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário
Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994).
***
***
Via José Eduardo Oliveira:
"Para cá da queda do corpo e da abalada da alma, fica a obra e o que de vida presente sempre dela se depreende".
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206680599088226&set=a.1029365188983.3914.1670949754&type=3&theater
*
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10209078163825846&set=a.1029365188983.3914.1670949754&type=3&theater
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https://www.facebook.com/328652647225108/photos/a.328693790554327.76085.328652647225108/979530022137364/?type=3&theater
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Tenho de visitar o
Museu em Azeitão
http://www.azeitao.net/Sebastiao/museu.htm
***
http://www.mun-setubal.pt/pt/pagina/sebastiao-da-gama-1924-1952/130
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"A verdade era bela,
como vinha nos livros.
À beirinha das águas
a verdade era bela.
À beirinha das águas
a verdade era bela.
Os que deram por ela
abriram-se e contaram
que a verdade era bela.
abriram-se e contaram
que a verdade era bela.
Quase todos se riam.
Os que punham nos livros
que a verdade era bela,
muito mais que os outros.
Os que punham nos livros
que a verdade era bela,
muito mais que os outros.
A verdade era bela
mas doía nos olhos
mas doía nos lábios
mas doía no peito
dos que davam por ela."
mas doía nos olhos
mas doía nos lábios
mas doía no peito
dos que davam por ela."
https://www.facebook.com/sonhararealidade2013/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/1617242151729899/?type=3&theater
http://www.presenca.pt/autor/sebastiao-da-gama/
Biografia: Sebastião da Gama (1924-1952) Poeta português, natural de Vila Nogueira de Azeitão,
Setúbal. Concluiu o curso de Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
em 1947, e ainda nesse ano iniciou a sua actividade de professor, que exerceu em Lisboa, Setúbal
e Estremoz. Foi colaborador das revistas Árvore e Távola Redonda.
Sebastião da Gama ficou para a história pela sua dimensão humana, nomeadamente no convívio com
os alunos, registado nas páginas do seu famoso Diário (iniciado em 1949). Literariamente, não esteve dependente de qualquer escola, afirmando-se pela sua temática (amor à natureza, ao ser humano) e
pela candura muito pessoal que caracterizou os seus textos. Atingido pela tuberculose, que causaria a
sua morte precoce, passou a residir no Portinho da Arrábida, com a panorâmica serra da Arrábida a
alimentar o culto pela paisagem presente na sua obra. Foi, entretanto, instituído, com o seu nome,
um Prémio Nacional de Poesia.
Estreou-se com Serra Mãe, em 1945. Publicou ainda Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946,
em colaboração com Miguel Caleiro), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951).
Após a sua morte, foram editados Pelo Sonho é que Vamos (1953), Diário (1958), Itinerário
Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994).
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CANÇÃO DE GUERRA
Aos fracos e aos covardes
não lhes darei lugar
dentro dos meus poema....
Covarde já eu sou.
Fraco, já o sou demais,
e se entre fracos for
me perderei também.
Aos fracos e aos covardes
não lhes darei lugar
dentro dos meus poema....
Covarde já eu sou.
Fraco, já o sou demais,
e se entre fracos for
me perderei também.
Quero é gente animosa
que olhe de frente a Vida,
que faça medo à Morte.
Com esses quero ir,
a ver se me convenço
de que também sou forte.
Quero vencer os medos...
Vencer-me - que sou poço
de estúpidos terrores,
de feminis fraquezas.
Rir-me das sombras, rir-me
das velhas ondas bravas,
rir-me do meu temor
do que há-de acontecer.
Venham comigo os fortes...
Façam-me ter vergonha
das minhas cobardias.
E de seus actos façam
(seus actos destemidos)
chicotes prós meus nervos.
Ganhe o meu sangue a cor
das tardes das batalhas.
E eu vá - rasgue as cortinas
que velam o porvir.
Vá - jovem e confiado,
cumprindo o meu destino
de não ficar parado.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=713134125435606&set=a.531054650310222&type=3&theater
que olhe de frente a Vida,
que faça medo à Morte.
Com esses quero ir,
a ver se me convenço
de que também sou forte.
Quero vencer os medos...
Vencer-me - que sou poço
de estúpidos terrores,
de feminis fraquezas.
Rir-me das sombras, rir-me
das velhas ondas bravas,
rir-me do meu temor
do que há-de acontecer.
Venham comigo os fortes...
Façam-me ter vergonha
das minhas cobardias.
E de seus actos façam
(seus actos destemidos)
chicotes prós meus nervos.
Ganhe o meu sangue a cor
das tardes das batalhas.
E eu vá - rasgue as cortinas
que velam o porvir.
Vá - jovem e confiado,
cumprindo o meu destino
de não ficar parado.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=713134125435606&set=a.531054650310222&type=3&theater
Via José Eduardo Oliveira:
"Para cá da queda do corpo e da abalada da alma, fica a obra e o que de vida presente sempre dela se depreende".
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206680599088226&set=a.1029365188983.3914.1670949754&type=3&theater
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10209078163825846&set=a.1029365188983.3914.1670949754&type=3&theater
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Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não Chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
in “Pelo Sonho É Que Vamos”
© Igor Zenin - Imagem
comovidos e mudos.
Chegamos? Não Chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
in “Pelo Sonho É Que Vamos”
© Igor Zenin - Imagem
há 1 blogue do saudoso escritor:
**
via http://feldecao.blogspot.com/
Meu País Desgraçado
Meu país desgraçado!...
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas ...
Meu país desgraçado!...
Por que fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?
Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.
E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.
Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!
Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
***
Via CITADOR:
Largo do Espírito SantoNem mais, nem menos: tudo tal e qual
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.
E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo.)
Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos olhos de ter sede!
E o pão da nossa mesa!... E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...
E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.
Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.
Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficarmos ambos puros.
Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há-de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.)
in 'Pelo Sonho é Que Vamos'
o sonho desmedido que mantinhas.
Só não sonharas estas andorinhas
que temos no beiral.
E moramos num largo... E o nome lindo
que o nosso largo tem!
Com isto não contáramos também.
(Éramos dois sonhando e exigindo.)
Da nossa casa o Alentejo é verde.
É atirar os olhos: São searas,
são olivais, são hortas... E pensaras
que haviam nossos olhos de ter sede!
E o pão da nossa mesa!... E o pucarinho
que nos dá de beber!... E os mil desenhos
da nossa loiça: flores, peixes castanhos,
dois pássaros cantando sobre um ninho...
E o nosso quarto? Agora podes dar-me
teu corpo sem receio ou amargura.
Olha como a Senhora da moldura
sorri à nossa alma e à nossa carne.
Em tudo, ó Companheira,
a nossa casa é bem a nossa casa.
Até nas flores. Até no azinho em brasa
que geme na lareira.
Deus quis. E nós ao sonho erguemos muros,
rasguei janelas eu e tu bordaste
as cortinas. Depois, ó flor na haste,
foi colher-te e ficarmos ambos puros.
Puros, Amor - e à espera.
E serenos. Também a nossa casa.
(Há-de bater-lhe à porta com a asa
um anjo de sangue e carne verdadeira.)
in 'Pelo Sonho é Que Vamos'
PurezaVem toda nua
ou, se o não consentir o teu pudor,
vestida de vermelho.
Teus tules brancos,
o azul, que desmaia,
de tuas sedas finas,
guarda-os p’ra outros dias.
P’ra quando, Amor!, teu ventre, já redondo,
merecer a pureza do azul...
in 'Cabo da Boa Esperança
'
ou, se o não consentir o teu pudor,
vestida de vermelho.
Teus tules brancos,
o azul, que desmaia,
de tuas sedas finas,
guarda-os p’ra outros dias.
P’ra quando, Amor!, teu ventre, já redondo,
merecer a pureza do azul...
in 'Cabo da Boa Esperança
'
A Maria Guiomar **Poesia Depois da Chuva
Depois da chuva o Sol - a graça.
Oh! a terra molhada iluminada!
E os regos de água atravessando a praça
- luz a fluir, num fluir imperceptível quase.
Canta, contente, um pássaro qualquer.
Logo a seguir, nos ramos nus, esvoaça.
O fundo é branco - cal fresquinha no casario da praça.
Guizos, rodas rodando, vozes claras no ar.
Tão alegre este Sol! Há Deus. (Tivera-O eu negado
antes do Sol, não duvidava agora.)
Ó Tarde virgem, Senhora Aparecida! Ó Tarde igual
às manhãs do princípio!
E tu passaste, flor dos olhos pretos que eu admiro.
Grácil, tão grácil!... Pura imagem da Tarde...
Flor levada nas águas, mansamente...
(Fluía a luz, num fluir imperceptível quase...)
in 'Pelo Sonho é que Vamos'
***
Pequeno poema
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/02/07-de-fevereiro-de-1952-morre-o-poeta.html?fbclid=IwAR1s-eETBQ6x-51lGfeuaTEVKevBEN2sIaRobAQeZNzyJrh6j_XTIdi2x3Q
*
nasceu a 10ab1924
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/10-de-abril-de-1924-nasce-sebastiao-da.html?spref=fb&fbclid=IwAR1QboL1kicpcr56eAx0DUzjXmJiRGs1voos9m1m-epWlIzwqUXcAuhSc8M
***
07 de Fevereiro de 1952: Morre o poeta português Sebastião da Gama
Sebastião da Gama nasceu a 10 de
Abril de 1924. Licenciado em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa, exerceu a função de professor do ensino técnico. Morreu no dia 7 de Fevereiro de 1952, om 28 anos, vítima de uma tuberculose que se declarara desde criança. Colaborador de
Távola Redonda (50-54), estreou-se em volume em 1945 com Serra-Mãe, exercendo para os que procuravam, como David Mourão-Ferreira ou António Manuel Couto Viana, no fim da década de 40 e início da década de 50, um exemplo de superação da oposição entre necessidade de empenhamento
versus liberdade de
criação em que se debatia a poesia, marcada ainda pela polémica entre presencistas e neorrealistas.
Em carta a David Mourão-Ferreira, em 1946, defende que "a arte é a vida, nos seus matizes múltiplos, posta em beleza, não a política, não a religião, não a moral postas em beleza; que o artista verdadeiro apenas
responde às vozes que chamam dentro de si - o
que não quer dizer que essas vozes não tenham sido caldeadas em muitas vozes exteriores."
(cf. MOURÃO-FERREIRA, David - 20 Poetas Contemporâneos,
1980, p. 232). Poeta marcado pela consciência de que a sua vida seria efémera, a poesia de Sebastião da Gama descreve uma lúcida aprendizagem da morte, não como desistência e desalento, mas como confiança na vida ("Foi necessário ter perdido tudo/ para chegar à perfeição enorme/ de não poder perder a confiança" in Itinerário
Paralelo), manifestada na exaltação
da Natureza e de Deus. Herdeiro de Régio na expressão da inquietação
religiosa, resolve o
maniqueísmo do fundador
da Presença, num
apaziguamento que nasce
da entrega do sujeito poético a uma Natureza que é, na tradição franciscana, um "sinal da Beleza de Deus incarnada nas coisas (Belchior, pref. a Gama, 1983, p. 26).
Sebastião da Gama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Sebastião da Gama. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Município de
Setubal
Pequeno poema
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/02/07-de-fevereiro-de-1952-morre-o-poeta.html?fbclid=IwAR1s-eETBQ6x-51lGfeuaTEVKevBEN2sIaRobAQeZNzyJrh6j_XTIdi2x3Q
*
nasceu a 10ab1924
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/10-de-abril-de-1924-nasce-sebastiao-da.html?spref=fb&fbclid=IwAR1QboL1kicpcr56eAx0DUzjXmJiRGs1voos9m1m-epWlIzwqUXcAuhSc8M
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via JERO:
Viesses tu, Poesia
Viesses tu, Poesia
e o mais estava certo.
Viesses no deserto,
viesses na tristeza,
viesses com a Morte...
Que alegria mereço, ou que pomar,
se os não justificar,
Poesia,
a tua vara mágica?
Bem sei: antes de ti foi a Mulher,
foi a Flor, foi o Fruto, foi a Água...
Mas tu é que disseste e os apontaste:
- Eis a Mulher, a Água, a Flor, o Fruto.
E logo froam graça, aparição, presença,
sinal...
(Sem ti, sem ti que fora
das rosas?
Mortas, mortas pra sempre na primeira,
mortas à primeira hora.)
Ó Poesia!, viesses
na hora desolada
e regressara tudo
à graça do princípio...
Viesses tu, Poesia
e o mais estava certo.
Viesses no deserto,
viesses na tristeza,
viesses com a Morte...
Que alegria mereço, ou que pomar,
se os não justificar,
Poesia,
a tua vara mágica?
Bem sei: antes de ti foi a Mulher,
foi a Flor, foi o Fruto, foi a Água...
Mas tu é que disseste e os apontaste:
- Eis a Mulher, a Água, a Flor, o Fruto.
E logo froam graça, aparição, presença,
sinal...
(Sem ti, sem ti que fora
das rosas?
Mortas, mortas pra sempre na primeira,
mortas à primeira hora.)
Ó Poesia!, viesses
na hora desolada
e regressara tudo
à graça do princípio...
*
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10204368202319752&set=a.1029365188983.3914.1670949754&type=3&theater"Para cá da queda do corpo e da abalada da alma, fica a obra e o que de vida presente sempre dela se depreende".
Sebastião da Gama (1924-52), escritor, poeta e professor português.
Lusa/Fim./
*
Biografia[
Sebastião da Gama licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1947.
Foi professor em Lisboa, na Escola Industrial e Comercial Veiga Beirão, em Setúbal, na Escola Industrial e Comercial (atual Escola Secundária Sebastião da Gama) e, em Estremoz, na Escola Industrial e Comercial local, cidade onde o seu nome ficaria mais tarde ligado à actual Escola Básica (Escola Básica Sebastião da Gama EB2,3 Estremoz).
Colaborou nas revistas Mundo Literário (1946-1948), Árvore e Távola Redonda.
A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal, motivada pela doença que o vitimou precocemente, a tuberculose.
Uma carta sua, enviada em agosto de 1947, para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida, constituiu a motivação para a criação da LPN Liga para a Protecção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.
O seu Diário, editado postumamente, em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.
As Juntas de Freguesia de São Lourenço e de São Simão, instituíram, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. No dia 1 de junho de 1999, foi inaugurado em Vila Nogueira de Azeitão, o Museu Sebastião da Gama, destinado a preservar a memória e a obra do Poeta da Arrábida, como era também conhecido.
Faleceu precocemente aos 27 anos, vitima de tuberculose renal, de que sofria desde adolescente.