20/04/2014

7.872.(20abril2014.1h1'1" da tarde) Rosa Lobato Faria.

Nasceu a 20abril1932
Morreu a 2fev2010
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https://www.facebook.com/1535129433436680/photos/a.1577397292543227.1073741829.1535129433436680/1782217848727836/?type=3&theater
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=965551023531779&set=a.470347533052133.1073741826.100002306717295&type=3&theater
Beijo a Beijo

E de novo a armadilha dos abraços. 
E de novo o enredo das delícias. 
O rouco da garganta, os pés descalços 
a pele alucinada de carícias. 
As preces, os segredos, as risadas 
no altar esplendoroso das ofertas. 
De novo beijo a beijo as madrugadas 
de novo seio a seio as descobertas. 
Alcandorada no teu corpo imenso 
teço um colar de gritos e silêncios 
a ecoar no som dos precipícios. 
E tudo o que me dás eu te devolvo. 
E fazemos de novo, sempre novo 
o amor total dos deuses e dos bichos. 

, in 'Dispersos'

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=812538922092524&set=a.462529847093435.111436.462489187097501&type=1&theater
(...) Chegaste mais cedo
Com olhos de viagem
E mãos de urgência (...)
*

https://www.facebook.com/349094905211303/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/571724589614999/?type=1&theater
Vimos chegar as andorinhas
conjugarem-se as estrelas
impacientarem-se os ventos
Agora
esperemos o verão
do teu nascimento tranquilos, preguiçosos
Tão inseparáveis as nossas fomes
Tão emaranhadas as nossas veias
Tão indestrutíveis os nossos sonhos
Espera-te um nome
breve como um beijo
e o reino ilimitado
dos meus braços
Virás
como a luz maior
no solstício de junho.

***

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Beijo a Beijo

E de novo a armadilha dos abraços.
E de novo o enredo das delícias.
O rouco da garganta, os pés descalços
a pele alucinada de carícias.
As preces, os segredos, as risadas
no altar esplendoroso das ofertas.
De novo beijo a beijo as madrugadas
de novo seio a seio as descobertas.
Alcandorada no teu corpo imenso
teço um colar de gritos e silêncios
a ecoar no som dos precipícios.
E tudo o que me dás eu te devolvo.
E fazemos de novo, sempre novo
o amor total dos deuses e dos bichos.
 in 'Dispersos'

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sobre AS ESQUINAS DO TEMPO
entrevista da autora Rosa Lobato Faria
https://www.youtube.com/watch?v=g-Xuz59s3jw
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tenho que ler:
http://cozinha-das-letras.blogspot.pt/2010/08/tranca-de-ines-de-rosa-lobato-de-faria.html

segunda-feira, 9 de Agosto de 2010


A Trança de Inês, de Rosa Lobato de Faria

Sinopse: "Assim as mulheres passam umas às outras a sua teia ancestral de seduções, subentendidos, receitas que hão-de prender os homens pela gula, a luxúria, a preguiça e todos os pecados capitais, é por isso que elas nunca querem os santos, os que não se deixam tentar, os que resistem à mesa, à indolência, à cama, à feitiçaria dos temperos, ao sortilégio das carícias, à bruxaria das intrigas." Baseado no mito de Pedro e Inês (mais na lenda do que na História), um romance sobre a intemporalidade da paixão, onde se abordam também alguns mistérios da existência. Um romance que, se não dá nenhuma resposta, coloca ao leitor algumas inquietantes questões. Rosa Lobato de Faria, "Prémio Máxima de Literatura" com o seu romance anterior, O Prenúncio das Águas, confirma aqui, uma vez mais, o seu notável talento de escritora. 

A Minha Opinião: Ao contrário da maioria dos livros que leio, este não era um livro que quisesse ler há muito tempo. O interesse surgiu numa conversa com a minha professora de português sobre a importância da expressão escrita face ao desenrolar da acção/ história. Acabou por aconselhar-me Rosa Lobato de Faria, não só pela sua belíssima prosa poética, mas também porque eu devia ler mais autores lusófonos, o que, como já devem ter reparado, é bem verdade.
 

Foi-me bastante difícil escolher o livro da autora pelo qual começar. Os títulos apelavam-me todos, mas acabei por escolher A Trança de Inês, um pouco pela minha curiosidade em saber como abordaria Rosa Lobato de Faria esta célebre história de amor.
 

Ainda que pequeno, o livro é maravilhoso. A sensação com que ficamos ao acabar de lê-lo é de puro fascínio pela qualidade da escrita do que acabamos de ler, pela beleza da história, pela forma como somos imersos nos pensamentos e no universo do protagonista, Pedro.
 Quaisquer preconceitos ou receios que tivéssemos à partida, desvanecem-se. A história lê-se muito bem, pois a abordagem feita pela autora ao romance de Pedro e Inês é magnífica. O livro absorve-nos desde o início até ao final e mesmo assim, a minha vontade ao acabar de lê-lo era recomeçar. Somos simplesmente presos por este romance que rompe a ténue linha que separa passado, presente e futuro.

Este é um dos poucos livros em que se pode abrir uma página ao acaso e ler algo esplêndido.
Quando o acabei, percebi que me tinha preenchido por completo. Eu poder-vos-ia falar sobre este livro durante horas, mas descubram por vocês próprios. Surpreendam-se. Eu, sem dúvida, surpreendi-me.
*
Quem me quiser
há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser
há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.


Quem me quiser
há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,
o cheiro de maçãs que há no inverno.


Quem me quiser
há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.


Quem me quiser
há-de saber os medos
que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.


Quem me quiser
há-de saber a espuma
em que sou turbilhão, subitamente
- Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
**
Sara Tavares canta:
Chamar a música
https://www.youtube.com/watch?v=ZlW8sbSQelg
e samuel úria:
https://www.youtube.com/watch?v=x4fUUyOXJeQ
Esta noite vou ficar assim
Prisioneira desse olhar
De mel pousado em mim
Vou chamar a música
Pôr à prova a minha voz
Numa trova só p'ra nós
Esta noite vou beber licor
Como um filtro redentor
De amor, amor, amor
Vou chamar a música
Vou pegar na tua mão
Vou compor uma canção
Chamar a música
A música
Tê-la aqui tão perto
Como o vento no deserto
Acordado em mim
Chamar a música
A música
Musa dos meus temas
Nesta noite de açucenas
Abraçar-te apenas
É chamar a música
Esta noite não quero a TV
Nem a folha do jornal
Banal que ninguém lê
Vou chamar a música
Murmurar um madrigal
Inventar um ritual
Esta noite vou servir um chá
Feito de ervas e jasmim
E aromas que não há
Vou chamar a música
Encontrar à flor de mim
Um poema de cetim
Chamar a música
A música
Tê-la aqui tão perto
Como o vento no deserto
Acordado em mim
Chamar a música
A música
Musa dos meus temas
Nesta noite de açucenas
Abraçar-te apenas
É chamar a música
*
Via Citador
Conheço esse SentimentoConheço esse sentimento 
que é como a cerejeira 
quando está carregada de frutos: 
excessivo peso para os ramos da alma. 

Conheço esse sentimento 
que é o da orla da praia 
lambida pela espuma da maré: 
quando o mar se retira 
as conchas são pequenas saudades 
que doem no coração da areia. 

Conheço esse sentimento 
que é o dos cabelos do salgueiro 
revoltos pelas mãos ágeis da tempestade: 
na hora quieta do amanhecer 
pendem-lhe tristemente os braços 
vazios do amado corpo do vento. 

Conheço esse sentimento 
que passa nos teus olhos e nos meus 
quando de mãos dadas 
ouvimos o Requiem de Mozart 
ou visitamos a nave de Alcobaça. 

Pedro e Inês 
a praia e a maré 
o salgueiro e o vento 
a verdade e o sonho 
o amor e a morte 
o pó das cerejeiras 
tu. 
e eu. 

 in 'Dispersos'


Beijo a BeijoE de novo a armadilha dos abraços. 
E de novo o enredo das delícias. 
O rouco da garganta, os pés descalços 
a pele alucinada de carícias. 
As preces, os segredos, as risadas 
no altar esplendoroso das ofertas. 
De novo beijo a beijo as madrugadas 
de novo seio a seio as descobertas. 
Alcandorada no teu corpo imenso 
teço um colar de gritos e silêncios 
a ecoar no som dos precipícios. 
E tudo o que me dás eu te devolvo. 
E fazemos de novo, sempre novo 
o amor total dos deuses e dos bichos. 

in 'Dispersos'