24/04/2014

7.894.(24abril2014.7.7') Florbela Espanca

Nasceu a 8dez1894
e suicidou-se a 8dez1930
https://www.facebook.com/349094905211303/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/555214351266023/?type=1&theater
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Maria do Carmo Vieira pintou:
Florbela Espanca Nasceu no dia 08 de Dezembro de 1894.
É considerada a mais importante figura feminina da literatura portuguesa. A sua vida foi cheia de episódios controversos, com uma postura pouco comum para uma mulher daquela época. O desencanto, o sofrimento e a busca incessante pela felicidade levou-a ao suicídio no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930.
A minha homenagem a Florbela Espanca, no dia 8 de Dezembro, na Galeria Porto Oriental.
Obra I: "Perdida na Paixão", óleo s/tela 40x40cm
 A imagem pode conter: 1 pessoa, closeup
 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10210005261647410&set=pcb.10210005291728162&type=3&theater
Obra II: "Noiva de Ninguém", técnica mista, 40x40cm
A imagem pode conter: 1 pessoa
 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10210005262447430&set=pcb.10210005291728162&type=3&theater
Obra III: "Sempre Só", acrílico s/tela, 40x40cm
 
 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10210005263087446&set=pcb.10210005291728162&type=3&theater
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https://www.facebook.com/sonhararealidade2013/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/887461678041287/?type=3&theater
Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, no dia 8 de dezembro de 1894, faleceu em Matosinhos no dia 8 de dezembro de 1930. Batizada como Flor Bela Lobo, optou por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca.
A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade. 
*
A Vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés d'alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo donde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia...
A gente esquece sempre o bem dum dia.
Que queres, ó meu Amor, se é isto a Vida!...


em "Livro de Sóror Saudade"

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26jan2016
Poema Perdidamente
cantado pelo Nuno Gonçalves
e fotos da Florbela
lançam 5oo poemas num 1.º volume de poesia contemporânea
https://www.youtube.com/watch?v=7zI0SQDmQmQ&feature=youtu.be
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De 3 para 4 ag2014 na RTP1 vi parte do filme português
com a Dalila do Carmo
VER TODO O FILME!!!
Florbela (2012) Poster
http://cinema.sapo.pt/atualidade/e-cinema/e-cinema-dalila-carmo-da-corpo-a-florbela-espanca-no-cinema

Dalila Carmo dá corpo à poetisa, no filme de Vicente Alves do Ó ...
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Dalila Carmo lê Florbela Espanca

http://videos.sapo.pt/1eD8qTP9vKwohy5eTBAG
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https://www.facebook.com/559343457434706/photos/a.559507790751606.1073741828.559343457434706/723040147731702/?type=1&theater
“Quem nos deu Asas para andar de Rastos?

Quem nos deu Olhos para ver os Astros…
Sem nos dar Braços para os Alcançar ?!..."

Imagem - © Laura Zalenga

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https://www.facebook.com/559343457434706/photos/a.559507790751606.1073741828.559343457434706/721175334584850/?type=1&theater
“Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens! Morder como quem beija! 
É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!”

© Jerry Uelsmann - Imagem

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https://www.facebook.com/imagensfaladas/photos/a.219921738189870.1073741828.219896998192344/305579972957379/?type=1&theater
Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só.

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206675322715179&set=a.1407568202681.2052988.1636733220&type=3&theater
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=849380208408395&set=a.462529847093435.111436.462489187097501&type=1&theater
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


in "Charneca em Flor"

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https://www.facebook.com/portaldeliteratura/photos/a.139691682721564.20114.114396468584419/955851521105572/?type=1&theater
21 de Março, Dia Mundial da Poesia
Florbela Espanca
Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros 
Que a minha boca tem pra te dizer! 
São talhados em mármore de Paros 
Cinzelados por mim pra te oferecer. 

Têm dolências de veludos caros, 
São como sedas brancas a arder... 
Deixa dizer-te os lindos versos raros 
Que foram feitos pra te endoidecer! 

Ler mais:
http://portaldaliteratura.com/poemas.php?id=247

Publicado por Fidelizarte Lda
cp

#21deMarço #DiaMundialDaPoesia #FlorbelaEspanca#OsVersosQueTeFiz

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A Mulher

Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!

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Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

In Amar

Foto: Samantha Tan


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"Não és sequer a razão de meu viver, pois que tu és já toda a minha vida".

Only U PQ

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=694441533924897&set=a.559507790751606.1073741828.559343457434706&type=1&theater
"A Vida é sempre a mesma para Todos: 
Rede de Ilusões e Desenganos. 
O Quadro é Único, a Moldura é que é Diferente…"

Imagem - © Alexander Khokhlov

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Ama-se quem se ama e não quem se quer amar. 
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“Trago no olhar visões extraordinárias...
de coisas que abracei de olhos fechados...”

© AndreyVi - Imagem
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Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui...além...
Mais este e aquele, o outro e toda a gente....
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..
.

Florbela Espanca, do livro "A Mensageira das Violetas"

Arte - Marina Podgaevskaya

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"Meu doce Amor, tu beijas a minh'alma
Beijando nesta hora a minha boca!"
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A noite desce 

Florbela Espanca

Como pálpebras roxas que tombassem
Sobre uns olhos cansados, carinhosas,
A noite desce...Ah! doces mãos piedosas
Que os meus olhos tristíssimos fechassem!

Assim mãos de bondade me embalassem!
Assim me adormecessem, caridosas,
E em braçadas de lírios e mimosas,
No crepúsculo que desce me enterrassem!

A noite em sombra e fumo se desfaz...
Perfume de baunilha ou de lilás,
A noite põe-me embriagada, louca!

E a noite vai descendo, muda e calma...
Meu doce Amor, tu beijas a minh'alma
Beijando nesta hora a minha boca!

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https://www.facebook.com/FabricaEscrita/photos/a.462529847093435.111436.462489187097501/1014285518584529/?type=1&theater
Eu sou aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez..."

* * *
Eu trago-te nas mãos o esquecimento
Das horas más que tens vivido, Amor!
E para as tuas chagas o unguento
Com que sarei a minha própria dor.

Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras duma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor
Tirou a luz para pintar o vento...

Dou-te o que tenho: o astro que dormita,
O manto dos crepúsculos da tarde,
O sol que é de oiro, a onda que palpita.

Dou-te, comigo, o mundo que Deus fez!
Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa de conto: "Era uma vez...

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Tenho Saudades da Carícia dos Teus Braços

"Tenho saudades da carícia dos teus braços, dos teus braços fortes, dos teus braços carinhosos que me apertam e que me embalam nas horas alegres, nas horas tristes. Tenho saudades dos teus beijos, dos nossos grandes beijos que me entontecem e me dão vontade de chorar. Tenho saudades das tuas mãos (...) "

 in "Correspondência (1920)"
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"Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar..."
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Tarde no mar

A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

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https://www.facebook.com/ALuaVoa/photos/a.746679182114157.1073741828.746659858782756/771421232973285/?type=1&theater
Tenho saudades da carícia dos teus braços, dos teus braços fortes, dos teus braços carinhosos que me apertam e que me embalam nas horas alegres, nas horas tristes. Tenho saudades dos teus beijos, dos nossos grandes beijos que me entontecem e me dão vontade de chorar. Tenho saudades das tuas mãos (...) Tenho saudades da seda amarela tão leve, tão suave, como se o sol andasse sobre o teu cabelo, a polvilhá-lo de oiro. Minha linda seda loira, como eu tenho vontade de te desfiar entre os meus dedos! Tu tens-me feito feliz, como eu nunca tivera esperanças de o ser. Se um dia alguém se julgar com direitos a perguntar-te o que fizeste de mim e da minha vida, tu dize-lhe, meu amor, que fizeste de mim uma mulher e da minha vida um sonho bom; podes dizer seja a quem for, a meu pai como a meu irmão, que eu nunca tive ninguém que olhasse para mim como tu olhas, que desde criança me abandonaram moralmente que fui sempre a isolada que no meio de toda a gente é mais isolada ainda. Podes dizer-lhe que eu tenho o direito de fazer da minha vida o que eu quiser, que até poderia fazer dela o farrapo com que se varrem as ruas, mas que tu fizeste dela alguma coisa de bom, de nobre e de útil, como nunca ninguém tinha pensado fazer. Sinto-me nos teus braços defendida contra toda a gente e já não tenho medo que toda a lama deste mundo me toque sequer. 

 in "Correspondência (1920)"

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Sonhos

Ter um sonho, um sonho lindo,
Noite branda de luar,
Que se sonhasse a sorrir…
Que se sonhasse a chorar…

Ter um sonho, que nos fosse
A vida, a luz, o alento,
Que a sonhar beijasse doce
A nossa boca… um lamento…

Ser pra nós o guia, o norte,
Na vida o único trilho;
E depois ver vir a morte

Despedaçar esses laços!…
…É pior que ter um filho
Que nos morresse nos braços!

Arte - Anne Dewailly

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O Dom Milagroso de um Grande Amor
"Na vida de toda a gente há braçados floridos dessas tolices sem importância. Só a raros eleitos é dado o milagroso dom de um grande amor. Eu teria muita pena que o destino não me trouxesse esse grande amor que foi o meu grande sonho pela vida fora. Devo agradecer ao destino o favor de ter ouvido a minha voz. Pôr finalmente, no meu caminho, a linda alma nova, ardente e carinhosa que é todo o meu ampa­ro, toda a minha riqueza, toda a minha felicidade neste mundo. A morte pode vir quando quiser: trago as mãos cheias de rosas e o coração em festa: posso partir contente."

 in "Correspondência (1930)"
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=865921023421429&set=a.825013580845507.1073741828.825005710846294&type=1&theater
"Prende-me toda, Amor, prende-me bem!
Que vês tu em redor? Não há ninguém!
A Terra? - Um astro morto que flutua...

Tudo o que é chama a arder, tudo o que sente,
Tudo o que é vida e vibra eternamente
É tu seres meu, Amor, e eu ser tua!"

 in Charneca em Flor 1930

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Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos, 
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu amor pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos...

art"uwe steger"
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https://www.facebook.com/349094905211303/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/568328596621265/?type=1&theater
Para quê?!

Tudo é vaidade neste mundo vão ... 
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada! 
E mal desponta em nós a madrugada, 
Vem logo a noite encher o coração!

Até o amor nos mente, essa canção
Que o nosso peito ri à gargalhada,
Flor que é nascida e logo desfolhada,
Pétalas que se pisam pelo chão! ...

Beijos de amor! Pra quê?! ... Tristes vaidades!
Sonhos que logo são realidades,
Que nos deixam a alma como morta!

Só neles acredita quem é louca!
Beijos de amor que vão de boca em boca,
Como pobres que vão de porta em porta! ...

do "Livro de Mágoas"
Arte - Anne Dewailly

***
Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
***
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=807802515899498&set=a.462529847093435.111436.462489187097501&type=1&theater
O mundo quer-me mal porque ninguém tem asas como eu tenho.
(...)
**
SER POETA
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

(Refrão)(1x)

E é amar-te, assim perdidamente...
E é seres alma, e sangue e vida em mim..
E dizê-lo cantando a toda a gente!

E é amar-te, assim perdidamente...
E é seres alma, e sangue e vida em mim..
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Repetição)

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

(Refrão) (2x)

E é amar-te, assim perdidamente...
E é seres alma, e sangue e vida em mim..
E dizê-lo cantando a toda a gente!

E é amar-te, assim perdidamente...
E é seres alma, e sangue e vida em mim..
E dizê-lo cantando a toda a gente!
https://www.youtube.com/watch?v=VJaNP_jzHRk
***

https://www.facebook.com/349094905211303/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/558990090888449/?type=1&theater
Vozes do mar


Quando o sol vai caindo sob as águas
Num nervoso delíquio d´ouro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?

Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?

Tens cantos d´epopéias? Tens anseios
D´amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!

Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
...Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!

 do livro "A Mensageira das Violetas"
Arte - Ivan Aivazovsky

***
Via Dina Calaxa:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=746481032058613&set=a.306546356052085.74777.100000901685496&type=1&theater
"Eu não sou como muita gente: entusiasmada até à loucura no princípio das afeições e depois, passado um mês, completamente desinteressada delas. Eu sou ao contrário: o tempo passa e a afeição vai crescendo, morrendo apenas quando a ingratidão e a maldade a fizerem morrer."
***

https://www.facebook.com/282054545145829/photos/a.282056735145610.78181.282054545145829/804847436199868/?type=1&theater

Espera

Não me digas adeus, ó sombra amiga,
Abranda mais o ritmo dos teus passos;
Sente o perfume da paixão antiga,
Dos nossos bons e cândidos abraços!

Sou a dona dos místicos cansaços,
A fantástica e estranha rapariga
Que um dia ficou presa nos teus braços...
Não vás ainda embora, ó sombra amiga!

Teu amor fez de mim um lago triste:
Quantas ondas a rir que não lhe ouviste,
Quanta canção de ondinas lá no fundo!

Espera... espera... ó minha sombra amada...
Vê que pra além de mim já não há nada
E nunca mais me encontras neste mundo!...

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O MEU IMPOSSíVEL

Minh'alma ardente é uma fogueira acesa,
É um brasido enorme a crepitar!
Ânsia de procurar sem encontrar
A chama onde queimar uma incerteza!

Tudo é vago e incompleto! E o que mais pesa
É nada ser perfeito. É deslumbrar
A noite tormentosa até cegar,
E tudo ser em vão! Deus, que tristeza!...

Aos meus irmãos na dor já disse tudo
E não me compreenderam!... Vão e mudo
Foi tudo o que entendi e o que pressinto...

Mas se eu pudesse a mágoa que em mim chora
Contar, não a chorava como agora,
Irmãos, não a sentia como a sinto!..

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Inconstância

Procurei o amor que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava.
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!

E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer...
Um sol a apagar-se e outro a acender
Nas brumas dos atalhos por onde ando...

E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há de partir também... nem eu sei quando...

 em "O livro de Sóror Saudade "(1923)
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"Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isto que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive..." 
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08 de Dezembro de 1930: Suicida-se a poetisa portuguesa Florbela Espanca, no dia em que completava 36 anos

Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894, sendo baptizada, com o nome de Flor Bela Lobo, a 20 de Junho do ano seguinte, como filha de Antónia da Conceição Lobo e de pai incógnito. É em Vila Viçosa que se desenrola a sua infância. Em Outubro de 1899, Florbela começa a frequentar o ensino pré-primário, passando a assinar Flor d'Alma da Conceição Espanca (algumas vezes, opta por Flor, e outras, por Bela). Em Novembro de 1903, aos sete anos de idade, Florbela escreve a sua primeira poesia de que há conhecimento, «A Vida e a Morte», mostrando uma admirável precocidade e anunciando, desde já, a opção por temas que, mais tarde, virá a abordar de forma mais complexa. Ainda no mesmo ano, Florbela começa a escrever uma poesia sem título, o seu primeiro soneto.
Conclui a instrução primária em Junho de 1906, entrando para o actual sexto ano de escolaridade em Outubro do mesmo ano. No ano seguinte, Florbela aponta os primeiros sinais da sua doença, a neurastenia; além disso, escreve o seu primeiro conto, «Mamã!». Em 1908, Antónia Lobo, a mãe de Florbela morre vítima de neurose, após o que a família se desloca para Évora, para Florbela prosseguir os seus estudos no Liceu André Gouveia, com o chamado Curso Geral do Liceu, cuja sexta classe (próxima do 10º ano actual) completa em 1912. Entretanto, em 1911, começa a namorar com Alberto Moutinho, mas acaba por se afastar deste, em virtude de uma nova paixão por José Marques, futuro director da Torre do Tombo. Após romper com este, no ano seguinte, Florbela reata o namoro com Alberto Moutinho e, a 8 de Dezembro, uma vez emancipada, casa com ele, pelo civil, aos 19 anos.
Em 1914, apesar de algumas dificuldades económicas, o casal muda-se para o Redondo, na Serra d'Ossa, onde abre um colégio e lecciona. Numa festa do colégio, Florbela recita, pela primeira vez, versos seus em público. É no ano seguinte que Florbela inicia o seu caderno «Trocando Olhares», que completa ao longo de cerca de um ano e meio. Em 1916, a revista «Modas e Bordados» publica o soneto «Crisântemos», cheio de alterações ao original, e Florbela torna-se amiga da directora e da sub-directora da revista, Júlia Alves, com quem, aliás, inicia correspondência. Alguns meses depois, torna-se colaboradora do jornal «Notícias de Évora», e desiste de um projecto intitulado «Alma de Portugal», um livro de acentuada carga patriótica, e que conteria as partes «Na Paz» e «Na Guerra».
Em 1917, após ter regressado a Évora, Florbela completa o actual 11º ano do Curso Complementar de Letras, com catorze valores; apesar de querer seguir essa área, acaba por se inscrever, em Outubro, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o que a obriga a mudar-se para Lisboa, onde começa a contactar com a vida boémia. Na sequência de um aborto involuntário, em 1919, Florbela tem de se mudar para Quelfes, perto de Olhão, onde apresenta os primeiros sintomas sérios de neurose. Pouco depois, o seu casamento desfaz-se e Florbela decide ir para Lisboa prosseguir o curso, separando-se do marido, e passando a conhecer a rejeição da sociedade. Em Junho de 1919, depois de alguma correspondência trocada com Raul Proença, sai a lume o «Livro de Mágoas»; posteriormente, completa o terceiro ano de Direito. No ano seguinte inicia «Claustro das Quimeras»; simultaneamente, passa a viver com António Guimarães, em Matosinhos, com quem se casa em 1921, após o primeiro divórcio.
De volta a Lisboa, em 1923, Florbela vê publicado o «Livro de Soror Saudade», mas tem de se mudar rapidamente para Gonça, perto de Guimarães, para se tratar de um novo aborto. Assim, Florbela separa-se do marido, que pede o divórcio, oficializado em 1924; isso leva a que a família de Florbela não lhe fale durante dois anos, o que a abala muito.
Em 1925, depois de se ter mudado para a casa de Mário Lage em Esmoriz, casa com ele, pelo civil e, depois, pela Igreja. Dois anos depois, enquanto Florbela traduz romances franceses para a Livraria Civilização no Porto (que publica oito trabalhos seus), e prepara «O Dominó Preto», o seu irmão falece, o que a torna uma mulher triste e desiludida e inspira «As Máscaras do Destino». Enquanto a relação com o marido se desgasta progressivamente, a neurose de Florbela agrava-se bastante; é neste período que, possivelmente, se apaixona pelo pianista Luís Maria Cabral, a quem dedica «Chopin» e «Tarde de Música»; talvez por isso, tenta suicidar-se. Em 1929, Florbela passa por Lisboa, onde lhe é recusada a participação no filme «Dança dos Paroxismos», de Jorge Brum do Canto, e segue para Évora, onde, em 1930, começa a escrever o seu «Diário do Último Ano». Passa, então a colaborar nas revistas «Portugal Feminino» e «Civilização», e trava conhecimento com Guido Battelli, que se oferece para publicar «Charneca em Flor». Já em Matosinhos, Florbela revê as provas do livro, depois da segunda tentativa de suicídio, em Outubro ou Novembro, período em que a neurose se torna insuportável e lhe é diagnosticado um edema pulmonar. A 8 de Dezembro, dia do nascimento e do primeiro casamento, Florbela suicida-se, cerca das duas horas, com dois frascos de Veronal.
wikipedia (Imagens)
revistacult.uol.com.br

File:Picture of Florbela Espanca.jpg

Ficheiro:Espanca Florbela.jpg
Florbela Espanca

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