21/06/2014

8.299.(21jun2014.11.1') Jaime Gralheiro

Nasce a julho1930
e morre a 20junho2014
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tenho a memória da peça ARRAIA MIÚDA
pelo TEUCoimbra?
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 Foto de Antifascistas da Resistência.
 https://www.facebook.com/FascismoNuncaMais/photos/pb.558291707613546.-2207520000.1449926887./734316996677682/
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22 de abril de 2014

Jaime Gralheiro --- Curriculum Vitae

homenageado nos 40 anos do 25 de Abril
Por iniciativa da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul, será dado o nome do dramaturgo ao Cineteatro daquela cidade





CURRICULUM VITAE



Advogado, escritor, dramaturgo, encenador, professor e político

 

 JAIME Gaspar GRALHEIRO, advogado, dramaturgo, escritor, encenador e político, nasceu em Macieira, freguesia de Sul do concelho de S. Pedro do Sul, no dia 07/07/193...0. Depois de estudar no Colégio de Lamego e no de João de Deus, no Porto, rumou para Coimbra onde se licenciou em Direito.
Em Coimbra fez parte da TUNA, do ORFEON e ajudou a fundar o CITAC.
Após se ter licenciado fez o estágio à advocacia em Viseu, tendo montado escritório em S. Pedro do Sul, onde exerceu essa profissão desde 1958 a 2011, acabando por ter intervenções forenses, mais ou menos, por todo o país
Foi Delegado da Ordem dos Advogados desde o início da década de 70 até ao final da de 90, tendo intervindo em todos os Congressos dos Advogados Portugueses, Assembleias Nacionais e outras realizações plenárias da classe.


Como jurista escreveu “Comentário à (s) Lei (s) dos Baldios” e “Comentário à Nova Lei dos Baldios”, para além de ter escrito artigos técnicos em revistas da especialidade.
Como dramaturgo escreveu as seguintes peças teatrais:
1950-FEIA (publicada na revista Inicial do Colégio João de Deus - Porto);
1962- EPIFÂNIO LACERDA (mais tarde publicada com o nome de “Paredes Nuas” - representada pelo “Aurora da Liberdade”, Matosinhos, em 1962/63);
1963- BELCHIOR (representada por várias coletividades, depois do 25 de Abril de 1974);
1964- RAMOS PARTIDOS, proibida pelas autoridades político-policiais da época (Governador Civil de Aveiro) de ser representada pelo CETA (Aveiro) em 1967. (Estas três peças foram publicadas, em 1967, num livro único, sob o título genérico de Teatro - edição de Autor);
1964- FARRUNCHA (infantil; publicada em 1975 pelo FAOJ); representada inúmeras vezes, por vários grupos de teatro, Escolas e coletividades).
1967/68- O FOSSO (publicada em 1972, como n.º 1 da Cena Actual do Jornal do Fundão); representada antes do 25 de Abril de 1974 clandestinamente no TUP, por um Grupo de Amadores dos arredores do Porto, e por várias coletividades, designadamente pelo TEB (Barreiro), depois dessa data.

1973- NA BARCA COM MESTRE GIL (escrita em 1973 e publicada em 1978 pela editorial “Caminho”); só pôde ser representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul, após o 25 de Abril de 1974. Foi o último texto integralmente proibido pelo “Exame Prévio” fascista.
1975- ARRAIA MÍÚDA (escrita em 1975 e publicada em 1976 pela editorial INOVA); representada pelo TEUC, “Cénico” de S. Pedro do Sul e TEC e, também, por vários Grupos de Amadores: Foi, talvez, a primeira peça escrita sobre a Revolução de Abril, a coberto da de 1383..
1976- D. BELTRÃO DE REBORDÃO (infanto-juvenil; inédita); representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul.
1977- O HOMEM DA BICICLETA (dramatização do romance de Manuel Tiago: “Até amanhã, camarada”) publicada pela SPA em 1982; representada pelo “Cénico” em 1978;
1978- VIERAM PARA MORRER”(3º prémio da SEC, publicado pela Moraes em 1979); representada, em síntese, pelo Teatro da Malaposta em 2011);
1978 - Foi considerado o Autor português mais representado neste ano.

1980- ONDE VAZ, LUIZ? (escrita em 1980 e publicada pela editorial Vega em 1983); representada pelo TEC, numa encenação notável de Carlos Avillez, pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul, numa encenação do A., e pelo Teatro Construção de Joane – Vila Nova de Famalicão;
1985- COMADRES ou “Quem é que é afinal?” (monólogo) – integrado no espetáculo da “Comuna”: Farsa você mesmo (1986);
1986- O GRANDE CIRCO IBÉRICO (1º prémio do Concurso do CITAP/ Amadora, 1989, publicada pela D. Quixote/SPA em 1998); representada pelo Grupo de Teatro “Passagem de Nível”, da Amadora, em 2006.
1987- A LONGA MARCHA PARA O ESQUECIMENTO (representada e publicada pelo CETA, Aveiro, em 1987);
1989- O SOLDADO JOÃO- teatralização do conto com o mesmo nome de Luísa Ducla Soares. Infantil. Inédita;
1990- POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS- série televisiva exibida: participou com dois textos, no 1º episódio;
1990 - LAFÕES É UM JARDIM representada pelo “Cénico” (inédita em livro);
1992- ERA UMA VEZ UM CORAÇÃO, teatralização de um texto didático do Prof. Políbio Serra e Silva - representada pelo “Cénico/Infantil” e por várias Escolas da Região Centro (inédita em livro);
1995- É(H) MEU! (para adolescentes). Representada pelo “Cénico/juvenil em 1995/96; publicado pela D. Quixote/ SPA juntamente com “O Circo Ibérico” (1998).
1996 – GRAÇAS E DESGRAÇAS D´ EL REI TADINHO (infantil). Teatralização do conto de Alice Vieira com o mesmo título. Representada pelo Cénico/infantil.;

2007– “O CARTEIRO DE PABLO NERUDA”, dramatização do romance com o mesmo título de António Skarrmeta;
2010- DOIS EM UMA (António-Antónia de Aveiro”, recreação teatral do texto “Antónia-António-Antónia” de João de Lemos, levada à cena pelo CETA (Aveiro) em Fevereiro/Março de 2011, com o título de ANTÓNIO/ANTÓNIA..
2011- DEITADAS NO PASSADO - peça de teatro em dois atos.
2012/13- LEVANTAMENTO DE ARCOZELO (inédito em livro).Representado pela Universidade Sénior de SPSUL nesse ano letivo, sob direção e encenação do autor;
2013 – Publicação em livro das três peças – CARTEIRO DE PABLO NERUDA; DOIS EM UMA E DEITADAS NO PASSADO, sob o título genérico TEATRO DE FIM DA TARDE – Edições Esgotadas, Viseu.

2013 – “MARAVILHA FATAL DA NOSSA IDADE – FIM DE LINHA” (inédita), tragicomédia da vida de um rei e do seu povo na contramão da História.

A sua obra teatral tem merecido o interesse e o estudo dos meios universitários portugueses e brasileiros. Em Portugal: algumas teses de mestrado, nas Universidades de Lisboa e Aveiro. No Brasil: uma tese de livre docência na Faculdade de Letras da Universidade de S. Paulo e várias comunicações de professores e alunos, da mesma Faculdade.


Como ficcionista e memorialista, escreveu:
2009- A CAMINHO DO NUNCA? ou Minha Loucura outros que me a tomem…”, estórias na História dos anos 60 - (ed. Húmus).
2010/11- OS DOIS PRECS NO DISTRITO DE VISEU- (Memórias de uma “guerra” quase pessoal) – ( Edições Esgotadas, Viseu).

Na área da historiografia escreveu, ainda:
1996- “História do Cénico - ou 25 anos de um País através de uma associação de cultura e recreio” – inédita.
2004- “S. Pedro do Sul da Minha Memória” – Entre invocações e vivências, cem anos de uma vila do Portugal profundo, publicado no jornal “Gazeta de Lafões” de S. Pedro do Sul.

Escreveu também em jornais diários nacionais (“Diário de Lisboa”, “República”, “o diário” e “Diário de Notícias” - onde durante quase um ano (1995/96) manteve uma crónica semanal. Também colaborou em jornais e rádios locais, designadamente na “Rádio Noar” de Viseu, onde, desde os princípios de 1995 até fins de 1996 atirou, semanalmente, para o ar a ironia das suas crónicas de evocação histórico-cultural de uma cidadezinha de Província. Colaborou, mensalmente, desde 2000 até 2006, com um artigo de opinião, no “Jornal do Fundão”).


Na área sociocultural:
1961- Fundou, juntamente com outros cinéfilos de S. Pedro do Sul, a Sociedade Particular dos Amigos do Cinema que, sob a sua direção, se veio a transformar numa espécie de cineclube e num espaço teatral por onde, na década de 60, passaram grandes espetáculos a nível nacional.
1961- Refundou, juntamente com outros opositores ao Regime Salazarista, a União Desportiva Sampedrense (UDS) que foi a primeira “escola política” (clandestina) da Região de Lafões que funcionava sob a capa de um club de futebol.
1971- Fundou, com José de Oliveira Barata e Manuela Cruzeiro, o Cénico - Grupo de Teatro Popular de S. Pedro do Sul que ao longo dos anos se transformou numa referência, a nível nacional, do Teatro de Amadores com grande qualidade artística.
1996- Foi nomeado formador pelo Conselho-Pedagógico da Formação Contínua do Ministério da Educação, nas áreas do Direito e Expressão Dramática (18/9/96).
1989 -1997 - Foi Presidente suplente da Direção da Sociedade Portuguesa de Autores na década de 80, e Vice-Presidente da Mesa da sua A.G. (juntamente com José Saramago e David Mourão Ferreira).
1990/2000- Desenvolveu uma intensa atividade cultural, na área do Teatro, junto das Escolas (mais de trezentas ações, com a duração de cerca de 3 horas cada uma, por todo o país, desde o Minho ao Algarve e Madeira).
Interveio em todos os Congressos, várias Assembleias e inúmeras Reuniões que, sobre o Teatro, se realizaram em Portugal, desde 1971, até 1990.
2012/2013 – Professor da disciplina de Teatro na Universidade Sénior de S. Pedro do Sul. Montou aí com os seus alunos um espetáculo sob o tema NA BARCA DE GIL & JAIME, com textos de Gil Vicente e Jaime Gralheiro.
2013-2014 – Professor da disciplina de Teatro na Universidade Sénior de S. Pedro do Sul. Está a montar com os seus alunos um espetáculo sobre a sua peça ARRAIA MIÚDA. 


 Como Encenador:
1962/63- Faz a sua 1ª experiência de encenação com um Grupo de Estudantes de Viseu de que fazia parte o ex-Presidente da República de St. Tomé e Príncipe, Fradique Menezes. Peça encenada: “Epifânio Lacerda”.
Desde a sua fundação, dirigiu, artisticamente, o “Cénico - Grupo de Teatro Popular”, encenando em conjunto com José O. Barata, os seus três primeiros espetáculos: “Auto da Compadecida” de Areano Suassuna; “Sapateira Prodigiosa” de Federico Garcia Lorca e “Na Barca com Mestre Gil” da sua autoria.
A partir de 1975 passou a encenar, sozinho, todos os espetáculos montados pelo “Cénico”: “Arraia Miúda” (1975/76); “O Homem da Bicicleta” (1977/78); “D. Beltrão de Rebordão” (1978/79); “A Grande Jogada” de José Viana (1980); “Viva o Lobo Mau” e “Farruncha” (1985); “Lafões é um Jardim” (1990/91); “Onde Vaz, Luiz?” (1991/92); “Era uma Vez um Coração” (“Cénico/Infantil”, 1992/93); “Tartufo” de Molière/Llovet (1993/94); “Viva o Lobo Mau” e Farruncha (“Cénico/Infantil”, 1994/95); “É (H) MEU!” (“Cénico/Juvenil”, 1995/96); “O Canto da Terra” com o Grupo de Cantares de Manhouce (1995); “Vem aí o Zé das Moscas” (Cénico/Infantil) de António Torrado (1997/98); “Na Barca com Mestre Gil” (2ª versão) (Cénico/Adultos, 1997/98); “Graças e Desgraças de el-Rei Tadinho” de Alice Vieira, “Cénico/Infantil” (2001/2) e nova montagem de o “Auto da Compadecida” de Areano Suassuna, no Cénico/Adultos, (2001/2) e “João e Guida” de Ilse Losa, Cénico/ Infantil (2002/2003); “Médico à Força” de Molière, Cénico/Adultos, (2003/2004); “Dantas e Dantas, Almada & Cia” de Júlio Dantas e Almada Negreiros, Cénico/Adultos, (2005/2006) e “O Bem Amado” de Dias Gomes, Cénico/Adultos, (2009/2010).
Em 2010 o Cénico prescindiu dos seus serviços como encenador, nomeando outro, sem lhe dar conhecimento.
1999/2000- Encenou no CETA, em Aveiro, “Três Máscaras” e “Mário, Eu próprio – o Outro” de José Régio, com o título genérico de “Talvez...Morrer”.
2012/2013 – Encenou na Universidade Sénior de S. Pedro do Sul um espetáculo N`A RCA DA BARCA de GIL & JAIME com textos de Gil Vicente e Jaime Gralheiro.
2013-2014 – Está a encenar na Universidade Sénior de S. Pedro do Sul a sua peça ARRAIA MIÚDA para ser apresentada no dia em que vai ser atribuído o seu nome ao Cineteatro local e integrada nas comemorações dos 40 anos de Abril.

Menções e Prémios:
Recebeu várias menções e prémios como encenador de Teatro de Amadorfes. Para além disso, em
1993- Recebeu a Medalha da Ordem dos Advogados, assinalando os 35 anos da profissão;
1997 – Foi homenageado como Autor do Ano pelo 7º Ciclo de Teatro de Autores Portugueses (CITAP – Amadora) com exposição da sua obra (autor e encenador) e sessão pública de homenagem (Maio);
1997 – Recebeu o galardão do Centenária da patrona da Casa-Museu Maria da Fonte
1997 – Foi homenageado por toda a sua obra pela revista ANIM`ARTE de Viseu (12 de Julho);
1998- Foi condecorado com a Medalha de Mérito Cultural, pelo Ministro da Cultura de Portugal;
1998 – Recebeu o Diploma e Medalha de Instrução e Arte da Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio (31 de Maio)
1998 – Foi-lhe atribuído o PRÉMIO DE CARREIRA de 1998 pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), (1 de junho):
2000 – Recebeu a Medalha de honra do Museu Maria da Fontinha;
2003- Recebeu a Medalha de Mérito Cultural “Austregésilo de Athaíde” outorgada pela Academia de Letras e Artes de Paranapuã, do Rio de Janeiro.
2005- Recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores.
2008 – Recebeu a Medalha da Ordem dos Advogados, assinalando os 50 anos da profissão.
2011- Recebeu a Medalha de Honra da Ordem dos Advogados pela forma como digna e exemplar como, durante toda a sua vida, pautou a sua atividade como advogado e como cidadão.
2011- Foi-lhe prestada uma homenagem nacional, promovida pelo PCP, em S. Pedro do Sul (17 de Setembro), onde participaram centenas de pessoas de todo o país e de todos os setores políticos.
2011- Foi-lhe prestada outra homenagem promovida pelo Centro Cultural da Malaposta (Odivelas), com a apresentação de uma versão sintetizada da sua peça “Vieram para Morrer” com a qual se iniciou a 6ª festa do Teatro amador da Malaposta de que ele foi nomeado patrono (28 de Setembro).

- Nota tirada de uma carta escrita pelo pai de uma das crianças que participaram, sob a sua direção, nos vários espetáculos do “Cénico infantil”: Minha família, como muitas nesta terra, estará sempre em dívida pelo seu trabalho, sem preço, oferecido à educação dos nossos filhos.

Atividade Política:
Ao lado da sua atividade profissional e artística, desenvolveu uma aguerrida atividade política, tendo, antes do 25 de Abril de 1974, participado, desde 1961, em todas as chamadas “campanhas eleitorais”, pela Oposição Democrática” até 1973;
Participou também no 2º e 3º Congresso Republicano e Democrático de Aveiro, tendo, no 3º em 1973, dirigido a secção “Desenvolvimento Regional”.
Depois do 25 de Abril de 1974, foi Presidente da 1ª Comissão Administrativa da Câmara de Pedro do Sul, de onde foi “corrido” no “Verão Quente de 75”.
Encabeçou a candidatura do MDP/CDE, à Assembleia Constituinte, pelo distrito da Guarda em 1975.
1979 – inscreveu-se como militante do PCP
A partir deste ano e até aos anos de 90, passou a ser candidato (normalmente cabeça de lista) pela FEPU; APU e CDU (coligações do PCP com outra forças de Esquerda) nas várias eleições legislativas, pelo distrito de Viseu. Nunca foi eleito.
Pela mesma força política concorreu, várias vezes, às eleições autárquicas, em S. Pedro do Sul, tendo sido eleito em 1978, altura em que lhe foi recusado o “pelouro” da Cultura, sendo-lhe, acintosamente, sido atribuído o pelouro das “Feiras e Mercados”. Demitiu-se e passou para a AM.
Foi sempre eleito (desde 1978 até aos meados dos anos 90) pela mesma força política para a Assembleia Municipal.
Agora é uma espécie de lenda da Esquerda revolucionária…
http://raizdexisto.blogspot.com/2014/04/jaime-gralheiro-curriculum-vitae.html
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http://www.viseu.pcp.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=402:faleceu-jaime-gaspar-gralheiro&catid=27:dorv&Itemid=2
A DORV - Direcção da Organização Regional de Viseu do Partido Comunista Português manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento, hoje, de Jaime Gaspar Gralheiro e apresenta aos seus familiares, camaradas e amigos as mais sentidas condolências.
Jaime Gralheiro nasceu a 7 de Julho de 1930, na freguesia de Sul, no concelho de S. Pedro do Sul.
Cidadão interveniente, advogado de causas, artista profícuo e político de convicções, pela forma íntegra como pautou a sua vida, é um exemplo de exercício pleno da cidadania merecedor do reconhecimento público.
Jaime Gralheiro foi militante do PCP e membro da Direcção da Organização Regional de Viseu do Partido Comunista Português.
Desde muito jovem colocou todo o seu saber, inteligência e determinação ao serviço dos valores em que acreditava: de um homem e de uma sociedade livre, justa, fraterna e solidária.
E fê-lo através das armas que aprendeu a manejar: a palavra e a voz.
Durante 53 anos exerceu a advocacia. Nos Tribunais, o seu saber e cultura foram colocados ao serviço da justiça clamada por aqueles que menos possibilidades tinham, designadamente os povos serranos, na defesa da sua agricultura, dos seus baldios e do seu modo de vida, que nele encontraram o saber e a determinação que os defendeu contra as investidas arbitrárias e repressivas da ditadura.
Lutador antifascista, participou desde 1961 nas Campanhas Eleitorais da Oposição à Ditadura e nos II e III Congressos da Oposição Democrática de Aveiro. Depois do 25 de Abril, continuou a intervir cívica e politicamente nas transformações revolucionárias de 1974 a 1976 e em defesa do processo revolucionário e das suas conquistas. Foi presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul, logo depois do 25 de Abril até ao verão de 1975; foi vereador na Câmara municipal de S. Pedro do Sul e membro da Assembleia Municipal integrado nas listas da FEPU/APU e CDU; foi cabeça de lista à Assembleia Constituinte em 1975 pelo MDP/CDE no distrito da Guarda e várias vezes pela FEPU/APU À Assembleia da República no Distrito de Viseu. Nas recentes Eleições para o Parlamento Europeu, subscreveu o apoio público à candidatura da CDU.
Participou na dinamização cultural do País como dramaturgo e encenador e foi vice- Presidente Sociedade Portuguesa de Autores. Foi um dos fundadores do Cénico Grupo de Teatro Popular de S. Pedro do Sul.
Escreveu diversas obras, do drama à análise política e ao estudo de questões jurídicas, nomeadamente sobre as Leis dos Baldios.
Os seus livros eram gritos de revolta contra o medo e hinos de glória da luta pela liberdade e inteligência, num regime totalitário opressivo e inculto. “Na Barca com Mestre Gil”, “Arraia Miúda”“O Homem da Bicicleta”“Onde Vaz Luís”, são algumas das peças de teatro que escreveu e que foram representadas em muitos palcos de todo o País.
No plano social, destacou-se no apoio aos pequenos e médios agricultores, dos agricultores rendeiros e dos compartes dos baldios e à criação do seu movimento associativo da CNA-Confederação Nacional da Agricultura e dos Secretariados Distritais de Baldios.
Em Setembro de 2011 foi alvo de uma grande homenageado em S. Pedro do Sul pelo PCP e a Câmara Municipal daquele Concelho atribuiu recentemente o seu nome ao Cine-Teatro local.
Faleceu Jaime Gralheiro, os comunistas de Viseu saberão continuar a sua luta. 

Viseu, 20 de Junho de 2014
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entrevista a Jaime Gralheiro
https://www.youtube.com/watch?v=7LCQSUs2T7g
continuação:
https://www.youtube.com/watch?v=KJhinHrLRfc
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Via SPA
Jaime-gralheiro_site

SPA Manifesta pesar pela morte do Dramaturgo Jaime Gralheiro

 A SPA manifesta o seu pesar pela morte, após doença prolongada, de Jaime Gralheiro, dramaturgo e advogado nascido em Julho de 1930, em Macieira, freguesia do concelho de S. Pedro do Sul. Jaime Gralheiro era associado da SPA desde Fevereiro de 1964 e seu cooperador desde Maio de 1977, tendo sido vice-presidente da mesa da Assembleia Geral nos anos 90 do século XX.
Em Abril passado, a Câmara Municipal de São Pedro do Sul homenageou o dramaturgo com a atribuição do seu prestigiado nome ao cine-teatro local, por cuja recuperação Gralheiro tanto se bateu.
O dramaturgo agora falecido foi um dos mais activos advogados portugueses, designadamente em todas as matérias que envolvessem a questão dos baldios e também na defesa de direitos essenciais dos cidadãos durante a ditadura. Também por isso foi um dos advogados homenageados pela Assembleia da República.
Ao longo de uma vida longa e activa, Jaime Gralheiro publicou dezenas de peças de teatro, depois de se ter estreado em 1949 com a publicação do texto "A Feia". A sua obra foi várias vezes premiada e em 1978 foi considerado o autor português mais representado do ano. A obra dramática de Jaime Gralheiro, homem de princípios, convicções e palavra firme e clara foi frequentemente representada por companhias profissionais e amadoras. Destacou-se ainda, a partir de 1975, como encenador de uma boa parte das suas peças de teatro.
Nos últimos anos canalizou a sua energia criadora para a escrita e publicação de obras de ficção narrativa.
Muito dinâmico no plano da cidadania, Jaime Gralheiro foi, logo após o 25 de Abril, o primeiro presidente da Comissão Administrativa da Câmara de S. Pedro do Sul, cabeça de lista do MDP/CDE, pelo distrito da Guarda, para a Assembleia Constituinte e depois candidato do PCP à Assembleia da República, pelo distrito de Viseu, até aos anos 90, nunca tendo sido eleito.
Na hora da partida, Jaime Gralheiro deixa no meio teatral e artístico português uma muito grata lembrança e sobretudo em todos quantos na SPA com ele conviveram e com ele se bateram pela defesa do direito de autor.
Lisboa, 20 de Junho de 2014
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http://www.almedina.net/catalog/autores.php?autores_id=150
PÁGINA DE AUTOR : : JAIME GASPAR GRALHEIRO
Jaime Gaspar Gralheiro, viúvo, advogado, dramaturgo e encenador, nascido em Macieira, freguesia de Sul, concelho de S. Pedro do Sul, no dia 7/07/930, portador do BI nº 639180, passado pelo Arquivo de Identificação de Lisboa em 28/6/00.
Fez parte do Liceu, até ao 5º ano, em Lamego (Colégio de Lamego) e o resto no Porto (Colégio João de Deus).
Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com a nota final de bom.
Após o estágio em Viseu (56/58) monta escritório de advogado em S. Pedro do Sul e passa a exercer a profissão de advogado em toda a Região de Lafões (S. Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades) depois, por todo o Distrito de Viseu e, mesmo, por todo o País.
Intervem em milhares de processos judiciais, acabando por se especializar nas questões dos Baldios, direitos reais e acidentes de trânsito (sendo advogado de uma Seguradora, ao longo dos últimos trinta anos).
É Delegado da Ordem dos Advogados em S. Pedro do Sul, desde o início da década de 70.
Interveio em todos os Congressos dos Advogados Portugueses, Assembleias Gerais e outras realizações da classe.
Como jurista escreveu um “Comentário à(s) Lei(s) dos Baldios”, e outros artigos técnicos, em revistas da especialidade.
Como dramaturgo escreveu as seguintes peças teatrais:
- 1949-“FEIA” ( publicada na revista Inicial do Colégio João de Deus - Porto)
- 1962- “EPIFÂNIO LACERDA” (mais tarde publicada com o nome de “Paredes Nuas” - representada pelo “Aurora da Liberdade, Matosinhos, em 1964);
- 1963- “BELCHIOR” (representada por várias colectividades, depois do 25 de Abril de 1974).
- 1964- “RAMOS PARTIDOS” (estas três peças foram publicadas, em 1967, num livro único, sob o título genérico de Teatro - edição de Autor) ;
- 1964- “FARRUNCHA” (infantil; publicada em 1975 pelo FAOJ); representada inúmeras vezes, por vários grupos de teatro, Escolas e colectividades.
- 1967/68- “O FOSSO” (publicada em 1972, como nº 1 da Cena Actual do Jornal do Fundão); representada, clandestinamente no TUP, por um Grupo de Amadores dos arredores do Porto, antes do 25 de Abril de 1974 e por várias colectividades, designadamente pelo TEB (Barreiro) depois desta data.
- 1973- “NA BARCA COM MESTRE GIL” (publicada em 1978 pela editorial “Caminho”); representada pelo “Cénico” de S. Pedro do Sul, após o 25 de Abril de 1974 e por outros Grupos de Amadores. Foi o último texto integralmente proibido pelo “Exame Prévio” fascista. 2ª edição revista e actualizada no Prelo (Caminho) e em ensaios no Cénico. Leitura aconselhada no Ensino Secundário.
Representada, também, pelo CITEC (Montemor o Velho); Teatro Construção de Joane e em vários outros Grupos e Escolas.
- 1975- “ARRAIA MIÚDA” (publicada em 1976 pela editorial INOVA); representada pelo “Cénico”; TEUC; TEC e outros Grupos de Amadores. Leitura aconselhada no Ensino Secundário.
- 1976- “D. BELTRÃO DE REBORDÃO” (infanto-juvenil; inédita); representada pelo “Cénico”.
- 1977- “O HOMEM DA BICICLETA” (dramatização do romance de Manuel Tiago: “Até amanhã, camarada”; publicada pela SPA em 1982); representada pelo “Cénico”.
- 1978- “VIERAM PARA MORRER” (3º prémio da SEC, publicado pela Moraes, em 1979).
- 1978- “LAFÕES É UM JARDIM” (1 ª versão; inédita);
br> 1980- “ONDE VAZ, LUIZ?” (publicada pela editorial Vega em 1983); representada pelo TEC , numa encenação notável de Carlos Avillez; pelo “Cénico numa encenação do A. e pelo Teatro Construção de Joane).
- 1982- “LANDARILHO, UM SEU CRIADO” (inédita);
- 1986- “O GRANDE CIRCO IBÉRICO” (1º prémio do Concurso do CITAP/ Amadora, 1989; no prelo - D. Quixote/SPA);
- 1987- “A LONGA MARCHA PARA O ESQUECIMENTO” (representada e publicada pelo CETA, Aveiro, em 1987);
- 1989- “SERÃO PARA TRABALHADORES?” - menção honrosa do Citep/Amadora esse ano (inédita).
- 1989- “O SOLDADO JOÃO”- teatralização do conto com o mesmo nome de Luisa Ducla Soares. Infantil. Inédita;
- 1990- “POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS”- série televisiva exibida: participou com dois textos, no 1º episódio;
- 1990- “MINHA LOUCURA OUTROS QUE A TOMEM...” (série televisiva; inédita);
- 1990- “LAFÕES É UM JARDIM” (2ª versão) representada pelo “Cénico” (inédita em livro);
- 1991- “AMOR DE PEDRA” - didático-infantil. Inédita.
- 1992- “ERA UMA VEZ UM CORAÇÃO”, teatralização de um texto didático do Prof. Políbio Serra e Silva - representada pelo “Cénico/Infantil” (inédita em livro)
- 1995- “CO-MU-NI-CA-ÇÃO!”. Brincadeira infantil. Inédita.
- 1995- “É(H) MEU!” (para adolescentes). Representada pelo “Cénico/juvenil em 1995/96; em vias de publicação pela D.Quixote/ SPA).
- 1996- “EUREKA! - ou a Alegria da Descoberta”, infanto-juvenil, em ensaios no “Cénico/Juvenil”. Inédita.;
- 1997- “GRAÇAS E DESGRAÇAS D’EL-REI TADINHO” (infantil) - teatralização do conto de Alice Vieira com o mesmo nome.
- 1997- Homenageado como Autor do Ano, pelo 7º Ciclo de Teatro de Autores Portugueses (CITAP/Amadora) com exposição da sua obra (autor e encenador) e sessão pública de homenagem (Maio).
- 1997- Recebeu o Galardão do Centenário do Nascimento da patrona da Casa-Museu Maria da Fontinha (10 de Junho ).
- 1997- Homenageado, por toda a sua obra, pela revista ANIM’ARTE de Viseu, em 12 de Julho .
- 1998- “NA BARCA COM MESTRE GIL”, nova versão rescrita (inédita).
- 1998 – Atribuição da Medalha de Mérito Cultural, pelo Sr. Ministro da Cultura (8 de Maio).
- 1998 – Indigitado para receber o Diploma e Medalha de Instrução e Arte, atribuida pela Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio (a ser concedida em 31 de Maio).
- 1999 – 2ª edição de “Na Barca Com Mestre Gil” e “Arraia Miúda” – Ed. Sindicato Professores da Região Centro.
- Na área da historiografia escreveu, ainda: “História do Cénico - ou 25 anos de um País através de uma associação de cultura e recreio” (1996) - inédita.
- Em 1971, funda com José de Oliveira Barata e Manuela Cruzeiro, o “Cénico - Grupo de Teatro Popular” de S. Pedro do Sul.
- Desde a sua fundação, tem dirigido, artisticamente, o “Cénico”, encenando em conjunto com José O. Barata, os seus três primeiros espectáculos: “Auto da Compadecida” de Areano Suassuna; “Sapateira Prodigiosa” de Federico Garcia Lorca e “Na Barca com Mestre Gil” da sua autoria;
- A partir de 1975 passa a encenar, sozinho, todos os espectáculos montados pelo “Cénico”: “Arraia Miúda” ( 1975/76); “O Homem da Bicicleta” ( 1977/78); “D. Beltrão de Rebordão” (1988/89); “A Grande Jogada” de José Viana (1980); “Viva o Lobo Mau” e “Farruncha” (1985); “Lafões é um Jardim” (1990/91); “Onde Vaz, Luiz?” (1991/92); “Era uma Vez um Coração” (“Cénico/infantil”; 1992/93); “Tartufo” de Molière/Llovet (1993/94); “Viva o Lobo Mau” e Farruncha (“Cénico/Infantil; 1994/95) e “É (H) MEU!” (“Cénico/Juvenil” : 1995/96 ); “Vem aí o Zé das Moscas” (Cénico/Infantil) de António Torrado que subiu à cena em Maio de 97.
- Interveio em todos os Congressos, várias Assembleias e inúmeras Reuniões que, sobre o Teatro, se realizaram em Portugal, desde 1971, até ao presente.

Obteve vários prémios de Teatro, quer como autor quer como encenador (3 primeiros) e outras menções honrosas.
Foi considerado o Autor português mais representado no ano de 1978.
Tem desenvolvida uma intensa actividade cultural, na área do Teatro, junto das Escolas (mais de cem acções, com a duração de cerca de 3 horas, cada, em toda a Região Centro: desde Cinfães (Viseu/norte) até à Caranguejeira (Leiria) e desde Esmoriz (Aveiro/norte) até ao Fundão ( Beira Baixa). (Nota 2)
Nomeado formador pelo Conselho-Pedagógico da Formação Contínua do Ministério da Educação, nas áreas do Direito e Expressão Dramática (18/9/96).
Tem escrito em jornais (“DL”, “República; “Diário” e “DN” - onde durante quase um ano (1995/96) manteve uma crónica semanal. Também colabora em jornais e rádios locais, designadamente na “Rádio Noar” de Viseu, onde, desde os princípios de 96, atira, semanalmente, para o ar a ironia das suas crónicas de evocação histórico-cultural de uma cidadezinha de Província, que tendo começado em 1941, já vão em 1974...
Foi Presidente suplente Direcção da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) na década de 80, e foi Vice- Presidente da Mesa da A.G. da mesma SPA, desde 1989 a 1997.
Ao lado da sua actividade profissional e artística, desenvolveu uma aguerrida actividade política, tendo, antes do 25 de Abril de 74, participado, desde 1965, em todas as “campanhas eleitorais” pela Oposição Democrática e no 2º e 3º “Congresso de Aveiro”, tendo, neste dirigido a secção de “Desenvolvimento Regional”.
Depois do 25 de Abril de 1974, foi o primeiro Presidente da Comissão Administrativa da Câmara de S. Pedro do Sul, de onde foi “corrido” no “Verão Quente de 75”.
Desta “explosiva” experiência e como se fora um “testamento”, nasceu a “Arraia Miúda”.
Encabeçou a candidatura do MDP/CDE, à Assembleia Constituinte, pelo distrito da Guarda. Depois disso, até aos anos de 90, foi sempre candidato (normalmente cabeça de lista) do PCP às várias eleições legislativas, pelo distrito de Viseu. Nunca foi eleito.
Pela mesma força política concorreu, várias vezes, às eleições autárquicas, em S. Pedro do Sul, tendo sido eleito vereador, em 1978, e para a Assembleia Municipal, sempre que concorreu.
Presentemente, “assumiu” o papel de “consciência histórica da Esquerda”, no distrito e Viseu...

Nota 1: de uma carta de um pai de um dos pequenos actores do “Cénico/Infantil”: (...) “Minha família, como muitas nesta sua terra, estará sempre em dívida pelo seu trabalho, sem preço, oferecido à educação dos nossos filhos” (...)
Nota 2: “4 de novembro de 1998: 17h17m: ACABAMOS DE SAIR DO AUDITÓRIO DOS SERVIÇOS GERAIS DO IPG onde assistimos a uma espectacular (é o termo) conferência – performance realizada pelo Dr. Jaime Gralheiro. O evento abordou a temática do trabalho do professor enquanto trabalho de actor.
O conferencista demonstrando uma capacidade de comunicação que ultrapassa em muito o razoável e que assenta num cuidado trabalho de actor deu mostras de dominar excelentemente todas as técnicas dramáticas.
A voz e a sua colocação, a palavra e a sua articulação (mas também as pausas, os silêncios, a entoação) tudo contribuiu para o bailado dos sons, dos gestos e dos movimentos com que o actor-concertista contemplou os presentes. Tudo isto em bom e vernáculo português.
A pedagogia teatral a par com uma séria ideia do que é educar fez com que este acontecimento se tornasse um importante momento de reflexão sobre o que é educar nos tempos de hoje.
Educar para uma nova cidadania é nestes últimos anos a palavra de ordem que todos os educadores anseiam por seguir, esta ideia surge aliada a uma outra: modernidade.
Temos medo de nestas parcas linhas não fazer jus ao génio comunicativo que se passeou ao longo do palco do anfiteatro do IPG, não queremos deixar de agradecer, no entanto, ao Dr. Jaime Gralheiro a intensidade inteligente da sua performance.
Acção soberbamente bem dirigida para uma assistência juvenil muito acentuada, mas onde não deixavam de pontuar alguns docentes da ESEG.
É graças a pedagogos como o Dr. Jaime Gralheiro que ensinar é hoje um acto feliz e saudável. -a) Mário Gomes”