06/07/2014

8.356.(6jul2014.17.17') Neste dia...7julho...Vou rELEVAR: UM+113.avÔ, MARavILHA de Portugal, Joaquim Vieira Natividade, Maria Barroso, Ringo, Guerra Junqueiro, Mário Sacramento, Vittorio de Sica, Syd Barrett, Chagall, Mahler, Joe Zawinul e a poesia de Joaquim Pessoa:

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2020
4A/113D/AVÔ
 questionar, querer saber, ter cuRIOsidade

é uma boa atitude...
Mesmo que seja uma parvoeira...

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2019
III-CXIII-AVÔ
2007...Mosteiro 1 das 7 MARavILHAS
e quase tudo por fazer
CDU conseguiu que aos domingos não se pague. Quem aproveita esta vitória
e o visite?
*
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2018
2/113aVÔ
A IMPORTÂNCIA de arfAR-TE
arfa
arfemos
*
sussurAR-TE respirAÇÕES
arfantes
*
tens andado tão eróTIca
*
há que cuidar de mim
há que cuidar de ti
há que cuidar dos meus familiares
há que cuiDAR do povo
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2017
UM+113avÔ
 aconTECErr e SER- rog é RIO manuel madeira raimundo
Gostar de apreciar a flor
…………………a  floresSER
Colorir e iluminar o instante
......... nesta situação escura
Esperar pela liberdade dELA
….  saber viver com o tempo
Sentir-me deserto e seco
……     à espera da chuva
Pulsar como jovem adolescente
…………. pelo teu bELO terNUrar
CorAGIR  na demorada expectativa
…………..  sem entrar na ansiedade
SENTIR saudadessssssssssssssssssssssssss
………………….. do seu ESTAR e SER comigo
Ler e deliciar-me com boa música
……………. sorrindo para o que irá
aconTECErrrrrrrrrrrrr
....................  e SER

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2016
113.avÔ
vou levAR-TE
            sem medos
                 em bELAS viAGEns
                      luxuRIAntes
*
aCRESCEr
acresCER
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2023...memórias deste dia:...

 A bELA exposição da escultora Cristina Maria, a viver (há 21anos) nos Montes, d’ Alcobaça!!! Vai continuar até 30julho2023, no Teatro José Lúcio da Silva em Leiria...Que belíssimas obras ela tem nestes 25 anos de carreira...https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472335665495&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo?fbid=10227472338665570&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo?fbid=10227472336905526&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo?fbid=10227472337545542&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo?fbid=10227472339505591&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472336225509&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472336625519&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472339185583&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472338225559&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472337905551&set=pcb.10227472339905601

 https://www.facebook.com/photo/?fbid=10227472337185533&set=pcb.10227472339905601

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Fim-de-tarde especial na cidade d’ Alcobaça!!!...A instalação da artista plástica teve bailado...”RUAS e RIOS de cerâmica”...

Jorge Pereira Sampaio: "Formidable a performance da Alexandra Bataglia / Amálgama dançando na instalação criada pela Conceição Cabral no projecto “Rios e ruas de Cerâmica “ organizado pela União de Juntas de Freguesia de Alcobaça e Vestiaria e pelo Museu de Cerâmica de Alcobaça- Coleção Maria do Céu e Luís Pereira de Sampaio, com curadoria de Wilson Esperança. Vale a pena passear pela cidade e ver tudo! Bravo aos artistas!!! Parabéns!"

https://www.facebook.com/jorge.desampaio/videos/125045833962676

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centenário da morte de Guerra Junqueiro...Cistermúsica2023 presenteou-nos com uma obra de Luís Freitas Branco...Poema sinfónico “Depois de uma leitura de Guerra Junqueiro”...

4 d 
Nesta data, morria há 100 anos Guerra Junqueiro, poeta e político que marcou a história da modernidade portuguesa. Nascido a 15 de setembro de 1850, em Freixo de Espada à Cinta, Abílio Manuel Guerra Junqueiro frequentou o curso de Teologia na Universidade de Coimbra, mas acabaria, após dois anos, descobrindo-se sem vocação religiosa, por se transferir para Direito, que completou em 1873.
Dois anos depois, e quando já havia colaborado, enquanto estudava, com o periódico ‘A Folha’, editado por João Penha, dirigiu, com Guilherme de Azevedo, a revista ‘Lanterna Mágica’ (publicação na qual surgiu a famosa caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, o ‘Zé Povinho’). No ano seguinte, seria nomeado secretário-geral dos governos civis de Angra do Heroísmo e, posteriormente, de Viana do Castelo.
Pródigo na intervenção política, desde logo por sobressair na oratória, o escritor filiar-se-ia, em 1879, no Partido Progressista, da esquerda monárquica, e que se encontrava na oposição, tendo sido eleito deputado pelo círculo de Macedo de Cavaleiros. Nesse mesmo ano, viu ainda ser proibida a representação da peça ‘Viagem à Roda da Parvónia’, um texto escrito em parceria com Guilherme de Azevedo.
Mais tarde, em 1880, seria eleito deputado pelo círculo eleitoral de Quelimane, em Moçambique. Guerra Junqueiro viria ainda a fazer parte do célebre grupo dos Vencidos da Vida, constituído em 1888. Em 1890, ano do Ultimato inglês, aderiu ao Partido Republicano e ao movimento de protesto contra a monarquia desencadeado por esse momento histórico que marcaria o início do fim da monarquia em Portugal. Após a implantação da República, ocuparia, entre 1911 e 1914, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal na Suíça.
A sua estreia como escritor deu-se em 1864 com uma série de poemas, ainda sob influência do ultrarromantismo, intitulada ‘Duas Páginas dos Catorze Anos’. Com o passar dos anos, tornou-se o mais popular poeta panfletário do seu tempo, valeu-se do seu talento oratório para escrever violentas sátiras ao clero, como em ‘A Velhice do Padre Eterno’, um portento da crítica anticlerical de 1885, mas também à dinastia de Bragança, com ‘Finis Patriae’ (1891) e ‘Pátria’ (1896). Mas essa verve satírica tornara-o já conhecido em 1874, quando fez uma sátira ao dom-joanismo nas suas implicações sociais em ‘A Morte de D. João’.
Oscilando entre a poesia de intervenção e a interioridade conjugada com temas místicos, Guerra Junqueiro procurou, como poeta-filósofo, e seguindo as tendências da época, conciliar a fé e a razão humanas num “cristianismo pessoal e panteísta”, sendo disso expressão o livro de 1892 ‘Os Simples’. Entre outras, o escritor publicou ainda, no decurso da sua vida, os livros ‘Oração ao Pão’ (1902), ‘Oração à Luz’ (1904) ou ‘Poesias Dispersas’ (1920). A sua obra distingue-se essencialmente pela capacidade de sugestão metafórica e pela técnica artística. Foram ainda publicados postumamente os seus discursos políticos, reunidos no livro ‘Horas de Combate’.
Ontem, falámos sobre o centenário da morte de Guerra Junqueiro com Jorge Sobrado, diretor do Museu do Porto, em "Uma Noite em Forma de Assim". Ouça aqui — http://www.rtp.pt/.../e703479/uma-noite-em-forma-de-assim

 
Nesta data, morria há 100 anos Guerra Junqueiro, poeta e político que marcou a história da modernidade portuguesa. Nascido a 15 de setembro de 1850, em Freixo de Espada à Cinta, Abílio Manuel Guerra Junqueiro frequentou o curso de Teologia na Universidade de Coimbra, mas acabaria, após dois anos, descobrindo-se sem vocação religiosa, por se transferir para Direito, que completou em 1873.
Dois anos depois, e quando já havia colaborado, enquanto estudava, com o periódico ‘A Folha’, editado por João Penha, dirigiu, com Guilherme de Azevedo, a revista ‘Lanterna Mágica’ (publicação na qual surgiu a famosa caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, o ‘Zé Povinho’). No ano seguinte, seria nomeado secretário-geral dos governos civis de Angra do Heroísmo e, posteriormente, de Viana do Castelo.
Pródigo na intervenção política, desde logo por sobressair na oratória, o escritor filiar-se-ia, em 1879, no Partido Progressista, da esquerda monárquica, e que se encontrava na oposição, tendo sido eleito deputado pelo círculo de Macedo de Cavaleiros. Nesse mesmo ano, viu ainda ser proibida a representação da peça ‘Viagem à Roda da Parvónia’, um texto escrito em parceria com Guilherme de Azevedo.
Mais tarde, em 1880, seria eleito deputado pelo círculo eleitoral de Quelimane, em Moçambique. Guerra Junqueiro viria ainda a fazer parte do célebre grupo dos Vencidos da Vida, constituído em 1888. Em 1890, ano do Ultimato inglês, aderiu ao Partido Republicano e ao movimento de protesto contra a monarquia desencadeado por esse momento histórico que marcaria o início do fim da monarquia em Portugal. Após a implantação da República, ocuparia, entre 1911 e 1914, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal na Suíça.
A sua estreia como escritor deu-se em 1864 com uma série de poemas, ainda sob influência do ultrarromantismo, intitulada ‘Duas Páginas dos Catorze Anos’. Com o passar dos anos, tornou-se o mais popular poeta panfletário do seu tempo, valeu-se do seu talento oratório para escrever violentas sátiras ao clero, como em ‘A Velhice do Padre Eterno’, um portento da crítica anticlerical de 1885, mas também à dinastia de Bragança, com ‘Finis Patriae’ (1891) e ‘Pátria’ (1896). Mas essa verve satírica tornara-o já conhecido em 1874, quando fez uma sátira ao dom-joanismo nas suas implicações sociais em ‘A Morte de D. João’.
Oscilando entre a poesia de intervenção e a interioridade conjugada com temas místicos, Guerra Junqueiro procurou, como poeta-filósofo, e seguindo as tendências da época, conciliar a fé e a razão humanas num “cristianismo pessoal e panteísta”, sendo disso expressão o livro de 1892 ‘Os Simples’. Entre outras, o escritor publicou ainda, no decurso da sua vida, os livros ‘Oração ao Pão’ (1902), ‘Oração à Luz’ (1904) ou ‘Poesias Dispersas’ (1920). A sua obra distingue-se essencialmente pela capacidade de sugestão metafórica e pela técnica artística. Foram ainda publicados postumamente os seus discursos políticos, reunidos no livro ‘Horas de Combate’.
Ontem, falámos sobre o centenário da morte de Guerra Junqueiro com Jorge Sobrado, diretor do Museu do Porto, em "Uma Noite em Forma de Assim". Ouça aqui — http://www.rtp.pt/.../e703479/uma-noite-em-forma-de-assim

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Política fiscal justa...”Impostos progressivos (em que o mais rico paga mais, e o mais pobre paga menos) e serviços públicos universais (suportados por esses impostos) são a base constitucional para promover uma sociedade mais justa.
Neste sentido, o PCP apresentou, hoje, propostas para promover uma política de justiça fiscal. Propostas para baixar o IRS e o IVA, mas também medidas para uma mais adequada tributação das grandes fortunas e lucros.” Conhece a intervenção de Duarte Alves ➡️ https://www.pcp.pt/pcp-apresenta-propostas-para-uma...
 https://www.facebook.com/photo/?fbid=814803750015366&set=a.749742593188149
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 Ucrânia na NATO?...A opinião de Justin Logan...

"NÃO DEIXEM ENTRAR A UCRÂNIA NA NATO!"
ESCREVEM ESPECIALISTAS MILITARES DO INSTITUTO CATO
À medida que a guerra na Ucrânia avança, formuladores de políticas e especialistas, desde o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky até o ex-embaixador dos EUA na OTAN, Ivo Daalder, estão pressionando para que a OTAN ofereça à Ucrânia o que o presidente francês Emmanuel Macron chama de “um caminho para a adesão” após o conflito conclui.
Isso não é apenas show. As aspirações de adesão da Ucrânia serão agora um tema central de debate na cimeira da OTAN na próxima semana em Vilnius, com a Ucrânia argumentando – como seu ex-ministro da defesa Andriy Zagorodnyuk escreveu recentemente – que “deveria ser bem-vinda e abraçada” pela aliança. A forma como esta questão for resolvida terá sérias consequências para os Estados Unidos, a Europa e além.
As apostas não poderiam ser maiores. A adesão à OTAN envolve o compromisso dos aliados de lutar e morrer uns pelos outros. Em parte por essa mesma razão, seus membros trabalharam durante todo o pós-Guerra Fria para evitar a expansão da aliança para estados que enfrentavam um risco de curto prazo de serem atacados.
Os líderes da OTAN também entenderam há muito tempo que admitir a Ucrânia envolve uma possibilidade muito real de guerra (incluindo guerra nuclear) com a Rússia.
De facto, a possibilidade de tal conflito e suas consequências devastadoras é a principal razão pela qual os Estados Unidos e outros membros da OTAN têm procurado evitar serem arrastados mais profundamente para a guerra na Ucrânia. A tensão é clara: quase ninguém acha que a OTAN deveria lutar diretamente com a Rússia pela Ucrânia hoje, mas muitos são a favor de prometer à Ucrânia um caminho para a aliança e se comprometer a lutar por ela no futuro.
A Ucrânia não deve ser bem-vinda na OTAN, e isso é algo que o presidente dos EUA, Joe Biden, deve deixar claro. A resistência de Kiev à agressão russa tem sido heróica, mas, em última análise, os Estados fazem o que é de seu próprio interesse. E aqui, os benefícios de segurança para os Estados Unidos da adesão da Ucrânia são insignificantes em comparação com os riscos de trazê-los para a aliança.
Admitir a Ucrânia na OTAN aumentaria a perspectiva de uma escolha sombria entre uma guerra com a Rússia e as consequências devastadoras envolvidas ou recuar e desvalorizar a garantia de segurança da OTAN em toda a aliança. Na cimeira de Vilnius e além, os líderes da OTAN fariam bem em reconhecer esses factos e fechar a porta à Ucrânia.
PERTO DEMAIS PARA CONFORTO
Na cimeira da OTAN na Roménia em 2008, o presidente dos EUA, George W. Bush, apanhou todos de surpresa ao fazer lobby para que a Geórgia e a Ucrânia se juntassem à aliança. Foi a última cimeira da OTAN de Bush como presidente, e ele queria “estabelecer um marco” para seu legado, de acordo com um funcionário do governo na época.
Vários estados membros europeus, incluindo Alemanha e França, rejeitaram a ideia por preocupação com a inevitável reação russa e as implicações para a aliança. O impasse diplomático rendeu um acordo no qual a OTAN declarou que os países se tornariam membros algum dia, mas não forneceu nenhum plano para fazê-los lá chegar. No entanto, mesmo esse compromisso gerou uma denúncia contundente do presidente russo, Vladimir Putin. Falando em Bucareste, Putin disse:
Vemos o surgimento de um poderoso bloco militar em nossas fronteiras, um bloco cujos membros estão parcialmente sujeitos ao Artigo 5 do Tratado de Washington, como uma ameaça direta à segurança de nosso país. A alegação de que este processo não é dirigido contra a Rússia não será suficiente. A segurança nacional não se baseia em promessas.
Quatro meses depois, a Rússia invadiu a Geórgia e ainda ocupa parte de seu território até hoje. Em 2014, a Rússia anexou a Crimeia em um prelúdio para a guerra em grande escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022. O comportamento da Rússia é violento, ilegítimo e perigoso. No entanto, ressalta a questão central em jogo: mesmo que a OTAN permaneça formalmente comprometida com a adesão da Ucrânia (e da Geórgia), uma maior ampliação da OTAN em áreas que Moscovo vê como absolutamente centrais para a sua segurança nacional significa admitir uma guerra com a Rússia.
FIM CERTO, MEIO ERRADO
Até ao momento, os defensores de um maior envolvimento dos EUA e da OTAN na guerra da Ucrânia não conseguiram esclarecer os interesses estratégicos dos EUA em jogo. O governo Biden argumentou que a história mostra “quando os ditadores não pagam o preço por sua agressão, eles causam mais caos e se envolvem em mais agressão”, como disse o próprio presidente.
Mas a Rússia já pagou um preço enorme por sua agressão. Ao manter sua posição e repelir os militares russos, a Ucrânia humilhou Putin, que apenas dois anos atrás denegriu a Ucrânia como um não-país. Levará décadas para a Rússia reconstruir suas forças armadas, mesmo no estado miserável em que aparentemente estava quando Putin iniciou a guerra; os Estados Unidos estimam que mais de 100.000 combatentes russos foram mortos ou feridos. O recente motim lançado pelo chefe mercenário Yevgeny Prigozhin sugere que a guerra pode desestabilizar o governo de Putin em casa.
O interesse dos EUA em admitir a Ucrânia na OTAN é ainda menos claro, com um emaranhado de argumentos presentes no discurso político. Uma opinião sustenta que a estabilidade e a segurança europeias exigem que Kiev se junte à aliança. Por essa lógica, se Putin não for parado na Ucrânia, ele expandirá seus objetivos e atacará os estados membros da OTAN. Uma segunda linha de raciocínio se concentra na própria Ucrânia, argumentando que a adesão à OTAN é a única maneira de proteger o país dos desígnios russos. Finalmente, há uma sensação de que a Ucrânia “ganhou” a adesão à OTAN ao lutar e enfraquecer um adversário da aliança. Nessa visão, aprofundar a cooperação da OTAN com a Ucrânia recompensaria seu heroísmo e acrescentaria outra camada de dissuasão contra um novo ataque russo.
Essas afirmações são compreensíveis, mas erradas. Por um lado, a resistência da Ucrânia à belicosidade russa é nobre, mas ações nobres e até autodefesa efetiva não justificam assumir os altos riscos de um compromisso de segurança indefinido. Mais importante, as apostas do jogo hoje não garantem a adesão da Ucrânia à OTAN.
Por mais de 100 anos, os objetivos dos EUA na Europa foram contra-hegemónicos: na Primeira Guerra Mundial, na Segunda Guerra Mundial e novamente na Guerra Fria, os Estados Unidos arcaram com altos custos para impedir que um país dominasse o continente. Hoje, porém, mesmo uma Rússia que de alguma forma derrotou Kiev não estaria posicionada para controlar a Europa. Se a Rússia tivesse anexado toda a Ucrânia sem disparar um tiro, seu PIB teria crescido 10%, tornando-o pouco maior que o da Itália. É verdade que a Rússia também teria conquistado um segundo porto importante no Mar Negro, mas ainda assim permaneceria muito mais fraca do que os membros europeus da OTAN. Como até mesmo Robert Kagan reconhece, “não há como a conquista da Ucrânia por Putin” ter “qualquer efeito imediato ou mesmo distante na segurança americana”.
Felizmente, porém, a Rússia não vai conquistar a Ucrânia. Sua campanha militar foi um embaraço, com a guerra provando que o exército da Rússia é menos do que uma pálida sombra do soviético. A ideia de que a Rússia possa representar uma séria ameaça para a Polónia, e ainda mais para a França ou a Alemanha, é estranha. Junte-se isso com o arsenal nuclear dos EUA e o Oceano Atlântico, e pode-se ver que os ganhos para Washington em convidar a Ucrânia a ingressar na OTAN são limitados.
Mesmo que a Ucrânia esteja, como seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, argumentou em Relações Exteriores, “defendendo todo o flanco oriental da OTAN e compartilhando o que aprende com os membros da aliança”, não está claro por que deve se juntar à aliança para que os Estados Unidos colham esses benefícios. A menos que se rendesse ao domínio russo - o que Kiev demonstrou que não está inclinado a fazer - a geografia da Ucrânia a consigna a agir como um baluarte contra a Rússia, independentemente da adesão à OTAN. Os eventos desde fevereiro de 2022 mostram que a Ucrânia não precisa estar na OTAN para que os Estados Unidos e seus aliados a ajudem efetivamente a resistir à agressão russa.
PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS
Admitir a Ucrânia na OTAN também apresentaria problemas para a aliança, especialmente as garantias de segurança incorporadas no Artigo 5 do tratado fundador da aliança. Para sermos mais claros, o Artigo 5 apenas formalmente compromete os aliados da OTAN a tratar um ataque a um como um ataque a todos e a prestar a assistência que “considerarem necessária”. Na prática, no entanto, os estados membros têm visto a adesão à OTAN e as garantias do Artigo 5 que a acompanham como um compromisso dos EUA de ir à guerra em nome de seus aliados. Como o presidente Barack Obama declarou em uma visita à Estónia em 2013,
O Artigo 5 é claro: um ataque contra um é um ataque contra todos. Portanto, se, em tal momento, se perguntar, “quem virá ajudar”, já se sabe a resposta – a Aliança da OTAN, incluindo as Forças Armadas dos Estados Unidos da América.
Ou, como Biden descreveu o compromisso mais recentemente, o Artigo 5 constitui “um juramento sagrado de defender cada centímetro do território da OTAN”. É por isso que a Ucrânia acredita que a adesão à OTAN ajudará a protegê-la contra futuras agressões russas.
O problema de estender essas garantias à Ucrânia é duplo. Primeiro, uma garantia do Artigo 5 poderia levar os Estados Unidos a um conflito direto com a Rússia. Ao contrário de outros países que aderiram recentemente à aliança, a Ucrânia provavelmente continuará tendo uma disputa não resolvida com a Rússia dentro de suas fronteiras. Não apenas Moscovo e Kiev terão reivindicações rivais sobre o território, mas a onda de nacionalismo russo e ucraniano provocada pela guerra limitará o espaço para a diplomacia.
Nessas condições, não é difícil imaginar como as relações poderiam se deteriorar ainda mais se um acordo for alcançado para encerrar os combates. Se a Ucrânia estivesse na OTAN, os Estados Unidos poderiam ser pressionados a defender a Ucrânia enviando tropas e até ameaçando usar armas nucleares em nome da Ucrânia.
Os formuladores de políticas americanos podem esperar impedir futuras agressões russas contra a Ucrânia criando um caminho para Kiev na OTAN, mas isso cria uma possibilidade real de atrair os Estados Unidos para o que Biden chamou de cenário de “Terceira Guerra Mundial”.
Estender as proteções do Artigo 5 à Ucrânia também poderia minar sua credibilidade geral. Nos últimos 16 meses, o governo Biden deixou claro que não acredita que valha a pena lutar diretamente contra a Rússia em uma disputa pela Ucrânia. Muitos políticos republicanos influentes - incluindo o candidato presidencial do Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump - não estão particularmente inclinados a arriscar vidas americanas pela Ucrânia. Por outro lado, os formuladores de políticas russas, de Putin para baixo, revelaram que sentem que vale a pena lutar pela Ucrânia, mesmo a um grande custo.
Nessas circunstâncias, um compromisso americano de lutar pela Ucrânia seria questionável. A Rússia pode muito bem testar essa promessa, levando a futuras crises. Se chamados a lutar, é plausível que os Estados Unidos possam renegar suas garantias, deixando a Ucrânia em apuros. E se os Estados Unidos se afastarem da Ucrânia quando esta estiver sob ataque, outros aliados vulneráveis da OTAN, como os estados bálticos, naturalmente questionariam a força dos compromissos de segurança da aliança apoiados pelo poderio militar americano. O resultado pode ser uma verdadeira crise de credibilidade para a OTAN.
Alguns defensores da adesão da Ucrânia à OTAN argumentam que o tipo de armas, treinamento e apoio diplomático já dado a Kiev são suficientes para cumprir o mandato do Artigo 5 da OTAN, o que significa que não é necessário também prometer ou enviar forças militares.
No entanto, se o Artigo 5 permite que os Estados Unidos e outros aliados parem de ir à guerra para proteger um membro, ele transforma a OTAN em uma aliança em camadas, com alguns membros (como a França e a Alemanha) permanecendo confiantes de que Washington usaria a força para entrar em seu auxílio, e outros longe de terem tanta certeza. Isso pode levar a uma disputa dentro da aliança, já que os membros lutam para determinar que tipo de garantia do Artigo 5 eles desfrutam. Além disso, oferecer essa garantia mais limitada do Artigo 5 é de ajuda incerta para a Ucrânia. Afinal, uma vez que a Ucrânia já está recebendo muitos dos outros benefícios da adesão à OTAN, só pode ser a perspectiva de intervenção direta dos EUA (e de outros) por meio do Artigo 5 que agrega valor político e dissuasivo a Kiev.
PAGANDO POR ISSO
Há também a questão dos custos da defesa da Ucrânia. A OTAN já está lutando para encontrar as forças convencionais e os conceitos operacionais necessários para atender aos compromissos existentes da aliança. A guerra na Ucrânia deixou claro que os conflitos modernos e de alta intensidade entre militares convencionais consomem quantidades incríveis de recursos. Visto sob esta luz, convidar a Ucrânia a ingressar na OTAN exacerbaria a lacuna entre os compromissos da aliança e suas capacidades.
Claro, uma vez que os países da OTAN como um todo são mais ricos, mais avançados tecnologicamente e mais populosos do que a Rússia, essa lacuna teoricamente poderia ser preenchida com um programa de rearmamento agressivo. Os membros europeus da OTAN, no entanto, têm um longo caminho a percorrer porque investiram pouco em poder militar convencional desde a Guerra Fria. A própria Ucrânia é uma exceção parcial a essa tendência geral, mas mesmo aqui, o admirável desempenho militar da Ucrânia é - como Zelensky, outros líderes ucranianos e analistas externos reconhecem - devido em grande parte ao escopo e escala excepcionais da ajuda militar fornecida pelos Estados Unidos e seus parceiros. Caso a Ucrânia se junte à aliança, o ônus de encontrar os recursos para defender a Ucrânia antes de uma guerra nuclear provavelmente recairá desproporcionalmente sobre os Estados Unidos.
Numa altura em que Washington já enfrenta sérias exigências de recursos tanto a nível interno como na Ásia, corre o risco de ficar encurralado: com a Ucrânia na OTAN, Washington terá de desviar recursos de outras prioridades, algumas das quais são indiscutivelmente de maior importância, ou aceitar o aumento do risco ao longo do que seria uma frente oriental dramaticamente expandida. Em ambos os casos, os Estados Unidos incorreriam em grandes custos e encargos numa altura em que o tempo, a atenção e os recursos americanos são necessários noutros lugares.
Finalmente, esses custos podem aumentar por causa dos incentivos perversos que a oferta de um caminho para a Ucrânia na OTAN cria para Moscovo. A Rússia se mostrou disposta a lutar pela futura orientação estratégica da Ucrânia, mas os Estados Unidos e outros não. Moscovo sabe disso.
Tragicamente, oferecer à Ucrânia um caminho para a OTAN provavelmente dará à Rússia motivos para continuar sua guerra contra a Ucrânia pelo maior tempo possível, a fim de evitar a criação de condições nas quais a Ucrânia possa iniciar o caminho para a adesão à OTAN. Nesse sentido, um convite para ingressar na aliança promete prolongar o atual derramamento de sangue e tornar menos provável qualquer acordo diplomático.
Por outro lado, se a guerra atual diminuísse e a Ucrânia iniciasse o processo de adesão, Moscovo seria encorajada a atacar novamente para impedir esse movimento antes que o processo fosse concluído.
A menos que a OTAN pudesse admitir a Ucrânia por meio de algum tipo de facto consumado - tarefa nada fácil, dados os requisitos de unanimidade e consenso da aliança - um plano de adesão de longo prazo torna a agressão russa na Ucrânia mais e não menos provável. Em ambos os casos, os custos de defender a Ucrânia aumentam.
O desejo da Ucrânia de ingressar na OTAN é compreensível. Faz todo o sentido que um país intimidado e invadido por um vizinho mais forte busque a proteção de uma potência externa. Ainda assim, a estratégia é uma questão de escolha, e as opções dos Estados Unidos hoje são rígidas.
Durante grande parte do período pós-Guerra Fria, os Estados Unidos puderam expandir seus compromissos internacionais com custos e riscos relativamente baixos. Essas circunstâncias não existem mais. Com pressões fiscais em casa, um grave desafio à sua posição na Ásia e a perspectiva de escalada e erosão da credibilidade em relação a Moscovo, manter a Ucrânia fora da OTAN simplesmente reflete os interesses dos EUA. Em vez de fazer uma promessa questionável que representa grandes perigos, mas renderia pouco em troca, os Estados Unidos deveriam aceitar que é hora de fechar a porta da OTAN para a Ucrânia.
JUSTIN LOGAN é Diretor de Estudos de Defesa e Política Externa no Cato Institute.
JOSHUA SHIFRINSON é professor associado da School of Public Policy da Universidade de Maryland e membro sénior não residente do Cato Institute.

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 +1 caso, ou “casão”...Já se sabia há 2 anos...Mesmo assim Cravinho/Costa elevou-o para secretário de estado...Capitão Ferreira, SE da defesa, demitiu-se...Viu 12 casos e pensou que escapava?...Viu a investigação “Tempestade Perfeita” e ficou para tentar tapar buracões??...e vão 13 demissões desde que o governo PS/Costa/ absoluto tomou posse...É a primeira demissão com a aplicação do QUESTIONÁRIO...Há investigações na DGeral de Recursos do MInistério da Defesa referentes aos anos de 2018 a 2021...

 https://www.dn.pt/politica/costa-pede-a-marcelo-exoneracao-do-secretario-de-estado-da-defesa-16653013.html?fbclid=IwAR3VJXHeVAGvjAyKEE7Y9kvVzQ8x0O8OzdFHCuiCVdIIohfcuPr6tWuy_J8

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murmúRIOS...22h
https://www.facebook.com/events/265089677306149/
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2015..memórias deste dia:
2h2'2" da tARDE...
+1 fantásticaaaaaaa do Ni Francisco
 ...s.MARtinho do porto...d' ALCOBAÇA que vos abRRaça

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1104871169527422&set=a.361512430529970.102239.100000136481628&type=3&theater
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AMARelo...o MEL...qu' esTUpenda fotogravAÇÃO do PICARETO...do VIMeiro...d'ALCOBAÇA que vos abRRaça

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=971128982909227&set=a.146228448732622.19513.100000364047964&type=3&theater
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2015...morreu Maria Barroso...1 vivaaaaaaaaa à actriz, à resistente ao fascismo...
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/07/98977720151122-maria-barroso.html
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Jerónimo defendeu Referendo
e agHora em 2016 não o defende?
Escrevi asSIM:
"Não é só agHora que a CDU defende o referendo...Os do arco da governação (PS.PSD.CDS) sempre votaram contra todas as iniciativas do Grupo Parlamentar do PCP...Consegui ir a 1997...Provavelmente na adesão à CEE, tb houve propostas concretas na ARepública..."
http://www.dn.pt/politica/interior/jeronimo-quer-referendo-sobre-saida-da-ue-e-do-euro-2931980.html?id=2931980
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2014..memórias deste dia:COOPERATIVA lança 2 livros de Joaquim Vieira NATIVIDADE
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/06/830221jun20141155-77201417h-cooperativa.html
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2006...morreu Syd Barrett fundador dos PINK FLOYD
1 vivaaaaaaaaaaaaa à sua música
https://www.youtube.com/watch?v=5YGEDlmPu78&index=1&list=PLFDA962FC2BA8FACE
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2007...7.7...1.ª MARavILHA...visite o Mosteiro de Alcobaça (que vos abRRaça)...CDU propôs e foi aprovado que aos domingos a entrada é gratuita!
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2012/05/569211maio201288-alcobaca-que-t.html
 https://uniralcobaca.blogspot.com/2015/08/99183ag20151133-orgao-de-tubos-do.html
https://www.google.com/culturalinstitute/beta/asset/mosteiro-de-alcoba%C3%A7a/QAEmnL7oGZM8ag
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 Hj é dia mundial da Língua Kiswahili

Esta língua, no passado conhecida como Suaíli, é falada por mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
Mais comum na costa leste africana, é usada principalmente nas regiões costeiras e ilhas do Quénia, Tanzânia e do norte de Moçambique.https://www.facebook.com/photo/?fbid=414435404057366&set=a.226751652825743

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1940
Ringo dos Beatles
https://www.youtube.com/watch?v=wGCMznqgqhE
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1932
Joe Zawinul
https://www.youtube.com/watch?v=pqashW66D7o&list=RDpqashW66D7o#t=6
https://www.youtube.com/watch?v=24PIfsu-nmc
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1923...morre Guerra Junqueiro...1 vivaaaaaaaaa à sua obra: "Um Povo Resignado e Dois Partidos sem Ideias
Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

in 'Pátria (1896)'

http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/05/guerra-junqueiro.html
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1920...Mário Sacramento: CARTA TESTAMENTO 
Caramulo,
Pousada de S. Lourenço
7 de Abril de 1967
Aos mais adiados...
Vai sendo tempo de escrever uma carta de despedida !
A velha carcaça é já uma ruína nítida. A somar às cicatrizes das lesões pulmonares que tive, há bronquiectasias e zonas e zonas de enfisema do impossível fumador que sou, as quais hão-de vir a resultar num coração pulmonar. A tensão mínima já começa a ressentir-se disso. O rim deita vestígios acentuados de albumina e cilindros. E o estômago tem qualquer coisa que um destes dias hei-de averiguar... Como não posso nem devo emagrecer excessivamente - são os próprios colegas que mo dizem -, dado o perigo de reactivação das antigas lesões bacilares, o peso é também um contra. E, como deixar de fumar, nesta idade, além de ser um sacrifício inglório que me roubaria um dos poucos apegos concretos que ainda tenho à vida, seria levar-me a engordar ainda mais, o balanço é portanto muito nítido. Quantos anos ? Depois dos cinquenta acaba-se, estou convencido. Mais erro, menos erro, a média deve ser essa.
Começo por isso a ter pressa de fazer umas tantas coisas que reservei para a fase final, quando a terrível batalha que travei na sobrevivência contra o fascismo me deixasse, à margem desta profissão, cujas dificuldades e condicionamentos econômicos, sociais e políticos liquidaram tantos dos meus sonhos, margem para isso. Espero roubar, sempre que possa, alguns dias à labuta e à engrenagem diária e isolar-me, como agora fiz, para escrever qualquer coisa de mais íntimo. Para o romance cíclico que trago há tantos anos na cabeça, não chegará o tempo, decerto. E é melhor assim, pois evito uma desilusão e sempre morrerei com o arzinho angustiado de vítima dum mau destino, o que é chique, como diria o Eça...
Antes de tudo, impõe-se, porém, que escreva estas singelas palavras. Quem pode afiançar-me que não vou acabar hemiplégico e afásico, como minha Mãe ? Deixa aqui, então, o que depois não poderás !
Deixar cheira a testamento. E eu, que deixe, só tenho corpo. Por mais que fizesse, por mais que me fizessem, disso é que nunca consegui ser espoliado ! E, como é com ele que me avenho nas noites de insônia e nas porfias diárias, é justo que lhe dedique, ao menos, um pensamento em vida. E não o legue aos cães... Pois não equivaleria a isso estar a ver-me, daqui, de barba feita a posteriori, sapatos engraxados, fato de ver a Deus, a apresentar as minhas despedidas, muito formalizado, de dentro da cabine – espacial ? Como não tenciono ir para parte nenhuma, metam-me como eu estiver no caixote mais barato que encontrarem e devolvam-me os restos à terra. A terra sabe lavar-se. E não há como um cadáver “limpo” para marcar um limite.
Se morresse em localidade com formo crematório, não desgostava disso, se não fosse caro. E, por falar em caro, não sei se a terra será o mais barato para o caso – ó contradições do capitalismo ! E, como de morrer também “custa” aos outros, há que prevê-lo. A família tem uma pirâmide egípcia em Ílhavo. Embora eu esteja farto de conhecer prisões em vida, como nessa altura quem terá de aguentar isso é “o outro”, não me oponho a ir para lá, se for mais econômico ou mais fácil de arrumar. Não faço questões nenhumas com a morte... Ela nega-me, e é tudo. A grande magana !
Não, o motivo fundamental desta carta é outro. Aceitei dialogar, neste últimos tempos, com os católicos. Se tivesse nascido num país protestante ou árabe ou budista, tê-lo-ia feito com esses. Pois do que se tratava – se trata, ó morto-vivo !, ainda não acabaste ! – era, é de dialogar com os progressistas e, sobretudo, com o povo, directa ou indirectamente. Não há-de faltar contudo – sempre assim foi, ó alminhas santas ! – quem procure fazer sujeira com isso e aproveitar-se duma ambiguidade que surja para me denegrir a memória. Se a minha Mulher ainda estiver viva – ela tem sido boa companheira – não haverá problemas com isso, estou convencido. E o mesmo se dará se os meus filhos estiverem atentos: eles têm carácter. Mas quem pode prever tudo ? Não que eu faça grande questão do meu bom nome: estou-me nas tintas para ele, depois de morto. Mas, além dele pertencer, também, aos filhos dos Filhos e a estes, pertence aos meus companheiros de jornada. E, que diabo, se passei tantos maus bocados por eles, em vida, é porque considerei que era esse o meu destino. E um homem tem o direito de o defender, mesmo depois de morto !
Fica portanto entendido que sou ateu e como ateu devo ser enterrado. Em vez dum pano preto, ponham um paninho vermelho no caixote, se puderem. E usem luto vermelho, se algum quiserem usar...
Mesmo que eu ficasse pílulas ou sugestionável à hora da morte, isso não modificaria ser esta a minha opinião responsável. É esta, por conseguinte, a única válida.
Claro está que gostaria de ter sido melhor homem, melhor marido e melhor pai. A perspectiva da morte só tem de positivo fazer-nos pensar assim. Mas o homem é um bicho complicado. E eu tenho a consciência de que, pelo menos, me bati sempre comigo mesmo para ser melhor do que poderia ter sido. Fui amigo da família à minha maneira: sem efusões líricas ou rodriguinhos. E, se não fiz mais por ela, foi porque não pude, tanto no sem tido social como psicológico do verbo. A prova de que o meu desejo era ser bom marido e bom pai está no muito que li, pensei e escrevi sobre isso. Sejam os Filhos melhores do que eu pude – foi sempre esse o meu sentido de missão.
Nasci e vivi num mundo de inferno. Há dezenas de anos que sofro, na minha carne e no meu espírito o fascismo. Recebi dele perseguições de toda a ordem – físicas, econômicas, profissionais, intelectuais, morais. Mas, que não as tivesse sofrido, o meu dever era combatê-lo. O fascismo é o fim da pré-história do homem. E procede, por isso, como um gansgster encurralado. Fiz o que pude para me libertar, e aos outros, dele. É essa a única herança que deixo aos meus Filhos e aos meus Companheiros. Acabem a obra ! Derrubem o fascismo, se nós não o pudermos fazer antes ! Instaurem uma sociedade humana ! Promovam o socialismo, mas promovam-no cientificamente, sem dogmatismos sectários, sem radicalismos pequeno-burgueses ! Aprendam com os erros do passado. E lembrem-se de que nós, os mortos, iremos, nisso, ao vosso lado !
Não veremos o que quisemos, mas quisemos o que vimos. E este querer é um imperativo histórico. Há milhões de mortos a dizer-vos: avante !
Para a Mulher, um abraço, simples e esquivo como eu sempre fui. Para os Filhos, um beijo, frio e recalcado como eu sempre lhes dei. Para todos, um afecto. Quem tinha tão pouco para dar a tantos, teve de ser avaro... Mas morre convencido de que não guardou nada para si. Ou de que teve, pelo menos, essa intenção.
Façam um mundo melhor, ouviram? Não me obriguem a voltar cá! "
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/03/96794mar201577-mario-sacramento.html
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1901
Vittorio de Sica
https://www.youtube.com/watch?fbclid=IwAR0cO4_55AVbNNz-2n4FVyi4FceWZNPH0idSotKDbZQ4yrJE1WDW8vsyfKw&v=VafXGkqtCpU&feature=youtu.be
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 1887...Marc Chagall
 https://uniralcobaca.blogspot.com/2018/07/58009jul20181044-marc-chagall.html
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1860
Gustav Mahler
https://www.youtube.com/watch?v=gr3aKE6EC1U
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 Chocolateeeeee

𝐃𝐢𝐚 𝐌𝐮𝐧𝐝𝐢𝐚𝐥 𝐝𝐨 𝐂𝐡𝐨𝐜𝐨𝐥𝐚𝐭𝐞 / 𝟕 𝐝𝐞 𝐣𝐮𝐥𝐡𝐨
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Á𝐥𝐯𝐚𝐫𝐨 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐦𝐩𝐨𝐬, 𝐞𝐱𝐜𝐞𝐫𝐭𝐨 𝐝𝐞 "𝐓𝐚𝐛𝐚𝐜𝐚𝐫𝐢𝐚"
Edição bilingue e ilustrada, disponível aqui, com 10% desconto: bit.ly/_Tabacaria_

 https://www.facebook.com/bertrandlivreiros/photos/a.368097311547/10158170935666548/

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Começar bem a semana com Joaquim Pessoa
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=701305749904591&set=gm.764284603613652&type=1&theater
Erguerás aqui a tua casa

Erguerás aqui a tua casa.
No litoral. De frente para o vento.
Farás a cerca. Guardarás a cabra 
que alimente o teu sonho e o teu filho.

Escreverás teu nome sobre as praias
onde as gaivotas aprendem a sofrer.
Estarás atento. De noite, nos rochedos,
vigiarás o sobressalto das marés.

Para que nunca os olhos enlouqueçam
construirás apenas com as mãos
um barco de alegria nunca feito.

Assim conhecerás a tua força
e a de um povo que por trás das dunas
semeia o trigo e colhe tempestades.

in Português Suave

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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=702965813072519&set=a.114014221967684.7650.112890882080018&type=1&fref=nf
 in OS OLHOS DE ISA, (ed Esp. Litexa, 1982)

[NENHUMA MORTE APAGARÁ OS BEIJOS]

Eu estava tão perto de ti que tenho
frio ao pé dos outros.

Paul ÉLUARD

Nenhuma morte apagará os beijos
e por dentro das casas onde nos amámos ou pelas ruas
[clandestinas da grande cidade livre
estarão para sempre vivos os sinais de um grande amor,
esses densos sinais do amor e da morte
com que se vive a vida.

Aí estarão de novo as nossas mãos.
E nenhuma dor será possível onde nos beijámos.
Eternamente apaixonados, meu amor. Eternamente livres.
Prolongaremos em todos os dedos os nossos gestos e,
profundamente, no peito dos amantes, a nossa alma líquida
[e atormentada

desvenderá em cada minuto o seu segredo
para que este amor se prolongue e noutras bocas
ardam violentos de paixão os nossos beijos
e os corpos se abracem mais e se confundam
mutuamente violando-se, violentando a noite
para que outro dia, afinal, seja possível.

Artwork: Last kiss, por © Adam Martinakis
*(LT)

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https://www.facebook.com/349094905211303/photos/a.349115855209208.1073741828.349094905211303/592360194218105/?type=1&theater
Hás de morrer de não me ver.
Hás de morrer no meu olhar, quando
eu fechar os olhos cansados de reler meus versos,
em busca de outros versos diferentes,
igualmente diferentes,
ainda teus, tão teus, tão profundamente teus
que os amo
antes de os escrever,
antes até de pensar que me era possível
escrevê-los.
Hei de morrer de não te ver. Apunhalado
por um vazio perfeito, o mais
significativo vazio, representado
na grande antologia dos vazios.
Morreremos ambos de lonjura
e solidão, Ceguinhos um
do outro. Habituados
à luz escura desta
ideia.

do livro "Ano Comum"
Arte - Brita Seifert