10/09/2014

8.681.(10set2014.21.38') Moedas comissário da ciência, investigação e inovação

via site oficial da UE
https://www.facebook.com/JunckerEU/photos/a.100130648128.85580.94145343128/10152391225878129/?type=1&theater
" o nosso" Moedas ficou em últimooooooooo

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Via
http://www.avante.pt/pt/2128/opiniao/132023/
Henrique Custódio
opina assim
Incensos
Uma luminescência da coligação governamental entreteve-se a encomiar Carlos Moedas, decidindo que a sua nomeação para comissário europeu – onde, «certamente», irá ocupar uma «pasta de relevo» – constitui «um prestígio para Portugal», que «decerto beneficiará» deste arrumo lusitano no «governo europeu».
Conviria – se «a tão fraca gente» se pudesse pedir alguma coisa – que o sujeito do panegírico a Moedas se lembrasse do historial de Barroso na ida para «presidente europeu», um outro a quem a sábia opinião local também consignou, na altura da nomeação, ridentes vantagens para o nosso País. Hoje, obviamente, assobiam para o lado e, se necessário, malharão no Barroso até que o seu indignado desprezo brote, em sangue, da criatura. Ao menos deviam reparar nisto, senhores, antes de repetir com o Moedas asneiras ostensivas do passado.
Rememorando sucintamente a trajectória de Durão Barroso (dos seus tempos de MRPP ficou apenas o roubo da mobília da Faculdade de Direito a seguir ao 25 de Abril, que levou para a sede do MRPP, onde Arnaldo Matos o obrigaria a devolvê-la), temos uma itinerância paciente pelo PSD até se conseguir alçado a primeiro-ministro. Cumpria o seu famoso vaticínio de que «havia de ser primeiro-ministro, não sabia era quando», mas foi sol de pouca dura: acossado pelo «País de tanga» que disse «ter herdado», fugiu passados dois anos de chanceler para a mordomia da presidência da UE, onde os seus comportamentos duvidosos (nomeadamente com Portugal) se tornaram uma rotina. Lembramos apenas as férias que passou no iate de um milionário grego logo no início do mandato e que o jornal alemão Die Welt titulou «Barroso deixa que lhe paguem uma viagem de cruzeiro» ou o recente escândalo com Vladimir Putin, denunciando à sorrelfa que ele lhe havia dito que, «se quisesse, tomava Kiev em duas semanas» e, perante a ameaça da Rússia em divulgar toda a conversa, desdisse-se vergonhosamente declarando que «a frase fora tirada do contexto» ou, em relação «à Pátria», quando ameaçou, em pura insanidade política, que se Portugal «falhasse» nos ditames da troika«tínhamos o caldo entornado».
Se Carlos Moedas tivesse alguma dimensão e produzisse mais alguma coisa além das, literalmente, fanhosas patacoadas neoliberais, o caso supra do elogio poderia, quiçá, melindrá-lo.
Ser louvaminhado com a mesma fórmula utilizada em Durão Barroso, que tão má conta deu de si «na Europa», não parece estimulante para um novo candidato ao Olimpo europeu.
Mas não. Esta tropa – referimo-nos aos incensados e aos manobradores do turíbulo – toda junta não vale uma prece. Isto para irmos ao encontro da famosa frase de Henrique IV, «Paris vale bem uma missa» (convertendo-se ao catolicismo para unir a França).
Esta ranchada nem o incenso ardido merece.
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Via PCP
http://www.pcp.pt/sobre-nomea%C3%A7%C3%A3o-de-carlos-moedas

Nota do Gabinete de Imprensa dos Deputados do PCP ao PE

Sobre a nomeação de Carlos Moedas


Face a pedidos de órgãos de comunicação social de um comentário à atribuição da pasta da Ciência, investigação e inovação da Comissão Europeia a Carlos Moedas, os deputados do PCP no Parlamento Europeu:
1 – Reafirmam as suas posições e críticas quanto ao processo de integração capitalista na Europa consubstanciado na União Europeia e no aprofundamento dos seus pilares neoliberal, militarista e federalista.
2 – Consideram que a composição da nova Comissão Europeia, bem como as nomeações do Presidente do Conselho Europeu e da Alta Representante, são mais uma prova da insistência de um rumo caracterizado por ataques e retrocessos sociais sem paralelo no pós II Guerra, por um processo cada vez mais vincado de concentração e centralização de poder económico e político nas grandes multinacionais e no directório de potências comandando pela Alemanha, e pela imposição de relações de tipo colonial no seio da UE. Tal insistência só levará à intensificação da crise económica e social e ao aprofundamento das contradições do processo de integração.
3 – Face a esta realidade não se surpreendem com a escolha de Carlos Moedas para Comissário Europeu nem com a atribuição de uma pasta cuja âmbito corresponde a uma das áreas mais massacradas pelo Governo que o indicou e do qual fez parte. Com efeito é elucidativo que Carlos Moedas fique responsável pela área à qual o seu Governo desferiu o maior ataque das últimas décadas, acrescendo ainda que não é conhecido a Carlos Moedas pensamento ou trabalho específico anterior sobre as áreas da Ciência, Investigação e Inovação.
4 – Chamam a atenção para o facto de que a Ciência, Investigação e Inovação é uma das áreas onde fica clara a natureza assimétrica, injusta e desigual do processo de integração capitalista europeu. Com efeito, agrava-se crescentemente o chamado fosso científico e tecnológico no seio da União Europeia. Países como Portugal continuam a comprimir o investimento nestas áreas e a verem reduzida a fatia do orçamento da UE de onde saía, até agora, a maioria dos recursos afectos à CT&I: os fundos estruturais e de coesão. Isto ao mesmo tempo que aumentou significativamente a dotação do Programa-Quadro de Investigação, o Horizonte 2020 – um programa que serve sobretudo os interesses das grandes potências e de algumas das suas grandes empresas e unidades de investigação, que absorvem o grosso dos recursos, e do qual Portugal é hoje contribuinte líquido, não conseguindo absorver sequer as verbas com que contribui.
5 – Sublinham que, quando se impunha afrontar esta realidade, o que significa afrontar os interesses das grandes potências e dos grandes grupos económicos que dela beneficiam, a escolha do novo Comissário vem antes dar continuidade à postura de subordinação aos interesses do directório de potências da UE, que Carlos Moedas evidenciou enquanto membro de um governo que, entre outras medidas, pautou a sua ofensiva pela asfixia financeira e material das Universidades (cujo corte de financiamento ascende a 14 milhões de Euros) e Laboratórios do Estado; pelo encerramento de mais de uma centena de centros de investigação debilitando ainda mais o já fragilizado sistema científico e tecnológico nacional; por um processo dito de avaliação que se salda no corte total de financiamento público a 71 centros de investigação até 2020 e por uma situação de total asfixia financeira de 83 centros que no mesmo período vão receber apenas entre cinco mil a 40 mil euros anuais, o que não dá sequer para pagar os gastos correntes; pela diminuição significativa do número de bolsas de formação avançada de recursos humanos (nomeadamente de doutoramento e pós-doutoramento) e por uma política de destruição de emprego e tecido produtivo que empurrou para a emigração muitos cientistas, investigadores e outros quadros para a emigração.
6 – Afirmam que o que a situação na UE e em Portugal impõe não é uma continuidade das mesmas políticas e dos mesmos responsáveis, sejam quais forem os cargos que ocupem. Ao invés da nomeação de um Comissário Europeu que é um dos rostos de um Governo isolado social e politicamente, um Governo já derrotado pela luta do povo português e que só se mantém em funções pelo apoio de que goza por parte do Presidente da República, o que se impõe neste momento é uma ruptura e a abertura de um rumo alternativo. Uma ruptura com a política de direita e com o rumo da integração europeia e o início de um rumo assente numa política patriótica e de esquerda.