14/10/2014

8.886.(14out2014.7.7') Hannah Arendt

Nasceu a 14out1906
e morreu a 4dez1975
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Via Susana Duarte
 
CONHECIDA COMO A PENSADORA DA LIBERDADE, HANNAH ARENDT VIVEU AS GRANDES TRANSFORMAÇÕES DO PODER POLÍTICO DO SÉCULO XX. ESTUDOU A FORMAÇÃO DOS REGIMES AUTORITÁRIOS/TOTALITÁRIOS INSTALADOS NESSE PERÍODO E DEFENDEU OS DIREITOS INDIVIDUAIS, CONTRA AS “SOCIEDADES DE MASSAS” E OS CRIMES CONTRA A PESSOA.


Alemã de origem judaica Hannah Arendt (1906 – 1975) formou-se em filosofia em Heidelberg, período em que foi aluna do filósofo Martin Heidegger. Trabalhou, entre outras atividades, como jornalista e professora universitária. Recusava-se ser classificada como “filósofa” e também se distanciava do termo “filosofia política”; preferia que suas publicações fossem classificadas sob o tema “teoria política”. Entretanto, ela continua sendo estudada como filósofa, em grande parte devido a suas discussões críticas de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant e Martin Heidegger, além de representantes importantes da filosofia moderna como Maquiavel e Montesquieu. Devido aos seus trabalhos sobre filosofia existencial e sua reivindicação da discussão política livre, Arendt tem um papel central nos debates contemporâneos.
Suas obras mais conhecidas são: As origens do totalitarismo (1951), A condição humana (1958) e Eichmann em Jerusalém (1963). Este último reúne os cinco artigos que escreveu sobre o julgamento de Eichmann, que cobriu para o jornal The New Yorker. Nesse livro, Eichmann, não é retratado como um demônio (como o descreviam muitos ativistas judeus) mas alguém terrível e horrivelmente normal. Um típico burocrata que se limitara a cumprir ordens, com zelo, por amor ao dever, sem considerações acerca do bem e do mal. No livro, Arendt aponta ainda a cumplicidade das lideranças judaicas com os nazistas. Esta perspectiva lhe renderia duras críticas das organizações judaicas, além da ameaça de ser excluída da universidade em que lecionava na época.

Para aqueles que queiram conhecer melhor o pensamento e a filosofia de Hannah Arendt indicamos os livros abaixo elencados, disponíveis para download no link (em vermelho) abaixo da lista:
Para fazer o download dos livros – CLIQUE AQUI!
hannah-arendt
Para aqueles que queiram conhecer melhor a obra e o pensamento de Hannah Arendt indicamos o post “Hannah Arendt e a banalidade do mal – Filme e livro”, para ver clique aqui!
 “Hannah Arendt e a banalidade do mal – Filme e livro”, para ver
 https://farofafilosofica.com/2016/11/08/hannah-arendt-e-a-banalidade-do-mal-filme-e-livro/
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 https://mega.nz/#F!c8FFACJB!udIiVwBZgMzx0-0i4dNpUQ
 https://farofafilosofica.com/2017/02/13/hannah-arendt-10-livros-em-pdf-para-download/?fbclid=IwAR1qD5Fhxa_ZgezLg0KfTYyq7ld7N6bq69Utvck3Fi7neDrzNGrjRTci18U
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4dez2019....postei:
1975...morreu Hannah Arendt... 1 vivaaaaaa à sua obra....“Pensar é perigoso mas não pensar é ainda mais perigoso".”Trata-se de nos expormos à luz pública, precisamente como pessoas. A segunda ousadia é: estamos a iniciar algo, entrelaçamos o nosso fio na rede das relações. No que isso resultará, não sabemos jamais. E concluindo, eu diria que essa ousadia só é possível com confiança nos seres humanos."
e:
"Em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento crítico, engolem abusos, e sorriem para quem desprezam. Abdicar de pensar também é crime."
 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10218546145276314&set=p.10218546145276314&type=3&theater
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28jan2017
cinema IDEAL
Via Graça Silva:
Um documentário inquietante - os problemas que levanta são atuais, sobre uma filósofa com um pensamento realmente independente. "Pensar é perigoso mas não pensar é ainda mais perigoso". Hanna Arendt
https://www.youtube.com/watch?v=wyHXE1rfiTU&feature=share
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9mar2016
Via Graça Silva:
Hoje na RTP 2, pelas 23 horas.
"Hannah Arendt, filósofa e jornalista judia, exilou-se nos EUA em 1941, após a fuga do campo de concentração de Gurs. Em 1951, ao obter a cidadania norte-americana, publica o livro “As Origens do Totalitarismo”. Foi esta obra que lançou a sua carreira nos Estados Unidos, tornando-se uma forte referência junto da comunidade intelectual. Em 1961, a sua cobertura do julgamento do criminoso de guerra nazi, Adolf Eichmann, para a revista “The New Yorker”, que resultou num artigo publicado em cinco partes, conquistou um grande impacto mediático..."
Estreia: Hannah Arendt

http://media.rtp.pt/extra/estreias/estreia-hannah-arendt/
Hannah Arendt é um retrato do génio que abalou o mundo com a sua tese sobre a “banalidade do mal”.
O filme de Margarethe von Trotta é o retrato de Hannah Arendt, um génio incompreendido, que se atreveu a fazer uma reflexão sobre o Holocausto de forma absolutamente inovadora e que, mesmo debaixo de fogo de ferozes criticas, se manteve fiel às suas convicções.
Hannah Arendt, filósofa e jornalista judia, exilou-se nos EUA em 1941, após a fuga do campo de concentração de Gurs. Em 1951, ao obter a cidadania norte-americana, publica o livro “As Origens do Totalitarismo”. Foi esta obra que lançou a sua carreira nos Estados Unidos, tornando-se uma forte referência junto da comunidade intelectual. Em 1961, a sua cobertura do julgamento do criminoso de guerra nazi, Adolf Eichmann, para a revista “The New Yorker”, que resultou num artigo publicado em cinco partes, conquistou um grande impacto mediático, embora as suas ideias tenham sido alvo de duras criticas.
Mas é com a obra “Eichmann em Jerusalém: Uma reportagem sobre a banalidade do mal” que alcança o destaque e respeito mundial, sendo este considerado o seu livro mais importante.
Título Original: Hannah Arendt
Com: Barbara Sukowa, Axel Milberg, Janet McTeer, Julia Jentsch, Ulrich Noethen, Michael Degen, Victoria Trauttmansdorff, Klaus Pohl, Nicholas Woodeson
Realização: Margarethe von Trotta
Produção: Bettina Brokemper, Johannes Rexin
Autoria: Pamela Katz, Margarethe von Trotta
Ano: 2013
Duração: 109 minutos
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O Google homenageia o 108º aniversário de Hannah Arendt com um doodle em sua página principal, o qual pode ser visto em vários países ao redor do mundo. Muitas vezes descrita como uma filósofa, Arendt rejeitou o rótulo, dizendo que seu trabalho era focado no fato de que “os homens, e não o Homem, vivem na terra e habitam o mundo”, em oposição à filosofia, que analisa “o homem no singular”. Ela é mais lembrada por seu livro A condição humana, que explora o desenvolvimento histórico da humanidade.
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Via
http://olivroimpossivel.blogspot.pt/2012/04/hanna-arendt-fala-sobre-brecht.html

Hanna Arendt fala sobre Brecht

Sob o título Homens em tempos sombrios, publicado no Brasil pela Companhia das Letras, Hanna Arendt escreveu algumas coisas luminosas. Como esse trecho de seu ensaio sobre Brecht:

«O que importa, uma vez mais, é o céu, o céu que lá estava antes que existisse o homem e lá estará depois que ele se for, de modo que a melhor coisa que pode fazer o homem é amar aquilo que por um breve tempo é seu. Se eu fosse crítica literária, continuaria a comentar o papel absolutamente importante desempenhado pelo céu nos poemas de Brecht, em especial em seus poucos e lindíssimos poemas de amor. (...) Certamente neste mundo não existe o amor eterno, nem mesmo uma fidelidade comum. Não há nada além da intensidade do momento, isto é, a paixão, que é até um pouco mais perecível que o próprio homem.»
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VIA FACEBOOK:
https://www.facebook.com/686112594736584/photos/a.686916661322844.1073741826.686112594736584/755885971092579/?type=1&theater

https://www.facebook.com/686112594736584/photos/a.686920971322413.1073741828.686112594736584/705956239418886/?type=1&theater
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Via JERO e wikipédia
 Pensamento do dia: "A triste verdade é que o pior dos males é sempre causado por aqueles que nunca pensaram sequer em seguir a via do bem ou do mal". Hannah Arendt (1906-75), filósofa norte-americana de origem alemã.
Lusa/Fim.

Hannah Arendt (nascida Johanna Arendt; Linden, Alemanha, 14 de outubro de 1906 – Nova Iorque, Estados Unidos, 4 de dezembro de 1975) foi uma filósofa política alemã de origem judaica, uma das mais influentes do século XX.
A privação de direitos e perseguição na Alemanha de pessoas de origem judaica a partir de 1933, assim como o seu breve encarceramento nesse mesmo ano, fizeram-na decidir emigrar. O regime nazista retirou-lhe a nacionalidade em 1937, o que a tornou apátrida até conseguir a nacionalidade norte-americana em 1951.
Trabalhou, entre outras atividades, como jornalista e professora universitária e publicou obras importantes sobre filosofia política. Contudo, recusava ser classificada como "filósofa" e também se distanciava do termo "filosofia política"; preferia que suas publicações fossem classificadas dentro da "teoria política".

Arendt defendia um conceito de "pluralismo" no âmbito político. Graças ao pluralismo, o potencial de uma liberdade e igualdade política seria gerado entre as pessoas. Importante é a perspectiva da inclusão do Outro. Em acordos políticos, convênios e leis, devem trabalhar em níveis práticos pessoas adequadas e dispostas. Como frutos desses pensamentos, Arendt se situava de forma crítica ante a democracia representativa e preferia um sistema de conselhos ou formas dedemocracia direta.
Entretanto, ela continua sendo estudada como filósofa, em grande parte devido a suas discussões críticas de filósofos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant, Martin Heidegger e Karl Jaspers, além de representantes importantes da filosofia moderna como Maquiavel e Montesquieu. Justamente graças ao seu pensamento independente, a teoria do totalitarismo (Theorie der totalen Herrschaft), seus trabalhos sobre filosofia existencial e sua reivindicação da discussão política livre, Arendt tem um papel central nos debates contemporâneos.
 Como fontes de suas investigações Arendt usa, além de documentos filosóficos, políticos e históricos, biografias e obras literárias. Esses textos são interpretados de forma literal e confrontados com o pensamento de Arendt. Seu sistema de análise - parcialmente influenciado por Heidegger - a converte em uma pensadora original situada entre diferentes campos de conhecimento e especialidades universitárias. O seu devenir pessoal e o de seu pensamento mostram um importante grau de coincidência.(WIKIPEDIA).
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14 de Outubro de 1906: Nasce a filósofa alemã Hannah Arendt, referência do pensamento contemporâneo, autora de "As Origens do Totalitarismo".

No dia 14 de Outubro de 1906, nascia em Hannover a grande filósofa alemã Hannah Arendt. Judia e sobrevivente do Holocausto, ela reflectiu sobre a banalidade do mal e a necessidade de ousar e de cada um expor-se  na vida pública.



Hannah Arendt foi uma das maiores pensadoras do século XX. As suas análises políticas perspicazes valeram-lhe distinções como o Prémio Lessing de 1959 ou o Sonning de 1975, atribuído pela Universidade de Copenhagua por mérito em prol da cultura europeia.

Arendt nasceu em Hannover em 14 de Outubro de 1906 e estudou filosofia em Marburg, onde foi aluna de Martin Heidegger. A estudante de talento extraordinário e o filósofo de fama mundial teriam, em seguida, um caso de amor.

O seu romance com Heidegger gerou manchetes e até hoje fornece material para estudos biográficos. Os dois são exemplo de um dos mais famosos casais de intelectuais, ao lado de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir.

Porém, o mestre era casado, facto que fez a jovem decidir mudar-se para Heidelberg, onde completou o seu doutoramento em 1928, sob a assistência da Karl Jaspers. Entretanto, a ascensão de Hitler ao poder na Alemanha alterou radicalmente a vida da filósofa judia.

"Na época, repetia-se sem cessar uma frase que evoco agora: 'Se você é atacado como judeu, é preciso defender-se como judeu'. Não como alemão, ou cidadão do mundo ou em nome dos direitos humanos, algo assim. Mas sim, bem concretamente: o que eu posso fazer?", declarou durante uma entrevista à televisão em Outubro de 1964.



Quando Martin Heidegger se tornou o primeiro reitor nacional-socialista da Universidade de Freiburg, Hannah Arendt afastou-se da filosofia para comprometer-se com a resistência anti -nazi. Em meados de 1933, foi presa pela Gestapo, porém conseguiu escapar.

Posteriormente, Arendt fugiu para Paris. Lá conheceu o seu futuro marido, o também filósofo Heinrich Blücher, com quem emigraria para os Estados Unidos em 1941. Em Nova Iorque, ela inicia a sua grande carreira: escreveu para revistas, trabalhou como  professora universitária e em diversas organizações judaicas.

Em 1951, Arendt publicou o seu revolucionário estudo Origens do totalitarismo. Seguem-se outros escritos, entre os quais Vita activa, uma teoria da actividade política. Em Sobre a revolução, ela examina as reviravoltas políticas radicais.

Certa vez, Arendt classificou a sua profissão como "teoria política, se é que se pode falar em profissão". Os seus livros colocaram-na na capa de revistas importantes, aclamada como uma das grandes filósofas do século.

Em 1963, publicou Eichmann em Jerusalém, sobre o processo contra o criminoso nazi. No livro, que desencadeou uma longa e acirrada controvérsia, Hannah Arendt cunhou a famosa expressão "a banalidade do mal".

Entre outros argumentos, a filósofa foi acusada de, com sua teoria da banalidade, minimizar os crimes nazis e o sofrimento dos judeus. Em resposta, Arendt disse, de certa maneira, compreender a reação indignada ao facto de ela ainda poder rir.

"Mas eu realmente achava que Eichmann era um palhaço. Li, e com muita atenção, o seu interrogatório policial, de 3.600 páginas. E não sei quantas vezes tive que rir, mas com vontade! As pessoas levam a mal essa minha reação."

O tema não mais a deixou mais em paz. Em 1965, ela fez uma palestra intitulada Sobre o mal, somente publicada em 2006, ano do seu centenário. O tema é o mal, diante do qual as palavras falham e o raciocínio fracassa.

Segundo Arendt, a origem dessa forma do mal está na própria recusa de pensar e julgar. Desta, resulta uma incapacidade de – na qualidade de agressor potencial – se ver no papel da vítima. Assim, Adolf Eichmann jamais levou em conta o destino dos judeus, cujo transporte e morte nos campos de extermínio ele organizara.

Da mesma forma, os terroristas suicidas não pensam nas vítimas dos seus actos.

Hannah Arendt faleceu em 4 de Dezembro de 1975. A partir da sua própria experiência como judia, durante toda a vida ela interferiu no tema, sabendo que a irreflexão moral e política é o maior perigo. Por isso ela sempre procurou a "ousadia da exposição pública". A filósofa explica:

"Trata-se de nos expormos à luz pública, precisamente como pessoas. A segunda ousadia é: estamos a iniciar algo, entrelaçamos o nosso fio na rede das relações. No que isso resultará, não sabemos jamais. E concluindo, eu diria que essa ousadia só é possível com confiança nos seres humanos."
Fontes: DW
wikipedia (imagens)
 
Hannah Arendt

 https://www.youtube.com/watch?v=KDO5u2YSbm0
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/10/14-de-outubro-de-1906-nasce-filosofa.html
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Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história.” 

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A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele” 
Frases - http://kdfrases.com

O mais radical revolucionário tornar-se-á um conservador no dia seguinte à revolução.
A essência dos Direitos Humanos é o direito a ter direitos” 
Quem habita este planeta não é o Homem, mas os homens. A pluralidade é a lei da Terra.” 
As mentiras sempre foram consideradas instrumentos necessários e legítimos, não somente do ofício do político ou do demagogo, mas também do estadista.” 
A função da escola é ensinar às crianças como o mundo é, e não instruí-las na arte de viver” 
Uma existência vivida inteiramente em público, na presença de outros, torna-se, como diríamos, superficial.
A escola não é de modo algum o mundo, nem deve ser tomada como tal; é antes a instituição que se interpõe entre o mundo e o domínio privado do lar” 
"
O conservadorismo, no sentido da conservação, faz parte da essência da atividade educacional, cuja tarefa é sempre abrigar e proteger alguma coisa


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VIA CITADOR
excertos do livro  A CONDIÇÃO HUMANA
Hannah Arendt

As Coisas Efémeras são as Mais NecessáriasDas coisas tangíveis, as menos duráveis são as necessárias ao próprio processo da vida. O seu consumo mal sobrevive ao acto da sua produção; no dizer de Locke, todas essas «boas coisas» que são «realmente úteis à vida do homem», à «necessidade de subsistir», são «geralmente de curta duração, de tal modo que - se não forem consumidas pelo uso - se deteriorarão e perecerão por si mesmas». 
Após breve permanência neste mundo, retomam ao processo natural que as produziu, seja através de absorção no processo vital do animal humano, seja através da decomposição; e, sob a forma que lhes dá o homem, através da qual adquirem um lugar efémero no mundo das coisas feitas pelas mãos do homem, desaparecem mais rapidamente que qualquer outra parcela do mundo. 
A Pluralidade HumanaA pluridade humana, condição básica da acção e do discurso, tem o duplo aspecto da igualdade e diferença. Se não fossem iguais, os homens seriam incapazes de compreender-se entre si e aos seus antepassados, ou de fazer planos para o futuro e prever as necessidades das gerações vindouras. Se não fossem diferentes, se cada ser humano não diferisse de todos os que existiram, existem ou virão a existir, os homens não precisariam do discurso ou da acção para se fazerem entender. Com simples sinais e sons poderiam comunicar as suas necessidades imediatas e idênticas.
Ser diferente não equivale a ser outro - ou seja, não equivale a possuir essa curiosa qualidade de «alteridade», comum a tudo o que existe e que, para a filosofia medieval, é uma das quatro características básicas e universais que transcendem todas as qualidades particulares. A alteridade é, sem dúvida, um aspecto importante da pluralidade; é a razão pela qual todas as nossas definições são distinções e o motivo pelo qual não podemos dizer o que uma coisa é sem a distinguir de outra. 
Na sua forma mais abstracta, a alteridade está apenas presente na mera multiplicação de objectos inorgânicos, ao passo que toda a vida orgânica já exibe variações e diferenças, inclusive entre indivíduos da mesma espécie. Só o homem, porém, é capaz de exprimir essa diferença e distinguir-se; só ele é capaz de se comunicar a si próprio e não apenas comunicar alguma coisa - como sede, fome, afecto, hostilidade ou medo. No homem, a alteridade, que ele tem em comum com tudo o que existe, e a distinção, que ele partilha com tudo o que vive, tornam-se singularidades e a pluralidade humana é a paradoxal pluralidade dos seres singulares.
Escravo de Si MesmoA suposição de que a identidade de uma pessoa transcende, em grandeza e importância, tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. (...) Só os vulgares consentirão em atribuir a sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência serão «escravos e prisioneiros» das suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que mera vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem. Bondade e Sabedoria devem ser InocentesQuando a bondade se mostra abertamente já não é bondade, embora possa ainda ser útil como caridade organizada ou como acto de solidariedade. Daí: «Não dês as tuas esmolas diante dos homens, para seres visto por eles». A bondade só pode existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem quer que se veja a si mesmo no acto de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no máximo, um membro útil da sociedade ou zeloso membro de uma igreja. Daí: «Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.»
(...) O amor à sabedoria e o amor à bondade, que se resolvem nas actividades de filosofar e de praticar boas acções, têm em comum o facto de que cessam imediatamente - cancelam-se, por assim dizer - sempre que se presume que o homem pode ser sábio ouser bom. Sempre houve tentativas de dar vida ao que jamais pode sobreviver ao momento fugaz do próprio acto, e todas elas levaram ao absurdo. O Perdão e a PromessaSe não fôssemos perdoados, eximidos das consequências daquilo que fizemos, a nossa capacidade de agir ficaria por assim dizer limitada a um único acto do qual jamais nos recuperaríamos; seríamos para sempre as vítimas das suas consequências, à semelhança do aprendiz de feiticeiro que não dispunha da fórmula mágica para desfazer o feitiço. Se não nos obrigássemos a cumprir as nossas promessas não seríamos capazes de conservar a nossa identidade; estaríamos condenados a errar desamparados e desnorteados nas trevas do coração de cada homem, enredados nas suas contradições e equívocos - trevas que só a luz derramada na esfera pública pela presença de outros que confirmam a identidade entre o que promete e o que cumpre poderia dissipar. Ambas as faculdades, portanto, dependem da pluralidade; na solidão e no isolamento, o perdão e a promessa não chegam a ter realidade: são no máximo um papel que a pessoa encena para si mesma. A Dor como Padrão para a Intensidade dos SentidosNormalmente, a ausência de dor é apenas a condição física necessária para que o indivíduo sinta o mundo; somente quando o corpo não está irritado, e devido à irritação voltado para dentro de si mesmo, podem os sentidos do corpo funcionar normalmente e receber o que lhes é oferecido. A ausência de dor geralmente só é «sentida» no breve intervalo entre a dor e a não-dor; mas a sensação que corresponde ao conceito de felicidade do sensualista é a libertação da dor, e não a sua ausência. A intensidade de tal sensação é indubitável; na verdade, só a sensação da própria dor pode igualá-la. O Valor da Obra de ArteA fonte imediata da obra de arte é a capacidade humana de pensar, da mesma forma que a «propensão para a troca e o comércio» é a fonte dos objectos de uso. Tratam-se de capacidades do homem, e não de meros atributos do animal humano, como sentimentos, desejos e necessidades, aos quais estão ligados e que muitas vezes constituem o seu conteúdo.
Estes atributos humanos são tão alheios ao mundo que o homem cria como seu lugar na terra, como os atributos correspondentes de outras espécies animais; se tivessem de constituir um ambiente fabricado pelo homem para o animal humano, esse ambiente seria um não mundo, resultado de emanação e não de criação. A capacidade de pensar relaciona-se com o sentimento, transformando a sua dor muda e inarticulada, do mesmo modo que a troca transforma a ganância crua do desejo e o uso transforma o anseio desesperado da necessidade - até que todos se tornem dignos de entrar no mundo transformados em coisas, reificados. Em cada caso, uma capacidade humana que, por sua própria natureza, é comunicativa e voltada para o mundo, transcende e transfere para o mundo algo muito intenso e veemente que estava aprisionado no ser. A Realidade da Vida e a Realidade do MundoA nossa crença na realidade da vida e na realidade do mundo não são, com efeito, a mesma coisa. A segunda provém basicamente da permanência e da durabilidade do mundo, bem superiores às da vida mortal. Se o homem soubesse que o mundo acabaria quando ele morresse, ou logo depois, esse mundo perderia toda a sua realidade, como a perdeu para os antigos cristãos, na medida em que estes estavam convencidos de que as suas expectativas escatológicas seriam imediatamente realizadas. A confiança na realidade da vida, pelo contrário, depende quase exclusivamente da intensidade com que a vida é experimentada, do impacte com que ela se faz sentir.
Esta intensidade é tão grande e a sua força é tão elementar que, onde quer que prevaleça, na alegria ou na dor, oblitera qualquer outra realidade mundana. Já se observou muitas vezes que aquilo que a vida dos ricos perde em vitalidade, em intimidade com as «boas coisas» da natureza, ganha em refinamento, em sensibilidade às coisas belas do mundo. O facto é que a capacidade humana de vida no mundo implica sempre uma capacidade de transcender e alienar-se dos processos da própria vida, enquanto a vitalidade e o vigor só podem ser conservados na medida em que os homens se disponham a arcar com o ónus, as fadigas e as penas da vida. A Renúncia ao PoderO único factor material indispensável para a geração do poder é a convivência entre os homens. Estes só retêm poder quando vivem tão próximos uns dos outros que as potencialidades da acção estão sempre presentes; e, portanto, a fundação de cidades que, como as cidades-estado, se converteram em paradigmas para toda a organização política ocidental, foi na verdade a condição prévia material mais importante do poder. 

O que mantém unidas as pessoas depois de ter passado o momento fugaz da acção (aquilo que hoje chamamos «organização») e o que elas, por sua vez, mantêm vivo ao permanecerem unidas é o poder. Todo aquele que, por algum motivo, se isola e não participa dessa convivência renuncia ao poder e torna-se impotente, por maior que seja a sua força e por mais válidas que sejam as suas razões. 
O Progresso não se Deve ao Instinto PráticoPrecisamos de nos desfazer do actual preconceito que atribui o desenvolvimento da ciência moderna, vista a sua aplicabilidade, a um desejo pragmático de melhorar as condições da vida humana na terra. A história mostra claramente que a moderna tecnologia resultou não da evolução daquelas ferramentas que o homem sempre havia inventado para atenuar o labor e de erigir o artifício humano, mas exclusivamente da busca de conhecimento inútil, inteiramente desprovido de senso prático. 
Assim, o relógio, um dos primeiros instrumentos modernos não foi inventado para os fins da vida prática, mas exclusivamente para a finalidade altamente «teórica» de realizar certas experiências com a natureza. É certo que esta intervenção, logo que a sua utilidade prática foi percebida, mudou o ritmo e a própria fisionomia da vida humana; mas isto, do ponto de vista dos inventores, foi um mero acidente. 
Se tivéssemos de confiar apenas nos chamados instintos práticos do homem, jamais teria havido qualquer tecnologia digna de nota; e, embora as invenções técnicas hoje existentes tragam em si um dado impulso que, provavelmente, gerará melhoras até um certo ponto, é pouco provável que o nosso mundo condicionado à técnica pudesse sobreviver, e muito menos continuar a desenvolver-se, se conseguíssemos convencer-nos de que o homem é, antes de tudo, uma criatura prática.