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e morreu a 19fev2016
22h30'
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10abr2019
A partir da leitura do livro de entrevistas a escritores do José Rodrigues dos Santos
"Ia a um alfarrabista no Chiado...Incêndio...Acabou este prazer que tinha em lisboa."
Livros dele:
1.º-O Nome de Rosa
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Pêndulo de Foucault
"demorei 8 anos"
"normalmente demoro 6 em cada livro"
"Conta uma história de estupidez. Fascina-me, portanto, todo o mundo destes crentes no oculto. Fascina-me a estupidez, sabendo que +e estupidez. É por isso que o falso me apaixona.
Daí que tenha falado de racismo em Cemitério de Praga.
A minha colecção de livros antigos é uma colecção de obras, em grande parte, sobre o oculto. Ou seja tudo aquilo que é falso.
Não tenho Galileu na minha colecção, mas tenho Ptolomeu, porque se enganou.
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Baudolino
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O Cemitério de Praga
"Os artistas mesmo ao longe, são insuportáveis, olham à volta para ver se estamos a reconhecê-los."
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"Sempre tive a obsessão do problema dos Protocolos dos Sábios de Sião...
Podemos citar uma infinidade de outros documentos forjados para terminar com os Protocolos dos Sábios de Sião, que contribuíram para o massacre de 6 milhões de judeus...
A carta de Preste João de que falo em Baudolino, sem a qual vocês, Portugueses, não teriam explorado África, pois foram até lá pensando que encontrariam o reino de Preste João, já que era isso que afirmava a carta de Preste João, que era um documento falso...
E podemos citar uma infinidade de documentos forjados...
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"A Divina Comédia é um grande poema cristão mas é melhor não ler o 5.º canto aos jovens, porque a história entre Paolo e Francesca pode parecer um louvor ao adultério"
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"A Ilíada, que fala da guerra de Tróia, se a guerra de Tróia acontece de facto, é um livro de história ou é criação artística?"
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Via Cristina Franco
"O Homem é o único animal que ri. E é também o único animal que sabe que vai morrer. Uma vez que é o único que sabe que vai morrer, creio que inventou o riso para se libertar do peso da morte. Não podemos levar-nos muito sério."
"Rir é próprio do homem, como mentir. O problema é tão complexo, há tantas razões pelas quais nos podemos rir... Rimos porque estamos felizes. Os soldados japoneses riam-se de vergonha quando eram detidos pelos americanos. Os homens riem-se durante um show de striptease para dominar a timidez. Rir tem a ver, de alguma forma, com o facto de sabermos que vamos morrer. É mais ou menos isto, e é imenso."
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10215988789050790&set=a.1810471299780.106001.1179915335&type=3&theater***
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=5039198
Semiólogo, filósofo, escritor e professor universitário, Umberto Eco nasceu a 05 de janeiro de 1932 em Alessandria, no noroeste de Itália, na região de Piemonte. Em 1988 fundou o Departamento de Comunicação da Universidade de San Marino.
Umberto Eco estreou-se nos livros de ficção em 1980 com "O Nome da Rosa", que lhe valeu o Prémio Strega, em 1981.
A este livro, que foi traduzido em várias línguas, sucederam-se outros títulos, como "O Pêndulo de Foucault", "A ilha do dia antes", "Baudolino", "A misteriosa chama da rainha Loana" e "O cemitério de Praga".
No ano passado editou "Número Zero", que coloca questões sobre jornalismo e as novas plataformas digitais, escolhendo como cenário narrativo a redação de um jornal diário.
Umberto Eco, que lecionou entre outras, nas universidades norte-americanas de Yale e Harvard, assim como no Collège de France, é autor de uma vasta bibliografia ensaísta, citando-se, entre outros, "O signo", "Os limites da interpretação", "Kant e o ornitorrinco" e "Como se faz uma tese em Ciências Humanas", tendo dirigido e organizado obras como "História da beleza", "História do feio" e "História das terras e dos lugares lendários".
***"Sempre fui fascinado pelo falso, daí que colecione livros antigos falsos.
Sou um colecionador ateu, dos que não acreditam no que está nesses livros."

http://www.dn.pt/artes/interior/releia-a-ultima-entrevista-de-umberto-eco-ao-dn-5039296.html
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Número Zero ...?
Não, porque tudo o que conto neste livro, salvo a fantasia desse Braggadocio sobre o corpo de Mussolini, é verdadeiro, teve processos judiciais e já foi publicado. O pior do que conto no meu romance não é o que se fez de terrível, mas que as pessoas se estejam nas tintas para todos esses acontecimentos. Vejo que tudo entra por uma orelha e sai pela outra das pessoas, como se as coisas terríveis que se passaram há 50 anos não preocupem ninguém e sejam aceites tranquilamente.
Então, está livre de perigo?
Acho que ninguém me quer silenciar, pois não sou Roberto Saviano, que conta segredos da máfia atuais. Eu conto coisas sobre as quais até a BBC já fez um documentário.
***biografia
http://www.e-biografias.net/umberto_eco/
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Umberto_Eco
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Nada é mais nocivo para a criatividade do que o furor da inspiração
https://www.facebook.com/1535129433436680/photos/a.1536121986670758.1073741827.1535129433436680/1997507703865515/?type=3&theater
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21dez2016
Via Graça Silva
https://www.facebook.com/euamoleituraoficial/photos/a.389745621050934.107725.389742681051228/780838955274930/?type=3&theater
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10207096735991666&set=a.2557870900948.2121252.1079268289&type=3&theater
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Via Luis Silva:

https://portuguesdefacto.wordpress.com/2015/05/19/umberto-eco/
Di Samis percorria os dez metros que separavam o instituto da sala de aula como se fossem vinte: não seguia uma linha recta, mas uma curva, não sei se uma parábola ou uma elipse, dizendo em voz alta, «cá estamos, cá estamos!», depois entrava na sala de aula e sentava ‑se numa espécie de pódio esculpido — era de esperar que começasse com chamai ‑me Ismael.Através dos vitrais, a luz verde tornava cadavérico o seu rosto que sorria, maligno, enquanto os assistentes activavam o gravador. Então começava: «Ao contrário do que disse recentemente o meu valoroso colega professor Bocardo…», e por aí fora, durante duas horas.
tradução de Jorge Vaz de Carvalho, Lisboa, Gradiva, 2015, p.
***Via Citador

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Nada é mais nocivo para a criatividade do que o furor da inspiração.
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Um sonho é um escrito, e muitos escritos não são mais do que sonhos.
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Talvez a missão daqueles que amam a Humanidade seja fazer com que as pessoas se riam da verdade, porque a única verdade consiste em aprender a libertar-nos da paixão insana pela verdade.
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O bom de um livro é que se leia.
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A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhum ecrã e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional.
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O mundo está cheio de livros fantásticos que ninguém lê.
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Por vezes, um bom resumo pode dizer mais sobre um romance do que um livro de duzentas páginas.
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Temei os profetas e aqueles que estão dispostos a morrer pela verdade, pois, em geral, farão morrer muitos outros juntamente com eles, frequentemente antes deles, por vezes no lugar deles.
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O verdadeiro herói é sempre herói por engano; sonhou ser um cobarde honesto como todos os outros.
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Se a rendição à ignorância e chamá-la de Deus sempre foi prematuro, continua prematuro até hoje.
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Do livro O NOME DA ROSA
Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.
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Existe apenas uma coisa que excita os animais mais do que o prazer, é a dor.
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O riso é a fraqueza, a corrupção, a insipidez da nossa carne.
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Muitas vezes são os inquisidores a criar os heréticos.
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É sempre melhor que quem nos incute medo tenha mais medo do que nós.
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Nada inspira mais coragem ao medroso do que o medo alheio.
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Quando os verdadeiros inimigos são muito fortes, é preciso escolher inimigos mais fracos.
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Para ser tolerante, é preciso fixar os limites do intolerável.
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Eu definiria o efeito poético como a capacidade que um texto oferece de continuar a gerar diferentes leituras, sem nunca se consumir de todo.
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Do livro O PÊNDULO DE FOUCAULT
As pessoas nascem sempre sob o signo errado, e estar no mundo de forma digna significa corrigir dia a dia o próprio horóscopo.
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A arte só oferece alternativas a quem não está prisioneiro dos meios de comunicação de massas.
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in 'A Ilha do Dia Antes'
O Amor não Existe sem Ciúme
Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúmes pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo o custo razões de ciúme.
Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros. O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.
*Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros. O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.
Um Silêncio Cauto e Prudente é o Cofre da Sensatez
- (...) Vós quereis tentar a sorte na grande cidade, e sabeis bem que é lá que deveis gastar essa aura de valentia que a longa inacção dentro destas muralhas vos houver concedido. Procurareis também a fortuna, e devereis ser hábil a obtê-la. Se aqui aprendeste a escapar à bala de um mosquete, lá deveis aprender a saber escapar à inveja, ao ciúme, à rapacidade, batendo-vos com armas iguais com os vossos adversários, ou seja, com todos. E portanto escutai-me. Há meia hora que me interrompeis dizendo o que pensais, e com o ar de interrogar quereis mostrar-me que me engano. Nunca mais o façais, especialmente com os poderosos. Às vezes a confiança na vossa argúcia e o sentimento de dever testemunhar a verdade poderiam impelir-vos a dar um bom conselho a quem é mais do que vós. Nunca o façais. Toda a vitória produz ódio no vencido, e se se obtiver sobre o nosso próprio senhor, ou é estúpida ou é prejudicial. Os príncipes desejam ser ajudados mas não superados.
Mas sede prudente também com os vossos iguais. Não humilheis com as vossas virtudes. Nunca falei de vós mesmos: ou vos gabaríeis, que é vaidade, ou vos vituperaríeis, que é estultícia. Deixai antes que os outros vos descubram alguma pecha venial, que a inveja possa roer sem demasiado dano vosso. Devereis ser de bastante e às vezes parecer de pouco. A avestruz não aspira a erguer-se nos ares, expondo-se a uma exemplar queda: deixa descobrir pouco a pouco a beleza das suas plumas. E sobretudo, se tiverdes paixões, não as ponhais à vista, por mais nobres que vos pareçam. Não se deve consentir a todos o acesso ao nosso próprio coração. Um silêncio cauto e prudente é o cofre da sensatez.
*Mas sede prudente também com os vossos iguais. Não humilheis com as vossas virtudes. Nunca falei de vós mesmos: ou vos gabaríeis, que é vaidade, ou vos vituperaríeis, que é estultícia. Deixai antes que os outros vos descubram alguma pecha venial, que a inveja possa roer sem demasiado dano vosso. Devereis ser de bastante e às vezes parecer de pouco. A avestruz não aspira a erguer-se nos ares, expondo-se a uma exemplar queda: deixa descobrir pouco a pouco a beleza das suas plumas. E sobretudo, se tiverdes paixões, não as ponhais à vista, por mais nobres que vos pareçam. Não se deve consentir a todos o acesso ao nosso próprio coração. Um silêncio cauto e prudente é o cofre da sensatez.
É Virtude Dissimular a Virtude
- Vede, caro Roberto, o senhor de Salazar não diz que o sensato deve simular. Sugere-vos, se bem entendi, que deve aprender a dissimular. Simula-se o que não se é, dissimula-se o que se é. Se vos gabardes do que não fizestes, sois um simulador. Mas se evitardes, sem fazê-lo notar, mostrar em pleno o que fizestes, então dissimulais. É virtude acima de todas as virtudes dissimular a virtude. O senhor de Salazar está a ensinar-vos um modo prudente de ser virtuoso, ou de ser virtuoso de acordo com a prudência. Desde que o primeiro homem abriu os olhos e soube que estava nu, procurou cobrir-se até à vista do seu Fazedor: assim a diligência no esconder quase nasceu com o próprio mundo. Dissimular é estender um véu composto de trevas honestas, do qual não se forma o falso mas sim dá algum repouso ao verdadeiro.
A rosa parece bela porque à primeira vista dissimula ser coisa tão caduca, e embora da beleza mortal costume dizer-se que não parece coisa terrena, ela não é mais do que um cadáver dissimulado pelo favor da idade. Nesta vida nem sempre se deve ser de coração aberto, e as verdades que mais nos importam dizem-se sempre até meio. A dissimulação não é uma fraude. É uma indústria de não mostrar as coisas como são. E é indústria difícil: para nela ser excelente é preciso que os outros não reconheçam a nossa excelência. Se alguém ficasse célebre pela sua capacidade de camuflar-se, como os actores, todos saberiam que ele não é o que finge ser. Mas dos excelentes dissimuladores, que existiram e existem, não se tem notícia alguma.
- E notai - acrescentou o senhor de Salazar -, que convidando a dissimular não vos convidamos a permanecer mudo como um parvo. Pelo contrário. Deveis aprender a fazer com a palavra arguta o que não podeis fazer com a palavra aberta; a mover-vos num mundo que privilegia a aparência, com todos os desembaraços da eloquência, a ser tecelão de palavras de seda. Se as flechas perfuram o corpo, as palavras podem trespassar a alma.
A rosa parece bela porque à primeira vista dissimula ser coisa tão caduca, e embora da beleza mortal costume dizer-se que não parece coisa terrena, ela não é mais do que um cadáver dissimulado pelo favor da idade. Nesta vida nem sempre se deve ser de coração aberto, e as verdades que mais nos importam dizem-se sempre até meio. A dissimulação não é uma fraude. É uma indústria de não mostrar as coisas como são. E é indústria difícil: para nela ser excelente é preciso que os outros não reconheçam a nossa excelência. Se alguém ficasse célebre pela sua capacidade de camuflar-se, como os actores, todos saberiam que ele não é o que finge ser. Mas dos excelentes dissimuladores, que existiram e existem, não se tem notícia alguma.
- E notai - acrescentou o senhor de Salazar -, que convidando a dissimular não vos convidamos a permanecer mudo como um parvo. Pelo contrário. Deveis aprender a fazer com a palavra arguta o que não podeis fazer com a palavra aberta; a mover-vos num mundo que privilegia a aparência, com todos os desembaraços da eloquência, a ser tecelão de palavras de seda. Se as flechas perfuram o corpo, as palavras podem trespassar a alma.
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O Verdadeiro Filósofo
Se a ideia de Deus não é conhecida na natureza, deve portanto tratar-se de uma invenção humana... Mas não me olheis como se eu não tivesse sãos princípios e não fosse um fiel servidor do meu rei. Um verdadeiro filósofo não pretende de modo algum subverter a ordem natural das coisas. Aceita-a. Só pretende que o deixem cultivar os pensamentos que consolam uma alma forte. Para os outros, é uma sorte que existam papas e bispos para reter as multidões da revolta e do crime. A ordem do Estado exige uma uniformidade do comportamento, a religião é necessária ao povo e o sábio deve sacrificar parte da sua independência para que a sociedade se mantenha firme.
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entrevista
via
http://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/?p=4145