2020
III-CCCXXI-AVÔ
a SOLiDÃO é essencial para o arruMAR das ideias e do quero faZER.
*
1 prenda MARavILHA, de surpresa, inesperada: amores-perfeitos!
Coloquei, lado-a-lado com os brincos-de-princesa!
Vou renovar as floreiras! Vou diversificar. Reduzo as sardinheiras!
***
2019
2/321aVÔ
Há muito tempo do nosso dia, em que estamos sós, completamente sozinhos e tudo pode aconteCER: só!
*
Tenho ideias e projectos
mas
se não os concretizar
valem muito poucoo.
*
há muito bláblá e pouca obra.
*
rePARAR +1x no céu, no sol, nas NUvens, no tempoo que voa!
*
ando cuRIOso
quero saber +e+
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Ser feliz...Tantos que nem têm tempo para saberem se existe felicidade: o mundo deles é um mar de atroCIDADES.
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2018
UM+321avÔ
e quando eu não puder pensar e agir?
será que me deixo viver?
vegetar não!!!
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2017
321.avÔ
soRRir de dentro
d' ÂMAgo
é essencial
é energia
é corAGIR de qualidade
é para o abrir.unir.construir
é mAGIa
é SIMples
é envolvente
é animaDOR
é TERno
é marÉS de SIMpatia
é inspirAÇÃO
é imAGInAÇÃO
e dá muita teSÃO
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2018...face traz-me memórias deste dia:
A.M.Catarino estreia o " fabuloso projecto Fotografar palavras"...vai ser com CERteza +1 sucesso!!!
https://fotografarpalavras.blogspot.com/2018/01/986.html?fbclid=IwAR0TaaPhK5yzjGL-WgdVaAXp7_XPBtw-Xl-uFdSi95TrRZb0VphZUwLrF94
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2017
bravíssimoooooooooooo fotógrafo Eduardo Barrento...d' ALCOBAÇA que vos abRRaça...boas notícias: revista fev2017, NATIONAL Geographic Portugal...videomapping "UNIVERSALIS"..
https://www.facebook.com/municipioalcobaca/photos/a.180120852070484/1255129401236285/?type=3&theater
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ei portoooooooooooooooo...a minha querida filha trabalha neste extraordináRIO festival...aproveitem...
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2016
Porto da Pedra.Turquel...1 boa notícia.1 boa solução...d' ALCOBAÇA que vos abRRaça...Junta de Freguesia promove parque infantil e de adultos!!! http://uniralcobaca.blogspot.pt/…/537531jan20161244-novo-pa… ao tapar das arestas das pedras suporte dos aparelhos...
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2016/01/537531jan20161244-novo-parque-infantil.html
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será desta que é demolido o ex-SLAT? Na reunião de câmara de 27.jan2016 questionada a maioria pela CDU houve esta resposta: "Agora sim: houve adjudicação para 3 demolições: ex-Slat e b será demolido o quiosque e o prédio em Vale Maceira"... Estes 3 já estão para serem demolidos há mais 10 anos!!!
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2010/12/vergonha-do-ex-slat-continua-no-centro.html
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s.MARtinho do porto by Fernanda Matias
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1542007102794334&set=pcb.10153452449557992&type=3&theater
*
..Carlos Mendes ontem, em ALCOBAÇA que vos abRRaça, n1 esTUpendooooooooooo conCERto, rELEVOU a importância do poeta Joaquim Pessoa ... curioso: tds os dias estou a partILHArr 3 poemas dele...cantou uma inédita com o poema ILHA: "Houve uma Ilha em Ti
Houve uma ilha em ti que eu conquistei.
Uma ilha num mar de solidão.
Tinha um nome a ilha onde morei.
Chamava-se essa ilha Coração.
Houve uma ilha em ti que eu conquistei.
Uma ilha num mar de solidão.
Tinha um nome a ilha onde morei.
Chamava-se essa ilha Coração.
Que saudades do tempo que passei.
Nenhum desses momentos foi em vão.
Do teu corpo, de ti, já nada sei.
Também não sei da ilha, não sei, não.
Nenhum desses momentos foi em vão.
Do teu corpo, de ti, já nada sei.
Também não sei da ilha, não sei, não.
Só sei de mim, coberto de raízes.
Enterrei os momentos mais felizes.
Vivo agora na sombra a recordar.
Enterrei os momentos mais felizes.
Vivo agora na sombra a recordar.
A ilha que eu amei já não existe.
Agora amo o céu quando estou triste
por não saber do coração do mar."
Agora amo o céu quando estou triste
por não saber do coração do mar."
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'
https://www.youtube.com/watch?v=H1QunUv41gY
2015...face traz-me memórias deste dia:
A UNIÃO EUROPEIA E O EURO SERVIRAM PARA ENRIQUECER A ALEMANHA - +1 ESTUDO imperdível DO CAMARADA EUGÉNIO ROSA
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/950631jan201520h-uniao-europeia-e-o.html
*
hj é dia de PODEMOS em Espanha...
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/950431jan20151212-podemos-em-espanha.html
*
termina a exposição de
miniaturas Bombeiros
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/12/922915dez201488-de-13dez2014-31jna2015.html
*
21.30'
Dead Com em Alcobaça
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/943520jan20151711-programacao-do-cine.html
*
15h
Mar-PCP-Peniche
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/950030jan2015744-pcp-peniche-o.html
*
Nuno Santos Violin e Zé Pinto...e Gibran: A MÚSICA É A LINGUAGEM DOS ESPÍRITOS....e as paREDES da VITÓRIA d' ALCOBAÇA que vos abRRaça
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1431017327189818&set=a.1378592705765614.1073741828.100008446928071&type=3&theater
***
2014...face traz-me memórias deste dia:
uma das MARCAS d' ALCOBAÇA que vos abRRaça..Frasco e garrafa da ATLANTIS de grandes operários.escultores d' ALCOBAÇA
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/01/745531jan20141636-frasco-e-garrafa-de.html
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PCP na linha certa...Hj na ARepública...
https://www.youtube.com/watch?v=LP53Y9PDlDI&feature=youtube_gdata
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CGTP na linha certa!!! amanhã há luta, nomeadamente, em Leiria (mercado de santana)...Não há outro caminho!!!
https://www.facebook.com/cgtp.portugal/photos/a.415861997914.206032.275330872914/10152238463782915/?type=3&theater
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2012...face traz-me memórias deste dia:
3fev18h Valado dos Frades e noutras estações da Linha do oeste...Luta com vigília!!!
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=298902750158310&set=a.108395405875713.4279.100001157619592&type=3&theater
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agiotas de td o mundo, com o apoio de passos.portas.cavaco comem do nosso magro salário, dão cabo dos pequenos e médios empresários, fomentam o desemprego e a fome...11fev temos que estar no terreiro do POVO!!!
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=378499012165392&set=a.178071608874801.50199.100000158898650&type=3&theater
*
no sábado 11fev vamos encher o terreiro de POVO e fazer daquela Praça a grande Praça de luta contra os agiotas e quem os apoia!!!
http://www.pcp.pt/sobre-os-dados-do-eurostat-do-desemprego-em-dezembro
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está cada x+ actual...
Marx vai aterrar em maio em Lisboa
jornal i
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e pronto hj x AQUI, foi dia do teen de 77anos e assumo:
Cohen
https://www.youtube.com/watch?v=NGorjBVag0I&list=RDNGorjBVag0I#t=1
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aquele povo que resiste ao embargo americano, como consegue surpreender com cura do cancro do pulmão e agora da parkinson...viva CHE.Fidel.e o povo cubano!!!
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2011...face traz-me memórias deste dia:
gis...amarELO...1 bELA pRENDA...depois de DD's e BB's...
https://www.youtube.com/watch?v=1MwjX4dG72s&list=RD1MwjX4dG72s
***
hj é dia de mAGIarr...urge mui imAGInAÇÃO...
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/01/950531jan20151234-dia-internacional-do.html
***
O dia ao contrário
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2017/01/615131jan201788-o-dia-ao-contrario.html
***
1989
morreu Fernando Namora
"Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha história
da nau que partiu
e se perdeu,
não contes, amor, não contes
que o mar és tu
e a nau sou eu.
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/04/78048abril20141355-fernando-namora.html
***
1797...Shubert..."Não existe música alegre."
“Sinto-me o homem mais infeliz e desventurado deste mundo. Creio que nunca voltarei a estar bem, e tudo o que faço para tentar melhorar minha situação, na realidade, a torna pior."
https://uniralcobaca.blogspot.com/2018/11/351919novembro201899-franz-shubert.html
https://www.youtube.com/watch?v=ZpA0l2WB86E&list=RDZpA0l2WB86E#t=0
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1876
morreu José Brusco Júnior
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/02/962920fev20151650-jose-rodrigues-brusco.html
***
1937
Philip Glass
https://www.youtube.com/watch?v=w4-W4qjsBi4&list=PLAEB3184D6523AEB3
*
https://www.youtube.com/watch?v=4r_DvtPXgOY&index=5&list=RDQcmsoYLjVXk
***
Após o 25 de abril foi/é Dia Nacional do Sargento!...
1891...dia da revolta do 31 janeiro...Sempre a mesma luta pela soberania nacional, pela justiça, pela democracia!!!
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2016/01/941531jan20161033-revolta-do-31-de.html
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1943...2.ª Grande Guerra... As forças militares alemãs/nazis, estavam cercadas em Estalinegrado, há meses: rendem-se, neste dia, ao Exército Vermelho/Soviético...Há muita Fake news sobre a história, sobre o "terrível" exército vermelho... Mas se não fosse a bravura e a organização deste exército, quantos anos mais tínhamos que viver com o nazismo?...Os aliados só apareceram quando o exército vermelho começou a libertar sucessivas nações invadidas por Hitler/exército...O desembarque na Normandia só foi quase no fim da guerra...
https://uniralcobaca.blogspot.com/2017/11/74168novembro20171331-2-grande-guerra.html
***
e a poesia de Joaquim Pessoa:
2012
hj e sempre com pitadinhas de Joaquim Pessoa para aniMAR o dia...
2012
*
2014
fazem mbem as pitadinhas de Joaquim Pessoa
.AINDA ONTEM TINHA VINTE ANOS Ainda ontem tinha vinte anos e era dono do tempo. A minha mãe ainda me julgava o seu menino. E eu era já um homem seguro de mim, carregado de certezas, como acontece sempre que se tem vinte anos. Naquela altura tudo era exacto, tudo podia ser medido e comparado, nada tinha força para se comparar com a sabedoria de um jovem. O menino que era eu, foi ensinado pelo tempo, esse velho alfarrabista que guarda o segredo da eterna juventude. Tudo se foi modificando, o nascimento de algumas coisas significou a morte de outras, dentro de mim e fora de mim o futuro foi-se construindo com o passado, e entre alegrias breves aninharam-se inseguranças e fundas frustrações. Trinta anos depois restam poucas certezas, aprendi que não é o galo que canta para que nasça o dia mas é o dia que acorda o galo para que cante. Aprendi que a vida tem milhões de perguntas e que tinha de procurar nos outros respostas para mim, para achar em mim resposta para os outros. Soube dar um braço a torcer para que não houvesse força que pudesse torcer-me o outro braço. E vi que a vida tem todas as portas abertas. Fechei algumas, atravessei por outras, esperando encontrar um mundo diferente. Mas as diferenças que achei estavam em mim. Quis alterar o mundo com um livro e escrevi-o. Depois, alterei-o de acordo com o mundo. A minha vida teve muitas vidas que procurei entrelaçar como o cesteiro faz o cesto. Aprendi que a primeira realidade sobre o que ouvi falar é que nunca soube se estava a ouvir falar da realidade. E que um momento doce de ilusão pode doer mais do que a realidade mais amarga. E agora sei que não é pior caminhar contra o vento se o vento não estiver a meu favor. E que a grande árvore da amizade não pode viver sem os seus ramos, mas para que cresça mais e dê melhores frutos é preciso ir podando alguns deles. Hoje existem vozes diferentes na minha voz e eu utilizo-as para fortalecer as minhas opiniões sem falar nunca em nome dos outros. E não me sinto obrigado a dizer a alguém, seja o que for. Importante é sentir vontade de dizer alguma coisa a quem quer que seja. E aprendi que falar não é o contrário de estar calado, que a lâmpada não tem culpa de ter falhado a energia, e que não é preciso estar acordado vinte e quatro horas por dia para não perder nada do que me é devido. Sei agora que a sedução é um jogo para o qual todos os dias treino e que todos os dias jogo. E que por vezes a verdade é a mais verdadeira das mentiras possíveis. "Que achas de mim?" é uma pergunta que devo fazer mais vezes a mim do que aos outros. E saber quantos milhões de estrelas tem uma galáxia é menos importante que encontrar as poucas palavras para terminar uma conversa. Sei que muito do que é humano ajudou a construir o homem, e que em relação ao tempo a única vitória é também a única derrota: gastá-lo. Ah!, e sei que é bom acordar duas vezes no mesmo dia. E que a lógica das cores não é a lógica das imagens. E que nem as cores nem as imagens sabem que existe qualquer lógica. Aprendi também que se precisar de um cretino o devo tratar por Dr. Cretino e que, quando se perde uma pessoa que se ama, custa tanto lembrá-la como esquecê-la. Sei que a justiça me dispensa a coragem, que posso tornar-me sábio pela sabedoria dos outros, mas se não possuir os meus próprios méritos de nada vale exibir os méritos do meu pai. Também sei que, com excepção dos progressistas, todos me falam de progresso e que quando o céu está nublado a primeira impressão é a de que as estrelas não existem. Aprendi que não adianta ser rápido antes do tempo nem depois da oportunidade. E que o vento que derruba as grandes árvores não consegue mais do que inclinar os pequenos arbustos. Hoje não considero generosidade oferecer o que me pedem porque generoso é aquele que dá antes de lhe pedirem. Acredito que existe uma só sede e muitas maneiras de a extinguir e que se, por erro, cair num precipício poucas possibilidades tenho de me arrepender. Ensinou-me a vida que se me humilhar não posso esperar dos outros mais que humilhação. E que poderei retirar ouro de uma rocha mas não posso exigir que ela me dê água. Tenho percebido que o silêncio é de ouro num mercado de palavras baratas. E que os olhos ricos em lágrimas são pobres em sono. Que é mais fácil reconhecer a qualidade que defini-la, e que para ser elogiado basta que dê um pouco de mim ou até menos do que um pouco. Sei ainda que para o pássaro o céu e a árvore têm as mesmas raízes, que o tempo que amadurece os frutos amadurece também os homens e, por isso, aquilo que perdi continua a ser meu enquanto o procurar. * in VOU-ME EMBORA DE MIM, 2.ª Ed., 2002
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10201122203206239&set=gm.682330405142406&type=3&theater
Nenhuma morte apagará os beijos
Nenhuma morte apagará os beijos
e por dentro das casas onde nos amámos
ou pelas ruas clandestinas da grande cidade livre
estarão sempre vivos os sinais de um grande amor,
esses densos sinais do amor e da morte com que se vive a vida.
Ai estarão de novo as nossas mãos.
E nenhuma dor será possível onde nos beijamos.
Eternamente apaixonados, meu amor. Eternamente livres.
Prolongaremos em todos os dedos os nossos gestos e, profundamente, no peito dos amantes, a nossa alma liquida e atormentada
desvendará em cada minuto o seu segredo para que este amor se prolongue e noutras bocas ardam violentos de paixão os nossos beijos
e os corpos se abracem mais e se confundam mutuamente violando-se, violentando a noite para que outro dia, afinal, seja possível.
*
https://www.facebook.com/112890882080018/photos/a.114014221967684.7650.112890882080018/797593826943050/?type=1&theater
in O POUCO É PARA ONTEM (Litexa, 2008)
POEMA XLVIII
Deitei-me na tua cama
com as mãos cheias de nada.
Deitei-me na tua cama
sem saber da madrugada.
Deitei-me na tua cama
com minha pele tatuada
pelo silêncio das pedras
em água desesperada.
Senti perfumes, palácios,
palmas, promessas, países,
portos, poentes, palavras
nas minhas mãos infelizes.
Em momentos, em minutos,
cruzei mares, vi marés
e a mágoa maior de todas
de não saber quem tu és.
Deitei-me na tua cama
para beijar os teus pés.
Deitei-me na tua pele
como se fosse o cetim
dos lençóis do meu desejo
da fome de ter-te assim
e mergulhar no teu corpo
sempre à procura de mim.
E vi os braços dos pobres
erguendo luzes e chamas,
brilhos tirados do sol
que encheram todas as camas.
Senti os braços da noite
poisarem sobre os meus braços
quando tudo me pediste:
beijos, silêncios, cansaços.
Quando tudo tinha um nome
feito com fios de nada
eu dormi na tua cama
sem saber da madrugada,
fiz amor na tua cama
com minha pele tatuada
pelo silêncio das pedras
em água desesperada.
Arte de ©Anne Patay (Yat), França
*(LT)
POEMA XLVIII
Deitei-me na tua cama
com as mãos cheias de nada.
Deitei-me na tua cama
sem saber da madrugada.
Deitei-me na tua cama
com minha pele tatuada
pelo silêncio das pedras
em água desesperada.
Senti perfumes, palácios,
palmas, promessas, países,
portos, poentes, palavras
nas minhas mãos infelizes.
Em momentos, em minutos,
cruzei mares, vi marés
e a mágoa maior de todas
de não saber quem tu és.
Deitei-me na tua cama
para beijar os teus pés.
Deitei-me na tua pele
como se fosse o cetim
dos lençóis do meu desejo
da fome de ter-te assim
e mergulhar no teu corpo
sempre à procura de mim.
E vi os braços dos pobres
erguendo luzes e chamas,
brilhos tirados do sol
que encheram todas as camas.
Senti os braços da noite
poisarem sobre os meus braços
quando tudo me pediste:
beijos, silêncios, cansaços.
Quando tudo tinha um nome
feito com fios de nada
eu dormi na tua cama
sem saber da madrugada,
fiz amor na tua cama
com minha pele tatuada
pelo silêncio das pedras
em água desesperada.
Arte de ©Anne Patay (Yat), França
*(LT)
**
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=801503043218194&set=gm.882924945082950&type=1&theater
Dia 102.
Dia cento e dois.
Cerca de três meses e meio. Pouco mais de um trimestre. O tempo
de uma estação do ano. Sensivelmente dez semanas vezes sete dias
vezes vinte e quatro horas vezes sessenta minutos vezes sessenta
segundos. Tantas formas de medir o tempo, de tentar segurar o
inalcançável. Algures no caminho, deixei de me sentir culpado. Não estou
exausto, não estou preocupado, nem sequer estou só. Nunca estarei só.
Mas nunca estarás ao meu lado. Amo-te, mas não olhes para mim agora.
Ainda não te perdi e já tenho saudades tuas. Da tua voz, do teu cheiro, da
tua roupa espalhada pela casa. A nossa história, de tão verdadeira, é
fictícia. Foi animada como uma noitada com amigos. Hoje é um caso
arquivado. Onde estivémos todos estes anos? Que diferença faz a
indiferença? O nosso entusiasmo do tamanho do mundo é agora uma
aldeia estranha, um espaço acanhado onde ninguém se reconhece.
Não tivémos a coragem de pisar o risco, de trocar todos os dias por cada um
dos nossos dias. A tua juventude e a minha juventude não voltarão a tocar-se,
vamos a caminho de outro tempo.
Um tempo onde não há tempo para voltar atrás.
in ANO COMUM, 2ª Ed.
Editora Edições Esgotadas
**
Dia 140.
*
No fundo do alguidar jaz a lampreia. Animal rouco, louco, curvo,
uma espécie de nó desamarrado e, no final uma corda, um cabo
cortado aos pedaços, saído renitentemente das águas e comido
sofregamente em terra.
A lampreia é o prodígio, a ciência, a respiração das pálpebras e
o sangue que ilumina a paixão na pátria da saliva, animal brilhan-
do em sacrifício, partido como um poema.
Irmã lampreia, furiosa flecha saída do centro de uma estrela, for-
ma limpida de morrer, dançarina da minha fome imperdoável.
O teu porte, o teu sangue, são imperdíveis desafios. Tu morres
por mim, eu morro por ti. Da tua obscuridade rebentou esta luz.
Tu dás-me prazer. Eu dou-te o arroz.
uma espécie de nó desamarrado e, no final uma corda, um cabo
cortado aos pedaços, saído renitentemente das águas e comido
sofregamente em terra.
A lampreia é o prodígio, a ciência, a respiração das pálpebras e
o sangue que ilumina a paixão na pátria da saliva, animal brilhan-
do em sacrifício, partido como um poema.
Irmã lampreia, furiosa flecha saída do centro de uma estrela, for-
ma limpida de morrer, dançarina da minha fome imperdoável.
O teu porte, o teu sangue, são imperdíveis desafios. Tu morres
por mim, eu morro por ti. Da tua obscuridade rebentou esta luz.
Tu dás-me prazer. Eu dou-te o arroz.
in ANO COMUM, 2.ª ed.
Editora Edições Esgotadas.
Editora Edições Esgotadas.
