18sete2015
artigo de opinião da Ana Margarida Martinho
Demolir a História, a Memória e o Tempo - II
http://www.regiaodecister.pt/pt/opiniao/demolir-historia-memoria-e-o-tempo-ii
O território do antigo couto de Alcobaça foi, ao longo do tempo, desprovido de uma parte significativa do seu Património Cultural, quer pelas vicissitudes da História quer pela imprevidência dos homens. O desaparecimento de algumas peças deste imenso e valiosíssimo acervo, sabiamente concebido e norteado pelos Cistercienses, constitui, com efeito, uma perda irremediável para a leitura inteligível desta vasta região que D. Afonso Henriques doou à Ordem de Cister.
Reiteramos que a Ermida de São Pedro do Carrascal não deve ser demolida.
Apelamos às autoridades competentes, nomeadamente à Câmara Municipal de Alcobaça, titular do poder de decisão, uma vez que a capela não está classificada, que atente pela salvaguarda da única marca identitária da aldeia do Carrascal, pertencente à freguesia de Aljubarrota.
Assumimos uma posição a favor da salvaguarda desta ermida, pelas razões que passamos a enumerar:
1.Esta construção faz parte de um conjunto de quatro ermidas da mesma época, estando as demais implantadas nas povoações de Carvalhal, Chiqueda e Lameira. O conjunto edificado inseria-se na paróquia de Santa Maria de Aljubarrota, uma das quatro freguesias mais antigas do couto cisterciense de Alcobaça, respeitante ao século XIII.
2. O núcleo constituído pelas quatro ermidas está comprovado pela documentação seiscentista, sendo referenciado na obra “Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria”, Capítulo 44.º, nos seguintes termos: “No lugar do Carvalhal há uma Ermida, da invocação de Santo Amaro; não tem capela, nem é forrada, nem tem sacristia, nem sino; é ladrilhada de tijolo; a imagem do Santo e a de Santa Luzia, que estão no altar, são de vulto. No Pisso do Soão, outra, da invocação de S. Brás, imagem de vulto; não tem capela, nem nicho, nem retábulo, nem sacristia, nem sino, nem é forrada. No Lugar do Carrascal, outra, da invocação de S. Pedro, imagem de vulto; sem retábulo, nem nicho, nem sacristia, nem sino, nem é forrada; que todas foram feitas e são fabricadas pelos moradores dos mesmos lugares, por serem para a administração dos sacramentos. Há mais, em despovoado, uma Ermida muito antiga, da invocação de S. Romão, imagem de vulto; sem retábulo, nem nicho, nem sacristia, nem sino, nem é forrada, mas é ladrilhada de tijolos e tem alpendre com colunas; teve Confraria; alguns devotos, por devoção, a fabricam; no mesmo altar está S. Bento, de vulto”.
3.A edificação deste grupo de ermidas foi custeada pelos habitantes das respectivas aldeias; não raras as vezes, o isolamento e o afastamento da igreja matriz criavam a necessidade da existência de espaços de oração e da prática dos sacramentos, sobretudo da comunhão, apoiando também o serviço de viático feito aos doentes e enfermos. Por conseguinte, as supramencionadas ermidas são, naturalmente, uma expressão do desenvolvimento social e demográfico, bem como dos sentimentos religiosos e espirituais da comunidade.
4.A ermida faz parte da história do lugar, e está intrinsecamente associada à antiga festividade em honra do orago São Pedro.
5.Se este núcleo de ermidas resistiu à contingência dos Tempos, subsistindo até ao século XXI, porquê demolir, agora, um dos elementos deste conjunto? Não será mais sensata e ajustada uma decisão que incida sobre a construção de uma nova igreja num local que reúna o consenso da população, permitindo manter o único elemento que atesta a antiguidade da aldeia do Carrascal?
Para que a região de Alcobaça não permaneça apenas como um ponto de passagem fugaz pelo Mosteiro de Santa Maria, que é, tão-somente, um dos maiores complexos monásticos cistercienses da Europa, afigura-se, com toda a certeza, prioritário o exame veemente de um território cuja essência não pode, nem deve, ser esquartejada.
***Falar com especialistas...Os técnicos da Câmara pronunciaram-se?
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Há documentação histórica desta ermida???
Em que data foi construída?
séc XVII???...
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O Carrascal era um dos lugares mais povoados da paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres de Aljubarrota
Festa em honra de S. Pedro (património imaterial....)
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É melhor ponderar...Se o património imaterial é tão importante, será que esta ermida não tem algo de precioso a relevar???
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Os restauros "populares" multiplicam-se por todo o concelho e pela freguesia de Aljubarrota...
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Urge saber se o edifício mais antigo de um lugar não deve ser preservado
apesar de todos estarem a favor da demolição...
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A nova igreja a ser construída vai ficar em cima das casas, sem adro...Não seria de estudar um espaço mais amplo?
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Só hj , 20fev2015, cheguei a esta notícia!!!
Via Alcoa
No passado dia 14 de novembro a população do Carrascal, freguesia de Aljubarrota, foi convocada para uma reunião com o objetivo de decidir o futuro da sua igreja. “Com um voto contra e uma abstenção foi decidido que a igreja do Carrascal vai ser demolida”, afirmou José Lourenço, presidente de junta de Aljubarrota, que também foi convocado a participar. “A igreja já não tem condições, é muito húmida e muito fria porque é toda de pedra”, avançou. De acordo com o presidente, ninguém sabe ao certo quantos anos tem a igreja, mas as últimas obras realizadas foram em 1974. Maria do Céu, membro da comissão responsável pelas obras da igreja, explicou que a intenção é demolir a igreja existente e construir uma nova.
(Saiba mais na edição em papel de 27 de novembro de 2014)
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22fev2015:
PEDRO PENTEADO
convidou amigos especialistas a pronunicarem-se...
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PEDRO PENTEADO
convidou amigos especialistas a pronunicarem-se...
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Via Carlos Fidalgo:
" Bom. Se o destino for a demolição pelo menos que seja acompanhada por alguém ligado à arqueologia. Nunca se sabe o que se pode encontrar nessas paredes. Muitas vezes aparece material reutilizado de outros templos mais antigos. Espero que pelo menos tenham isso em consideração."
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10203211322581908&set=p.10203211322581908&type=1&theater" Bom. Se o destino for a demolição pelo menos que seja acompanhada por alguém ligado à arqueologia. Nunca se sabe o que se pode encontrar nessas paredes. Muitas vezes aparece material reutilizado de outros templos mais antigos. Espero que pelo menos tenham isso em consideração."
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http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1536
Descrição |
Planta longitudinal orientada a SE. Volume composto pela massa única da ermida e adossamento da sacristia. Cobertura em telhado homogéneo de 2 águas sobre o templo e de aba corrida sobre a sacristia. Frontispício de pano único em empena triangular com sineira de arco de volta perfeita, rematada por cruz latina; portal de moldura recta; patim com lance de escadas a cada um dos dois lados; fachada NE., adossamento da sacristia (mais baixa que a nave) onde se abre pequena janela quadrangular; fachada NO. em empena triangular, com porta de acesso à sacristia; fachada SO. com a única janela que ilumina a ermida. INTERIOR: nave única; pavimento lajeado a toda a volta e de madeira; cobertura de 3 planos revestida a palha prensada. |
Acessos |
Lugar do Carrascal, na Rua Principal |
Protecção |
Inexistente |
Grau |
3 – imóvel ou conjunto de acompanhamento que, sem possuir características individuais a assinalar, colabora na qualidade do espaço urbano ou na ligação do tempo com o lugar, devendo ser preservado em tal medida. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Valor Concelhio / Imóvel de Interesse Municipal e outras classificações locais. |
Enquadramento |
Urbano; isolado, implantação harmoniosa; localiza-se na parte mais baixa da povoação, acompanhando o declive desta. |
Descrição Complementar |
No frontespício uma lápide tem a seguinte inscrição: ESTA CAPELA FOI / RESTAURADA PELA/ COMISSÃO DE 73-74/ COM AJUDA DO POVO. |
Utilização Inicial |
Religiosa: ermida |
Utilização Actual |
Religiosa: igreja |
Propriedade |
Privada: Igreja Católica (Diocese de Leiria - Fátima) |
Afectação |
Sem afetação |
Época Construção |
Séc. 17 (conjectural) |
Arquitecto / Construtor / Autor |
Desconhecido. |
Cronologia |
Séc. 17 - hipotética construção da capela. |
Dados Técnicos |
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais |
Estruturas de alvenaria e cantaria; cobertura a telha (exterior) e revestida a palha (interior); reboco a cal; pavimento lajeado e em madeira. |
Bibliografia |
O Couseiro. Memórias do Bispado de Leiria, (clérigo anónimo), s.d. |
Documentação Gráfica |
CMAlcobaça |
Documentação Fotográfica |
IHRU: DGEMN/DSID; CMAlcobaça |
Documentação Administrativa |
Intervenção Realizada |
COMISSÃO DE FESTAS: 1973 / 1974 - restauro da capela. |
Observações |
Inventário da CMAlcobaça n.º 13015. |
Autor e Data |
Lurdes Perdigão 1995 |
Actualização
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Do facebook de Carlos Fidalgo
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