20/02/2015

9.621.20fev2015.7.55') Ermida do Carrascal...É mesmo para demolir??? O povo votou maioritariamente a demolição...Não é de ponderar melhor?

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18sete2015
artigo de opinião da Ana Margarida Martinho

Demolir a História, a Memória e o Tempo - II

Retrato de Ana Margarida Martinho
http://www.regiaodecister.pt/pt/opiniao/demolir-historia-memoria-e-o-tempo-ii
O território do antigo couto de Alcobaça foi, ao longo do tempo, desprovido de uma parte significativa do seu Património Cultural, quer pelas vicissitudes da História quer pela imprevidência dos homens. O desaparecimento de algumas peças deste imenso e valiosíssimo acervo, sabiamente concebido e norteado pelos Cistercienses, constitui, com efeito, uma perda irremediável para a leitura inteligível desta vasta região que D. Afonso Henriques doou à Ordem de Cister.
Reiteramos que a Ermida de São Pedro do Carrascal não deve ser demolida.
Apelamos às autoridades competentes, nomeadamente à Câmara Municipal de Alcobaça, titular do poder de decisão, uma vez que a capela não está classificada, que atente pela salvaguarda da única marca identitária da aldeia do Carrascal, pertencente à freguesia de Aljubarrota.
Assumimos uma posição a favor da salvaguarda desta ermida, pelas razões que passamos a enumerar:
1.Esta construção faz parte de um conjunto de quatro ermidas da mesma época, estando as demais implantadas nas povoações de Carvalhal, Chiqueda e Lameira. O conjunto edificado inseria-se na paróquia de Santa Maria de Aljubarrota, uma das quatro freguesias mais antigas do couto cisterciense de Alcobaça, respeitante ao século XIII.
2. O núcleo constituído pelas quatro ermidas está comprovado pela documentação seiscentista, sendo referenciado na obra “Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria”, Capítulo 44.º, nos seguintes termos: “No lugar do Carvalhal há uma Ermida, da invocação de Santo Amaro; não tem capela, nem é forrada, nem tem sacristia, nem sino; é ladrilhada de tijolo; a imagem do Santo e a de Santa Luzia, que estão no altar, são de vulto. No Pisso do Soão, outra, da invocação de S. Brás, imagem de vulto; não tem capela, nem nicho, nem retábulo, nem sacristia, nem sino, nem é forrada. No Lugar do Carrascal, outra, da invocação de S. Pedro, imagem de vulto; sem retábulo, nem nicho, nem sacristia, nem sino, nem é forrada; que todas foram feitas e são fabricadas pelos moradores dos mesmos lugares, por serem para a administração dos sacramentos. Há mais, em despovoado, uma Ermida muito antiga, da invocação de S. Romão, imagem de vulto; sem retábulo, nem nicho, nem sacristia, nem sino, nem é forrada, mas é ladrilhada de tijolos e tem alpendre com colunas; teve Confraria; alguns devotos, por devoção, a fabricam; no mesmo altar está S. Bento, de vulto”. 
3.A edificação deste grupo de ermidas foi custeada pelos habitantes das respectivas aldeias; não raras as vezes, o isolamento e o afastamento da igreja matriz criavam a necessidade da existência de espaços de oração e da prática dos sacramentos, sobretudo da comunhão, apoiando também o serviço de viático feito aos doentes e enfermos. Por conseguinte, as supramencionadas ermidas são, naturalmente, uma expressão do desenvolvimento social e demográfico, bem como dos sentimentos religiosos e espirituais da comunidade.
4.A ermida faz parte da história do lugar, e está intrinsecamente associada à antiga festividade em honra do orago São Pedro.
5.Se este núcleo de ermidas resistiu à contingência dos Tempos, subsistindo até ao século XXI, porquê demolir, agora, um dos elementos deste conjunto? Não será mais sensata e ajustada uma decisão que incida sobre a construção de uma nova igreja num local que reúna o consenso da população, permitindo manter o único elemento que atesta a antiguidade da aldeia do Carrascal?
Para que a região de Alcobaça não permaneça apenas como um ponto de passagem fugaz pelo Mosteiro de Santa Maria, que é, tão-somente, um dos maiores complexos monásticos cistercienses da Europa, afigura-se, com toda a certeza, prioritário o exame veemente de um território cuja essência não pode, nem deve, ser esquartejada.
***Falar com especialistas...
Os técnicos da Câmara pronunciaram-se?
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Há documentação histórica desta ermida???
Em que data foi construída?
séc XVII???...
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O Carrascal era um dos lugares mais povoados da paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres de Aljubarrota
Festa em honra de S. Pedro (património imaterial....)
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É melhor ponderar...Se o património imaterial é tão importante, será que esta ermida não tem algo de precioso a relevar???
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Os restauros "populares" multiplicam-se por todo o concelho e pela freguesia de Aljubarrota...
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Urge saber se o edifício mais antigo de um lugar não deve ser preservado
apesar de todos estarem a favor da demolição...
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A nova igreja a ser construída vai ficar em cima das casas, sem adro...Não seria de estudar um espaço mais amplo?
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Só hj , 20fev2015, cheguei a esta notícia!!!
Via Alcoa
Principal Igrejasite
http://www.oalcoa.com/igreja-do-carrascal-sera-demolida-para-construcao-de-novo-templo/


No passado dia 14 de novembro a população do Carrascal, freguesia de Aljubarrota, foi convocada para uma reunião com o objetivo de decidir o futuro da sua igreja. “Com um voto contra e uma abstenção foi decidido que a igreja do Carrascal vai ser demolida”, afirmou José Lourenço, presidente de junta de Aljubarrota, que também foi convocado a participar. “A igreja já não tem condições, é muito húmida e muito fria porque é toda de pedra”, avançou. De acordo com o presidente, ninguém sabe ao certo quantos anos tem a igreja, mas as últimas obras realizadas foram em 1974. Maria do Céu, membro da comissão responsável pelas obras da igreja, explicou que a intenção é demolir a igreja existente e construir uma nova.
(Saiba mais na edição em papel de 27 de novembro de 2014)
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22fev2015:
PEDRO PENTEADO
convidou amigos especialistas a pronunicarem-se...
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Via Carlos Fidalgo:
" Bom. Se o destino for a demolição pelo menos que seja acompanhada por alguém ligado à arqueologia. Nunca se sabe o que se pode encontrar nessas paredes. Muitas vezes aparece material reutilizado de outros templos mais antigos. Espero que pelo menos tenham isso em consideração."
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10203211322581908&set=p.10203211322581908&type=1&theater
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http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1536

Descrição

Planta longitudinal orientada a SE. Volume composto pela massa única da ermida e adossamento da sacristia. Cobertura em telhado homogéneo de 2 águas sobre o templo e de aba corrida sobre a sacristia. Frontispício de pano único em empena triangular com sineira de arco de volta perfeita, rematada por cruz latina; portal de moldura recta; patim com lance de escadas a cada um dos dois lados; fachada NE., adossamento da sacristia (mais baixa que a nave) onde se abre pequena janela quadrangular; fachada NO. em empena triangular, com porta de acesso à sacristia; fachada SO. com a única janela que ilumina a ermida. INTERIOR: nave única; pavimento lajeado a toda a volta e de madeira; cobertura de 3 planos revestida a palha prensada.

Acessos

Lugar do Carrascal, na Rua Principal

Protecção

Inexistente

Grau

3 – imóvel ou conjunto de acompanhamento que, sem possuir características individuais a assinalar, colabora na qualidade do espaço urbano ou na ligação do tempo com o lugar, devendo ser preservado em tal medida. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Valor Concelhio / Imóvel de Interesse Municipal e outras classificações locais.

Enquadramento

Urbano; isolado, implantação harmoniosa; localiza-se na parte mais baixa da povoação, acompanhando o declive desta.

Descrição Complementar

No frontespício uma lápide tem a seguinte inscrição: ESTA CAPELA FOI / RESTAURADA PELA/ COMISSÃO DE 73-74/ COM AJUDA DO POVO.

Utilização Inicial

Religiosa: ermida

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Leiria - Fátima)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 (conjectural)

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - hipotética construção da capela.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estruturas de alvenaria e cantaria; cobertura a telha (exterior) e revestida a palha (interior); reboco a cal; pavimento lajeado e em madeira.

Bibliografia

O Couseiro. Memórias do Bispado de Leiria, (clérigo anónimo), s.d.

Documentação Gráfica

CMAlcobaça

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMAlcobaça

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

COMISSÃO DE FESTAS: 1973 / 1974 - restauro da capela.

Observações

Inventário da CMAlcobaça n.º 13015.

Autor e Data

Lurdes Perdigão 1995

Actualização

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Do facebook de Carlos Fidalgo

Na "Corografia portuguesa, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal (...)" já se faz referência a essa igreja. Isto faz-me lembrar o que aconteceu com a Igreja da Martingança. Não poderia ser opção manter esta e construir uma nova, noutro local da Freguesia?
  • Carlos Fidalgo É do Carrascal e não do Carvalhal.
  • Carlos Fidalgo Será esta? Século XVI. Claramente a preservar. Qual o papel da DGPC neste caso? Qual o papel da Câmara de Alcobaça neste assunto.
  • Maria Da Luz Moreira Carlos, é a do Carrascal ou a do Carvalhal? Coloquei umas informações na página do Pedro Penteado, quando vi esta tua nota, mas agora fiquei com a ideia que é do Carrascal e não do Carvalhal. Achei que se referiam à do Carvalhal, por teres colocado acima uma informação sobre esta - do carvalhal....
  • Fred Ar é assim a ignorância prevalece ...  ... este pessoal não valoriza a sua ermida.. vão demoli-la sem razão nenhuma...
  • Carlos Fidalgo Isto não é ignorância, Fred. Então não me digas que Alcobaça é só o Mosteiro????? Queres ver que o resto, estas pequenas ermidas, não faz parte de um percurso histórico e patrimonial que deva ser defendido, pela sociedade civil e entidades oficiais?
  • Fred Ar eu dou valor à ermida as alminhas que a querem demolir é que não ...... não sabem aproveitar este nicho da sua historia e claro com um bom plano turístico a coisa até valorizava mais inserindo a num percurso ... 
  • Carlos Fidalgo Claro. Mas afinal o que está aqui em jogo? A demolição da ermida? A obrigatoriedade de demolir a ermida? De quem é o terreno? A junta não tem mais nenhum terreno? Não se pode requalificar a Ermida? Tantas perguntas e, pelos vistos, poucas respostas.
  • Fred Ar pelos vistos aquilo está nas mãos da paróquia.. logo quem manda nesse serviço é o padre e o seu rebanho .. 
  • Carlos Fidalgo Pois. Assim já compreendo alguns silêncios.
  • Carlos Fidalgo Por mim já disse o que tinha a dizer. Mais um atentado contra o nosso Património, contra a nossa história mas, acima de tudo num concelho como o de Alcobaça que se orgulha de tudo e mais um par de botas, mandar uma ermida destas ao chão.................Eu até sou da Praia da Nazaré. DIXIT.
  • Carlos Fidalgo Pedro Penteado não tens novidades sobre este assunto?
  • Pedro Penteado Rogério Manuel Madeira Raimundo diz que dia 24-2 vai levar essa questão à reunião de câmara e na sexta à Assembleia Municipal...
  • Pedro Penteado Em Famalicão (Nazaré), ainda hoje há quem "torça a orelha" por ter sido demolida a igreja quinhentista e não ter sido opção mantê-la e construir uma nova...
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  • Rui Rasquilho 
  • disse-me que escreveu para o Região de Cister
  • em 18de2014
  • e até me leu
  • (já solicitei texto digitalizado)
  • colocar aqui
  • concorda com a demolição pelo fraco valor da Ermida actual
  • deve ser preservada a memória das Festas de São Pedro...
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  • Região de Cister
  • opinião da TSuperior Ana Margarida
  • 12março2015
  • Retrato de Ana Margarida Martinho
  • http://www.regiaodecister.pt/pt/opiniao/demolir-historia-memoria-e-o-tempo
  • A delimitação da paróquia de Aljubarrota remonta ao século XIII. Em 1248, D. Aires Vasques, bispo de Lisboa, concedera a respectiva licença para a construção da Igreja de Santa Maria de Aljubarrota, mais tarde designada por Nossa Senhora dos Prazeres.
    No século XVIII, constituíam parte integrante da paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres os habitantes da parte norte da vila de Aljubarrota, incluindo ainda os moradores dos seguintes lugares: Quinta da Cruz, Carvalhal, Lameira, Lagoa do Cão, Covões, Carrascal, Chaqueda, Fonte do Ouro, Estevas, Casal da Eva, Porto do Carro, Vale de Mininos, Boavista, Casal das Corujas e Quinta do Inglês. De entre os mais povoados destes lugares, destacam-se: o lugar do Carvalhal, com setenta e seis vizinhos; o lugar de Chaqueda, com vinte e oito vizinhos; e o lugar do Carrascal, com vinte vizinhos. Nestas últimas povoações, decidiram os moradores pela construção de ermidas onde pudessem ser administrados alguns Sacramentos.
    Nunca nos podemos esquecer que o Património Cultural, nas suas diversas vertentes, e entendido num sentido lato, constitui a marca identitária de um lugar, de uma freguesia, de um concelho, de uma região, de um país. É uma fonte inesgotável de riqueza, assim o saibamos respeitar, valorizar e gerir. Porque havemos nós de deixar destruir os fragmentos da sublime História do concelho de Alcobaça?
    De acordo com a documentação relativa ao século XVII, as capelas apresentavam uma construção muito simples, sem qualquer embelezamento de cariz arquitectónico ou artístico; nenhuma das três tinha sacristia, sino, capela-mor ou retábulo. A cobertura não apresentava forro e o pavimento era ladrilhado de tijolo.
    A notícia de “O Alcoa”, datada de 27 de Novembro de 2014, com o título “Igreja do Carrascal será demolida para construção de novo templo” refere claramente a intenção de abatimento desta vetusta ermida. Compreendemos que a população sinta necessidade de uma igreja mais ampla e com boas condições para a prática do culto religioso. Todavia, não podemos deixar de levantar a seguinte questão: deverá ser sacrificada a única herança edificada que atesta a antiguidade desta povoação? De facto, esta ermida faz parte da história do “Lugar” e está intrinsecamente associada à antiga festividade religiosa, realizada em honra do orago São Pedro. Parece-nos que este edifício religioso, integrante do Território Cisterciense, deverá ser preservado.
    Com certeza, a nova igreja poderá ser construída noutro local. Até porque o espaço em redor da área de implantação da ermida é bastante exíguo para uma construção mais ampla. Os edifícios de habitação encontram-se numa grande proximidade da capela, cercando-a por todos os lados, à excepção da partes sul e nascente em que existe um maior afastamento.
    Nunca nos podemos esquecer que o Património Cultural, nas suas diversas vertentes, e entendido num sentido lato, constitui a marca identitária de um lugar, de uma freguesia, de um concelho, de uma região, de um país. É uma fonte inesgotável de riqueza, assim o saibamos respeitar, valorizar e gerir. Porque havemos nós de deixar destruir os fragmentos da sublime História do concelho de Alcobaça?