25/02/2015

9.648.(25fev2015.7.7') neste dia...25fevereiro...vou rELEVAR: 346.avÔ, Quinta da Cela, Agnelo Ferreira, Cesário Verde, António Damásio, Renoir, Alfredo Marceneiro, George Harrison, Guns N' Roses, Caio Fernando Abreu, Quinta da Cela e as 3 pitadinhas de Joaquim Pessoa:

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2019
2/346aVÔ
diRIgi mensAGEns para sonhar conTIgo
mas não sei se sonhei, enquanto dormia...
agHora aCORdado estou a sonhar...
o beijAR-TE
o terNUrAR-TE
e muita pintura/escultura em bELAS viVÊncias
*
libertar dopamina
IMPRIMIR imPULSOs no cérebro
FAZER dilatar os vasos capilares
e as pupilas
o corar
e múltiplas sensAÇÕES
QUE DÃO a luxúria do praZER
***
2018
UM+346avÔ
naquELE reCANTO
                           aLI,
     N1 SÍtio especial
VI, ouVI, cheiREI, apalpEI, SABOReei, senTI a CINco, cRIei, inTUí, AMEi e SOUbe aMAR
foi o bELO existir
                     a viVER duplicadaMENTE
***
2017
346.avÔ
Hj inventámos
beijinhos passarinhos
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2018
Odete Melo fotografou Vale Furado
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=826614727542626&set=a.121277734742999.1073741827.100005823193824&type=3&theater
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2016...face traz-me memórias deste dia:
esta pai Rogério Manuel Madeira Raimundo! esta música celebra a alegria!
 https://www.youtube.com/watch?v=ncabmbNsA0o&feature=youtu.be
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2015...face traz-me memórias deste dia:
Churky Rico no Festival da RTP1

 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=916437398408985&set=a.104017956317604.1826.100001282000160&type=3
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 2014...face traz-me memórias deste dia:
 hj é dia de Mário Coluna...morreu...vivaaaaaaaaaaaaa Colunaaaaaaaaaaaaa
 https://www.youtube.com/watch?v=OkQ8lace510
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 2012...face traz-me memórias deste dia:
 termino o rELEVAR hj dos Clã com...d' alcobaça que vos abRRaça
 https://www.youtube.com/watch?v=yiteCAoQ7Xs
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 Presto contas da minha atividade de vereador CDU/PCP...Ontem houve r.ext..Houve acordo entre tds para defender o essencial: o nosso Hospital continuar a funcionar com tds as valências e melhorar...tn no reduzir das bolandas/transportes para outros hospitais...
 http://uniralcobaca.blogspot.pt/2012/02/550521fev2012222-reuniao-extraordinaria.html
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 José Luís Ferreira vai estar no mercado de Alcobaça hj ...em campanha pelo consumir português...
 "Semear esta ideia...Cultivar o país...Colher soberania"...estou com "os verdes"...Tenho que ir mais ao mercado municipal...Temos de incentivar ir ao mercado municipal...é preciso comprar produtos agrícolas d' alcobaça que vos abRRaça
 http://uniralcobaca.blogspot.pt/2012/02/551125fev2012940-hoje-os-verdes-vem.html
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 +1a do pablo para acompanhar o belo pôr da nossa estrELA

ME ENCANTE
Me encante da maneira que você quiser, como você souber.
Me encante, para que eu possa me dar...
Me encante nos mínimos detalhes.
Saiba me sorrir: aquele sorriso malicioso,
Gostoso, inocente e carente.
Me encante com suas mãos,
Gesticule quando for preciso.
Me toque, quero correr esse risco.
Me acarinhe se quiser...
Vou fingir que não entendo,
Que nem queria esse momento.
Me encante com seus olhos...
Me olhe profundo, mas só por um segundo.
Depois desvie o seu olhar.
Como se o meu olhar,
Não tivesse conseguido te encantar...
E então, volte a me fitar.
Tão profundamente, que eu fique perdido.
Sem saber o que falar...
Me encante com suas palavras...
Me fale dos seus sonhos, dos seus prazeres.
Me conte segredos, sem medos,
E depois me diga o quanto te encantei.
Me encante com serenidade...
Mas não se esqueça também,
Que tem que ser com simplicidade,
Não pode haver maldade.
Me encante com uma certa calma,
Sem pressa. Tente entender a minha alma.
Me encante como você fez com o seu primeiro namorado...
Sem subterfúgios, sem cálculos, sem dúvidas, com certeza.
Me encante na calada da madrugada,
Na luz do sol ou embaixo da chuva....
Me encante sem dizer nada, ou até dizendo tudo.
Sorrindo ou chorando. Triste ou alegre...
Mas, me encante de verdade, com vontade...
Que depois, eu te confesso que me apaixonei,
E prometo te encantar por todos os dias...
Pelo resto das nossas vidas!!!
 https://www.facebook.com/298376103511623/photos/a.298379223511311.94292.298376103511623/399322646750301/?type=3&theater
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 hj x AQUI 1 pitadinha de sophia...
 SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in "CORAL" (1950)
MANDEI PARA O LARGO
Mandei para o largo o barco atrás do vento
Sem saber se era eu o que partia.
Humilhei-me e exaltei-me contra o vento
Mas não houve terror nem sofrimento
Que à praia não trouxesse,
Morto o vento.

Óleo sobre tela: Two in a Boat, de Lilya Garipova
*(CC)

 https://www.facebook.com/quem.le.sophia.de.mello.breyner.andresen/photos/a.114014221967684.7650.112890882080018/331963250172779/?type=3&theater
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 vamos à luta...
 Para saraMAGO, "é altura de protestar, porque se nos deixamos levar pelos poderes que nos governam e não fazemos nada por contestá-los, pode dizer-se que merecemos o que temos".
 https://www.facebook.com/234845926606634/photos/a.234859933271900.55198.234845926606634/236562926434934/?type=3&theater
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 2011...face traz-me memórias deste dia:
 Adriano Correia d' Oliveira cantado pela priminha...
sugestão da Birinha, tb d' Avintes...aquel'abRRaço para tds
 https://www.youtube.com/watch?v=sNy9j0gtlCo
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 2008...compra da propriedade da Quinta da Cela em Alfeizerão...11 anos sem ser rentabilizada tão caríssima compra (3,5M€) +1x a CDU cheia de razão!!!"(...) Compreendo as razões da maioria e os compromissos que assumiram publicamente e particularmente com o proprietário, mas eu, nestas circunstâncias, voto contra pelas seguintes razões:
Não fui ouvido nem achado sobre que tipo de Hospital Novo vai ser construído. Nunca recebi nenhum documento concreto da Câmara e esta proposta foi-me entregue pelo Vereador Hermínio quando já decorria esta reunião.
Recebi a proposta do administrador hospitalar José Serralheiro há vários anos.
Nunca vi proposta concreta do Ministério da Saúde.
Também nunca recebi o estudo da Escola Superior de Gestão do Porto que aponta para esta “Quinta da Cela”, em Alfeizerão.
As câmaras não têm competências, responsabilidades, na área dos hospitais. Em Lisboa a câmara vendeu, recentemente, um terreno para a construção de um novo Hospital.
Três milhões e meio de euros é muito dinheiro retirado para as competências próprias efectivamente da responsabilidade do município de Alcobaça.
Nunca fui ouvido nem achado na melhor escolha da localização deste Hospital.
A nossa prioridade estava, e está na vida e na saúde preventiva, sistémica. Apresentámos propostas concretas para implementar o “Concelho saudável” e até destacámos a questão da Saúde Mental com parceria com o CEERIA. Tínhamos acções concretas para desenvolver. Para isso nunca houve verbas disponíveis.
Ao longo destes 10 anos em que estamos na câmara, vimos perder valências e competências para a melhoria do nosso Hospital Bernardino de Oliveira. Aqui é que está a prioridade das prioridades de Alcobaça. E nessa não vi um único sinal de movimentação, de pressão, de indignação, da maioria PSD/Alcobaça. Nem agora.
Segundo se consta o Hospital novo implica o fecho deste o que achamos completamente inaceitável."
Presidente diz que todos os partidos vão defender em campanha eleitoral um novo hospital, visto que o actual não tem reparação nem condições de ampliação e não é propriedade do estado, é da Misericórdia

http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/02/965425fev2015822-ha-7-anos-fez-se.html
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1955...Hj é de dar paraBÉNS ao Agnelo Ferreira
 de Pataias, d' ALCOBAÇA que vos abRRaça: "ASSIM ÉS TU Ó MAR
Aí estás tu mar, numa imensidão
De água que te torna tão solitário
Marcando a distância entre os povos
Quão distantes como o que dista em ti mesmo
Como imagem fotográfica deveras sublime.
Vejo em meu pensamento tuas ondas
Me transportando a uma calma que é tão íntima
Trazida pela brisa até mim em pedaços de espuma
Que poisada em minha face a vem beijar
Assim és tu, ó mar
Numa plenitude de grandeza
Só quebrada aqui e ali por uma ou outra vaga
A qual ás escondidas se enrolam brutamente
E no areal imenso se espreguiçam
Onde só as gaivotas se mantêm junto a ti
Sabes?
É junto a ti que também encontro abrigo
E me deixo levar pelo ritmo ondulante
Que entoam gentilmente tuas vagas
Assim és tu, ó mar"

http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/02/965225fev2015733-agnelo-ferreira.html
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1841...Pierre-Auguste Renoir..."a dor passa, a beleza fica."
 "Numa manhã um de nós já não tinha preto, e assim nasceu o Impressionismo."
 "Porque a Pintura não pode ser Bela? O Mundo já tem coisas desagradáveis demais."
 "Por volta de 1883, eu tinha esgotado o Impressionismo e finalmente chegado à conclusão de que não sabia pintar nem desenhar."
" A vida é simplesmente um quarto de hora
formado por momentos esquisitos"
 https://uniralcobaca.blogspot.com/2017/02/664525fev201788-pierre-auguste-renoir.html
https://www.youtube.com/watch?v=dn8eSVABMc0
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1855
Cesário Verde
 " Ave Marias
Nas nossas ruas,ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.

O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.

Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão.
Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!

Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.

Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.

E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda
.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!

Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.

Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.

Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!"
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/07/844517jul20141344-cesario-verde.html
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 1869...É decretada a extinção da escravatura em todos os domínios portugueses...
"A escravatura era uma tradição dos povos germânicos que se fixaram na Península Ibérica no século V, embora já fosse praticada entre as civilizações clássicas. Para os romanos, por exemplo, o escravo era o cativo de guerra, ficando à mercê do vencedor, que decidia então o seu destino. Era, por assim dizer, uma propriedade ou um objecto do seu senhor.
Os visigodos continuaram a usar o nome romano servi, mas a sua definição de escravo era distinta da dos romanos. Para este povo, eram escravos os filhos de mães escravas e também os filhos resultantes de uniões entre escravos e homens livres. Eram tidos como pessoas civis; contudo, podiam perfeitamente ser doados ou vendidos.

No período da Reconquista Cristã, o nascimento é a origem da escravatura, mas ela pode surgir também pelo cumprimento de penas judiciais. Para além disso, surgem muitos escravos de origem mourisca. Nos séculos IX e X, o servo ascendeu a uma nova categoria, a de colono adscrito, e o liberto passa a ser um homem livre. No século seguinte, o servo não tem possibilidade de abandonar a gleba e, passado um século, o adscrito passa à categoria de colono livre. Numa época em que era preciso gente para se proceder ao repovoamento do território, somente os escravos mouros continuaram a perpetuar a condição servil.

Em 1341, no reinado de D. Afonso IV, atingiram-se as Canárias, um arquipélago disputado entre Portugal e Espanha, onde se fizeram cativos entre os nativos, os guanches. A colonização da Madeira e a produção de açúcar levaram ao aparecimento de escravos oriundos das Canárias, os quais tiveram um papel importante nestas ilhas; todavia, fora delas não tiveram grande desempenho, pois os espanhóis ocuparam o arquipélago canário após luta feroz com os portugueses.

Em 1441, chegaram a Portugal continental os primeiros escravos negros que aqui desempenharam trabalhos agrícolas e domésticos. Já nas ilhas Atlântica, e depois no Brasil, foram empregados nas plantações de açúcar.

Embora não tenham sido os inventores da escravatura, os portugueses usaram-na com muita frequência no período dos Descobrimentos, altura em que desenvolveram amplamente este tipo de tráfico. Todos os países colonialistas recorreram à mão de obra escrava para trabalhar nos seus impérios, pois era simultaneamente barata e muito lucrativa.

Com a descoberta do Brasil, a costa ocidental africana foi parcialmente despovoada, porque a sua população era encaminhada para as Américas. Portugal, Espanha e outras potências marítimas envolveram-se assim neste tráfico vital para as suas economias.

A escravatura só veio a terminar no decurso do século XIX, com o triunfo da ideologia da Revolução Francesa aliado ao avanço do capitalismo e à  acção de alguns ideólogos muito interventivos.

Durante o governo de Pombal, os índios do Brasil já tinham sido considerados livres. Certas leis decretaram, entretanto, a restrição crescente da escravatura no império português e deram aos africanos direitos iguais aos dos portugueses. As razões não eram filantrópicas, mas práticas: era necessário prender os escravos negros no Brasil, incentivá-los a ficar.

Aquando da assinatura do Tratado de Viena em 1815, Portugal e Inglaterra acordaram regulamentar este tráfico. Contudo, a intervenção mais importante foi a do visconde de Sá da Bandeira, que, por decreto de 10 de  Dezembro de 1836, proibiu a  transacção de escravos nas colónias portuguesas a sul do Equador.

O Barão de Ribeira Sabrosa continuou as negociações com a Inglaterra e, em 1842, o duque de Palmela e Lorde Howard de Walden, embaixador britânico em Lisboa, acordaram abolir o tráfico de escravos nas possessões dos dois países, apesar dos prejuízos que tal medida iria acarretar sobre a economia ultramarina.

Contudo, só a 25 de Fevereiro de 1869 seria decretada a extinção da escravatura em todo o território português.

A 23 de Agosto, comemora-se o Dia Internacional de Recordação do Tráfico de Escravos e da sua Abolição."
 https://uniralcobaca.blogspot.com/2014/12/91532dez201477-dia-internacional.html
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1891
 Alfredo Marceneiro
https://www.youtube.com/watch?v=1bA1fRuuHTg&list=RD1bA1fRuuHTg#t=2
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1943
 George Harrison
https://www.youtube.com/watch?v=Z2IV9gxHhwM&list=PL51BA95DBBD56103B
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1944
António Damásio
 "É uma emoção que nos faz sentir se determinada decisão é boa ou não."
"A coisa mais importante de todas é que o corpo é o apoio para a mente. Não seria possível haver uma estrutura mental se não houvesse uma estrutura corporal."
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2015/07/990622jul201588-antonio-damasio.html
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 1949...Amin Maalouf... Beirute...Líbano...Escritor e jornalista...
 https://uniralcobaca.blogspot.com/2019/04/358714abril201999-amin-maalouf.html
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1961
Cris Pitmann dos Guns N' Roses
https://www.youtube.com/watch?v=8SbUC-UaAxE&list=RD8SbUC-UaAxE#t=5
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1996
Morreu  Caio Fernando Abreu
 1 vivaaaaa à sua obra: “Tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo o que vivi e ser exactamente como eu sou.”
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2014/09/869312set201477-caio-fernando-abreu.html
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 e as 3 pitadinhas de Joaquim Pessoa:
2014

começar o 25 com pitadinhas do mestre, faz mbem à saúde!
Dia 100.
Um sítio especial é aquele onde tropeçámos um no outro. Ou
o lugar onde nos beijámos pela primeira vez. Ou aquele quar-
to de hotel.
Um sítio especial é o útero. E o colo. E o berço. E a escola. E a
casa. E a casa do nosso melhor amigo. E o nosso bairro. E a
nossa rua. E o nosso café.
É também muito especial o sítio onde nada acontece. Ou aque-
le onde nunca estivémos. Ou simplesmente aquele que não
existe. Ou que apenas existe na nossa imaginação. E também
o sítio que não conseguimos sequer imaginar.
E na verdade é especialíssimo o sítio onde não queremos estar.
E o que nos é indiferente. E aquele que nos magoa. E o que não
suportamos. E o que não gostaríamos que existisse.
Sítio verdadeiramente especial é o texto. Onde cabem todos os
sítios que são especiais. E os que, por não serem, o são. E os
que estão, ainda, para o ser.
Mas, de todos, o mais especial dos sítios é aquele onde, em ca-
da momento, nos encontramos. E onde sentimos fluir o tempo
e a vida. Aquele sítio onde todos temos de estar, sob pena de
não ser possível estar em sítio algum ou, não podendo sair do
mesmo sítio, estar em todos os sítios ao mesmo tempo.

*
in ANO COMUM, 2.ª ed.
Editora Edições Esgotadas, 2013.

 https://www.facebook.com/photo.php?fbid=640866012615232&set=gm.692883270753786&type=3&theater
 Canção de estar em terra

Da sede meu amor farei um barco.
Uma vela no porto. E ao vê-la perto
eu direi meu amor que por ti parto
e fico e firo e faço e sigo e por ti ardo.

Direi a rosa o cravo o trevo o cardo.
Darei o corpo, amor. Direi um astro.
Ai flor de quem está farto farto farto
de rimar contra a maré em pinho incerto.

Que mais direi amor? Eu que maldigo
eu que mal amo as coisas conquistadas
que mais direi? Aneis corais espadas?
Já mal me há-de bastar o que eu não digo.

É aqui, de bruços sobre a espuma
que o mar nos causa a dor de estar em terra.
E as palavras nos doem uma a uma.
E os homens em Lisboa fazem guerra.
in 125 Poemas Antologia Poética
Litexa Editora 3ª edição 1989

*
https://www.facebook.com/mardapalha.dcl/photos/a.172535788416.149938.172530728416/10153152504888417/?type=1&theater
Dou-te a chave do meu quarto
por tuas mãos no meu corpo.
Dou-te a arca dos meus medos
em troca do teu sorriso.
Dou-te a minha rosa turca
pelo teu olhar calado.
Dou-te o meu cordeiro branco
pelos teus cabelos negros.
Dou-te o meu linho macio
se me deres teus abraços.
Dou-te o mel dos meus cortiços
para ter a tua boca.
Dou-te a lã dos meus rebanhos
pela nudez do teu peito.
Dou-te a cria mais bonita
por tuas nádegas quentes
Dou-te o melhor dos meus vinhos
só para ter tuas ancas.
Dou-te o meu galo de briga
em troca das tuas coxas.
Dou-te a vida dos meus cães
mas exijo o teu silêncio.

 in "Mas".

fotografia: Miguel Malato Correia
Baixa, Lisboa.

*
https://www.facebook.com/ATonalidadeDasPalavras/photos/a.490626794386738.1073741880.373770402739045/541626449286772/?type=1&theater
SONETO

De bruços me debruço mais ainda
até sentir os olhos tumefactos
para saber até que ponto é linda
a intrigante cor desses sapatos

que às tuas pernas dão um brilho tal
e uma leveza tal ao teu andar,
que eu penso (embora aches anormal)
que nunca te devias descalçar.

Também porquê, se já não há verdura
nem tu és Leonor para correr
descalça, no poema, à aventura?

O mais difícil, hoje, é antever
quem é que vai à fonte em literatura
e que água dá aos versos a beber.

*

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=812074855494346&set=gm.895020160540095&type=1&theater
O AMANTE OUSADO

A miragem e a neblina, e uma planície onde pasta 
o antílope, separam-me de ti.
Uma costa, uma gruta, penhascos e um estreito 
caminho vigiado por nossos inimigos, interpõem-se 
entre nós. 
Temo que me ataquem se tentar ir ao teu encontro.
Mas chegou a hora, ó Aicha, em que a sorte e a ocasião
me são propícias, e até uma ferida não me faria mal.
Mas não estou seguro que tu me ames, ó Aicha!
Não sei se, vencidos os perigos do caminho, tu me 
receberás alegremente, ou encolerizada pela minha 
audácia.
Assim mesmo cruzarei o espaço, por teu amor, 
almiscareiro que me deslumbra, rainha de todas as
mulheres.
Lanço-me cego de paixão, pela perfeição do teu 
rosto que brilha, puro como a lua nascente.

Joaquim Pessoa
in OS HERDEIROS DO VENTO
Antologia Apócrifa
Litexa Editora 1984


Foto Miragem no deserto da Namíbia de Pete Turner
*
Cantos da Caravana 

Sob este título S. Oudiane publicou em francês vários textos poéticos recolhidos das tradições populares dos beduínos.
O beduíno nómada – em quase completa extinção – é dos tipos mais apaixonantes e mais sedutores. Nascido no deserto, é como se dele nascesse: seu filho e seu herói, é, por fim a sua vitima. A sua pátria é onde existe um pouco de terra coberto de erva tenra. Aí monta a sua tenda, e, daí parte quando, à volta, a erva começa a murchar. Junta os poucos haveres, carrega-os no seu camelo e parte em busca de uma outra pátria. Vogando por espaços ilimitados e misteriosos, o beduíno tem poucas posses mas é mais livre que os sedentários escravizados pelas suas riquezas. A sua alimentação é quase ascética: limita-se ao leite dos seus camelos e às tâmaras dos oásis. Talvez por isso tenha sempre um aspecto jovem. Os seus olhos negros possuem um magnetismo especial, são inteligentes, reflectem uma alma guerreira e apaixonada. Segue o apelo do deserto e canta. O quê? A beleza da sua amada, a tristeza da separação, os seus desejos, os ciúmes, as alegrias e sofrimentos com que o amor lhe enche o coração.
Apresentamos alguns dos mais belos Cantos da Caravana.