03/03/2015

9.673.(3mar2015.8') Marguerite Duras

Nasceu a 4abr1914
e morreu 3mar1996
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biografia
http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/prosa/mduras.htm
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Para Yann.
Para nada.
O céu está vazio.
Há anos que amo este homem.
Um homem a quem ainda não dei nome.
Um homem que amo.
Um homem que me abandonará.
O resto, diante, atrás de mim, antes e depois de mim, é-me indiferente.
Amo-te.
(…)

º º º
© Dorina Costras

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Via Susana D.
"A solidão não se encontra. 
Nós é que a fazemos."
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Via JERO:

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"A sociedade está distraída do essencial (...). O futuro deve ser uma coisa horrorosa, vazia".
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Marguerite Duras, pseudónimo de Marguerite Donnadieu (Saigon atual Cidade de Ho Chi Minh, 4 de abril de 1914 — Paris, 3 de março de 1996) foi uma romancista, novelista, roteirista, poetisa, diretora de cinema e dramaturga francesa, sendo considerada uma das principais vozes femininas da literatura do Século XX na Europa1 
Biografia
Marguerite Duras nasceu em Gia Định, atual distrito de Bình Thạnh em Saigon (atual Cidade de Ho Chi Minh), na colônia francesa da Cochinchina, sul do atual Vietname. Sua família retornou à França, onde estudou Direito e também se tornou escrito
ra. Decidiu mudar o apelido de família de Donnadieu para Duras, nome de uma vila do departamento francês de Lot-et-Garonne onde se situava a casa de seu pai .
É autora de diversas peças de teatro, novelas, filmes e narrativas curtas3 . Seu trabalho foi associado com o movimento chamado nouveau roman (novo romance) e com o existencialismo. Entre algumas de suas obras estão O Amante, A Dor, O Amante da China do Norte e O Deslumbramento.

Também conhecida como a roteirista do filme "Hiroshima, meu amor", dirigido por Alain Resnais (premiado cineasta do movimento nouvelle vague), Duras também dirigiu filmes próprios, inclusive o conceituado "India Song" de 1976, muito embora sua carreiracinematográfica não atingisse o reconhecimento da literária nos meiosintelectuais e acadêmicos. Outras obras suas foram adaptadas por outros diretores de cinema como O Amante de Jean-Jacques Annaud, no ano de 1992.
Marguerite Duras faleceu aos 81 anos de idade em Paris, vitimada por um cancro. Foi sepultada no cemitério de Montparnasse.

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Via Citador

No amor não há férias nem nada que se pareça. O amor deve viver-se plenamente, com o seu aborrecimento e com tudo.
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Donde pode nascer o amor? Talvez de uma súbita falha do universo, talvez de um erro, nunca de um acto de vontade.
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Se não se passou pela obrigação absoluta de obedecer ao desejo do corpo, isto é, se não se passou pela paixão, nada se pode fazer na vida.
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Muito cedo na vida é demasiado tarde.
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Creio que nada substitui a leitura de um texto, nada substitui a memória de um texto, nada, nenhum jogo.
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Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído
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Os homens gostam das mulheres que escrevem. Pensam-no, mas não o dizem. Um escritor é um país desconhecido.
Os homens gostam das mulheres que escrevem. Pensam-no, mas não o dizem. Um escritor é um país desconhecido. - Marguerite Duras - Frases
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in "Mundo Exterior " 

Nunca Nos Separamos do Primeiro Amor

Já o disse em Hiroshima Mon Amour: o que conta não é a manifestação do desejo, da tentativa amorosa. O que conta é o inferno da história única. Nada a substitui, nem uma segunda história. Nem a mentira. Nada. Quanto mais a provocamos, mais ela foge. Amar é amar alguém. Não há um múltiplo da vida que possa ser vivido. Todas as primeiras histórias de amor se quebram e depois é essa história que transportamos para as outras histórias. Quando se viveu um amor com alguém, fica-se marcado para sempre e depois transporta-se essa história de pessoa a pessoa. Nunca nos separamos dele.
Não podemos evitar a unicidade, a fidelidade, como se fôssemos, só nós, o nosso próprio cosmo. Amar toda a gente, como proclamam algumas pessoas e os cristãos, é embuste. Essas coisas não passam de mentiras. Só se ama uma pessoa de cada vez. Nunca duas ao mesmo tempo.

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A Cultura Deve Ser Uma Descoberta Individual de Cada um de Nós

Não se deve intervir, não nos devemos meter nos problemas que cada um tem com a leitura. Não devemos sofrer por causa das crianças que não lêem, perder a paciência. Trata-se da descoberta do continente da leitura. Ninguém deve encorajar nem incitar outra pessoa a ir ver como ele é. Já existe excessiva informação no mundo acerca da cultura. Devemos partir sós para esse continente. Descobri-lo sozinhos. Operarmos sozinhos esse nascimento.
Por exemplo, em relação a Baudelaire, devemos ser os primeiros a descobrir o seu esplendor. E somos os primeiros. E, se não formos os primeiros, nunca seremos leitores de Baudelaire. Todas as obras-primas do mundo deveriam ser encontradas pelas crianças nos despejos públicos, e lidas às escondidas dos pais e dos mestres.
Por vezes, o facto de se ver alguém a ler um livro no metro, com grande atenção, pode provocar a compra desse livro. Mas não quanto aos romances populares. Aí, ninguém se engana quanto à natureza do livro. Os dois géneros nunca estão juntos nas mesmas mãos. Os romances populares são impressos em milhões de exemplares. Com a mesma grelha aplicada, em princípio, há uns cinquenta anos, os romances populares desempenham a sua função de identificação sentimental ou erótica. Depois de os terem lido, as pessoas abandonam-nos nos bancos públicos, no metro, e serão apanhados por outras pessoas e novamente lidos. Isso será ler? Sim, penso que sim, é ler como se toma um remédio, mas é ler, é ir buscar a leitura ao exterior de si próprio e ingeri-la e fazê-la sua e dormir e cair no sono para, no dia seguinte, ir trabalhar, juntar-se a milhões de outras pessoas, a solidão matricular, o esmagamento. 
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in "Escrever" 

Um Escritor é Uma Contradição


Um escritor é uma coisa curiosa. É uma contradição e, também, um contra-senso. Escrever também é não falar. É calar. É gritar sem ruído. Um escritor é, muitas vezes, repousante: ouve muito. Não fala muito porque é impossível falar a alguém de um livro que se escreveu e, sobretudo, de um livro que se está a escrever.
É impossível. É o oposto do cinema, o oposto do teatro e de outros espectáculos. É o oposto de todas as leituras. É o mais difícil de tudo. É o pior. Porque um livro é o desconhecido, é a noite, é fechado, é assim. É o livro que avança, que cresce, que avança em direcções que julgávamos ter explorado, que avança em direcção ao seu próprio destino e ao do seu autor, então aniquilado pela sua publicação: a sua separação dele, do livro sonhado, como da criança recém-nascida, sempre a mais amada.
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A Dúvida, a Solidão, logo... a Escrita

Na vida, chega um momento - e penso que ele é fatal - ao qual não é possível escapar, em que tudo é posto em causa: o casamento, os amigos, sobretudo os amigos do casal. Tudo menos a criança. A criança nunca é posta em dúvida. E essa dúvida cresce à sua volta. Essa dúvida, está só, é a da solidão. Nasce dela, da solidão. Podemos já nomear a palavra. Creio que há muita gente que não poderia suportar o que aqui digo, que fugiria. Talvez seja por essa razão que nem todos os homens são escritores. Sim. Essa é a diferença. Essa é a verdade. Mais nada. A dúvida é escrever. É, portanto, também, o escritor. E com o escritor todo o mundo escreve. É algo que sempre se soube.
Creio também que sem esta dúvida primeira do gesto em direcção à escrita não existe solidão. Nunca ninguém escreveu a duas vozes. Foi possível cantar a duas vozes, ou fazer música também, e jogar ténis, mas escrever, não. Nunca.

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O amante
Via
http://www.ruadebaixo.com/o-amante-de-marguerite-duras.html
“Muito cedo na minha vida foi tarde de mais. Aos dezoito anos era já tarde de mais.”
“Não havia que atrair o desejo. Ele estava naquela que o provocava ou não existia. Ou estava lá desde o primeiro olhar ou então nunca existira. Era a inteligência imediata da relação de sexualidade ou então não era nada. Isso soube-o eu antes do experimentar.”
“Agora vejo que muito jovem, aos dezoito anos, aos quinze anos, tive esse rosto premonitório daquele que ganhei depois com o álcool na meia-idade da minha vida… Tudo começou para mim desta maneira, por este rosto clarividente, extenuado, estes olhos pisados adiantados aos tempos, aos factos.”
 “De repente sabe, ali, nesse instante, sabe que ele não a conhece, que nunca a conhecerá, que não tem maneira de conhecer tanta perversidade.”
 “Quero escrever. Já o disse à minha mãe: o que eu quero é isso, escrever. Não há resposta da primeira vez. E depois pergunta: escrever o quê? Digo livros, romances. Ela diz asperamente: depois do curso de matemática escreves o que quiseres, já não tenho nada com isso. Ela é contra, não é digno, não é trabalho, é uma brincadeira – dir-mo-à mais tarde: uma ideia de criança.”