24/03/2015

9.771.(24mar2015.7.22') Dario Fo

Nasceu a 24mar1926
morreu a 13ouTUbro2016
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morreu...

http://www.dn.pt/artes/interior/morre-aos-90-anos-o-nobel-da-literatura-dario-fo-5439277.html
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O italiano, que foi também actor, pintor e activista, tinha 90 anos e estava internados há vários dias.

http://rr.sapo.pt/noticia/65866/morreu_escritor_dario_fo_premio_nobel_em_1997
O escritor italiano Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura em 1997, morreu aos 90 anos, noticiaram esta quinta-feira vários jornais transalpinos.
O dramaturgo, que foi também actor, pintor e activista, morreu precisamente no dia em que está prevista a atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 2016, estava internado num hospital de Milão há alguns dias devido a problemas respiratórios.
A Itália "perdeu um dos grandes protagonistas do teatro, da cultura e da vida civil", lamentou o primeiro-ministro italiano.
Matteo Renzi destacou a "herança de um grande italiano do mundo”, apontando "a obra satírica, a pesquisa, o trabalho cénico e a actividade artística multifacetada”.
O dramaturgo e actor italiano nasceu a 24 de Março de 1926 no pequeno município de Santiago, província de Varese (norte) e, apesar de ter estudado pintura e arquitectura, foi sobretudo conhecido pela faceta de dramaturgo, que lhe valeu o Nobel da Literatura em 1997. 
Durante a carreira, esteve acompanhado pela mulher, a actriz Franca Rame, que morreu em 2013, e com a qual formou um binómio intelectual consagrado essencialmente a um teatro político e satírico através do qual narraram os problemas da sociedade do seu tempo.
Ao longo da carreira publicou mais de 100 obras teatrais, que ele próprio interpretava, e numerosos livros.
O mais recente, publicado em Setembro, incide na figura do investigador Charles Darwin: “Somos macacos por parte do pai ou da mãe?”. Continha questões sobre a origem da vida e estava ilustrado com os seus desenhos.
Também no livro que publicou pouco antes de completar 90 anos, “Dario e Deus”, no qual dialoga com a jornalista Giuseppina Manin, o Nobel se interroga sobre a religião e a espiritualidade, sob um ponto de vista irónico e satírico, características que sempre definiram as suas obras.
Em 1969, estreou uma das suas obras teatrais mais aplaudidas e influentes, “Mistério Bufo”, em que aborda algumas passagens bíblicas ao estilo dos trovadores medievais.
Dardos em várias direcções
Em 1970, apresentou outra das suas obras-primas, “Morte Acidental de um Anarquista”, em que recorda a estranha morte do combatente Giuseppe Pinelli, que em 1969 se atirou da varanda da sede da Polícia de Milão, onde estava detido.
O seu activismo político foi especialmente relevante nos convulsos Anos de Chumbo, entre os anos 70 e 80, quando criou a organização “Socorro Vermelho Militante” para proporcionar assistência legal aos presos políticos da esquerda.
Na década de 90 estreou “O Papa e a Bruxa”, obra em que representa um pontífice autor de uma encíclica inverosímil, na qual defendia a liberalização da droga, o controlo da natalidade e o regresso da Igreja à pobreza.
Os dardos de Fo vão em todas as direcções, desde a defesa da desobediência civil em “Aqui Não Paga Nada” à história alternativa do descobrimento espanhol da América em “Isabel, Três Caravelas e Um Castelo”.
Nos anos dos governos de Silvio Berlusconi os sues espectáculos e monólogos estavam destinados a ridicularizar o governante com o seu habitual sarcasmo.

Destacou-se também pela pintura, sobretudo na última etapa, com os seus “falso Picasso”, ou de novo causando polémica pelo retrato que fez da actual ministra para as Reformas, Maria Elena Boschi, e que foi leiloado para financiar o Movimento Cinco Estrelas (M5S) de Beppe Grillo, que o dramaturgo apoiava fortemente.
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Via
[creditofoto]
 http://educacao.uol.com.br/biografias/dario-fo.jhtm
Prêmio Nobel de literatura, Dario Fo não se encaixa no estereótipo do escritor que fica dias debruçado sobre uma escrivaninha, na máquina de escrever ou no computador para produzir uma trama. Ator, mímico e palhaço, ele faz esboços das tramas em pinturas e depois apresenta suas idéias no palco antes de as colocar no papel. Fo improvisa perante a platéia, numa mistura de dialetos italianos, onomatopéias e palavras inventadas. Assim nascem suas comédias traduzidas em mais de 30 idiomas.

Nascido em uma família de tradição antifascita, em 1940 ingressou na Academia de Belas Artes de Brera, em Milão. Após a guerra, começou a estudar a arquitetura no Instituto Politécnico, mas teve de desistir quando estava prestes a se formar. Afinal, fora convocado pelo exército da República de Saló, quando os facistas de Mussolini tentaram retomar o controle da Itália. Conseguiu escapar, porém, teve de ficar escondido por meses em um sótão.

Seu pai, Felice, e sua mãe, Pina Rota, socialistas, eram membros ativos na resistência. Mestre da estação e ator em uma companhia amadora, Felice organizava a fuga por trem de cientistas judeus e prisioneiros de guerra britânicos para a Suíça. Pina tratava os rebeldes feridos.

Ao fim da guerra, Dario retornou a seus estudos na Academia de Brera e no Instituto Politécnico, mas depois abandonaria seus trabalho e estudos, repugnado pelo corrupção existente no setor das edificações.
Para manter Dario e seus irmãos Fúlvio e Bianca na faculdade, Pina costurava camisas. "Quando penso naquele período entre 44 e 45 me parece incrível ter vivido tantas histórias, todas condensadas num espaço de tempo tão breve. Situações grotescas, trágicas, freqüentemente vividas como se eu estivesse dentro de um pesadelo", escreveria Fo em "Il paese dei Mezaràt", em 2002.
Dario trabalhou em projetos de palcos e decoração teatral entre 1945 e 1951, porém, já começava a improvisar monológos. Participou de um momento de renovação do teatro italiano, com o fenômeno do novo teatri do piccoli (teatros pequenos) em que foi desenvolvida uma linguagem popular para as peças.
No verão de 1950, Dario apresentou a Franco Parenti uma parábola de Caim e Abel. Na sátira, Caim é um tolo que tenta imitar Abel, loiro e de olhos azuis. Após sofrer um desastre após outro, ele fica louco e mata o esplêndido Abel. Impressionado, Parenti convida Fo para se juntar a sua companhia de teatro.
Dario Fo se apresentava ao lado da mulher, Franca Rame, atriz de uma tradicional linhagem da Commedia dell'arte. Na Itália, apesar do sucesso em sua carreira pessoal, ela ainda é lembrada como filha de Domenico Rame. "Franca nasceu no teatro de 400 anos atrás", diz Fo. "Essa mulher tem pelo menos 400 anos de vida no teatro, talvez 500" - emenda. Ambos exploravam o potencial cômico dos erros no palco como parte da tradição medieval e renascentista dos artistas viajantes.
O alvo mais polêmico das sátiras de Fo é a burocracia da Igreja Católica. Para o jornal oficial do Vaticano, "Mistério Bufo", peça de 1969, televisionada em 1977, é "o programa mais blasfemo jamais levado ao ar na história da televisão mundial". A comédia era baseada no grammelot, uma língua inventada por Fo baseada na mistura de fonemas modernos e dialetos em desuso da região padana, ao Norte da península Itálica.
Reapresentada por Fo e Franca Rame ao longo dos anos em diversos palcos, como em Moscou e Amsterdã em 1991, a sátira ainda faz sucesso. O autor recebeu o Premio Nobel de Literatura em 9 de outubro de 1997. No ano seguinte, o Ministério da Cultura da França concedeu a Fo a Comenda das Artes e das Letras. Em maio de 2000 recebeu, naquele país, três prêmios Molière por sua peça "Morte acidental de um anarquista".

Em dezembro de 2003 estreou sua ópera satírica "O anômalo bicéfalo", sobre Silvio Berlusconi, então chefe do governo italiano e presidente do conselho da União Européia. Em março de 2005, aos 79 anos, Dario Fo recebeu da Universidade Sorbonne, Paris, o título de laurea honoris causa.
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Via
http://uniralcobaca.blogspot.pt/2013/03/638127mar201388-hoje-e-dia-mundial-do.html
Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2013
Mensagem de Dario Fo
Há muito tempo que a forma de resolver o problema da intolerância para com os actores era expulsá-los do país.
Hoje, actores e companhias de teatro têm dificuldades em encontrar Teatros, palcos e espectadores por causa da crise.
Os governantes já não estão, portanto, preocupados com problemas de controlo sobre aqueles que se expressam com ironia e sarcasmo, tendo em conta que já não há lugares para actores nem público a quem se dirigirem.

Por outro lado, durante o Renascimento, em Itália os que estavam no poder tiveram que fazer um esforço significativo para manter os Commedianti junto a sí, tendo em conta que atraiam grande multidões.
É sabido que o grande êxodo dos actores da Commedia dell’Arte aconteceu no século da contra-reforma, que decretou o desmantelamento de todos os teatros, especialmente em Roma, onde eram acusados de ofender a cidade sagrada. Em 1697, o Papa Inocente XII, sob a pressão de pedidos insistentes do lado mais conservador da burguesia e dos mais altos representantes do clero, ordenou a demolição do Teatro Tordinona que, segundo os moralistas, teria levado a cena o maior numero de peças obscenas.
Na altura da contra-reforma, o cardeal Carlo Borromeo, que estava activo no norte de Itália, tinha-se comprometido à redenção dos “filhos de Milão”, establecendo uma distinção clara entre a arte, como a mais elevada forma de educação espiritual, e teatro, a manifestação do profano e de vaidade. Numa carta dirigida aos seus colaboradores, que cito de memória, ele expressa-se mais ou menos assim: “Preocupados em erradicar a erva daninha, fizemos os possíveis para queimar textos contendo discursos infames, para os erradicar da memória dos homens, e, ao mesmo tempo, preseguir aqueles que divulgaram tais textos imprimindo-os. Evidentemente, no entanto, enquanto estávamos a dormir, o demónio trabalhou com astúcia renovada. Como penetra na alma mais do que o que os olhos vêem, o que se pode ler nesses livros! Assim como a palavra falada e o gesto apropriado são muito mais devastadores para as mentes dos adolescentes e jovens do que uma palavra morta impressa em livros. É, portanto, urgente livrar as nossas cidades de fabricantes de teatro, como fazemos com as almas indesejadas.".
Então, a única solução para a crise está na esperança de que uma grande expulsão seja organizada contra nós e, especialmente, contra os jovens que desejam aprender a arte do teatro: a diáspora nova de comediantes, de fazedores de teatro, que a partir de tal imposição, terão sem dúvida, benefícios inimagináveis para uma nova representação.
DARIO FO
Milano, 29 gennaio 2013
Tradução de Frederico Corado

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https://www.youtube.com/watch?v=f2JbI_-Sgao
Dario Fo , Prémio Nobel da Literatura em 1997, reescreve em 2008 uma nova versão de um dos mais carismáticos e simultaneamente mais representados textos da sua extensa obra dramática; "Non si paga! Non si paga!" Estreada em Milão no ano de 1974, o êxito da primeira versão desta obra marcou um tempo e assinalou o carácter interventivo de um teatro disponível e atento ás preocupações sociais e politicas 
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(...)Dario Fo é autor de mais de 40 peças teatrais, entre as quais:
 Morte Accidentale di un Anarchico (Morte Acidental de um Anarquista, 1974)
 https://www.youtube.com/watch?v=d53F8rQXUnA
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Non Si Paga, Non Si Paga! (Não Pagamos? Não Pagamos, 1974)
https://www.youtube.com/watch?v=45U4grbGxNQ
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Tutta Casa, Letto e Chiesa (Toda Casa, Leito e Igreja, 1978)
https://www.youtube.com/watch?v=p0a5QhoyLrA
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 L''Uomo Nudo e L''Uomo in Frak (Um Estava Nu, o Outro, de Fraque, 1985)

Female Parts (Partes Femininas, 1981).
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Via CITADOR

http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/dario-fo/10
Dramaturgo/Actor/Comediante [Nobel 1997] 
Escutem esse silêncio, o grandioso ruído que ele carrega; e não serve de nada cobrir as orelhas.
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Aprende a viver o tempo que te foi dado.
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A nossa pátria é o mundo inteiro. A nossa lei é a liberdade. Temos apenas um único pensamento, a revolução nos nossos corações.
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O socialismo real está dentro do homem. Não nasceu com Marx. Já existia nas comunas de Itália na Idade Média. Não podemos dizer que já está acabado.
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Mesmo antes de a Europa se ter unido ao nível económico, ou antes de ter sido concebida ao nível de interesses económicos e comerciais, era a cultura que unia todos os países da Europa. A arte, a literatura, a música são os elos de ligação da Europa.
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Embora isto seja frequentemente usado com conotações negativas, eu vejo a ideologia como parte inerente da cultura.
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É extremamente perigoso falarmos sobre limites ou fronteiras. É vital, em vez disso, que permaneçamos completamente abertos, que estejamos sempre envolvidos, e que visemos contribuir pessoalmente em eventos sociais.
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Todas as formas de poder - mesmo as que são baseadas no consenso do sistema democrático - reagem quando estão a ser atacadas, ou quando aqueles que exercem o poder se tornam um alvo.
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A comédia faz com que a subversão do estado das coisas existentes seja possível.
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Com a comédia eu consigo procurar pelo profundo.
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Um teatro, uma literatura, uma expressão artística que não fale do seu próprio tempo não tem relevância
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É muito difícil para o poder conseguir apreciar ou incorporar humor e sátira no seu sistema de controle.