25/07/2015

5.824.(25jul2015.8.8') Elias Canetti

Nasceu a 25jul1905
e morreu a 13 ag1994
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Prémio Nobel da Literatura 1981
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Via Wook

http://www.wook.pt/authors/detail/id/14006
Elias Canetti

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1981

Escritor de nacionalidade inglesa, Elias Canetti nasceu a 25 de julho de 1905 em Ruse [Rustschuk], uma pequena cidade portuária búlgara situada nas margens do Danúbio. Oriundo de uma família judaica sefardita abastada, teve um percurso linguístico pouco usual. Começou por aprender ladino, um dialeto espanhol arcaico falado pelos sefarditas, logo búlgaro, inglês e, mais tarde, o alemão, idioma que adotou para as suas criações literárias.
Quando contava apenas seis anos de idade, acompanhou a família na sua mudança para a cidade de Manchester, em Inglaterra, mas a morte do pai fez com que a sua mãe partisse para Viena de Áustria, onde Canetti pôde aprender alemão.
A partir de 1916 e até 1921 estudou em Zurique, começando a escrever por esta altura. De visita a Berlim em 1928, frequentou os círculos literários judaicos, chegando a conhecer nomes como Bertold Brecht e Isaak Babel. Em 1929 doutorou-se em Química pela Universidade de Viena, não deixando no entanto de escrever.
Em 1932 apareceu Die Hochzeit, uma comédia de costumes, a que se seguiu Die Blendung (1935), romance alegórico que conta a história de um filólogo que conhece a fundo a língua chinesa, mas que é incapaz de entender as pessoas que o rodeiam. Este último foi interdito pelas autoridades alemãs.
Em 1938 refugiou-se em Paris, na tentativa de escapar às perseguições movidas pelos Nacional-Socialistas, mas com a deflagração da Segunda Guerra Mundial procurou abrigo em Inglaterra, onde permaneceu grande parte da sua vida.
Em 1950 publicou Komödie Der Eitelkeit (Comédia da Vaidade), uma das peças de teatro pioneiras no género do absurdo, e dez anos depois foi a vez de Masse Und Macht (1960, As Massas e o Poder), obra dedicada ao estudo da psicologia das multidões e que denegria a imagem do povo alemão. Após o aparecimento de várias obras de sucesso, entre as quais Die Stimmen Von Marrakesch (1968), Canetti publicou Der Andere Prozess: Kafkas Briefe Am Felice (1969), obra que reconhecia Kafka como um escritor poderoso.
Vencedor de inúmeros prémios e honrado com vários títulos honoríficos, Canetti foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1981. Faleceu em Zurique a 13 de agosto de 1994.

Elias Canetti. In Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
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Auto-de-Fé
http://www.wook.pt/ficha/auto-de-fe/a/id/10895047
Auto-de-fé é o único romance de Elias Canetti. Obra magistral, catapultou este escritor de génio forte e individual para a categoria dos principais autores europeus, ao lado de Robert Musil, Hermann Broch e Karl Kraus. Proibido pelo regime nazi aquando da sua publicação, este é hoje considerado um dos livros fundamentais da história da literatura ocidental. Auto-de-fé narra a história do professor Peter Kien: sinologo e erudito. O seu apartamento é uma imensa biblioteca onde Kien se refugia para evitar todo e qualquer contacto físico e social. O ponto de viragem da sua vida é o casamento com Therese, a sua governanta. Se Kien é um homem composto de livros, Therese é a sua contrafigura pragmática e mesquinha. Expulso da sua própria casa, Kien empreenderá uma viagem aos infernos, com final trágico e surpreendente.
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Massa e Poder
http://www.wook.pt/ficha/massa-e-poder/a/id/15822264
Considerado um dos livros fundamentais do século XX e magistral obra de génio, Massa e Poder é um dos estudos mais inovadores e empolgantes sobre o homem e a sociedade humana alguma vez escritos. Nestas páginas, de imensa erudição, energia e fúria criativa, Canetti reflecte e relaciona os mais diversos temas (desde os mitos e ritos religiosos primitivos, às posturas corporais do homem, à inflação e ao moderno sistema parlamentar) e conjuga várias áreas do saber, transportando o leitor numa viagem pela antropologia, psicologia, biologia, história, política, economia, religião e literatura, através de uma escrita límpida e atraente que alia conhecimento científico e descrição narrativa.
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A Língua Posta a Salvo
http://www.wook.pt/ficha/a-lingua-posta-a-salvo/a/id/219813
Sinopse
"A Língua Posta a Salvo" é a primeira parte de uma trilogia autobiográfica, publicada entre 1977 e 1985, que conta a vida de um jovem, o filho mais velho de uma família abastada de judeus sefarditas. Desde a infância na Bulgária até às estadias com a família em Inglaterra e na Suíça, o livro oferece uma análise detalhada das primeiras décadas do século XX. Os incidentes mais sensíveis do quotidiano têm como pano de fundo acontecimentos mundiais, nomeadamente a Primeira Guerra Mundial, bem como as reflexões do autor sobre as consequências daqueles acontecimentos na vida do indivíduo.
Excerto
«A minha lembrança mais antiga está pincelada de vermelho. Saio por uma porta ao colo de uma rapariga, o chão diante de mim é vermelho, e à esquerda há uma escada para baixo, que é vermelha também. Do lado oposto a nós, à mesma altura, abre-se uma porta e avança para fora um homem sorridente que se dirige para mim. Avança mesmo até junto de mim, detém-se e diz-me: "Mostra a língua!". Eu deito a língua de fora, ele vai ao bolso, tira um canivete, abre-o e põe-me a lâmina mesmo juntinho da língua. Diz ele: "Agora vamos cortar-lhe a língua". Eu não tenho coragem de meter a língua para dentro, ele aproxima-se cada vez mais, está quase a tocar nela com a lâmina. No último momento retira a lâmina, diz: "Hoje ainda não, amanhã". Fecha novamente o canivete e mete-o no bolso.
Todas as manhãs saímos da porta para o corredor vermelho, a porta abre-se e aparece o homem sorridente. Já sei o que vai dizer e fico à espera da ordem dele para mostrar a língua. Sei que ma vai cortar e de cada vez tenho mais medo. Começa assim o dia e isto acontece muitas vezes.»
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Via JERO.Wikipédia.LUSA
Pensamento do dia: "Tudo o que esquecemos grita por socorro em sonhos". 
Elias Canetti (1905-94), escritor suíço de origem búlgara.

Elias Canetti nasceu em 25 de julho de 1905 em Ruse, localidades situada na margem sul do rio Danúbio, na atual Bulgária, na fronteira com a Romênia. Seus pais, Jacques Elias (Elieser) Canetti e Mathilde Arditti, originam-se de famílias prósperas de comerciantes judeus sefarditas. Originalmente, o sobrenome era grafado Cañete, de origem toponímica em referência à aldeia de Cañete, província de Cuenca, atual Espanha. Considerando suas origens, a língua materna de Canetti o judeu-espanhol, também denominado ladino.
Depois que a Bulgária obteve sua independência total do Império Otomano em 1908, Canetti conservou a nacionalidade turca. Dois irmãos nasceriam em 1909 e 1911, respectivamente Nissim e Georg.
Estabeleceu-se em Viena, na Áustria, em 1913, mas em sua juv
entude viveu também em Manchester, Zurique e Frankfurt am Main.
Em 1929, graduou-se em Química. Teve como modelo, no âmbito da literatura e da crítica da linguagem, o escritor e ensaísta austríaco Karl Kraus. Em 1934, casou-se com Venetiana Taubner-Calderon, que adotou o nome Veza Canetti. Emigrou em 1938, e passou a viver em Londres a partir de 1939, recebendo a nacionalidade britânica em 1952.

Sua primeira obra literária foi o romance Die Blendung (Auto-de-Fé) (1935). Os dramas Hochzeit (O Casamento) (1932), Komödie der Eitelkeit (Comédia da vaidade) (1950) e Die Befristeten (Os que têm a hora marcada) (1964) desmascaram o rosto de uma sociedade profundamente corrompida. Colocou o fundamento teórico de sua obra no ensaio Massa e Poder (Masse und Macht) (1960), que põe em relevo o significado fundamental dessa fenomenologia para a realidade política. Suas obras posteriores - Die gerettete Zunge (A Lingua Absolvida), 1977; Die Fackel im Ohr (Uma luz em meu ouvido), 1980; Das Augenspiel (O Jogo Dos Olhos), 1985 - tecem comentários e interpretam uma história de vida e trabalho muito singulares.