10/11/2015

6.743.(10noVEM2015.7.7') Martinho Lutero

Martinho Lutero
Nasceu a 10noVEM1483
e morreu a 18fev1546
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13 de Abril de 1598: Henrique IV assina o Édito de Nantes, permitindo a liberdade de culto aos protestantes

Édito decretado por Henrique IV, em 13 de Abril de 1598, a fim de regular a condição legal da Igreja Protestante na França. Sob o ponto de vista religioso, os calvinistas poderiam praticar o seu culto onde ele já tivesse sido autorizado e, no caso de vilas e aldeias, por determinação do bailio. Essa liberdade de culto, contudo, não se estendia a Paris e à Corte. Do ponto de vista político, o Estado considerava os calvinistas como um corpo organizado e concedia-lhes garantias jurídicas (câmaras de representação mistas, em partes iguais), políticas (acesso a qualquer cargo) e militares (100 praças de segurança por 8 anos). Concedia ainda quatro universidades ou academias aos protestantes.Porém, este édito nunca foi executado na sua plenitude. Aliás, Luís XIV suprime os direitos concedidos um após outro e segue uma política de rigor. É a época das Dragonadas, designação dada às perseguições aos Protestantes do Sul de França, organizadas por Louvois (1681-1685) e executadas pelos Dragões Reais, antes da Revogação do Édito em 17 de Outubro de 1685, o que constituiu um grave erro político, de que resultou o expatriamento de inúmeros protestantes, considerados dos mais activos e incansáveis trabalhadores de França, muitos dos quais se refugiaram em Inglaterra e Holanda e nas suas colónias americanas e africanas.
Édito de Nantes. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)
Henrique IV de França- Frans Pourbus
File:King Henry IV of France.jpg
File:Edit de nantes.jpg

Édito de Nantes
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24 de Agosto de 1572: Noite de São Bartolomeu em França. Começa o massacre dos Huguenotes (protestantes).

Madrugada de 24 de agosto de 1572: os sinos da catedral de Saint Germain-l’Auxerrois fizeram o prenúncio do dia de São Bartolomeu – um mártir.

Na Noite de São Bartolomeu de 1572, os católicos massacraram os huguenotes em França. Somente em Paris, três mil protestantes foram exterminados nessa noite. A violência estava espalhada por todo o país, o número de huguenotes mortos foi de dezenas de milhares.

Poucos dias antes, era calmo o ambiente na capital. Celebrara-se um matrimónio real, que deveria encerrar um terrível decénio de lutas religiosas entre católicos e huguenotes. Os noivos eram Henrique, rei de Navarra e chefe da dinastia dos huguenotes, e Margarida Valois, princesa da França, filha do falecido Henrique II e de Catarina de Médicis.

Margarida era irmã do rei Carlos IX. Alguns milhares de huguenotes de todo o país – a nata da nobreza francesa – foram convidados a participar das festas de casamento em Paris. Uma armadilha sangrenta, como se constataria mais tarde.

Casamento sobre o Sena

A guerra entre católicos e protestantes predominou na França durante anos. E agora, um casamento deveria fazer com que tudo fosse esquecido?

O casamento não foi realizado na catedral. O noivo protestante não deveria entrar em Notre Dame, nem assistir à missa. Diante do portal ocidental da catedral, foi construído um palco sobre o rio Sena, no qual se celebrou o casamento. Margarida não respondeu com um "sim" à pergunta, se desejava desposar Henrique, mas fez simplesmente um aceno positivo com a cabeça. Como era comum na época, o casamento tinha motivação exclusivamente política.

No século XVI, o maior esteio da França não era o rei, mas sim a Igreja. E ela estava inteiramente infiltrada pela nobreza católica. Uma reforma do clero significaria, ao mesmo tempo, o tolhimento do poder dos príncipes. Assim, a nobreza – tendo à frente os Guise – buscava a preservação do status quo.

Casamento forçado seguido de atentado

Os Guise – a linhagem predominante em França – observavam com profunda desconfiança a cerimónia ao lado de Notre Dame. O casamento foi realizado por determinação da poderosa rainha-mãe Catarina de Médicis – uma mulher fria, detentora de um marcante instinto de poder.

Poucos dias depois da cerimónia, o almirante Coligny sofreu um atentado em rua aberta. O líder huguenote teve apenas ferimentos leves. Ainda assim, os huguenotes pressentiram uma conspiração. Estava em perigo a trégua frágil, lograda através do casamento. Por trás do atentado, estavam os Guise e Catarina de Médicis.

O casamento era parte de um plano preparado a longo prazo. Carlos, o rei, ficou furioso ao saber do atentado a Coligny, que era seu conselheiro e confidente. Os católicos espalharam então o boato de que os huguenotes estavam a planear uma rebelião para vingar-se do atentado.

Começa o plano diabólico

O rei Carlos foi pressionado pela sua mãe, Catarina. Carlos vacilou, ficou inseguro. Mas cedeu, finalmente, e ordenou a execução de Coligny. E exigiu, de repente, um trabalho completo: não deveria sobrar nenhum huguenote que pudesse acusá-lo posteriormente do crime.

Coligny foi assassinado com requintes de crueldade na noite de São Bartolomeu. Com ele, milhares de pessoas que professavam a mesma fé.

Henrique de Navarra sobreviveu à noite de São Bartolomeu nos aposentos do rei, que tinha dado a ordem para o massacre. Henrique teve de renegar a sua fé e foi encarcerado no Louvre. Quatro anos mais tarde, ele conseguiu fugir. Retornou ao seu reino em Espanha e, anos depois, subiu ao trono francês.

Henrique, que permaneceu católico, mas irmão espiritual dos huguenotes, concedeu-lhes a igualdade de direitos políticos através do Édito da Tolerância de Nantes. Uma compensação tardia para os huguenotes. Henrique defendia a coesão do país: "A França não se dividirá em dois países, um huguenote e outro católico. 

Fontes: DW
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Massacre de São Bartolomeu, de François Dubois

Uma manhã perto dos portões do Louvre pintura de Édouard DebatePonsan.
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25 de Junho de 1530: A Confissão de Augsburgo é apresentada ao Imperador Carlos V

No dia 25 de Junho de 1530, os príncipes que haviam aderido à Reforma foram convidados a explicar-se no Parlamento alemão. Na ocasião, Philipp Melanchton, amigo de Lutero, apresentou a proclamação da fé luterana.

Para melhor compreender a importância da Confissão de Augsburgo, é necessário apresentar a situação histórica no contexto da Reforma da Igreja, impulsionada pelo estudioso Martinho Lutero, da Ordem dos Monges  de Santo Agostinho. Ele  aprofundou a teoria da religião a partir de 1510, quand retornou de uma viagem a Roma, decepcionado com a corrupção que constatara no alto clero.
Aprofundando os seus estudos, concluiu que o homem só se pode salvar pela fé incondicional em Deus, não pelas obras praticadas ou pela indulgência comprada. A fim de arrecadar fundos para financiar a reconstrução da Basílica de São Pedro, o papa Leão X havia permitido o perdão dos pecados a todos que contribuíssem financeiramente para a Igreja.
Escandalizado com essa salvação comprada a dinheiro, Lutero afixou na porta da catedral de Wittenberg, no leste da Alemanha, um manifesto público (as 95 teses), em que protestou contra a atitude do papa e expôs os elementos da sua doutrina. Iniciava-se, desta maneira, uma longa discussão entre Lutero e as autoridades eclesiásticas, culminando com a sua excomunhão pelo papa, em 1520.
No dia 21 de Janeiro de 1530, o imperador Carlos V convocara uma Dieta imperial a reunir-se em Abril seguinte, em Augsburgo, no sul da Alemanha. Para dispor de uma frente unida contra os turcos nas suas operações militares, ele exigiu o fim do conflito entre protestantes e católicos.
Os príncipes e representantes das cidades livres do Império foram convidados a discutir as diferenças religiosas na futura Dieta, na esperança de superá-las e restaurar a unidade. Atendendo ao convite, o príncipe eleitor da Saxónia pediu aos seus teólogos em Wittenberg que preparassem um relato sobre as crenças e práticas nas igrejas da sua terra, que seria apresentado ao imperador.
Sob a coordenação de Philipp Melachton, foram reunidas as doutrinas compiladas nos documentos conhecidos como Artigos de Schwabach, de 1529, e Artigos de Torgau, de Março de 1530.
Lutero, que não estava presente em Augsburgo, foi consultado por correspondência, mas as emendas e revisões continuaram a ser feitas até à véspera da apresentação formal ao imperador, em 25 de Junho de 1530. Assinada por sete príncipes e pelos representantes de duas cidades livres, a Confissão imediatamente foi reconhecida como uma declaração pública de fé.
De acordo com as instruções do imperador, os textos das confissões foram apresentados em alemão e latim. Diante da Dieta foi lido o texto alemão, que é, por isso, tido como mais oficial.
A Confissão representava um esforço para manter a Igreja unida e continha as principais teses da doutrina de Lutero, entre as quais as que dizem respeito à doutrina da justificação, ou da salvação. Mesmo que a Confissão tivesse sido redigida em estilo conciliador, evitando ataques e reivindicações, não foi aceite pela Igreja Católica e a sua divulgação ficou proibida.
A rejeição da Confissão de Augsburgo deu força à separação entre luteranos e católicos. Passaram-se quatro séculos de condenações recíprocas e guerras religiosas. O diálogo, suspenso em 1530, só recomeçou em 1967, após o Concílio Ecuménico Vaticano II.
Philipp Schwarzerd foi o compilador, não somente da Confissão, como também de outro documento muito importante, conhecido como Apologia da Confissão de Augsburgo. Philipp nasceu em Bretten, Baden, em 1497. O seu tio-avô, o famoso humanista Reuchlin, exerceu grande influência sobre ele.
Devido à admiração pelo idioma grego, "helenizou" o sobrenome, adotando o nome de Melanchthon, conforme a tradução de "terra negra" para o grego. Foi grande amigo de Lutero e o seu mais fiel aliado na causa da Reforma. Se, de um lado, Lutero era profundo conhecedor da Palavra de Deus, Melanchthon foi um dos maiores conhecedores das línguas originais nas quais a Palavra de Deus havia sido escrita.
 Fontes: Opera Mundi
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A Confissão de Augsburgo é apresentada a Carlos V
Representação da Confissão de Augsburgo na janela de uma Igreja em Speyer na Alemanha
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26mAIo1521 - Martinho Lutero é banido pelo Édito de Worms.
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03 de Janeiro de 1521: Martinho Lutero é excomungado pelo Papa Leão X

Martinho Lutero nasceu a 10 de Novembro de 1483 em Eisleben, na Alemanha. Os seus pais fixaram residência, em 1484, em Mansfeld, onde Martinho iniciou os seus estudos. Terminando o curso da escola daquela localidade, então com 14 anos, deixou a casa paterna e ingressou na escola superior de Magdeburgo. Depois de um ano ali, teve que retornar a casa dos pais devido a uma grave enfermidade, indo por esta razão, no ano seguinte, estudar em Eisenach. Em 1501 ingressava na Universidade de Erfurt, cidade conhecida como "Roma Alemã" pelo seu elevado número de igrejas e mosteiros. Obteve  os graus de Bacharel (1502) e Mestre em Arte (1505). No mesmo ano ingressou no curso de Direito. Este, porém, foi interrompido visto que, a 02 de Julho de 1505,  teve sua vida seriamente ameaçada por uma tempestade que, por pouco, lhe tirara a vida. Fez, nesta oportunidade, um voto a Santa Ana que, se lhe fosse dado viver, ingressaria no mosteiro para tornar-se monge. No dia 17 de Julho de 1505 ingressa no convento da Ordem dos Agostinhos .Em Fevereiro de 1507 foi ordenado sacerdote. Por indicação do vigário da ordem, João de Staupitz, que reconhecia em Lutero uma erudição e inteligência incomuns, Lutero foi designado professor na Universidade de Wittenberg, fundada em 1502 por Frederico, o Sábio, duque da Saxónia e presidente dos sete eleitores civis que, juntamente com sete autoridades religiosas, elegiam o imperador do Sacro Império -Romano da Nação Alemã. Ocupou ali a cadeira de Teologia. Continuou também os seus estudos, instruindo-se principalmente nas línguas grega e hebraica.

Em 1511, então com 28 anos, foi enviado em missão diplomática a Roma, para solucionar uma divergência entre sete conventos de sua Ordem e o vigário geral da mesma. A corrupção, imoralidade, o desrespeito do clero e da cúpula da igreja para com as coisas sagradas marcaram nele uma profunda decepção. 

Em 1517, Lutero quis provocar um debate público sobre a venda de indulgências promovidas pelo Papa Leão X e o arcebispo Alberto de Mogúncia através da Ordem dos Dominicanos. Quando pregou à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de Outubro de 1517, o pergaminho com as 95 teses em latim para serem debatidas entre os académicos  conforme o costume da época, não desejava desencadear um movimento na história da igreja. O efeito dessas teses foi tão inesperado, que elas não ficaram apenas entre os letrados; traduzidas  para alemão, em poucas semanas espalharam-se por toda a Alemanha e outras partes da Europa, chegando ao conhecimento do povo em geral.

Em 1518 Lutero foi chamado para responder a um processo instaurado por Roma. Mas, por interferência de Frederico, o Sábio, Príncipe da Saxónia  o Papa consentiu que a questão fosse tratada na Alemanha. Exigia -se  que Lutero se retratasse, o que este não fez. Tinha Lutero nessa época o apoio do capítulo da Ordem dos Agostinhos e do corpo docente da Universidade de Wittenberg. Como Lutero recusava retratar-se, a resposta do Papa foi a bula de excomunhão Exsurge Domine (15 de Junho de 1520). A 3 de Janeiro de 1521 esgotou-se o prazo dado na bula, sendo então proferido o anátema definitivo pelo Papa Leão X através pela bula Decet Romanum Pontificem.
Fontes: geniosmundiais.blogspot
             wikipedia (imagens)
Exsurge Domine é a bula pontifícia emitida pelo papa Leão X em 15 de junho de 1520 em resposta às 95 teses de Martinho Lutero e aos seus escritos sucessivos. Dessas 95, o papa reconhecia como válidas 54 teses, mas pedia que Lutero se retratasse por 41 delas, assim como por outros erros especificados, oferecendo um prazo de 70 dias a partir da sua publicação.
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/03-de-janeiro-de-1521-martinho-lutero-e.html?fbclid=IwAR2DY1b0YrRwVQgyI-zhVEOQe3EefLZhSBdx0JbBtH5l5hDafxB9K4RuYdA
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Via Citador
http://www.citador.pt/frases/citacoes/a/martinho-lutero
O coração do homem é como um moinho que trabalha sem parar. Se não há nada para moer, corre o risco de se triturar a si mesmo. - Martinho Lutero - Frases
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"A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço."
"Se você está à procura de uma grande oportunidade, descubra um grande problema."
"A mentira é como uma bola de neve; quanto mais rola, tanto mais aumenta."
"Faça o sermão sobre o que quiser, mas nunca por mais de 40 minutos."
"Para cada florim investido na guerra, cem deveriam ser investidos na educação."
"Todo o pecado é um tipo de mentira"
"O pecado é como a barba; reproduz-se e é preciso cortá-lo continuamente."
"A mais amorosa, fraterna e encantadora relação, comunhão ou companhia é a do bom casamento."
"O coração do homem é como um moinho que trabalha sem parar. Se não há nada para moer, corre o risco de se triturar a si mesmo.
In Discursos à mesa
"Deve-se doar com a alma livre, simples, apenas por amor, espontaneamente!"
"No casamento, cada pessoa deve realizar a função que lhe compete. O homem deve ganhar dinheiro, a mulher deve economizar."
"Quem não for belo aos vinte anos, forte aos trinta, esperto aos quarenta e rico aos cinquenta, não pode esperar ser tudo isso depois."
"O coração do homem é como o mercúrio, tanto está aqui agora, como logo a seguir está noutro lugar, hoje assim, amanhã a pensar de outra forma.
"A família é a fonte da prosperidade e da desgraça dos povos."
In Apophthegmata
"A medicina cria pessoas doentes, a matemática, pessoas tristes, e a teologia, pecadores."
"Os sinos tocam de modo muito diferente do normal quando morre um amigo."
"Até aos quarenta anos o homem permanece louco; quando então começa a reconhecer a sua loucura, a vida já passou."
"O mundo é como um camponês embriagado; basta ajudá-lo a montar sobre a sela de um lado para ele cair do outro logo em seguida."
In Cartas
"Sê pecador e peca fortemente, mas crê ainda mais fortemente."
In Sobre A Autoridade Secular
"Pensamentos não pagam imposto alfandegário."
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 Lutero em 1529 pintado por Lucas Cranach

Martinho Lutero
http://www.e-cristianismo.com.br/historia-do-cristianismo/biografias/vida-e-obra-de-martinho-lutero.html
Uma das figuras mais polêmicas do cristianismo e responsável maior pela reforma protestante, Martinho Lutero nasceu em 10 de Novembro de 1483, na cidade de Eisleben, filho de Hans e Margareth Luther. Na manhã seguinte, festa de Martim de Tours, foi batizado com o nome do santo do dia, na igreja de São Pedro e Paulo.
Hans Luther, seu pai, foi fazendeiro, mineiro, dono de mina, e posteriormente fez parte do conselho da cidade de Mansfeld, para onde eles se mudaram quando Lutero tinha um ano de vida. O luterano Martin Marty1 descreve a mãe de Lutero como sendo uma grande trabalhadora da classe comerciante, enquanto nota que os inimigos de Lutero a descreviam como prostituta ou atendente de banheiros. Seus pais assinavam alternativamente os sobrenomes de Lüder, Luder, Loder, Ludher, Lotter, Lutter ou Lauther. A forma conhecida hoje como Luther foi escolhida pelo próprio Lutero por volta de 1512. Ele derivou seu nome ou do duque Leuthari ou da palavra grega ελεύθερος (livre), de onde ele tira a palavra flexionada Eleutherios (o livre)2.
Lutero frequentou a escola da cidade de Mansfeld de 1488 até 1497. Depois disto ele frequentou a Magdeburger Domschule. Ali ele estudou com os Irmãos da Vida Comum, comunidade religiosa católica que enfatizava uma vida de simples devoção a Jesus. Estes haviam estabelecido na Alemanha e Holanda escolas onde o ensino era oferecido “para o amor de Deus apenas”. Depois disto, em 1498, Lutero é enviado para os franciscanos em Eisenach, onde ele recebeu educação em música e poesia, se destacando como cantor. Desde cedo então, o jovem Lutero recebia influência religiosa.
De 1501 até 1505, Lutero vai estudar na faculdade de Erfurt, recebendo o título de “Magister Artium” da faculdade de Filosofia. Ali ele recebe educação básica em latim nas matérias de Gramática, Retórica, Dialética, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.
Seguindo o desejo de seu pai, Lutero então inicia seus estudos de direito, na mesma faculdade, no ano de 1505. No entanto, abandona os estudos não muito tempo depois. Em 2 de julho daquele ano, depois de uma visita aos seus pais em Mansfeld, retornando para Erfurt durante uma tempestade, Lutero teve medo de morrer quando um raio cai perto dele, e chama Santa Ana, dizendo “Me ajude, santa Ana, e eu me tornarei um monge!”. Sua promessa pode ser explicada tanto pelo medo da morte e do julgamento divino, que posteriormente ele confessa a seu pai, como também pela educação religiosa que recebeu até então. Assim, em 17 de julho, contra a vontade de seu pai (que via aquilo como um desperdício de toda a educação que Lutero recebeu), ele entra em um monastério agostiniano em Erfurt.
Ali ele se dedica com tando afinco à vida monástica, se devotando a jejuar, passar horas orando, em peregrinação e em frequente confissão. Posteriormente ele diria que “Se alguém pudesse ganhar o céu como monge, eu certamente estaria entre eles”3. Foram anos de desespero espiritual que ele posteriormente descreveria: “Eu perdi contato com Cristo o Salvador e Confortador e fiz dele o carcereiro e carrasco da minha pobre alma”4. Tanta dedicação o faz diácono já em 27 de fevereiro de 1507, e padre em 4 de abril do mesmo ano.
O motivo de tanto desespero espiritual se encontrava no sacramento da penitência. Os pré-requisitos deste sacramento eram arrependimento sincero, falta de medo diante da punição divina e a confissão de todos os pecados, inclusive os pecados secretos, mesmo os desconhecidos pela pessoa. Estes pré-requisitos Lutero levava bastante a sério, chegando posteriormente a duvidar da sua capacidade de cumpri-los, o que o levou a duvidar ainda do perdão de Deus.
Assim Johann von Staupitz, seu confessor e vicário geral da congregação, concluiu que Lutero precisava de mais trabalho para distraí-lo de excessiva introspecção, ordenando ele a buscar uma carreira acadêmica em Wittemberg, em 1508, onde entra em contato com a teologia de Guilherme de Ockham. Em março de 1509 recebe o grau de bacharelado em Estudos Bíblicos, que o permitiu ler alguns trechos bíblicos com os acadêmicos. Poucos meses depois recebe outro grau de bacharelado nas Sentenças de Pedro Lombardo, que o permitiu expô-las. Pouco depois disto retorna para Erfurt.
Em 1510, Lutero viaja para Roma, em uma missão em nome de seu convento. A casa de Erfurt e seu prior, Johann Nathin, pertenciam a um movimento de reforma dentro da ordem Agostiniana que buscava expandir uma observância mais estrita da Regra. Em setembro de 1510, uma união entre as ordens foi anunciada, o que para estes monastérios reformados como o de Erfurt, significava uma perda do que já havia sido obtido. Por este motivo, estas congregações decidiram apelar para o vicário geral, Giles (Egidio) de Viterbo, em Roma. Assim, Lutero foi escolhido para levar a apelação ao vicário geral. Viagens assim não poderiam ser feitas sozinho, pois isto era proibido pela ordem. Provavelmente foi acompanhado por Anton Kresz da casa de Nuremberg, que estava encarregado da missão.
Foi em Roma que Lutero teve grande decepção. Segundo relatos de seu filho Paulo, que ouviu isto de seu pai em 1541, Lutero ali subiu a famosa Scala Santa de joelhos, pedindo penitência por ele e seus parentes. Arrependido de seus atos, volta a Alemanha.
Em setembro de 1511, retorna a Wittenberg. Em 19 outubro de 1512 ele recebe o título de Doutorado em Teologia, e em 21 de outubro de 1512 recebeu o convite para ocupar a posição de Doutor na Bíblia na mesma faculdade, título que manteve até o fim de sua vida.

Contra a venda de Indulgências

Um ano antes da elaboração das 95 teses, Lutero já pregava abertamente contra as indulgências. No verão de 1517, ele recebe uma carta do cardeal Albrecht, intitulada Instructio Summarium, permitindo a venda de indulgências no país. Parte das rendas serviria para pagar as dívidas dele com a família Fugger, que financiaram seu príncipe eleitor. Para esta tarefa, ele envia Johann Tetzel.
No dia 4 de setembro de 1517, Lutero distribui 97 teses entre seus discípulos e colegas sobre uma disputa com a teologia escolástica. Depois disto Lutero elabora suas 95 teses a respeito das indulgências, que, segundo Filipe Melanchthon, teriam sido fixadas na porta principal da Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517, evento que ficou mais tarde conhecido como o estopim para a reforma protestante.
Tal fato é hoje muito questionado. Alega-se por um lado que Filipe Melanchthon não poderia ser testemunha ocular do evento, pois chegou à universidade como professor apenas em 1518. Além disto se alega também que tal ato seria interpretado como uma provocação aos seus superiores. Havia sim o costume de se fixar teses nas portas da Igreja, mas isto acontecia apenas depois de se verificar as reações de bispos ao trabalho fixado. Lutero não desejava confrontar seus superiores, mas sim, esclarecer alguns pontos sobre as indulgências.
Por outro lado, Filipe Melanchthon era amigo muito próximo de Lutero. Mesmo não sendo testemunha ocular, ele poderia muito bem ter ouvido o relato do próprio Lutero. Além disto, ele nunca fez disto um fato extraordinário, ficando difícil entender por que Melanchthon poderia mentir ou até mesmo se enganar sobre este ponto.
Sabe-se no entanto que Lutero escreveu uma carta ao arcebispo Albrecht de Mainz e Magdeburg em 31 de outubro de 1517, onde ele denunciava a venda de indulgências e exigia o esclarecimento de mal-entendidos. Com a carta ele enviou 95 teses, as quais serviram de base para uma discussão sobre o assunto. Mas Albrecht não respondeu esta carta, enviando-a para Roma. Johann Tetzel reagiu escrevendo contra-teses, com a ajuda do teólogo Johannes Eck, professor da cidade de Ingolstadt.
A resposta do papa foi colocar a questão debaixo da jurisdição dos agostinianos, cuja próxima reunião capitular seria em 26 de abril de 1518, conhecida hoje como a Disputa de Heidelberg, cidade onde aconteceu. Para lá foi Lutero, temendo por sua vida, mas encontrando amplo apoio por parte dos monges ali. Nesta disputa, Lutero pôde elucidar sua teologia, onde pregava a graça de Deus. A questão é que Lutero via seu entendimento sobre esta graça como o alicerce para seu ataque às indulgências. Foi em Heidelberg que Lutero convenceu muitos futuros reformadores, entre eles Martin Bucer, sobre a veracidade de sua teologia.
Assim, o papa Leão X teve que tomar outro caminho. Se reuniria em Augsburgo, em outubro de 1518, a dieta do império, ou seja, a assembléia de todos os potentados alemães, sob presidência do imperador Maximiliano. O legado papal para esta dieta era o cardeal Cajetano, cuja grande missão era convencer os príncipes alemães da necessidade de empreender uma cruzada contra os turcos, que ameaçavam a Europa, e de promulgar um novo imposto para este fim. O papa então comissionou Cajetano a se entrevistar com Lutero e o obrigar a se retratar. Se o monge negasse, deveria ser levado prisioneiro a Roma.
No entanto, o príncipe eleitor Frederico, o Sábio da Saxônia, em cuja jurisdição vivia Lutero, obteve um salvo conduto do imperador Maximiliano para Lutero, a quem se dispôs a ajudar em Augsburgo, mesmo sabendo que pouco mais de cem anos antes, e em circunstâncias muito parecidas, Jan Huss tinha sido queimado em violação a um salvo-conduto imperial.
A entrevista, que ocorreu entre 12 e 14 de outubro, não rendeu o resultado desejado. O cardeal se recusava a discutir com o monge e exigia sua renúncia. Por outro lado, Lutero não estava disposto a se retratar antes de ser convencido de seu erro. Quando descobriu que Cajetano poderia levá-lo a Roma como prisioneiro, abandonou a cidade às escondidas na noite do dia 20 para o dia 21.
Frederico ajudava Lutero não por que estava convencido por suas doutrinas, mas sim por que ele desejava que fosse dado um tratamento justo a Lutero. Ele desejava evitar o que havia acontecido com Jan Huss anos antes. Assim estavam as coisas, quando em janeiro de 1519, morre o imperador Maximiliano. A escolha de sucessores ao trono alemão não era feita por sucessão, e sim por eleição. Logo começou-se a discutir quem seria o sucessor de Maximiliano. Os dois candidatos mais poderosos eram Carlos I da Espanha e Francisco I, da França. Para o papa, nenhum dos dois candidatos convinha ser eleito, já que o império alemão fortaleceria qualquer um dos dois de forma desproporcional. Roma precisava de um candidato cujos atrativos residiam não no poder, mas sim, na sabedoria e justiça. E por isto não havia candidato melhor que Frederico.
Desta forma, como Frederico defendia Lutero até que este tivesse um julgamento justo pelo menos, Leão X prorrogou a condenação de Lutero, enquanto se aproximava do eleitor que o protegia. Por fim, Karl von Miltitz, parente de Frederico, foi enviado pelo papa à Alemanha, para obter uma solução amigável. Em entrevista com Lutero, conseguiu deste a promessa de não continuar a controvérsia desde que seus inimigos fizessem o mesmo. Isto trouxe uma breve trégua.
Isto durou até que Johannes Eck desafiasse, não Lutero, mas sim Karlstadt, colega de Lutero na universidade de Wittenberg, a um debate em Leipzig a cerca das doutrinas do livre-arbítrio e da graça, que ocorreu em Junho de 1519. Karlstadt havia se convencido das doutrinas de Lutero, porém era muito mais impetuoso e exagerado que Lutero. Como suas doutrinas seriam discutidas em Leipzig, Lutero declarou que participaria também do debate.
Quando chegou o momento de Eck e Lutero debaterem, ficou claro que Lutero conhecia mais sobre as Escrituras, enquanto Eck estava mais à vontade nas matérias de Direito Canônico e Teologia Medieval. O assunto do debate foi expandido, e Eck foi mais hábil em levar a discussão para as áreas que dominava. Assim, Eck obrigou Lutero a declarar que o Concílio de Constança havia se enganado ao condenar Huss, e que um cristão com a Bíblia, no seu entender, tem mais autoridade que todos os papas e os concílios contra ela. Isto foi o suficiente para Eck acusar Lutero de herege, por apoiar um herege condenado (Huss) por um concílio ecumênico.
Neste tempo, Carlos I da Espanha já havia sido eleito imperador alemão, por isto o papa não precisaria mais adiar nenhuma condenação de Lutero. Por outro lado, os defensores da causa de Lutero souberam aproveitar bem as condições políticas em seu favor. Além do número sempre crescente de seus seguidores, Lutero tinha as simpatias dos humanistas, que viam nele um defensor da reforma que eles mesmos propunham, e dos nacionalistas, para quem o monge era o porta-voz do protesto alemão diante dos abusos de Roma.

Excomunhão

Assim, o papa tardiamente agiu, enviando a bula Exsurge domine, em 15 de junho de 1520, onde ordenava que os livros de Lutero fossem queimados, dando ainda sessenta dias para se submeter à autoridade romana, sob pena de excomunhão e anátema. As obras do Reformador foram queimadas em muitos lugares onde foi recebida. No entanto, quando Lutero a recebeu, a queimou juntamente com outros livros com as doutrinas dos papistas. Este era o rompimento definitivo.
Lutero em Worms
Dieta de Worms
Embora o imperador Carlos V fosse católico fervoroso, não hesitou em usar o caso de Lutero para obter o apoio papal. Em todo caso, decidiu-se que Lutero deveria comparecer à dieta de Worms, que ocorreu de 28 de janeiro até 25 de maio de 1521. Esta dieta reunia vários súditos do império, e o príncipe eleitor Frederico obteve salvo-conduto para que Lutero pudesse comparecer à dieta, o que ocorreu no dia 18 de abril.
No interrogatório, Lutero foi apresentado a vários livros de sua autoria, para ser questionado se eles eram realmente seus livros, o que ele confirmou. Sendo confirmada a autoria dos livros, o interlocutor perguntou a ele se ele continuava sustentando as doutrinas ensinadas naqueles livros.
Este era um momento muito difícil para Lutero, que temia não o imperador ou o papa, mas sim a Deus, que os ordenara. Assim, pediu um dia para refletir sobre sua resposta.
No dia seguinte, a pergunta foi refeita. Em sua resposta, Lutero dividiu seus escritos em três categorias: a primeira não era mais que a doutrina cristã que tanto ele como seus inimigos sustentavam, e portanto ninguém deveria pedir-lhe que se retratasse daquilo. A segunda parte tratava sobre a tirania e as injustiças a que estavam submetidos os alemães, e também disto não se retrataria, pois tal não era o propósito da dieta, e tal negação somente contribuiria para aumentar a injustiça que se cometia. A terceira parte, que consistia em ataques a certos indivíduos e em pontos de doutrina que seus oponentes refutavam, certamente não havia sido escrita com demasiada aspereza. E assim tão pouco dela se retrataria, a não ser que lhe convencessem de que estava enganado.
Seu interlocutor insistiu: “Retratas-te, ou não”? E Lutero lhe respondeu em alemão mesmo “Não posso nem quero retratar-me de coisa alguma, pois ir contra a consciência não é justo nem seguro. Deus me ajude. Amém”. Alguns ainda dizem que ele acrescentou as palavras: “Aqui estou e não posso fazer diferente”. Mas atualmente se acredita que tais palavras foram adicionadas posteriormente.
Nos próximos 5 dias conferências foram mantidas para se decidir o destino de Lutero. Temendo pela própria vida, Lutero fugiu de Worms, antes que sua condenação fosse declarada. Durante a fuga, Lutero foi sequestrado por um grupo de homens armados, a mando de Frederico, o sábio, e foi levado ao castelo de Wartburg, em segredo. Ali Lutero passaria um bom tempo escondido.

Tradução da Bíblia

Hugo Vogel Luther WartburgLutero ficaria no castelo de Wartburg até 1 de março de 1522, sob o pseudônimo de Junker Jörg. Dedicaria seu tempo a escrever, e entre as obras mais importantes de Lutero, está o início da tradução do Novo Testamento para o alemão, obra que ele terminaria 2 anos depois (o Velho Testamento levaria mais de 10 anos). Esta importante obra deu forma ao idioma alemão, além de permitir o povo a ler as Escrituras.
Enquanto Lutero estava no exílio, vários de seus colaboradores continuaram seu trabalho em Wittenberg, entre eles Karlstadt e Phillip Melanchthon. Lutero era tão temente a Deus que tinha vacilado em dar os passos concretos que seguiam sua doutrina. Em sua ausência, estes passos foram dados de forma mais rápida. Muitos monges e freiras deixaram seus conventos e se casaram, o culto foi simplificado, usava-se o alemão no culto, abandonou-se as missas pelos mortos, cancelaram-se os dias de abstinência e jejum. Melanchthon começou a oferecer a comunhão de ambos os modos, dando o cálice para os leigos também.
Isto era bem visto para Lutero no começo, mas quando Karlstadt começou a se dedicar a derrubar imagens, Lutero lhes aconselhou moderação. O clima instável em Wittenberg facilitou a entrada de três leigos conhecidos por Profetas de Zwickau, que diziam que Deus lhes falava diretamente, e não tinham necessidade das Escrituras. Melanchthon não sabia responder a estas pretensões, então pediu conselhos a Lutero em Wartburg. Este percebeu que o que estava em jogo era nada mais nada menos que o Evangelho, e retornou a Wittemberg, em 6 de março de 1522.
O retorno a Wittenberg pôde ser feito em segurança, por causa das condições políticas. Pouco tempo depois da dieta de Worms, o papa Leão X morria. Carlos V, embora quisesse acabar com o protestantismo luterano, tinha problemas com Francisco I, da França, e não podia molestar seus súditos alemães.
Por oito dias ele pregou 8 sermões conhecidos por Sermões Invocavit, onde ele se concentrou nos valores cristãos do amor, paciência, caridade e liberdade, lembrando os cidadãos para que confiem em Deus e não na violência para que eles consigam as mudanças necessárias. O efeito da intervenção de Lutero foi imediato.

Casamento e família

Em abril de 1523, Katharina von Bora e outras 8 freiras fogem do convento cisterciense de Nimbschen, na Saxônia. Desde então, elas vivem em Wittenberg. Posteriormente, em 13 de junho de 1525, Katharina e Lutero se casam, adiando as festividades para o dia 27.
Nesta época, alguns pastores já haviam se casado, como Andreas Karlstadt e Justus Jonas, mas o casamento de Lutero deu o selo de aprovação ao casamento clerical. Lutero já havia condenado o celibato usando bases bíblicas, mas mesmo assim a decisão de se casar pegou todos de surpresa.
Katharina passa então a ser de grande ajuda aos problemas pessoais de Lutero. Através do abrigo de estudantes e da anotação de vários discursos de Lutero, ela preveniu várias dificuldades econômicas. Juntos tiveram 6 filhos:
  1. Johannes, nascido em 7 de junho de 1526 em Wittenberg, falecido em 27 de Outubro de 1575 em Königsberg (Preußen),
  2. Elisabeth, nascida em 10 de dezembro de 1527 em Wittenberg, falecida em 3 de agosto de 1528 em Wittenberg,
  3. Magdalena, nascida em 4 de maio de 1529 em Wittenberg, falecida em 20 de setembro de 1542 em Wittenberg,
  4. Martin, nascido em 7 de novembro de 1531 em Wittenberg, falecido em 4 de Março de 1565 em Wittenberg,
  5. Paul, nascido em 28 de janeiro de 1533 em Wittenberg, falecido em 8 de Março de 1593 em Leipzig,
  6. Margarethe, nascida em 17 de dezembro de 1534 em Wittenberg, falecida em 1570 em Mühlhausen/Ostpreußen.

Rebelião dos camponeses

Em 1525, estoura a rebelião dos camponeses. Estes tinham sofrido por várias décadas uma opressão sempre crescente e já haviam ocorrido rebeliões em 1476, 1491, 1498, 1503 e 1514. Porém nenhuma delas teve a magnitude da de 1525. Além disto, a baixa nobreza acabara de perder suas poucas terras para a alta nobreza.
A esta nova rebelião, um novo fator se somou: a pregação dos reformadores. Embora Lutero não cria que sua pregação devesse ser aplicada em termos políticos, houve muitos que não estiveram de acordo com ele nesse ponto. Entre eles estava Tomás Muntzer, natural de Zwickau, tendo doutrinas que se pareciam muito com as dos profetas de Zwickau.
À parte de Muntzer, a revolta também possuía um caráter religioso. Quando elaboraram seus “doze artigos”, os camponeses apresentaram várias demandas econômicas, mas outras eram religiosas. Porém tratavam de baseá-las todas nas Escrituras, e seu último artigo declarava que, caso fosse provado que algum de seus pedidos era contrário às Escrituras, ele seria retirado.
Em todo caso, Lutero não sabia como responder a essa nova situação. Possivelmente sua doutrina dos dois reinos era mais difícil de entender do que praticar. Quando primeiramente leu os “doze artigos”, ele se dirigiu aos príncipes, dizendo-lhes que o que se pedia era justo. Mas quando a rebelião tomou forma, e os camponeses se armaram, Lutero tratou de dissuadi-los e posteriormente instou aos príncipes que tomassem medidas repressivas. No entanto, quando a rebelião foi sufocada com violência, o Reformador exigiu misericórdia para com os vencidos.
As consequências de tudo isto foram funestas para a causa da Reforma. Os príncipes católicos culparam o luteranismo pela rebeldia e, a partir de então, proibiram todo intento de pregar-se a reforma em seus territórios. E quanto aos camponeses, muitos deles abandonaram o luteranismo, e regressaram à velha fé ou se tornaram anabatistas.

Organização eclesiástica

Os problemas políticos continuavam impedir que Carlos V aplicasse as resoluções da dieta de Worms. Isto deu a Lutero tempo suficiente para organizar o culto.
Assim, de 1525 a 1529, Lutero estabeleceu um corpo eclesiástico supervisório, estabeleceu uma nova forma de adoração, e elaborou dois catecismos.
Para não confundir muito o povo, Lutero não fez mudanças muito drásticas no culto. Isto não foi bem visto por outros reformadores, que viam no culto de Lutero um culto muito papista. Por outro lado, Lutero escreveu vários hinos, se destacando como escritor de hinos.

Colóquio de Marburgo

Em outubro de 1529, Filipe I de Hesse, adepto do protestantismo, convoca uma reunião de teólogos alemães e suíços no Colóquio de Marburgo, a fim de estabelecer a unidade dos Estados protestantes emergentes. Após discussões, 14 dos 15 pontos discutidos tiveram concordância por parte de todos. A única exceção seria sobre a natureza da Eucaristia, onde Lutero e Zuínglio discordavam, e se relacionava estritamente com o restante de suas teologias.
Além de Lutero e Zuínglio, o Colóquio contou com a participação de Johannes Agricola, Johannes Brenz, Martin Bucer, Caspar Hedio, Justus Jonas, Filipe Melanchthon, Johannes Oecolampadius, e Andreas Osiander.
Sobre a questão Eucarística, os teólogos alemães e suíços nunca chegaram a um consenso. No entanto, o colóquio de Marburgo foi importante para a formulação da confissão de Augsburgo.

Confissão de Augsburgo

A dieta de Spira, em 1529, tomou um rumo muito diferente das dietas anteriores, que não tomaram nenhuma medida em relação às decisões da dieta de Worms. Naquele momento o imperador Carlos V era mais poderoso e vários príncipes que antes tinham sido moderados passaram para o lado católico. Ali se reafirmou o edito de Worms. Foi então que os príncipes luteranos protestaram formalmente e, por isso, a partir desse momento, começaram a chamá-los “protestantes”.
Finalmente, Carlos V regressou à Alemanha em 1530, para a celebração da dieta de Augsburgo. Na dieta de Worms, o Imperador não tinha desejado ouvir sobre o que se tratava o debate. Porém agora, tendo em vista o curso dos acontecimentos, pediu que lhe apresentassem uma exposição ordenada dos pontos em discussão. Esse documento, preparado primeiramente por Melanchthon, é o que se conhece como a “Confissão de Augsburgo”. No princípio representava somente os protestantes da Saxônia. Porém, pouco a pouco outros foram firmando-o e logo chegou a servir para apresentar ao Imperador uma frente quase que totalmente unida (havia outras duas confissões minoritárias que não concordavam com esta da maioria dos protestantes).
Novamente o Imperador encolerizou-se e deu aos protestantes um prazo até abril do ano seguinte para se retratar.
Diante da ameaça imperial, Lutero chegou à conclusão que era lícito pegar as armas em defesa própria contra o Imperador. Os territórios protestantes formaram então a União de Esmalcalda, cujo propósito era fornecer resistência ao edito imperial, se Carlos V decidisse impô-lo pelas armas.
No entanto, questões políticas impediram novamente de Carlos V fazer o que prometia. Sendo ameaçado pelos turcos e por Francisco I, teve que recorrer aos súditos alemães, iniciando as negociações entre protestantes e católicos, chegando-se então à paz de Nuremberg, em 1532.
Segundo o acordo, era permitido aos protestantes continuar com sua fé, sem estendê-la a outros territórios. O edito imperial de Augsburgo seria suspenso e os protestantes ofereceriam ao Imperador seu apoio contra os turcos.

O problema da bigamia de Filipe de Hesse

Filipe de Hesse, que havia de ser um forte aliado dos protestantes, tinha porém uma vida muito licenciosa. Assim que casou com a doente Christina da Saxônia, Filipe passou a cometer adultério. Já em 1526, Filipe considerava a permissividade da bigamia. Desta forma ele escreve a Lutero, alegando precedência dos patriarcas. Lutero escreve em 28 de novembro de 1526, que não era suficiente considerar os atos dos patriarcas, mas que ele deveria ter sanção divina para tal ato. Como não havia tal sanção, Lutero desencorajou tal ato, principalmente para cristãos, a menos que houvesse necessidade extrema, como por exemplo se a esposa fosse leprosa ou tivesse qualquer outra anormalidade.
Mesmo com o desencorajamento, Filipe continuou sua determinação em obter aprovação para a bigamia. Para isto, contribuiu muito os discursos de Lutero sobre o Gênesis, assim como precedentes históricos onde algo não cristão não fosse punido por Deus no caso dos patriarcas, que são chamados no Novo Testamento de modelo de fé. Assim ele propõe casamento a Margarethe von der Saale, que só concorda com isto caso seja aprovado pelos teólogos e o príncipe eleitor da Saxônia.
Filipe então ameaça o príncipe Butzer de se aliar ao Imperador, caso este não consiga convencer os teólogos a lhe ajudar. Lutero e Melanchthon são convencidos então pelos pedidos de necessidades éticas de Butzer. Assim, o “conselho secreto de um confessor” foi obtido de Lutero e Melanchthon em 10 de dezembro de 1539, sem que os dois soubessem que a esposa já tinha sido escolhida.
Butzer e Melanchthon foram chamados, sem nenhuma razão apontada, para irem a Rotenburg no Fulda, onde em 4 de março de 1540, Filipe e Margarethe se uniram.
Posteriormente este caso foi revelado pela irmã de Filipe, e se tornou um escândalo, onde a reputação de Lutero sairia manchada.

Últimos anos

Lutero já vinha sofrendo de várias doenças perto do fim de sua vida. Lutero teria pregado seu último sermão em Eisleben, em 15 de fevereiro de 1546.
A viagem final de Lutero foi para Mansfeld, a fim de resolver problemas de parentes seus na mina que era de seu pai. Tudo foi resolvido de forma bem sucedida em 17 de fevereiro de 1546. Depois das 8 da noite do mesmo dia, Lutero começou a sentir fortes dores no peito. Ele morreria então no dia 18 de fevereiro de 1546.
Seu funeral foi feito pelos seus amigos Johannes Bugenhagen e Filipe Melanchthon, sendo enterrado na igreja do castelo de Wittenberg, embaixo do púlpito.

Referências bibliográficas

Notas

1 Marty, Martin. Martin Luther. Viking Penguin, 2004, p. 1.
2 Horst Herrmann: Martin Luther. Ketzer und Reformator, Mönch und Ehemann. München 1999, p. 14
3 Kittelson, James. Luther The Reformer. Minneapolis: Augsburg Fortress Publishing House, 1986), 53
4 Kittelson, James. Luther The Reformer. Minneapolis: Augsburg Fortress Publishing House, 1986, 79.
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31ouTU1517
Martinho Lutero dá início à reforma protestante na Alemanha, afixando as 92 teses contra os abusos de Roma, na porta da Igreja de Wittenberg
http://www.monergismo.com/textos/credos/lutero_teses.htm

1ª Tese
Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos...., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.
2ª Tese
E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.
3ª Tese
Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.
4ª Tese
Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.
5ª Tese
O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.
6ª Tese
O papa não pode perdoar divida senão declarar e confirmar aquilo que Já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.
7ª Tese
Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.
8ª Tese
Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio Impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.
9ª Tese
Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema
10ª Tese
Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.
11ª Tese
Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.
12ª Tese
Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.
13ª Tese
Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.
14ª Tese
Piedade ou amor Imperfeitos da parte daquele que se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.
15ª Tese
Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.
16ª Tese
Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.
17ª Tese
Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.
18ª Tese
Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.
19ª Tese
Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.
20ª Tese
Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.
21ª Tese
Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.
22ª Tese
Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.
23ª Tese
Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.
24ª Tese
Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.
25ª Tese
Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d'almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.
26ª Tese
O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.
27ª Tese
Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.
28ª Tese
Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.
29ª Tese
E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.
30ª Tese
Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.
31ª Tese
Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.
32ª Tese
Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.
33ª Tese
Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dadiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.
34ª Tese
Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.
35ª Tese
Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.
36ª Tese
Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.
37ª Tese
Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.
38ª Tese
Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.
39ª Tese
É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.
40ª Tese
O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.
41ª Tese
É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.
42ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.
43ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.
44ª Tese
Ê que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.
45ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa. mas provoca a ira de Deus.
46ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura , fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.
47ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada
48ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.
49ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüência delas, se perde o temor de Deus.
50ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que, se papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51ª Tese
Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.
52º Tese
Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.
53ª Tese
São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.
54ª Tese
Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.
55ª Tese
A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.
56ª Tese
Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.
57ª Tese
Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.
58ª Tese
Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.
59ª Tese
São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.
60ª Tese
Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.
61ª Tese
Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.
62ª Tese
O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.
63ª Tese
Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.
64ª Tese
Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.
65ª Tese
Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.
66ª Tese
Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.
67ª Tese
As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.
68ª Tese
Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais Intima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69ª Tese
Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência-
70ª Tese
Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.
71ª Tese
Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.
72ª Tese
Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.
73ª Tese
Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.
74ª Tese
Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.
75ª Tese
Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse desonrado a mãe de Deus, significa ser demente.
78 ª Tese
Bem ao contrario, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.
77ª Tese
Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar S. Pedro e o papa.
78ª Tese
Em contrario dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho, as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz 1Coríntios 12.
79ª Tese
Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.
80ª Tese
Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.
81ª Tese
Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.
82 ª Tese
Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima' caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssimo motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante Insignificante?
83ª Tese
Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto' ser Injusto continuar a rezar pelos já resgatados?
84ª Tese
Ainda: Que nova piedade de Deus e dó papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?
85ª Tese
Ainda: Por que os cânones de penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?
86ª Tese
Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?
87ª Tese
Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?
88ª Tese
Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como Já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.
89ª Tese
Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?
90ª Tese
Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91ª Tese
Se a Indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.
92ª Tese
Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.
93ª Tese
Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.
94ª Tese
Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.
95ª Tese
E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.
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17ab1521
Martinho Lutero é excomungado por criticar o Papa
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10 de Novembro de 1483: Nasce Martinho Lutero



Martinho Lutero nasceu a 10 de Novembro de 1483 em Eisleben, na Alemanha. Os seus pais fixaram residência, em 1484, em Mansfeld, onde Martinho iniciou os seus estudos. Terminando o curso da escola daquela localidade, então com 14 anos, deixou a casa paterna e ingressou na escola superior de Magdeburgo. Depois de um ano ali, teve que retornar a casa dos pais devido a uma grave enfermidade, indo por esta razão, no ano seguinte, estudar em Eisenach. Em 1501 ingressava na Universidade de Erfurt, cidade conhecida como "Roma Alemã" pelo seu elevado número de igrejas e mosteiros. Obteve  os graus de Bacharel (1502) e Mestre em Arte (1505). No mesmo ano ingressou no curso de Direito. Este, porém, foi interrompido visto que, a 02 de Julho de 1505,  teve sua vida seriamente ameaçada por uma tempestade que, por pouco, lhe tirara a vida. Fez, nesta oportunidade, um voto a Santa Ana que, se lhe fosse dado viver, ingressaria no mosteiro para tornar-se monge. No dia 17 de Julho de 1505 ingressa no convento da Ordem dos Agostinhos .Em Fevereiro de 1507 foi ordenado sacerdote. Por indicação do vigário da ordem, João de Staupitz, que reconhecia em Lutero uma erudição e inteligência incomuns, Lutero foi designado professor na Universidade de Wittenberg, fundada em 1502 por Frederico, o Sábio, duque da Saxónia e presidente dos sete eleitores civis que, juntamente com sete autoridades religiosas, elegiam o imperador do Sacro Império -Romano da Nação Alemã. Ocupou ali a cadeira de Teologia. Continuou também os seus estudos, instruindo-se principalmente nas línguas grega e hebraica.

Em 1511, então com 28 anos, foi enviado em missão diplomática a Roma, para solucionar uma divergência entre sete conventos de sua Ordem e o vigário geral da mesma. A corrupção, imoralidade, o desrespeito do clero e da cúpula da igreja para com as coisas sagradas marcaram nele uma profunda decepção. 

Em 1517, Lutero quis provocar um debate público sobre a venda de indulgências promovidas pelo Papa Leão X e o arcebispo Alberto de Mogúncia através da Ordem dos Dominicanos. Quando pregou à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de Outubro de 1517, o pergaminho com as 95 teses em latim para serem debatidas entre os académicos  conforme o costume da época, não desejava desencadear um movimento na história da igreja. O efeito dessas teses foi tão inesperado, que elas não ficaram apenas entre os letrados; traduzidas  para alemão, em poucas semanas espalharam-se por toda a Alemanha e outras partes da Europa, chegando ao conhecimento do povo em geral.

Em 1518 Lutero foi chamado para responder a um processo instaurado por Roma. Mas, por interferência de Frederico, o Sábio, Príncipe da Saxónia  o Papa consentiu que a questão fosse tratada na Alemanha. Exigia -se  que Lutero se retratasse, o que este não fez. Tinha Lutero nessa época o apoio do capítulo da Ordem dos Agostinhos e do corpo docente da Universidade de Wittenberg. Como Lutero recusava retratar-se, a resposta do Papa foi a bula de excomunhão Exsurge Domine (15 de Junho de 1520). A 3 de Janeiro de 1521 esgotou-se o prazo dado na bula, sendo então proferido o anátema definitivo pelo Papa Leão X através pela bula Decet Romanum Pontificem.
Fontes: geniosmundiais.blogspot
             wikipedia (imagens)
             
Lutero em 1529 por Lucas CranachFile:Bulla-contra-errores.jpg
A Bula de Leão X Bulla contra errores Martini Lutheri et sequacium, conhecida como Exsurge Domine

A vida de Lutero no Cinema
Luther (Lutero) é um filme alemão (diálogos em inglês e latim) de 2003 realizado por Eric Till. O papel principal é desempenhado por Joseph Fiennes. O filme relata a vida de Martinho Lutero desde que ele se tornou monge até a Confissão de Augsburgo (1530). https://www.youtube.com/watch?v=zjlO18n2u-4
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/11/10-de-novembro-de-1483-nasce-martinho.html?fbclid=IwAR0fC-Bv-mihCg5WFTlzdAGCmtARjxx5tO5iRd1-QH7Nr8WMUiDOQECLemI
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