26/11/2015

9.250.(26noVEM2015.8.8') Casimiro de Brito

Nasceu a 14jan1938
***

http://casimirodebrito.no.sapo.pt/portugues/
***

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=957460837634545&set=a.245632235484079.56761.100001119138479&type=3&theater
vem do
LIVRO DAS QUEDAS.
Vai ilustrado com um fresco das ruínas de Pompeia
onde volto sempre que posso.


Só quem sofreu durante muito tempo
poderá escrever um poema de amor.
Chega o dia em que o som do vento
e a febre das folhas que vão caindo
já não trazem desgraça, apenas o sussurro, 
a perdição amável de quem vive 
a sombra e o verão. Assim viajo
até ao voo derradeiro
para dentro da pedra — um ovo!
E voar de novo, “à barca, à barca (…) oh, que maré
tão de prata!” — e cantar de novo,
de pedra em pedra, de ovo em ovo.
Faça-se então
o ofício da dor. Talvez me seja dado
um poema de amor.

(citação de “Gil Vicente”)

***

https://www.facebook.com/isa.c.almeida.7777/photos/a.234173866755383.1073741828.234170533422383/492901024215998/?type=3&theater
"O silêncio, o que é o silêncio? perguntei ao mestre.
- Uma floresta cheia de ruído."
***
http://casimirodebrito.no.sapo.pt/portugues/antologia.htm

Opus Affettuoso
1997


Amo-te porque não me amo
inteiramente. O que me falta
é infinito
mas tu és do bem que me falta
o enigma onde se condensam
a terra e o sol o ar as águas
invioladas
e tenho a boca cheia
de música ondulação
do teu silêncio. 


6 
Entro no teu corpo árvore
felina
como quem visita um templo
vegetal uma ilha impregnada
pelas especiarias mais raras
do sol e do mar. Ascendo em bocas
que bebem a minha seiva em dunas
que me lavam e queimam
humildes. Armas tão frágeis
as que temos: o mel a saliva o
sémen. Caminho
na luz obscura
com as mãos vazias
de quem nasce de novo. 


Tu
que não cabes em casa nenhuma
tu
que vais leve como as nuvens
no outono
habitas em mim e ouço
o teu perfume a tua
respiração
nas rosas que se abrem
e dissipam
no meu poema.  


33 
As gaivotas da manhã acordaram-me. O canto
é delas ou foi recolhido
nas águas? Um raio de sol
atravessa o quarto e trepa hesitante
pela cama; deita-se connosco
como se fosse um gato. Estendo a árvore
flexível do corpo
e penso como é bom esquecer-me da idade
e dos outros e do mundo
que felizmente se esquece muitas vezes
de mim. Não sei de que lado estou se
me deitei
à direita ou à esquerda
da minha amiga. Agrada-me
o rumor dela
quando se aconchega ao meu corpo
sem ter ouvido ainda o piar das gaivotas
nem as patas perfumadas do sol
a nosso lado. 


43 
Fiquemos sentados um pouco mais
nesta pedra ao alto
da falésia; sentados pois não podemos
ser pedra sob a luz que do céu
perfumada cai
como se fosse um vinho macerado
pelo vento. A tua mão
sem palavras sem pensamentos
acaricia-me o joelho
sob a luz que do céu
fatigada
cai. 


51
Quando me perguntam pela verdade
suprema ou apenas se conheço
a origem do pó
sento-me a teu lado
como se eu fosse uma folha branca
e fico à espera que tu entres
silenciosamente
na minha morada
como as águas entravam e os ventos
no painel de mica
que o poeta Wang Wei deixava
à porta da sua cabana.  


 55 

Assim pudesse acender-me
antes de cair na parca planície
do silêncio nas águas seladas
de quem amo por quem ardo
e morro assim eu soubesse
cantar o mar o riso a imensa gota
de orvalho e nela me lavo
da lama dos armazéns assim
eu pudesse
resumir a música toda nesta obscura
celebração do pó.
 
***
Via Citador

http://www.citador.pt/poemas/a/casimiro-de-brito
**
 in 'Arte da Respiração'
Se os outros me abandonam é porque devo estar a aproximar-me do essencial.
*
Uns sofrem, outros julgam que são felizes.
*
As verdades são amargas e bebem-se gota a gota. Mas a mentira, que nos lisonjeia como se fôssemos o sal da terra, engolimo-la às golfadas.
*
O silêncio, o que é o silêncio? perguntei ao mestre. - Uma floresta cheia de ruído.
*
Nem todos os que se refugiam na nulidade ou na solidão o fazem por cansaço e desistência das provas do mundo. Há também quem se afaste para evitar a baba e o louvor dos cretinos.
*
Sábios, cheios de que sabedoria? Roídos por ela. Não sabem nada.
*
Amar-te é aceitar que já não és a mesma, que todos os dias te afastas por caminhos que não conheço mas que não acabas nunca.
*
Próprio do amante é destruir quem ama, beber as águas novas que do corpo amado se levantam e deixar-se inundar por elas. Um concílio de duas destruições.
*
Em cada homem um deus escondido, uma forma perfeita que se esconde - que se perdeu - numa aldeia de demónios.
*
Acaba a humildade mal se pronuncia o seu nome.
*
Se o mundo contém tudo não preciso de nada.
*
Se sou também o outro poderei deixar de me sentir responsável pelo mal que «me» fazem?
*
São raros os que aderem ao ritmo. Uns nascem mortos, outros póstumos.
*
Apodrece na posse o que floresce no desejo.
*
Cessa o desejo quando o muro se abre? Tanta imaturidade.
*
Um homem leva mais tempo a desaprender o que não faz falta do que a aprender o cisco da vida. Mas então o tempo já não conta.
+
Há mais realidade no vazio, na cerimónia em que se tece o vazio, do que na história.
*
A verdade não existe. Apenas se transmite o erro, a errância do movimento.
*
Amar-te é decifrar humildemente um enigma que não tem decifração porque a todo o momento as águas passam e bebê-las e banhar-me nelas é bom e não há mais nada.
*
Não é o silêncio quando silenciamos com esse que amamos.
*
Ainda a humildade. Não se mostra nem se afirma nem se profere. Aproxima-se do silêncio.
+
A beleza mais discreta não responde nem interroga.
*
Amei a vida inteira e sei de cor as leis do amor. Umas são de pedra, outras de água transparente. A vida inteira e não sei ainda o caminho.
*
Ah, o amor! Esta luta mortal! Cuidar de nós é enterrar definitivamente o eu e o tu que um dia fomos.
*
Poderei acaso consentir que as coisas - ou o desejo que tenha delas - me afastem de mim?
+
Ideia clara, ideia morta.
*
A lucidez é um invólucro, uma chatice.
*
Dizem uns que perderam o mundo, outros que nele se perderam, como se alguém alguma vez tivesse agarrado o fio desta meada.
*
Ainda que a verdade estivesse sentada não deixaria de ser flutuação.
*
Quando vi Deus foi um pássaro que eu vi. Um pássaro com os olhos furados.
*
O poder dos outros não nos oprime mais do que o exercício do poder próprio. Falsos poderes.
*
Olhasses tu o mundo da perspectiva da rã ou da relva e serias tão humilde e discreto como elas.
*
A História é sempre histérica. Obsessivo o cosmos.
*
O homem é uma espécie fantástica. Apesar de ter enlouquecido consegue administrar o hospício onde mora, este palco flutuante que é, ao mesmo tempo, casa de armas e selva paradisíaca.
*
A sabedoria humana. Uma gota de água no oceano da sabedoria universal.
*
Não são propriamente os homens que me horrorizam mas as suas obras, as suas máscaras. Salvam-se Buda, Basho, Bach e poucos mais.
*
A paz só a conhece quem sofreu todos os desastres. O que me cabe, depois de alguns desastres, é apenas o caminho arenoso da paz. Este momento.
*
Bela, a forma do vaso. Mas é no seu vazio que se conserva o vinho.
*
O mais raro de todos os luxos: a privação.
*
Quem sabe amanhã o que foi hoje, hoje o que será amanhã? Espuma à tona de água.
*
O amor? Sabemos de ciência tão certa (esse instinto) que vai morrer que levamos a vida inteira a polir a pedra da sua memória.
*
A dignidade com que morrem os animais: não têm nada para deixar.
*
O tempo de que disponho: único património em que a contagem é sempre decrescente. Pelo menos enquanto não aprender a libertar-me de mim.
*
Suportem-se então os prazeres do amor e da amizade. O principal deles é o de se ter alguém à mão para exercitar a nossa vocação sadomasoquista.
*
Um homem cai, desfigura-se, perde o peso e a glória. Mas levanta-se depois de cada queda e talvez já nem seja um homem, talvez seja essa a sua verdadeira ascese.
*
Acreditar em mim, no meu clã, é pura tolice. Se até a pedra em que me sento diante do mar é devorada pelo vento!
*
Adormecem os que triunfam. Adormecem ou são aniquilados pela bárbara irrupção dos que na sombra encarnam o vigor nascente e necessário para que o espírito do mundo se cumpra.
*
Triunfo? Coisa que não há - sequer o triunfo da morte - neste mundo em que tudo flui.
*
O belo? Início do terrível.
*
Raramente leio jornais. O que dizem ter acontecido ontem já aconteceu há muito tempo.
*
O que se odeia não é um objecto mas o seu envelhecimento. Quando não se aprendeu a ler o objecto novo que nele se instala.
*
Duvido que a consciência que tenho de mim seja muito diferente da consciência que o todo tem de si.
*
Neste mundo há apenas um habitante. Um habitante solitário que, sem nada possuir, é presenteado com todos os nomes.
*
O amor é quase impossível. Terá de ser límpido, fecundo e desinteressado. De ambos os lados
*
A perfeição, para a mulher, reside no nascimento: de si própria ou de outro ser de si. Para o homem a perfeição reside na morte.
*
Apenas a consciência da mortalidade pode conduzir à convivência da imortalidade, à aceitação desprendida do trânsito da matéria.
*
A suprema condenação não é a morte, símbolo e princípio da errância infinita, mas a sua impossibilidade.
*
O homem. Um louco desfeito pelo brinquedo que ele inventou: a História.
*
Ambição suprema: aprender a aprender.
*
Transformar o mundo não posso mas talvez possa transformar o mundo à minha volta.
*
Onde não posso deixar de ser metódico é na dúvida.
*
O peso do pensamento (uma teia de mitos) só o sentes quando ele nomeia a terra frágil do sofrimento. Um corpo que seja também o teu corpo.
*
Cala-se o sábio quando julga ter encontrado a verdade. Humildemente se cala. Tanto orgulho.
*
Vocação masoquista da natureza: consentiu que o vírus humano a invadisse e sobrevivesse.

Amar é Raro


Amar é dar, derramar-me num vaso que nada retém e sou um fio de cana por onde circulam ventos e marés. Amar é aspirar as forças generosas que me rodeiam, o sol e os lumes, as fontes ubérrimas que vêm do fundo e do alto, água e ar, e derramá-las no corpo irmão, no cadinho que tudo guarda e transforma para que nada se perca e haja um equilíbrio perfeito entre o mesmo e o outro que tu iluminas. Dar tudo ao outro, dar-lhe tanta verdade quanta ele possa suportar, e mais e mais; obrigar o outro a elevar-se a um grau superior de eminência, fulguração, mas não tanto que o fira ou destrua em overdose que o leve a romper o contrato — o difícil equilíbrio dos amantes! Amar é raro porque poucos somos capazes de respirar as vastas planícies com a metade do seu pulmão; e amar é raro porque poucos aceitam a presença do seu gémeo, a boca insaciável de um irmão que todos os dias o vento esculpe e destrói. 
**
 in "Solidão Imperfeita" 

Poeta como Tu, Irmão


Não sou mais poeta do que tu, irmão!
Tu cavas na terra a semente da vida,
eu cavo na vida a semente da libertação.

Somos partes perdidas dum só
que a razão de ser das coisas
separou. Não sou mais poeta do que tu, irmão.
A mãe que te gerou a mim me gerou —
não foi ela quem nos trocou
as mãos, a voz do coração.

Abandona um pouco a charrua, arranca
da terra os olhos cansados, e limpa
o sujo da cara ao sujo das mãos — onde
os calos são um só e as rugas da morte
caminhos cobertos de pó.

E olha
na direcção do meu braço cansado, sem
             músculos quadrados
nem merda nas unhas, mas que te aponta
             o mundo onde as raízes do dia, a luta, o trabalho
reclamam suor
mas não te roubam o pão.
Arranca os olhos da terra, irmão! 
**
 in "Mesa do Amor" 

Tempo Revisitado


O tempo a que sempre regressamos
e nos visita um instante

O tempo que depois destruímos
construímos e ali-
mentamos se nos
alimenta

O tempo onde a luz buscamos e
a morte sempre
encontramos 
**
in "Canto Adolescente" 

Do Poema


O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes —

o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema. 
**
in "Negação da Morte"

Tal a Vida


Em declive trepamos pela nuvem
dos dias — em declive circundamos
obscuros cristais
transportados no sangue— e somos e
levantamos
as cores primitivas da fonte a luz
que resvala corpo a corpo
a semente sazonada de quem roubou
o fogo — em declive canto
a ternura diluída a luz reflectida
neste muro onde vejo
a secreção da fala onde ouço
um caminho de metáforas: tal
a vida — 
*

Nossa Memória


Nossa memória sempre foi a memória
dos monstros nosso enigmático testamento
de altas labaredas sempre foi
o caminho
devastado pelo sangue pela circuncisa memória
dos mortos pelo perfil
dos astros — nossa colorida volúpia
sempre foi dos monstros
a mais crua linguagem húmida fuga
desolada
através do tempo através do medo
de não sermos belos de não sabermos
esculpir na cinza o sopro
de tanta luz tão prostituída — 
*

Estar no Mundo


Ao corpo colados a silenciosas
colunas de sal pavimentados eis os muros
paralelos eis as rápidas deformações da
linguagem (cálido ascetismo)
de quem arde por dentro — estar no mundo
é teu caminho estar na cólera
lavrada
e sobre si mesma dobrada e a guerra
mastigar a morte seca a subalimentada
explosão do corpo deformações suicídio
quotidiano — tal a poesia
se reflecte na luz a erosão do poema
o apodrece e movimenta— cinza mineral
entre restos de música e pão — 
*

Da Violência


A violência que trazemos no sangue
ninguém a sabe e todos (casas
desmoronadas) a exaltam e todos
a descombinamos
gota a gota
em nossos movimentos de cinza
transitória — esta violência
residual
tem do corpo a secura a configuração
cavada no sono na fogueira sem cor
de cidades levantadas sobre a doença sobre
a simulação
de fogo suspenso
no arame dos ossos — 
**
in "Telegramas"

Quem Falou em Crime?


Crime quem falou em crime
somos todos irmãos todos a mesma
carne incendiada

Quando houver um crime
o primeiro
todos seremos criminosos

Agora porém somos vivos e amamos
do nascimento à morte

Crime se o há já nos corria nas veias
quando éramos obscuros como o ventre
que nos concebeu

Não há veias que transbordem
neste corpo flexível
que nos eterniza 

Do Amor e da Morte


Temos lábios tenros para o amor
dentes afiados para a morte

Concebemos filhos para o amor
para a guerra os mandamos para a morte

Levantamos casas para o amor
cidades bombardeamos para a morte

Plantamos a seara para o amor
racionamos o trigo para a morte

Florimos atalhos para o amor
rasgamos fronteiras para a morte

Escrevemos poemas para o amor
lavramos escrituras para a morte

O amor e a morte
somos 
**
 in "Canto Adolescente" 

Da Música


A musica derrama-se
no corpo terroso
da palavra. Inclina-se
no mundo em mutação
do poema.

A música traz na bagagem
a memória do sangue; o caminho
do sol: Lume e cume
de palavras polidas.

A música rompe um rio de lava
por si mesmo criado. Lágrima
endurecida
onde cabem o mar
e a morte. 
**
in "Solidão Imperfeita" 

Noite por Ti Despida

Adulta é a noite onde cresce
o teu corpo azul. A claridade
que se dá em troca dos meus ombros
cansados. Reflexos
                                  coloridos. Amei
o amor. Amei-te meu amor sobre ervas
orvalhadas. Não eras tu porém
o fim dessa estrada
sem fim. Canto apenas (enquanto os álamos
amadurecem) a transparência, o caminho. A noite
por ti despida. Lume e perfume
do sol. Íntimo rumor do mundo. 
*

Vida Sempre

Entre a vida e a morte há apenas
o simples fenómeno
de uma subtil transformação. A morte
não é morte da vida.
A morte não é inação, inutilidade.
A morte é apenas a face obscura,
mínima, em gestação
de uma viagem que não cessa de ser. Aventura
prolongada
desde o porão do tempo. Projectando-se
nas naves inconcebíveis do futuro.

A morte não é morte da vida: apenas
novas formas de vida. Nova
utilidade. Outro papel a desempenhar
no palco velocíssimo do mundo. Novo ser-se (comércio
do pó) e não se pertencer.
Nova claridade, respiração, naufrágio
na maquina incomparável do universo. 
**
In Jardins de Guerra

O Ofício

Escrevo para sentir nas veias
o voo da pedra.

Antecipação da paz
neste país de granadas
moldadas
no silêncio dos frutos.

Escrevo como quem escava
no bojo da sombra
um mar de claridade.

Pedras vivas de possibilidade
as palavras levantam
o crime, os pássaros do pântano

Escrevo
no grande espaço obscuro
que somos e nos inunda. 
*

O Amigo

1.

Um amigo, o primeiro amigo
dentro da nuvem de um sonho.

O impossível toca-nos as mãos
subitamente — o fogo, a flor concêntrica
de planetas no exílio.

Na terra do silêncio
os frutos caem
de sua própria vontade.

2.

Ao coração das coisas,
ao jugo das cores da memória,
ao pequeno desvio da sombra no deserto,
ao amor que nos alimenta de morte, à morte
que morre connosco
opomos a infinita
constelação
dos nossos sentidos. 
*

Peço a Paz

Peço a paz
e o silêncio

A paz dos frutos
e a música
de suas sementes
abertas ao vento

Peço a paz
e meus pulsos traçam na chuva
um rosto e um pão

Peço a paz
silenciosamente
a paz a madrugada em cada ovo aberto
aos passos leves da morte

A paz peço
a paz apenas
o repouso da luta no barro das mãos
uma língua sensível ao sabor do vinho
a paz clara
a paz quotidiana
dos actos que nos cobrem
de lama e sol

Peço a paz e o
silêncio 
***
É a segunda vez que ouvimos poesia de Casimiro de Brito em “Poesia Erótica”. Da primeira vez, em Abril do ano passado, a seleção apresentada foi da escolha do próprio poeta. Desta vez, de um conjunto de seis das suas obras que teve a amabilidade de me enviar, escolhi cinco poemas de livro “69 poemas de amor”.
MÚSICA
Casimiro de Brito nasceu no Algarve há 71 anos. Prosseguiu os seus estudos em Londres onde viveu até 1968. Depois de alguns anos na Alemanha, acabou por se fixar em Portugal onde, depois de exercer várias profissões, acabou por dedicar todo o seu tempo à literatura.
Tem, publicados mais de 40 livros. Esteve ligado ao movimento “Poesia 61”, um dos mais importantes da poesia portuguesa do sec. XX; participou em inúmeros recitais, festivais de poesia, congressos de escritores, conferências, um pouco por todo o mundo.
Tem a sua obra traduzida para mais de 24 línguas, dedicando-se também á tradução para português, sobretudo do japonês.
Em 2006, foi nomeado Embaixador Mundial da Paz, no âmbito da Embaixada Mundial da Paz, sediada em Genebra.
http://www.truca.pt/raposa_textos/poesia_42_casimiro_brito.html