17/01/2016

6.122.(17jan2016.11.11') Mário Bunge

nasceu a 21set1916
argentino
***
A natureza deve ser considerada como um todo, mas deve ser estudada em detalhe. (Mário Bunge)
A natureza deve ser considerada como um todo, mas deve ser estudada em detalhe.
Frases - http://kdfrases.com

***

20 frases de Mario Bunge contra a pseudociência e a ignorância

http://www.universoracionalista.org/20-frases-de-mario-bunge-contra-a-pseudociencia-e-a-ignorancia/
  1. “O cérebro não produz o pensamento, o cérebro pensa. O músculo não produz contração, ele se contrai.”
  2. “O cérebro não é apenas moldado por genes e pelo ambiente natural, mas por desenvolvimento (ontogênese) e pelo ambiente social.”
  3. “A experiência individual das pessoas é subjetiva, mas o estudo dela deve ser objetiva.”
  4. “O subjetivismo é um obstáculo para a prática da medicina e é, portanto, um inimigo da saúde pública.”
  5. “O dualismo psico/físico não é uma teoria científica, não é sequer uma teoria; É uma tese ideológica que parte de cosmovisões mágico-religiosas.”
  6. “A pior característica do dualismo psicofísico é que ele obscurantiza a investigação, porque ele já tem a resposta para todos os problemas.”
  7. “A tese do dualismo psico/físico: é conceitualmente errada, é incompatível com a ciência, e há uma alternativa superior.”
  8. “As pessoas comuns, como nós, devem pagar por seus erros, enquanto os psicanalistas não pagam pelos seus.”
  9. “O método científico não pode ser implementado de forma consistente em um vácuo moral.”
  10. “Na ciência há problemas não resolvidos, mas não mistérios.”
  11. “Não deveríamos ensinar apenas o conteúdo específico, mas também o método tanto da ciência, da tecnologia como das humanidades.”
  12. “Os inimigos da ciência tendem a chamar de “positivismo” o objetivismo, mas todos os positivistas rejeitaram o realismo”.
  13. “Eu sou cientificista, mas antipositivista, porque o positivismo é anti-realista e anti-metafísica.”
  14. “Negar a ciência é muito mais fácil do que aprende-la.”
  15. “Uma contradição pode ser resolvida, uma confusão pode ser esclarecida, mas o absurdo é intratável.”
  16. “O pensamento informal (cotidiano ou intuitivo) está sujeito a múltiplas falácias e «ilusões cognitivas»”.
  17. “A cognição é pessoal, mas o conhecimento é social.”
  18. “Como acabar com a ciência? Enalteça o mistério, a mágica (pensamento mágico), denigra a razão e a experiência controlada.”
  19. “A ideia de que “não existe nada fora dos textos” é um dogma infame de Jacques Derrida.”
  20. “A exatidão não é um escrúpulo excessivo de palavras, mas um componente do pensamento claro, uma condição de teorização e um freio à controvérsia estéril.”
***

Seminario "Economía y Filosofía"
https://www.youtube.com/watch?v=2cqEI_CnIBo

***

¿Para qué sirve la epistemología?

https://www.youtube.com/watch?v=lJ4Pi8H01gM
***

Estados de Derecho - Justos e injustos

https://www.youtube.com/watch?v=KAHFlKIIx-o
***

Pseudociencias Sociales

https://www.youtube.com/watch?v=EqHQvaCnL9c
***

Como é a filosofia de Mario Bunge? Uma síntese conceitual


http://www.universoracionalista.org/como-e-a-filosofia-de-mario-bunge-uma-sintese-conceitual/
No dia 21/09/2014, fizemos uma postagem em homenagem ao aniversário de 95 anos do físico e filósofo da ciência Mario Bunge, apresentando suas 20 famosas frases contra a pseudociência e a ignorância. Hoje, iremos apresentar um pouco da filosofia bungeana, e mostrar os princípios pelos quais ela se distingue de outras. O trecho a seguir, retirado do livro “Ser, Saber, Hacer”, pode ser lido aqui.
Por Mario Bunge. “Ser, Saber, Hacer”.
1. Materialismo: Tudo o que realmente existe, dentro ou fora do sujeito, é material ou concreto. As propriedades não existem em si, mas são possuídas por objetos concretos e conceituais. Tampouco há ideias autônomas: todas as ideias são processos cerebrais. Por exemplo, o número três não existe na natureza e nem na sociedade; só existe como é pensado por alguém.
2. Sistemismo: Tudo o que existe – seja concreto, conceitual ou semiótico – é como um sistema ou pacote de coisas, é como um componente de algum sistema.
3. Emergentismo: Os sistemas possuem propriedades que carecem de seus componentes.
4. Dinamicismo: Tudo o que há realmente muda. Apenas os objetos conceituais (por exemplo, matemáticos) são imutáveis, mas são por convenções.
5. Realismo: O mundo exterior existe independentemente do observador e é cognoscível, pelo menos parcialmente e gradualmente.
6. Cientificismo: A melhor maneira de investigar como as coisas são, sejam naturais, sociais, artificiais ou conceituais, é a adoção do método científico. É a melhor maneira de avaliar os princípios filosóficos que são expostos, e sua compatibilidade com a ciência e a tecnologia atual, e seu valor heurístico na investigação científica ou técnica, e seu valor na concepção de políticas que tendem a melhorar a qualidade de vida.
7. Racioempirismo: Combinação de componentes válidos do racionalismo e empirismo. Esta filosofia tem como objetivo ser clara, coerente e hipotético-dedutiva, ao mesmo tempo em que coloca suas hipóteses à prova dos fatos.
8. Precisão (em espanhol, Exactitud): Tenta exatificar ideias intuitivas interessantes, ou seja, transformá-las em ideias que possuem uma precisão lógica ou matemática.
9. Agatonismo: Não há direitos sem deveres, nem deveres sem direitos. O mais alto princípio moral deveria ser «Aproveitar a vida e ajudar a viver». É uma combinação do egoísmo com altruísmo, do utilitarismo com deontologismo, e do cognitivismo com o emotivismo.
10. Holotecnodemocracia (em espanhol, Tecno-holo-democracia): Democracia integral (biológica, econômica, política e cultural) guiada pela moral agatonista e sócio-técnica.
Quase todas estas características já apareceram anteriormente na história da filosofia, mas nunca tinham sido apresentadas em conjunto. Por exemplo, tanto Kant e os positivistas lógicos tentaram unir o racionalismo com o empirismo, mas ambos falharam porque eles eram limitados às aparências: eles não eram realistas e nem, portanto, cientificistas, embora tenham elogiado a ciência.
Segundo exemplo: o marxismo é materialista, mas apenas a sua metade, e os autores postulam que a superestrutura ou cultura é o ideal. E ele afirma ser científico, mas ignora os contra-exemplos, incluindo o jargão dialético, e propaga apenas especulações imprecisas.
Terceiro exemplo: as filosofias morais centralizam-se nos deveres, como kantismo, e nos direitos, como o utilitarismo. Mas os seres humanos normais combinam os direitos com os deveres, e o altruísmo com o egoísmo, que é o que propõe a minha ética agatonista.
Também apareceram esporadicamente elementos novos na literatura filosófica contemporânea, mas são apenas pedras soltas (em espanhol, gemas). Que eu saiba, o único sistema filosófico construído na segunda metade do século XX é o que eu acabo de expor. Isto não é coincidência: a própria ideia de sistema filosófico foi desacreditada como obsoleta tanto pelos analíticos como pelos seus adversários viscerais. Isto foi um erro: o mal não é a sistematicidade, mas o sistema especulativo.
A ideia de sistematizar a filosofia, ou seja, para colocar em evidência as ligações entre seus componentes, deveria ser natural para qualquer um que estude os sistemas, quer coisas concretas ou ideias, naturais ou artificiais, pois não é concebível que algo exista ou possa compreender isoladamente a partir de algum sistema. Por exemplo, não há nenhuma ideia de coisas isoladas, assim como não há palavras que não se relacionam com outras palavras.
Espero que este passeio turístico através de meu sistema filosófico desperte a curiosidade de alguns leitores e os incentive a melhora-los ou repensá-los futuramente por um outro, mais profundo, mais verdadeiro, ou as três coisas de uma só vez. Animem-se: tal empreendimento requer apenas 20 anos de amadurecimento em um país normal, livre de crises políticas puramente destrutivas que só respondem apenas aos interesses de mesquinhos.

***

“A morte não é um mistério para aqueles que sabem um pouco de biologia”

http://www.universoracionalista.org/mario-bunge-a-morte-nao-e-um-misterio-para-aqueles-que-sabem-um-pouco-de-biologia/
O pensador, que estará no Paraguai essa semana para dar conferências, argumenta que em matéria cultural, a religião, a filosofia e a música estão em decadência. Bunge diz nesta entrevista, por correio eletrônico, que as pseudociências podem ter consequências fatais na sociedade que as cultiva.
Contundente e firme, o filósofo e físico Mario Bunge assegura que “a morte não é um mistério para aqueles que sabem um pouco de biologia”. O pensador, que estará no Paraguai essa semana para dar conferências, argumenta que em matéria cultural, a religião, a filosofia e a música estão em decadência. Bunge diz nesta entrevista, por correio eletrônico, que as pseudociências podem ter consequências fatais na sociedade que as cultiva.
Bunge tem mais de 40 livros publicados, principalmente em português, inglês e espanhol. Conta com 16 doutorados honoris causa e tem polemizado em diferentes áreas do conhecimento. Decidiu aposentar-se aos 90 anos da McGill University no Canadá, ainda que tenha passado 21 de setembro com 94, o grande pensador da ciência visitará o Paraguai para dar conferências e reunir-se com cientistas e filósofos, em um evento organizado pela Associação Paraguaia Racionalista (em espanhol, Asociación Paraguaya Racionalista).

Na Grécia Antiga, a filosofia era a mãe de todas as ciências e representava o amor pela sabedoria. Isso ainda continua?
Na Grécia Antiga, a filosofia era igual a ciência. Hoje há, além da filosofia, fobososofia (verDicionário de Filosofia de Mario Bunge), que pretende se passar por filosofia, mas não é, mas que se trata de charlatanice existencialista e pós-moderna.
Stephen Hawking disse em seu livro “O Grande Projeto” que a filosofia “não tem acompanhado os desenvolvimentos modernos da ciência, em particular da física” e que por isso está morta. Esta declaração não é filosófica?
A filosofia está muito doente, mas ainda vive pelas perguntas que formulam os que pensam a fundo, referentes a realidade, a verdade, a justiça, etc.
Justamente, você também disse em “Crises e Reconstrução da Filosofia” que a filosofia está estagnada, que não se apresentam inovações e que os filósofos estão mais preocupados em ensinar do que em investigar. Por que isso corre?
Porque é mais fácil expor as ideias dos outros do que criar ideias próprias, e porque nas mesmas universidades rechaçam a ciência e ensinam os erros de Kant e os disparates de Hegel, Husserl, Heidegger, etc., como se fossem verdades profundas.
Como filosofa um ser humano contemporâneo?
Depende do filósofo. Há quem analise ideias e há quem as produzem, há comentaristas e construtores de sistemas, assim como críticos e historiadores. Necessitamos de todos eles, contanto que sejam claros e críticos, em vez de obscuros e dogmáticos.
O que fazem os filósofos do século XXI e o que devem fazer para que a filosofia não se estagne?
A grande maioria dos professores de filosofia não são filósofos, mas expositores e comentaristas. Os filósofos não fazem operações em laboratórios e nem observações de campo. Limitam-se a pensar, ler, debater e escrever. Se informam sobre ciência e técnica, mas não as fazem. Se são criadores, abordam problemas filosóficos, velhos ou novos, com ânimo de resolvê-los de novas maneiras.
Se tivera que reconhecer alguns filósofos que contribuíram com grandes ideias nos últimos anos, a quem mencionaria?
Agora não estou em dia com a literatura filosófica. Apenas leio trabalhos científicos que estão ao meu alcance.
É trabalho do filósofo seguir buscando a verdade ou aproximação da verdade como dizia Karl Popper?
Sim, mas o conceito de verdade aproximada é usado nas ciências e técnicas desde Arquimedes.
Os pós-modernos contribuíram com algo positivo ao conhecimento ou não há nenhuma colaboração deles?
Não colaboraram com conhecimentos novos porque não os buscaram e porque rechaçaram todo o fundo de conhecimento.
Você também criticou duramente o existencialismo. Chegou a dizer que se “as lombrigas tivessem vida mental seriam existencialistas”. Afirmou que são inimigas da razão. Mas não contribuíram com a defesa da liberdade individual?
Heidegger abraçou o nazismo, que não era precisamente partidário da liberdade. Sartre e outros existencialistas pregaram a irresponsabilidade, as indiferenças às nossas obrigações para com o próximo. Isso não é liberdade, mas apenas licença.
Sem dúvidas, você é reconhecido por dar chibatadas na psicanálise, na qual não tem status científico. Por que considera que na América Latina, e, principalmente, na Argentina ou Paraguai tem muitos seguidores e esta pseudociência é ensinada até nas universidades?
Porque é mais fácil e mais economicamente rentável que a psicologia biológica e experimental. Os dogmas psicanalíticos aprendem-se em uma semana, enquanto que a formalização de um psicólogo científico, como Wundt, Piaget, Hebb ou Brenda Milner, requer uns dez anos de estudo e investigação disciplinada em um ambiente maduro e crítico.
É um paradoxo que no século XXI floresçam as pseudociências? É um período onde temos maior acesso a informação e ao conhecimento. Há um retrocesso?
Todas as revoluções científicas têm sido seguidas de contrarrevoluções. Por exemplo, a ciência e a filosofia grega foram reprimidas pelo cristianismo; os trabalhos de Galileu Galilei e a sua escola foram seguidas pela maior caça às bruxas da história; o Iluminismo pelo Contra-Iluminismo de Hegel, Nietzsche e os seus sucessores; Husserl e Heidegger emergiram em momentos em que triunfavam a relatividade, a quântica e a teoria sintética da evolução.
Por que as pseudociências são prejudiciais?
Porque afastam as pessoas da ciência, fomentam o dogmatismo e a improvisação, e podem ter consequências fatais para a saúde ou o bem-estar público.
Voltando ao tema da “cultura da morte”, o Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa em seu livro “A Civilização do Espetáculo” fala justamente de que a cultura “tal e como a conhecemos” está praticamente morta, devido a mediocridade e a banalização que existem nos meios de comunicação, na indústria editorial e na arte em geral. Você compartilha da visão do escritor peruano?
Não compartilho, talvez porque não uso o mesmo conceito de cultura que Vargas Llosa, a quem admiro como romancista. Creio que os únicos ramos da cultura que estão em decadência são a religião, a filosofia e a música. A matemática, as ciências naturais e sociais e as técnicas seguem florescendo.
A morte segue sendo um mistério? Por que as pessoas continuam temendo?
A morte não é um mistério para alguém que sabe um pouco de biologia. A morte não assusta a um ateu, porque sabe que nada poderá ocorrer depois de morto. A única coisa que poderá assustá-lo é uma morte lenta e dolorosa, mas a morte assistida nos liberta deste temor.
O Prêmio Nobel de Medicina, Ramón Santiago e Cajal, assegurou que “enquanto o cérebro for um mistério, o universo continuará sendo um mistério”. Este é o século das neurociências?
A neurociência tem avançado muito desde que escreveu o grande Cajal, mas o conhecimento do mundo físico tem avançado sem a ajuda da neurociência, porque não se ocupa do cérebro.
A respeito de sua filosofia materialista, você se considera um ateu militante?
Sou ateu, mas não militante, porque eu não creio que a religião deve ser combatida. Creio que temos que ensinar uma visão do mundo secular e temos que estudar as religiões, em particular, o seu uso como ferramenta de controle social. Para isso, temos que reestudar Aristóteles, San Pablo e Maquiavel. Eu também creio que os ateus compartilham com quase todos os crentes sinceros algo muito mais forte do que os separa: amor pela vida, respeito pelo próximo, ajuda mútua, etc.
Todas as morais religiosas são imorais, por que seguem existindo as religiões?
Como disse o Buda: os homens inventaram os deuses por temer a morte.
Há massacres em nome de Deus em pleno século XXI. É um retrocesso?
É verdade que, desde o massacre de Jericó, tem-se invocado a Deus. Mas também é certo que Juan Pablo II condenou todas as guerras de seu tempo, e que Francisco I tem retomado a bandeira da paz.