29/04/2016

6.006.(29ab2016.7.17') Julia Margaret Cameron

Nasceu a 11jun1815
e morreu a 28jan1879
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As alegorias e retratos de Julia

 Margaret Cameron

Sua relação com a nova ocupação era muitas vezes obsessiva, movida por um anseio de, nas palavras dela, prender toda a beleza que existe. Fazia com que seus modelos posassem por horas a fio enquanto ela laboriosamente revestia e expunha cada chapa. O resultado era pouco convencional: suas imagens tinham uma dose de subjetividade, forte apelo cênico e iluminação peculiar. A maior parte de suas fotografias se enquadra em duas categorias: retratos e alegorias encenadas, inspiradas em obras religiosas e literárias. 

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As imagens que fez de seus amigos famosos, entre eles Charles Darwin, ajudaram a torná-la conhecida.

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Por ser de família abastada, o envolvimento de Cameron com a fotografia foi sempre baseado no prazer, e não em outro tipo de necessidade. Ganhou sua primeira câmera já aos 48 anos, como presente de uma de suas filhas. Sua carreira decolou rápido. Em um ano, era membro das sociedades de fotografia inglesa e escocesa
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Nascida em Calcutá, de pai inglês e mãe francesa, Julia Margaret Cameron (1815-1879) foi educada na França, voltou à Índia e lá residiu até mudar-se para a Inglaterra, em 1848. Começou a fotografar em 1864, aos 48 anos de idade, ao ser presenteada por sua filha com uma câmera.
Cameron tornou-se fotógrafa dedicada, meticulosa e prolífica. Transformou em estúdio o celeiro de Dimbola Lodge, seu lar na Ilha de Wight, e passou a retratar desde crianças, familiares e amigos até celebridades vitorianas, dentre as quais Charles Darwin, o poeta laureado e vizinho Alfred Lord Tennyson, os pintores John Everett Millais e George Frederick Watts, e o astrônomo John Herschel. Herschel, figura fundamental no desenvolvimento da invenção da fotografia, nutriu uma amizade de mais de 30 anos com Cameron, que a ele atribui parte de seu aprendizado: “meu grande professor nesta arte, que comigo correspondeu enquanto estava na Índia e me enviava todos os espécimes do avanço da ciência”. O manuscrito foi registrado pela fotógrafa em um dos 4 retratos que fez de Herschel.

Cameron fez parte da comunidade artística local, conhecida como Freshwater Circle, e recebia seus amigos frequentemente, por vezes aproveitando-se de suas presenças para retratá-los. O Freshwater Circle é assunto cômico em “Freshwater, única peça escrita por Virginia Woolf, sobrinha-neta de Cameron. Laura Gurney Troubridge, outra sobrinha-neta, relata: “nós nunca sabíamos o que esperar de Tia Julia, a propósito, ninguém sabia. (…) uma vez sob seu domínio, ficávamos perfeitamente impotentes. ‘Fique aí’, ela gritava. E nós ficávamos, durante horas, se necessário”.
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Figura perseverante nas fotografias de Cameron, Mary Hillier, funcionária doméstica de Dimbola Lodge, foi, segundo a fotógrafa, “uma das  mais bonitas e constantes de minhas modelos. Em todo tipo de forma seu rosto foi reproduzido e, ainda assim, nunca senti findada a graça de sua moda. (…) os atributos de sua personalidade e complexidade de sua mente são as maravilhas daqueles cujas vidas se fundiam às nossas como amigos íntimos da casa”.
A obra de Julia Margaret Cameron é bastante singular em estilo e assunto, e é essencialmente composta de retratos de rosto e alegorias de cenas religiosas ou literárias. Cameron utilizava acessórios, indumentária de época e tecidos em seus cenários, criando uma aura onírica e remetendo a tempos passados e ficções fantásticas. Seus modelos eram normalmente obrigados a posar por horas, não só por conta do processo de colódio úmido utilizado, mas também pelas exigências da fotógrafa.
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Tanto esmero resultou em fotografias primorosas e de inconfundível estética, tanto em assunto quanto em técnica. O foco suave e a experimentação na composição, os tons escuros e a iluminação simples são algumas das características de seu trabalho. Muitos críticos comparam suas fotografias a pinturas a óleo, o que foi precisamente a intenção de Cameron nas imagens que produziu para ilustrar os doze volumes de “Os Idílios do Rei”, a convite de Tennyson, autor da obra.
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Apesar da qualidade do trabalho e do apoio entre os mais próximos, Cameron não recebeu grande reconhecimento de seu trabalho em sua época. Sua obra somente caiu na graça do público após ter sido resgatada pelo historiador Helmut Gernsheim, no livro “Julia Margaret Cameron: Her Life and Photographic Work”, lançado em 1948, durante uma onda de nostalgia popular.
Em 1875, Cameron mudou-se para o Ceilão (hoje, Sri Lanka), onde morreu de gripe em 1879. Em correspondências, reclama da dificuldade em conseguir os químicos e água pura para revelar e ampliar suas fotografias. Lá, continuou a produzir alegorias, desta vez com nativos como modelos. Quase nenhuma dessas fotos sobreviveu com o passar do tempo. Atualmente, o museu e galeria de fotografia Dimbola Lodge é a sede da Fundação Julia Margaret Cameron.
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Susana Duarte postou fotos...Fiquei com uma curiosidade...