06/06/2016

8.594.(6.6.2016.6h6') Muhammad Ali

Nasceu a 17jan1942
e morreu a 3jun2016
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Cassius Clay
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MUHAMMAD ALI: MUITO MAIS QUE UM BOXEUR
Muhammad Ali, um dos maiores desportistas do século XX, um homem que se inventou várias vezes e reflectiu os traumas e conflitos dos Estados Unidos da América da sua época, morreu esta sexta-feira num hospital em Phoenix, Arizona aos 74 anos devido a um choque séptico, revelou a família. Há 32 anos que Ali lutava contra a doença de Parkinson.
Com Ali desaparece mais que um dos três ou quatro membros do panteão desportivo norte-americano, três vezes campeão mundial de pesos pesados e campeão olímpico aos 18 anos: desaparece um ícone deste país, uma daquelas figuras que serve para explicar o que significa ser estadunidense, um homem controverso cuja trajectória, desde as lacerações sociais dos anos sessenta até à chegada de um afro-americano à Casa Branca em 2009, define a história recente dos EUA.
Pese embora o declínio da sua saúde, até ao final não deixou de intervir no debate público. Em Dezembro último, depois do candidato republicano à Casa Branca Donald Trump anunciar o seu plano para vetar a entrada de muçulmanos nos EUA, Ali disse: “nós, como muçulmanos, devemos enfrentar quem quer usar o islão para impor a sua agenda pessoal”.
Nascido com o nome de Cassius Clay em Louisville no Kentucky em 1942, Ali foi um negro golpeado pelas humilhações da segregação que proclamou a sua identidade com orgulho. Um activista mais próximo do estilo desafiante de Malcolm X de que o ecumenismo de Martin Luther King na defesa dos direitos civis dos negros. Um herói desportivo que se converteu a uma religião estranha para a maioria dos seus concidadãos. Influenciado pelos ensinamentos do grupo religioso Nação do Islão, adoptou o nome de Muhammad Ali e escolheu para si, descendente de escravos anónimos, o seu próprio nome e religião. “Não quero ser o que vós quereis que seja”, disse um dia.
A sua oposição à guerra do Vietnam não foi só retórica: repudiou o recrutamento obrigatório e foi, por isso, sentenciado a cinco anos de prisão e perdeu o direito de boxear. “Nunca nenhum vietcong (por vietcong tem-se os vietnamitas que lutavam contra os EUA) me chamou de ‘nigger’”.
Nigger é a palavra mais pejorativa usada para designar os estadunidenses de origem africana.
A resistência consciente de Ali, na sua rejeição em ir para a guerra, constituiu um acto político de implicações transcendentais: perante o mundo, era o questionamento de um cidadão face a um país supostamente modelo de democracia na época da guerra fria. E era também surpreendente a renúncia de um jovem proveniente da exclusão social e racial, aos prazeres da fama e fortuna que lhe oferecia a alta sociedade norte-americana.
A revolta de quem foi medalha olímpica e o maior campeão de pugilismo, representava uma bofetada para a propaganda feliz do “sonho americano”. Neste cenário, a rebeldia do campeão encheu de raiva e fúria o Império mais brutal da história, ao ponto de correr perigo de vida num tempo em que outros notáveis afroamericanos como Malcolm X e Martin Luther King tinham sido brutalmente assassinados por organizações terroristas e racistas. Foi, para os movimentos sociais que procuravam a igualdade de direitos civis, um período de persecuções, violência, repressão, torturas e assassinatos.
Metade dos Estados Unidos detestava-o; metade do mundo adorava-o. “Nos próximos meses não há dúvida que os homens que governam Washington tentarão prejudicar-te de todas as maneiras que puderem, mas estou seguro que falaste em nome do teu povo e dos oprimidos de todo o mundo, num valente desafio ao poder americano”, escreveu o filósofo Bertrand Russel. Em 1971 o Supremo Tribunal acabou por dar razão a Ali declarando-o como objector de consciência, permitindo assim o seu regresso aos ringues, onde participou e venceu dois combates lendários: o Rugido da Selva no Zaire (actual República do Congo), em 1974 contra George Foreman; e, no ano seguinte, em Manila (combate conhecido como Thrilla in Manila), contra Joe Frazier.
Aquele menino, pobre e negro, nascido numa sociedade dividida em classes, infectada pelo mais furibundo racismo dentro do império que massacrava outros povos, se fez o homem que apesar das mais adversas circunstâncias, teve na sua moral revolucionária, o motor da sua incansável luta, e só assim foi capaz de vencer forças que pareciam insuperáveis no início. O campeão que se tornou numa das personagens mais respeitadas que corria mundo como um símbolo consciente do anti-imperialismo. Aos olhos de todos, tal como o fazia no boxe, porém agora no campo político, ético e moral, Muhammad Ali atingiu o império com um contundente KO.
Café Central com Ódio de Classe e Rádio Fueguina

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http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/04/deportes/1465019120_522470.html
Muhammad Ali, que morreu neste 4 de junho de 2016, não foi apenas um mito do boxe: foi parte integrante da cultura popular de sua época. Ao longo de seus 74 anos de vida, ele mostrou força dentro dos ringues, mas também fora dos combates, como uma referência ideológica, e não apenas para a população afro-americana. Suas declarações viraram aforismos quase tão importantes quanto as suas realizações de atleta. Muitas vezes arrogante, em outras, filosófico, na maioria delas levado pelo emocional, seguem-se algumas de suas afirmações mais relevantes:
1. “Cassius Clay é o nome de um escravo. Não foi escolhido por mim. Eu não o queria. Eu sou Muhammad Ali, um homem livre”.
2. “Somente um homem que sabe o que sente ao ser derrotado pode ir até o fundo de sua alma e tirar dali aquilo que lhe resta de energia para vencer um combate equilibrado”.
3. “Odiei cada minuto de treinamento, mas não parava de repetir a mim mesmo: ‘não desista, sofra agora para viver o resto de sua vida como campeão’”.
4. “Sei aonde vou e sei o que é a verdade. E não tem por que ser o que você quer que seja. Sou livre para ser aquilo que quero ser”.
5. “Impossível é apenas uma palavra usada pelos fracos que acham mais fácil viver no mundo que lhes foi determinado do que explorar o poder que possuem para muda-lo. O impossível não é um fato consumado. É uma opinião. Impossível não é uma afirmação. É um desafio. O impossível é algo potencial. O impossível é algo temporário. Nada é impossível”.
6. “Sou o maior. Disse isso a mim mesmo inclusive antes de saber que o era”.
7. “Não vou percorrer 10.000 quilômetros para ajudar a assassinar um país pobre simplesmente para dar continuidade à dominação dos brancos sobre os escravos negros”.

8. “Quando criança, eu pedia ao meu irmão Rudy que jogasse pedras sobre mim.Era assim que eu aprendia a fazer meus movimentos, esquivando-me de pedradas”.
9. “No golfe eu também sou o melhor. O único problema é nunca joguei golfe”.
10. “Um homem que enxerga o mundo aos 50 anos da mesma forma que aos 20perdeu 30 anos de vida”.
11. “Não divido o mundo entre os homens modestos e os arrogantes. Divido o mundo entre os homens que mentem e os que dizem a verdade”.
12. “Não suporto ver sangue. Em muitas das minhas lutas, eu tinha de olhar para o lado”.
13. “O silêncio vale ouro quando não se consegue achar uma boa resposta”.
14. “É apenas um trabalho. O mato cresce, os pássaros voam, as ondas acariciam a areia... Eu me bato em um ringue”.
15. “Não conte os dias: faça com que os dias contem”.
16. “Quando você tem razão, ninguém se lembra disso; quando está errado, ninguém esquece”.
17. “Outro dia fui ao cinema ver um filme de terror. Ele se chama Baron Blood. Comparado com isso, ter ganho de Foreman foi apenas mais um dia na academia”.
18. “O boxe é um monte de brancos vendo como um negro vence outro negro”.
19. “Servir aos outros é como o aluguel que se tem de pagar por uma casa na Terra”.
20. “Eu fui o Elvis do boxe, o Tarzan do box, o Super-Homem do boxe, o Drácula do boxe. O grande mito do boxe”
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by JN

http://www.jn.pt/desporto/interior/morreu-muhammad-ali-5210309.html
O lendário ex-campeão mundial de boxe, na categoria de pesos pesados, Muhammad Ali, morreu na sexta-feira aos 74 anos, num hospital em Phoenix, no estado do Arizona, nos Estados Unidos, anunciou a família em comunicado.

Leia mais: Morreu Muhammad Ali http://www.jn.pt/desporto/interior/morreu-muhammad-ali-5210309.html#ixzz4AnhfbVis 
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by Vitor Dias
E Paul Simon canta «The Boxeur» aqui em http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2016/06/muhammad-ali.html
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QUANDO UM CAMPEÃO OLÍMPICO FOI PROIBIDO DE COMER UM CACHORRO-QUENTE NOS EUA 
Entenda o caso: Muhammad Ali, legendário boxeador fala sobre o racismo.
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http://esportes.terra.com.br/lance/sou-o-rei-do-mundo-o-dia-em-que-nasceu-muhammad-ali,669a8e22222269b4be50e55e6d3ee9066vezbzq3.html

'Sou o Rei do Mundo! O dia em que nasceu Muhammad Ali'

Houve  uma luta capaz de mudar tudo na vida de Muhammad Ali: boxe, esportes, política, o que significava ser negro em um racista América ... Em 25 de fevereiro de 1964 no Centro de Convenções de Miami, um menino chamado Cassius Clay tornou-se campeão mundial dos pesos pesados aos 22 anos. 

Naquela noite, após Sonny Liston abandonar o sexto assalto, aquele que, mais tarde, recebeu a designação de de The Greatest subiu nas cordas e proclamou como um louco: "Eu sou o rei do mundo!". Ali, realmente, nasceu a lenda. Um dia depois, abraçado à Nação do Islã, anunciou que passaria a ser chamado de Cassius X, em honra a Malcolm X, que ocupava o assento sete do ringue em Miami. Mais tarde, este nome mudaria para Muhammad Ali. 

Sonny Liston foi proclamado campeão mundial de 1962, ao nocautear o detentor do título, Floyd Patterson, no primeiro round. O resultado se repetiu no ano seguinte e, na plateia, a torcida ficou enfurecida com um espectador chamado Cassius Clay. 

Em 1964, Liston encontrou Ali. O jornalista David Remnick, no livro "Rei do Mundo", traz os detalhes do combate, que ocorria em um país em convulsão e dava as apostas em 7-1 para Sonny. À época, o repórter do New York Times, Robert Lipsyte recebeu do patrão a ordem de estudar a maneira mais rápida entre o ringue e o hospital, onde seria conduzido Ali.