21/07/2016

9.194.(21jul2016.13.31') Golpe da Cervejaria, Noite das Facas lngas...Gueto de Varsóvia...Campo de Concentração de Buchenwald...Juramento de Buchenwald

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30abRIl1945...Hitler e Eva Braun suicidam-se...
No momento em que as tropas do Exército Vermelho já invadiam as ruas desertas e destruídas de Berlim e esmagavam as tropas nazis, o führer Adolf Hitler, ditador da Alemanha, escondido no seu refúgio à prova de ataques aéreos, mastiga uma cápsula de cianeto enquanto atira contra si com uma pistola. Era o dia 30 de Abril de 1945. O prometido Reich de mil anos desabava sobre ele.

Hitler tinha remodelado o seu bunker em 16 de Janeiro após ter decidido permanecer em Berlim para o derradeiro grande cerco da guerra. Localizado a cerca de 20 metros abaixo da chancelaria, passou a ser o quartel-general de Hitler como chanceler do Reich nazi. O refúgio continha 18 pequenos aposentos e estava plenamente sortido de mantimentos. Dispunha também de um sistema próprio de fornecimento de água e electricidade. Muito raramente deixava o bunker. Uma das excepções foi para condecorar um esquadrão de soldados-adolescentes da Juventude Hitleriana. Passava a maior parte do seu tempo imaginando como poderia atacar com o que restava da defesa alemã. Às vezes recebia convidados como Hermann Goering, Heinrich Himmler e Joachim von Ribbentrop e com eles se entretinha. Ao seu lado estava Eva Braun, com quem se tinha casado apenas dois dias antes do suicídio, e o cão alsaciano Blondi.

Alertado pelos seus oficiais que o Exército Vermelho se acercava da chancelaria e que em estimados um ou dois dias ela seria tomada de assalto, eles aconselharam o  führer a refugiar-se em Berchtesgarden, uma pequena cidade nos Alpes Bávaros, onde Hitler, em seus tempos de ascensão, costumava passar parte do seu tempo. O ditador preferiu o suicídio.

 Depois do almoço, no dia 30 de Abril, Hitler  trancou-se com Eva Braun nos seus aposentos. Ouviu-se apenas um tiro. Quando lá entraram os oficiais encontraram-no com a cabeça estraçalhada à bala e com a pistola caída no colo. Em frente a ele, estava Eva Braun, sem nenhum ferimento visível.   Rapidamente os dois corpos foram removidos para o pátio e, com o auxilio de 180 litros de gasolina   os corpos de Hitler e Eva foram cremados no jardim da chancelaria pelos serviçais do bunker, por ordem do führer. Segundo se soube posteriormente, as tropas russas conseguiram recuperar parte da ossatura que havia sido enterrada junto com as cinzas da cremação. Somente em 1956, após incontáveis perícias e testemunhos, um tribunal de justiça da Alemanha Ocidental declarou oficialmente que Adolf Hitler estava morto.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Ficheiro:Stars & Stripes & Hitler Dead2.jpg
Edição do jornal The Stars and Stripes, de 2 de Maio de 1945 anunciando a morte de Adolf Hitler

File:Reichskanzlei-Fuehrerbunker.png

Mapa do Bunker
https://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2018/04/30-de-abril-de-1945-segunda-guerra.html?spref=fb
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28ab1945...quando o nazismo era derrotado em todas as frentes, no buncker, casaram-se Adolf Hitler e Eva Braun...
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18 de Fevereiro de 1943: A Gestapo prende os líderes da organização de resistência alemã "Rosa Branca"

Por se oporem ao regime nazi, Hans Scholl e a sua irmã Sophie, os líderes da organização juvenil alemã Weisse Rose (Rosa Branca), são presos em 18 de Fevereiro de 1943 pela Gestapo, a polícia política.

A Rosa Branca era composta por estudantes universitários, principalmente alunos de medicina que denunciavam Adolf Hitler e o seu regime. O fundador, Hans Scholl, era ex-membro da Juventude Hitleriana que cresceu desencantado com a ideologia nazi. Estudante na Universidade de Munique em 1940-41, encontrou-se com duas pessoas cultas que professavam a religião católica romana e que redireccionaram a sua vida. Passando da medicina para a religião, filosofia e artes, Scholl reuniu em torno de si amigos com ideias próximas e que também punham em causa os nazis. Assim nasceu a Rosa Branca. 

Durante o Verão de 1942, Scholl e um amigo redigiram quatro panfletos que expunham e denunciavam as atrocidades nazis e da organização paramilitar nazi SS, inclusive o extermínio dos judeus. Conclamando para a resistência ao regime, o texto continha citações de grandes escritores e pensadores, de Aristóteles a Goethe, e exigia o renascimento da universidade alemã. Esta era uma meta de uma elite culta dentro da Alemanha. 
Os riscos envolvidos em tal iniciativa eram enormes. As vidas dos cidadãos comuns eram vigiadas e qualquer desvio de uma absoluta lealdade ao Estado, punido duramente. Até mesmo uma observação crítica informal a Hitler ou aos nazis poderia resultar na prisão pela Gestapo. Já os estudantes da Rosa Branca – a origem do nome do grupo é incerta, possivelmente provem do desenho de uma flor nos seus panfletos – arriscavam tudo, simplesmente motivados pelo idealismo, por uma moral elevada e princípios éticos, além de simpatia pelos seus vizinhos e amigos judeus. A despeito dos riscos, a irmã de Hans, Sophie, uma estudante de biologia da mesma universidade do seu irmão, pediu para participar das actividades da Rosa Branca. Foi então que descobriu a operação secreta do seu irmão. 

No dia 18 de Fevereiro de 1943, Hans e Sophie deixam uma pasta cheia de cópias de outro panfleto no edifício principal da universidade. O folheto declarava, em parte: "O Dia do Juízo Final chegou, o juízo final da nossa juventude alemã com a mais abominável tirania que o nosso povo jamais suportou. Em nome de todo o povo germânico exigimos do Estado de Adolf Hitler o retorno à liberdade pessoal, o mais precioso tesouro dos alemães que ele astuciosamente roubou." 

Os dois foram descobertos e denunciados à Gestapo, que os prendeu. Levados a tribunal, estavam condenados de antemão, o julgamento a que foram submetidos não passou de uma farsa e a sentença foi pronunciada imediatamente. No interrogatório, Sophie negou tudo, desesperada por proteger o irmão e os demais companheiros. Mas quando descobre que o irmão confessou, deixa de mentir. Os Scholls, ao lado de outro membro da Rosa Branca, também capturado, foram sentenciados à pena de morte. Foram decapitados – uma punição reservada apenas a “traidores políticos” - em 23 de Fevereiro, mas não sem antes Hans Scholl bradar “Viva a Liberdade!” 

A tragédia dos Scholl foi levada às telas com o filme alemão Sophie Scholl – Os Últimos Dias, que conquistou o Urso de Prata do Festival Internacional de Berlim de 2005 além de outras 14 prémios e nove indicações. 

Os membros da Rosa Branca, principalmente Sophie Scholl, são ainda hoje respeitados e todas as cidades têm ruas com os seus nomes, em memória dos estudantes que tentaram de forma heroica pôr fim à crueldade e à enorme indiferença existente na Alemanha nazi. 
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Selo postal comemorativo de Hans Scholl e Sophie Scholl, RDA, 1961
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Monumento em homenagem ao movimento "Rosa Branca", em frente à Universidade Ludwig Maximilian em Munique.
 https://www.youtube.com/watch?v=XM5A4ETW_Io
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/02/18-de-fevereiro-de-1943-gestapo-prende.html?fbclid=IwAR2CX_3Gi12qKPyQBsmGo-zp-dSLuPVC9rUnrMZRu9qzUySWrFMNPIaAT9k
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14 de Março de 1937: Pio XI condena o nazismo em Carta Encíclica

No dia 14 de Março de 1937, o Papa Pio XI publicou uma Carta Encíclica intitulada “Mit Brennender Sorge” (“Com profunda preocupação”),em que condenava o nacional-socialismo alemão e a sua ideologia racista. Esta havia sido a primeira crítica oficial ao nazismo feita por um chefe de Estado e contem um ataque a Adolf Hitler, referindo-se a ele como "profeta louco de arrogância repulsiva". É um dos dois únicos documentos da Santa Sé escritos em língua diferente do latim ou grego, juntamente com a Encíclica “Non Abbiamo Bisogno” (1931), que criticava o fascismo italiano.
Como a mensagem era destinada especificamente ao povo germânico, Pio XI optou por redigir a Encíclica em alemão. Pronta, foi enviada clandestinamente para a Alemanha e então reproduzida por membros da Igreja Católica. Cópias foram distribuídas aos bispos, padres e capelães para serem lidas em todas as paróquias alemãs no dia 21 de Março, durante a missa de Domingo de Ramos, quando a presença de fiéis costuma ser a maior do ano litúrgico.
A Encíclica atacava o racismo e o “Führer”  com uma agressividade raramente vista em documentos papais. Numa época em que Hitler ainda gozava de prestígio junto à opinião pública internacional, a carta surpreendeu pelo tom firme. Foi alvo de críticas da imprensa secular francesa, que ainda defendia uma coexistência pacífica com a Alemanha.
“Mit Brennender Sorge”, que condenava os erros do nazismo e a sua ideologia racista e pagã, falava de "direitos humanos inalienáveis dados por Deus" e invoca uma "natureza humana" que passa por cima de barreiras nacionais e raciais.
Apesar de ainda não se saber à época a extensão real da perseguição contra os judeus, o pontífice também condenou o antissemitismo, reafirmando que a doutrina católica pune com a excomunhão quem promove perseguições contra judeus por motivos raciais ou religiosos. 

Ao dirigir-se aos religiosos católicos da Alemanha, a Encíclica dizia: "A todos aqueles que conservaram a fidelidade prometida na ordenação, àqueles que, no cumprimento do seu ofício pastoral, tiveram e têm de suportar dores e perseguições - alguns até serem encarcerados ou mandados para campos de concentração -, a todos estes chegue a expressão da gratidão e o encómio do Pai da Cristandade”.
A leitura da carta nas missas do domingo de Ramos em todos os templos católicos alemães, que eram então mais de 11 mil, constituiu-se numa enorme surpresa para os fiéis, as autoridades e a polícia. O seu impacto entre as elites dirigentes alemãs foi contundente. Em toda a curta história do Terceiro Reich, nunca tinha havido uma contestação tão ampla e com a repercussão que se aproximasse sequer da produzida com a “Mit Brennender Sorge”.
No entanto, o controlo rígido que Hitler exercia sobre a imprensa e a falta de liberdade de circulação de informações impediu que o impacto fosse ainda maior entre as massas, sendo o seu conteúdo censurado e respondido com uma forte campanha publicitária anticlerical. No dia seguinte à leitura nos púlpitos, todas as paróquias e escritórios das dioceses alemãs foram visitados por oficias da Gestapo, que apreenderam as cópias do documento.
Como era de se esperar, no mesmo dia o órgão oficial nazi, Völkischer Beobachter, publicou uma primeira resposta à Encíclica, mas foi também a última. O ministro alemão da propaganda, Joseph Goebbels, foi suficientemente perspicaz para perceber a força que havia tido a declaração. Com o controle total da imprensa e da rádio, entendeu que o mais conveniente era ignorá-la completamente e censurar tanto o seu conteúdo como quaisquer referências a ele.
Após a leitura e publicação da carta, as perseguições anticatólicas tiveram lugar, e as relações diplomáticas entre Berlim e Vaticano ficaram abaladas. Em Maio de 1937, 1100 padres e religiosos foram lançados nas prisões do Reich. No ano seguinte, 304 sacerdotes católicos foram transferidos para o campo de concentração de Dachau. Paralelamente, as organizações católicas foram dissolvidas e as escolas confessionais, interditadas.  Até à queda do nazismo, cerca de 11 mil sacerdotes católicos - quase metade do clero alemão dessa época -  "foram atingidos por medidas punitivas, política ou religiosamente motivadas".
Fontes: Opera Mundi
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File:Mit brennender Sorge Speyer JS.jpg
Cópia da Carta Encíclica de 1937 - escrita em alemão
Ficheiro:Pius XI after Coronation.jpg
Papa Pio XI

Cópia da Carta Encíclica de 1937 - escrita em alemão
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/14-de-marco-de-1937-pio-xi-condena-o.html?fbclid=IwAR0y8J6tSOjmYQSyjDjUus_fIthV36M-xF5fzzv13qLOaHdGHAd8to99Q3s
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25 de Novembro de 1936: É assinado o Pacto Anti-Komintern, entre a Alemanha de Hitler e o Japão

O Pacto Anti - komintern,  acordo concluído primeiro entre a Alemanha e o Japão em 25 de Novembro de 1936 e mais tarde entre Alemanha, Japão e Itália em Novembro de 1937, dirigia-se directa e ostensivamente contra a Internacional Comunista (Komintern) e por implicação, especificamente contra a União Soviética.

Os tratados foram pedidos por Adolf Hitler, que na ocasião invectivava publicamente contra o bolchevismo e estava interessado no sucesso do Japão na guerra que se abria contra a China. Os japoneses estavam irritados com o Pacto de Não-agressão sino-soviético de Agosto de 1936 e a subsequnte venda de aviões militares e munições soviéticos à China.


Ao assinar o Pacto Anti-komintern, o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Joachim Ribbentrop disse aos correspondentes da imprensa que a Alemanha e o Japão tinham-se unido para defender a civilização ocidental. À primeira vista, o pacto parecia não ser mais que um artifício de propaganda pelo qual esses países obteriam o apoio mundial, explorando a aversão dos governantes ocidentais pelo comunismo e a desconfiança da Internacional Comunista.


Entretanto, no tratado havia também um protocolo secreto especialmente dirigido contra a União Soviética. No caso de um ataque não provocado da URSS contra a Alemanha ou o Japão, as duas nações concordavam em consultar-se a respeito das medidas a tomar “para salvaguardar os seus interesses comuns” e aceitaram “não adoptar medidas que pudessem tender a facilitar a situação soviética.” Estipulava-se igualmente que nenhuma das duas nações firmaria quaisquer tratados com a URSS contrários ao espírito do acordo, sem consentimento mútuo.


Não tardaria muito até que a Alemanha rompesse o acordo e acusasse o Japão de não observá-lo. Porém o pacto servia  certos objectivos de propaganda entre o crédulo mundo e juntava pela primeira vez as três nações agressoras.


Em 23 de Agosto de 1939, o Japão, dizendo-se ultrajado pelo Pacto de Não-Agressão Molotov-Ribbentrop, renunciou ao Pacto Anti -komintern. Todavia, acedeu mais tarde em assinar novo Pacto  em 27 de Setembro de 1940, que estabelecia que a Alemanha, a Itália e o Japão “ prestariam assistência  mútua com  meios militares, económicos e políticos” caso algum deles fosse atacado por uma potência não envolvida na Guerra Europeia ou no conflito sino-japonês, ou seja, União Soviética ou os Estados Unidos.
Fontes: Opera Mundi
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O Embaixador japonês Kintomo Mushakoji e o ministro alemão Joachim von Ribbentrop na assinatura do pacto

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2013...Postei:
não podemos esquecer o fascismo.nazismo...os agiotas em todas as épocas não se preocupam com quem sofre...está na sua estrutura explorar, explorar + e + sem hesitações.apoiam ditadores de td o tipo e colocam os governos ao seu serviço...
Via postagem de José Eduardo Oliveira

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Efeméride // Em 22 de Julho de 1942 tem início a deportação sistemática dos judeus do gueto de Varsóvia
Mais tarde, no correr do julgamento dos responsáveis por esse extermínio, o termo foi sendo aos poucos adoptado somente para se referir ao massacre dos judeus durante o regime nazista.
Todos esses grupos pereceram lado a lado nos campos de concentração
 e de extermínio, de acordo com textos, fotografias e testemunhos de sobreviventes, além de uma extensa documentação deixada pelos próprios nazistas com o saldo de registos estatísticos de vários países sob ocupação.

 Hoje, já se sabe aproximadamente o número de mortes. Morreram 17 milhões de soviéticos (sendo 9,5 milhões de civis); 6 milhões de judeus; 5,5 milhões de alemães (3 milhões de civis); 4 milhões de poloneses (3 milhões de civis); 2 milhões de chineses; 1,6 milhão de iugoslavos; 1,5 milhão de japoneses; 535 000 franceses (330 000 civis); 450 000 italianos (150 000 civis); 396 000 ingleses e 292 000 soldados norte-americanos.
(Wikipédia).

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Um campo de terror nazi
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http://www.urap.pt/index.php/histria-mainmenu-37/32-histria/156-o-campo-de-concentrao-de-buchenwald-weimar-alemanha-apontamentos-histricos-1937-1945

O Campo de Concentração de Buchenwald (Weimar, Alemanha). Apontamentos Históricos (1937-1945)


História
A URAP esteve presente no encontro internacional de juventude, no campo de concentração de Buchenwald, por ocasião do 63º aniversário da sua auto-libertação. Para mais textos consulte-se História.
A Construção do Campo
250px-buchenwald_slave_laborers_liberationCorporizando a desumanidade do projecto nazi demonstrada durante a vigência do III Reich alemão (1933-1945), as SS (Schutzstaffel) deram ordens para que se iniciassem os trabalhos para a edificação de um Campo de Concentração nos arredores de Weimar, a capital regional da região da Turíngia, na Alemanha.
Esse Campo, conhecido para a posteridade como Buchenwald, foi o resultado desde o início do trabalho forçado dos prisioneiros que foram obrigados a iniciar as suas obras, em Julho de 1937, de desflorestação da área e edificação de edifícios e outros abarracamentos militares.
Projectado para o encarceramento de mais de 10 000 prisioneiros, o Campo recebeu ainda uma base para o treino dos esquadrões da morte e a sede de uma empresa com capitais detidos pelas SS que foram instalados em Buchenwald até 1941.
buchenwald_079Na verdade, existiam cercas e barreiras que separavam os diferentes sectores do Campo, sendo que este era isolado do exterior através de uma cerca electrificada com alta tensão que funcionava dia e noite, tornando praticamente impossível qualquer fuga. Existia mesmo um gerador de energia que em caso de falha eléctrica mantinha a voltagem elevada da cerca.




prisioneiros_de_buchenwald_a_construir_caminho_de_ferro.jpgA visão que as SS tinham dos prisioneiros ficou demonstrada na prática terrorista para com os detidos que era sustentada também pelas famílias dos oficiais nazis. Durante os trabalhos de edificação do Campo as condições de vida dos detidos eram miseráveis, propositadamente sem acesso a condições de higiene, água e espaços para os doentes. Dentro do Campo, as SS ordenaram a construção de uma lavandaria, um crematório, um edifício de desinfecção e um armazém.
A Administração do Campo
buchenwald_087.jpgAs SS muniram-se de material burocrático sofisticado para conduzirem a sua política criminosa e desumana: máquinas de escrever, telefones, aparelhos de rádio, registadores e livros de registos constituíram uma parafernália que possibilitou um controlo quase total sobre todos os prisioneiros detidos em Buchenwald. O Campo possuía uma Direcção, uma Administração, um Gabinete da polícia política (Gestapo), um Gabinete de Detenções, um Departamento do Trabalho e um Departamento Médico. Para os oficiais das SS, o prisioneiro consistia apenas num número abstracto, à disposição total dos gabinetes dos torcionários. À chegada ao Campo, o prisioneiro via-se desapossado de todos os seus bens que eram confiscados no armazém (onde está instalada hoje a exposição sobre a história do Campo de Concentração de Buchenwald). Já em 1942, foi criado um Departamento Geral da Administração Económica que procurava retirar melhor partido do trabalho forçado dos prisioneiros, para além da gestão do próprio Campo: assim, através de um processo de divisão do trabalho mais sofisticado, os oficiais SS procuravam manter-se afastados das consequências bárbaras dos seus actos.
Os primeiros prisioneiros e o seu quotidiano
buchenwald_103Para qualquer dos prisioneiros que chegava a Buchenwald, como a outros campos de concentração do nazismo, existia sempre um corte abrupto com o seu passado. Confinados a espaços reduzidos nas suas casernas, os prisioneiros eram obrigados a procurar torna-se o mais adaptável possível às condições numa luta diária pela sua própria vida.


buchenwald_2008_068Os primeiros detidos enviados para Buchenwald foram prisioneiros políticos alemães, condenados comuns e testemunhas de Jeová. Já em 1938 chegaram ao Campo em vários comboios os primeiros judeus, ciganos e homossexuais.  A partir de 1938, Buchenwald recebeu mendigos, pedintes, refractários ao trabalho ou indivíduos simplesmente desadaptados à sociedade. Com as anexações que a Alemanha nazi iniciou em 1938 foram também chegando ao Campo prisioneiros austríacos e checos, a que se juntaram maioritariamente polacos e holandeses após o início da II Guerra Mundial (1939-1945).
buchenwald_085Ao contrário do que acontecia com os outros prisoneiros que tinham casernas próprias (judeus, ciganos, homossexuais, etc), os oficiais das SS optaram deliberadamente por não separarem os presos políticos que detiveram em Buchewald, procurando, desta forma, conseguir infiltrados próximos dos comunistas, social-democratas e outros presos alemães para obtenção de informações ou fomentar atritos entre os detidos..



buchenwald_2008_066Os primeiros prisioneiros de guerra soviéticos foram enviados para Buchenwald em 1941, quando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas viu o seu território invadido pela Alemanha nazi.







buchenwald_090A codificação da indumentária no Campo associava a cor vermelha aos prisioneiros políticos, a cor verde para os delinquentes comuns, a cor preta para os chamadosdegenerados sociais e a cor amarela para os judeus, sendo que a letra adicionada correspondia à nacionalidade do preso. Estes elementos eram presos à indumentária dos presos.




buchenwald_098No quotidiano dos presos, a sua divisão pelas casernas era hierarquizada segundo as razões da sua detenção em Buchenwald, tendo os oficiais alemães designado prisioneiros responsáveis pelos barracões dos presos, pela acomodação interna dos presos e até para desempenhar acções de extorsão de bens a outros prisioneiros. Acções simples do quotidiano como cortar o cabelo, lavar os dentes ou comer eram tornadas difíceis pelas condições miseráveis vividas. Mas, entre os prisioneiros havia resistência organizada e os comunistas alemães constituíram-se no grupo que formou o comité internacional do Campo em 1943, beneficiando da experiência adquirida antes da sua detenção. Este comité auxiliou muitos prisioneiros na sua sobrevivência, além de guardar clandestinamente cerca de 100 armas de fogo prontas a ser usadas quando se tornasse possível. Já em 1944 constituíram-se comités de ajuda nacional no Campo segundo as nacionalidades representadas em Buchenwald.
A barbárie planeada na essência do Campo (1937-1942)
buchenwald_094Na lógica torcionária das SS, o terrorismo era entendido como elemento de quebra da vontade da dignidade dos prisioneiros, apurado numa lógica regulamentar quotidiana em Buchenwald de disciplina e punição para com os detidos: chamadas diurnas ou nocturnas para a contagem dos prisioneiros; tratamento humilhante e ultrajante para com os detidos isoladamente ou na presença de outros presos; suspensão dos presos sobre os seus membros inferiores ou superiores para prática de tortura; execuções a tiro de detidos.

buchenwald_092Qualquer acto de resistência ou tentativa de fuga era punida com prisão em celas solitárias e envio para trabalhos forçados na pedreira junto ao Campo de Concentração de Buchenwald, onde morreram vários dos detidos nestas condições insuportáveis para o ser humano. Para além disto, as unidades dos esquadrões da morte das SS dispunham dos prisioneiros para organizarem actos arbitrários e assassinatos individuais e colectivos, onde obrigavam outros detidos a participar sob coacção.

buchenwald_088Entre 1937 e 1938 os principais alvos desta monstruosidade quotidiana foram os presos políticos alemães, sendo que após 1938 as SS escolheram preferencialmente os desadaptados sociais, ciganos, judeus e polacos. Estes viram, assim, agravada ainda em maior escala as suas difíceis condições de vida no Campo. Até 1942 foram mortos em Buchenwald 2795 judeus e cerca de 1000 ciganos, resultado das condições indignas a que foram expostos, incluindo fome e contágio de doenças entre prisioneiros. Os ciganos foram mesmo deliberadamente alvos de experiências médicas iniciadas em Buchenwald em 1942.


pic01255Com o ataque nazi à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas o extermínio no campo realçou-se em Buchenwald, já que também muitos membros da intelectualidade da Europa Oriental e prisioneiros de guerra soviéticos foram mortos em fuzilamentos colectivos, durante o próprio processo de deportação ou pela ausência de acesso à alimentação ou a cuidados de saúde.


pic01253Apesar de Buchenwald não ter sido projectado como um Campo de Extermínio, ocorreram diversas acções de morticínio em massa, incluindo após 1941 as de injecção letal a prisioneiros doentes ou debilitados fisicamente. No Outono de 1941, os nazis optaram por matar a tiro 8000 prisioneiros de guerra soviéticos no outrora estábulo que foi preparado previamente para esse crime. Essa acção constituiu o maior fuzilamento em massa dentro do Campo entre 1937 e 1945.

Guerra Total e o Campo: do aprofundamento da barbárie à libertação e à derrota do nazi-fascismo (1942-1945)
buchenwald_095Com a alteração da situação da II Guerra a nível mundial, com os países do Eixo nazi-fascista (Alemanha, Itália e Japão) confrontados com as derrotas militares face aos Aliados, a administração do Campo de Concentração de Buchenwald promoveu a utilização em massa de mão-de-obra dos prisioneiros na indústria de armamento alemã, acompanhando a centralização e aperfeiçoamento da burocracia das SS. Esta alteração devida ao esforço de guerra promoveu a utilização massiva de prisioneiros nas fábricas da indústria bélica germânica em vários territórios ocupados pelo nazismo. Essa força de trabalho era substituída sempre que se entendesse necessária tal alteração para promover o aumento da produção de armamento.
buchenwald_096Se incluirmos as prisioneiras do sexo feminino, o número de detidos em Buchenwald cresceu de 9500 no final do ano de 1942 para mais de 37 000 no final do ano de 1943 e mais de 110 000 presos em Janeiro de 1945. Este aumento do número de presos tornou os prisioneiros alemães numa minoria dentro do Campo, já que em Agosto de 1944 era já 20 000 os presos soviéticos, 15 000 os detidos polacos, e 10 000 os franceses, acompanhados de importantes grupos de checos, belgas, dinamarqueses, holandeses e italianos. Até Outubro de 1944 chegaram ao Campo 12 000 judeus húngaros e mais 1800 ciganos propositadamente para serem forçados a trabalho intensivo em Buchenwald. O seu destino era o pequeno campo, criado pelos oficiais das SS como área de quarentena para experiências procurando revelar a disponibilidade física para o trabalho forçado, num sector onde estavam também os prisioneiros isolados por doença devido à falta de cuidados médicos ou alimentares mínimos. Estavam directamente associados a Buchenwald mais de oitenta fábricas de material bélico que utilizaram a partir de 1942 a exploração desumana do trabalho dos prisioneiros.
Após o Outono desse ano, os oficiais das SS organizaram grupos de prisioneiros de Buchenwald para removeram as bombas caídas nas cidades do Ocidente da Alemanha, juntamente com a produção de componentes para a aviação nazi, túneis para fuga dos oficiais e o próprio bunker de Hitler em Berlim nos últimos meses da II Guerra, o que provocou a morte de dezenas de milhar de prisioneiros expostos à ausência total de humanidade nos trabalhos forçados a que eram submetidos.
Durante os últimos três anos da II Guerra, os prisioneiros de Buchenwald foram também alvo de experiências médicas arbitrárias, como a das vacinas contra o tifo desde o final de 1941. Neste processo hediondo colaboraram as SS, os departamentos governamentais, o Exército alemão e companhias farmacêuticas. Mais de mil prisioneiros viram as suas vidas colocadas em risco permanente devido a este tipo de práticas criminosas e sem escrúpulos por parte dos médicos do nazismo.
Mas nem todos os desígnios do nazismo relativos à exploração desumana do trabalho dos prisioneiros de Buchenwald teve sucesso, uma vez que o boicote e a sabotagem planeada destes impediram que os oficiais das SS pudessem atingir os resultados esperados com as suas práticas, levando mesmo a que as SS se envolvessem em disputas em torno da jurisdição dos prisioneiros com os próprios proprietários das fábricas que beneficiavam do trabalho forçado dos presos.
Com o ataque aéreo aliado que atingiu as imediações do Campo de Concentração de Buchenwald em 24 de Agosto de 1944, atingindo fábricas de armamento e abarracamentos de apoio, cerca de 400 prisioneiros perderam as suas vidas, mas igualmente centenas de oficiais das SS, que na altura já ultrapassavam os 10 000 oficiais em Buchenwald.
No final do ano de 1944, o Exército Vermelho aproximou-se geograficamente da região da Polónia e do Este da Alemanha, onde estavam sedeados vários Campos nazis, provocando o envio de dezenas de milhar de presos para Buchenwald, já na Primavera de 1945, sendo na sua maioria judeus. No pequeno campo as doenças propagaram-se rapidamente, elevando a 13 969 os mortos ocorridos entre Janeiro e Abril de 1945 em Buchenwald, quando se deu a auto-libertação dos presos.
A auto-libertação dos presos e o fim do Campo de Concentração: 11 de Abril de 1945
Pressionados pelos avanços do Exército Vermelho a leste e pelos desenvolvimentos na Frente Ocidental as SS projectaram evacuar de Buchenwald o maior número possível de prisioneiros, saindo cerca de 27 000 para os Campos de Flossenbürg, Theresienstadt e Dachau, mas mantendo-se quase 48 000 prisioneiros no Campo de Buchenwald em Abril de 1945. A resistência passiva dos presos obstou a que mais prisioneiros fossem levados.
buchenwald_084No dia 11 de Abril de 1945, vários prisioneiros políticos organizados tomaram o edifício da entrada do Campo, passando a gerir a sua administração perante a fuga de vários oficiais das SS. Eram 15 horas e 15 minutos, hora que se mantém inalterada até hoje na torre da entrada do Campo de Concentração de Buchenwald. Entretanto, as unidades do Exército americano haviam já derrotado as unidades das SS nos montes Ettersberg nas imediações de Buchenwald, tendo chegado junto dos prisioneiros alguns dias depois.

buchenwald_067Vários prisioneiros morreram ainda depois da chegada dos americanos, tendo os sobreviventes composto oJuramento de Buchenwald, uma proclamação solene de comprometimento para com os ideais da paz e da cooperação entre os povos de um mundo livre do nazi-fascismo. Os nazis que restavam nas administrações locais e em Weimar foram detidos, organizando-se comités antifascistas que ocuparam os seus postos nos municípios vizinhos da região.

Os crimes de Buchenwald e do nazi-fascismo e os ensinamentos para o futuro
Em Buchenwald foram assassinados 34 375 prisioneiros masculinos segundo os próprios registos da administração das SS, a que se juntam 8000 prisioneiros de guerra soviéticos, 1100 prisioneiros junto ao crematório do Campo, entre 12 000 a 15 000 no transporte e evacuação forçada e massiva nos anos de 1944 e 1945. O número total de vítimas em Buchenwald ascendeu, assim, a 56 000 seres humanos, num Campo que os nazis não consideravam como especialmente construído para o nazismo.
O nazi-fascismo, que parecia invencível nos primeiros meses da II Guerra Mundial foi derrotado. Foi vencido nos campos de batalha, mas também pelos povos na vida quotidiana dos países ocupados, assim como dentro dos Campos de Concentração nazis, onde mesmo nas horas mais difíceis sempre existiram forças entre os detidos para construir a resistência à barbárie nazi.
David Pereira
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08 de Setembro de 2003: Morre Leni Riefensthal, 101 anos, actriz e cineasta, realizadora dos documentários de propaganda nazi "O Triunfo da Vontade" e "Olympia".

Após a chegada do nazismo ao poder em 1933, Hitler estabeleceu o Ministério do Reich para Esclarecimento Popular e Propaganda, dirigido por Joseph Goebbels. O objectivo do Ministério era garantir que a mensagem nacional socialista fosse transmitida com sucesso através da arte, da música, do teatro, de filmes, livros, estações de rádio, materiais escolares e imprensa.

O cinema, em particular, teve um papel importante na disseminação das ideias do antissemitismo, da superioridade do poder militar alemão e da essência malévola dos seus inimigos, como eram definidos pela ideologia nazi. Os filmes nazis retratavam os judeus como seres "subhumanos" que se infiltraram na sociedade ariana, por exemplo, o filme de 1940, “O Eterno”, dirigido por Fritz Hippler, retratava os judeus como parasitas culturais ambulantes, consumidos pelo sexo e pelo amor ao dinheiro. Alguns filmes, como “O Triunfo da Vontade”, estreado em 1935, de Leni Riefenstahl, exaltavam Hitler e o movimento Nacional Socialista. Amiga pessoal de Adolf Hitler e figura proeminente no Terceiro Reich, Leni Riefenstahl enquadrou toda a sua obra durante este período na doutrina dominante do regime. Leni Riefenstahl, actriz e realizadora alemã nascida a 22 de Agosto de 1902 e falecida a 8 de Setembro de 2003, iniciou a sua carreira como bailarina em inícios da década de 20, tendo participado em diversos espectáculos musicais. Estreou-se como actriz em cinema com Tragödie im Hause Habsburg (1924), a que se seguiram diversos outros que fizeram dela uma estrela nacional. Em 1932, decidiu tentar a realização, iniciando essa nova faceta da sua carreira com Das Blaue Licht (A Luz Azul, 1932). O filme impressionou de tal maneira Adolf Hitler que este decidiu nomeá-la como cineasta oficial do Partido Nazi. Um marco na sua carreira foi Triumph des Willens (O Triunfo da Vontade, filmado em 1934), um documentário sobre os comícios nazis em Nuremberga. Considerado como um meio de propaganda oficial do regime nazi, foi ostracizado em diversos certames internacionais mas também recebeu uma medalha de ouro na Exposição mundial de Paris de 1937 e ainda prémios nos Estados Unidos da América e na Suécia. Seguiu-se Olympia (1936), um documentário sobre os Jogos Olímpicos de Berlim. Após a Segunda Grande Guerra, o seu trabalho esteve na lista negra dos Aliados até 1954, ano em que se estreou Tiefland, filmado em 1943 com recurso a figurantes ciganos de campos de concentração. centenária, lançou um documentário de 45 minutos que retratou a sua paixão pelo mergulho: Impressionen Unter Wasser (2002).

Fontes:Leni Riefenstahl. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012.


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Leni Riefenstahl, 1933

Leni Riefenstahl e Hitler 1934




Leni Riefenstahl em filmagens em 1936
 Ficheiro:Bundesarchiv Bild 146-1988-106-29, Leni Riefenstahl bei Dreharbeiten.jpg
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/09/08-de-setembro-de-2003-morre-leni.html
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12 de Março de 1938: Hitler anuncia o "Anschluss", união entre Alemanha e Áustria

Em  12 de Março de 1938, Adolf Hitler anuncia o "Anschluss", a união entre a Alemanha e a Áustria, mas de facto, a anexação da Áustria à Alemanha nazi.

A união com a Alemanha havia sido um sonho dos social-democratas austríacos desde 1919. A ascensão de Hitler e o seu governo ditatorial tornam esse propósito menos atraente, apesar de ser uma situação irónica, uma vez que a união entre as duas nações era também um sonho de Hitler, austríaco de nascimento. Apesar do chanceler alemão não ter o pleno apoio dos social democratas austríacos, a ascensão de um partido de direita pró-nazi na Áustria em meados dos anos 1930, o Comité dos Sete, pavimentou o caminho para Hitler concretizar a sua jogada.  Em 12 de Fevereiro de 1938, o primeiro-ministro austríaco, Kurt Von Schuschnigg, intimidado por Hitler durante um encontro no refúgio do líder nazi em Berchtesgaden, nos Alpes Bávaros, concordou com uma maior presença dos nazis dentro da Áustria.

Von Schuschnigg, de 41 anos, era um homem de maneiras impecáveis, no velho estilo austríaco, e não era artificial para ele começar as conversações com referências à magnífica paisagem ou palavras agradáveis acerca da sala, palco de conferências importantes. 
Hitler, porém, era objectivo. ”Não nos reunimos aqui para falar da bonita vista ou do tempo”, disse. 
Para ele, a Áustria fazia de tudo para impedir uma política amigável. “A história inteira da Áustria é justamente um acto ininterrupto de alta traição. Semelhante paradoxo histórico deve agora ter fim. Neste momento. Posso dizer-lhe directamente, Herr Schuschnigg, que estou inteiramente decidido a pôr um fim a tudo isso. O Reich alemão é uma das grandes potências e ninguém levantará a voz se ele resolver os seus problemas fronteiriços”, afirmou.

Após uma hora de conversação, pontilhada por ameaças de Hitler, o chanceler nazi, dirigindo-se a ele rudemente e sempre pelo seu nome e não pelo seu título, como exigia a cortesia diplomática, concluiu asperamente que nada nem ninguém poderia frustrar suas decisões.

“A Itália? Estou de completo acordo com Mussolini. A Inglaterra? Esta não moverá um dedo pela Áustria. A França? A França poderia ter detido a Alemanha na Renânia e então teríamos de nos retirar. Mas agora é muito tarde para a França. Dou-lhe novamente pela última vez a oportunidade de chegar a um acordo, Herr Schuschnigg. Ou encontramos uma solução agora ou então os acontecimentos seguirão o seu curso. Pense a respeito, Herr Schuschnigg, pense bem. Posso apenas esperar até esta tarde”, afirmou.

Começavam neste momento as “quatro semanas de agonia”. No dia seguinte, Seiss-Inquart era nomeado Ministro da Segurança austríaco. Este ministro, o primeiro dos traidores, dirigiu-se apressadamente a Berlim para reunir-se com Hitler e receber as suas instruções. Foi decretada também uma amnistia aos prisioneiros nazis.

Schuschnigg esperava que a concordância com as exigências de Hitler evitasse a invasão alemã. Contudo, Hitler insistiu numa maior influência nos assuntos internos da Áustria, propondo até o aquartelamento de tropas do exército alemão no seu território. Schuschnigg denunciou o acordo assinado em Berchtesgaden, exigindo um plebiscito sobre a questão. Maquinações de Hitler e seus aliados internos na Áustria levaram ao cancelamento do plebiscito e à subsequente renúncia de Schuschnigg.

O presidente austríaco, Wilhelm Miklas, recusou-se a indicar um chanceler pró-nazi para substituí-lo. Em 12 de Março, tropas germânicas invadiram a Áustria. Hitler anunciou o Anschluss. O plebiscito anunciado teve lugar em 10 de Abril. Quer o plebiscito tenha sido manipulado ou o voto tenha sido resultado do terror que se disseminou com a determinação de Hitler, o Fuhrer colheu esmagadores 99,7% de aprovação para a união entre Alemanha e Áustria.


A Austria passou a ser então uma entidade sem nome absorvida pela Alemanha, ante a inacção e o silêncio dos seus aliados ocidentais. Pouco tardou para que os nazis iniciassem, com a sua típica prática policial, a perseguição aos inimigos e dissidentes políticos e às pessoas de ‘raça inferior’. 

Fontes: Opera Mundi

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Polícias alemã e autríaca desmontam um posto de fronteira
Cédula de votação de 10 de abril de 1938. O texto diz "Tu concordas com a reunificação da Áustria com o Império Germânico realizada em 13 de março, sob o führer Adolf Hitler?
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/12-de-marco-de-1938-hitler-anuncia-o.html?spref=fb&fbclid=IwAR3GGov1nmV02FtSOG3Zy5Q0bXXtrM_rNl58RyaN1kBnIyCHFkF5-2unPOo
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07 de Março de 1936: Hitler viola o Pacto de Locarno e invade a Renânia

No dia 7 de Março de 1936,  Hitler ocupa a região da Renânia, em flagrante violação ao Pacto de Locarno. Esse pacto, firmado em 16 de Outubro de 1925, decorreu de uma conferência internacional aberta no dia 5 de Outubro realizada na cidade suíça de mesmo nome, nas margens do Lago Maior.

Segundo esse documento, a Alemanha reconhecia a inviolabilidade das fronteiras definidas no Tratado de Versalhes e comprometia-se a não a modificar pela força e a recorrer sempre no caso de necessidade a uma arbitragem internacional. Além de aceitar a completa desmilitarização da Renânia. Em compensação, teria direito de entrar na Sociedade das Nações.

O assim chamado "espírito de Locarno" simbolizava as esperanças de uma era de paz e boa vontade na Europa. Em 1930, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Gustav Stresemann, negociava a retirada das últimas tropas aliadas da desmilitarizada Renânia.

Contudo, exactos quatro anos mais tarde, Adolf Hitler e o seu Partido Nazi assumem o controlo total do poder na Alemanha, prometendo vingança contra as nações aliadas que "haviam forçado o povo da Alemanha a aceitar os termos do Tratado de Versalhes".

Destacamentos do exército alemão atravessam naquele dia de Março de 1936 o rio Reno e entram nas cidades de  Maiença e Treves, sem que os franceses opusessem qualquer resistência. Estrasburgo estaria doravante no raio de acção de fogo dos canhões alemães.

Nenhuma das garantias militares que a vitória de 1918, na I Guerra Mundial, havia concedido à França, permaneceria de pé. De acordo com o historiador René Remond, "o 7 de Março de 1936 era provavelmente a derradeira oportunidade de dar um basta à política de factos consumados do Terceiro Reich".

O Tratado de Versalhes, assinado em Julho de 1919, oito meses depois das armas silenciarem com o término da I Guerra Mundial, exigiu o pagamento de pesadas reparações de guerra e outras formas de punição à derrotada Alemanha. Forçada a assinar o tratado, a delegação germânica à conferência de paz manifestou o seu inconformismo, faltando, em decisão de última hora, à cerimónia de assinatura do tratado. Conforme os ditames do Tratado de Versalhes, as forças militares da Alemanha deveriam ser reduzidas a proporções insignificantes e a Renânia deveria ser desmilitarizada.

Em 1935, Hitler cancela unilateralmente as cláusulas militares desse tratado e em Março de 1936 denuncia o Pacto de Locarno. Logo em seguida, dá início à remilitarização da Renânia. Dois anos depois, a Alemanha nazi sai do território que lhe fora destinado por Versalhes, anexa a Áustria e partes da Checoslováquia.  Em 1939 invade a Polónia, desencadeando a II Guerra Mundial.
Fontes: Opera Mundi
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Da esquerda para a direita, Gustav StresemannAusten Chamberlain e Aristide Briand durante as negociações de Locarno
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/07-de-marco-de-1936-hitler-viola-o.html?spref=fb&fbclid=IwAR3GqZCUbj-9LMSTMaXXhBrRiawuIt28FbaVMbdAgnVRrKiCaCYyjCE5Khk
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14 de Julho de 1933: É promulgada, pelos nazis, a lei para a esterilização forçada de pessoas com doenças consideradas hereditárias

No dia 14 de Julho de 1933, os nazis aprovaram uma lei para a esterilização forçada de pessoas com doenças consideradas hereditárias, para que não as passassem aos filhos. Mais tarde, passaram a executar os deficientes.
Já poucos meses após a chegada de Hitler ao poder, o regime nazi impunha uma lei que abria caminho para a ideia de uma sociedade formada por uma "raça superior", na qual pessoas "doentes" e "fracas" não tinham lugar. A lei para a prevenção de doenças hereditárias ("Erbgesundheitsgesetz") foi aprovada pelo Reichstag (parlamento) em Berlim em 14 de Julho de 1933.
Os defensores da eugenia, ciência da "melhoria" das especificidades genéticas do ser humano, saudaram esta lei, que impedia a "multiplicação" de seres supostamente "inferiores". Entre os alvos da lei estavam, por exemplo, portadores de esquizofrenia, cegueira, deformidades físicas e surdez hereditárias. A lista também incluía pessoas com deficiência no desenvolvimento mental e dependentes de álcool.
A médica e historiadora Christiane Rothmaler pesquisa a história das esterilizações forçadas sob o regime nazi na Alemanha. Segundo ela, a eugenia já vinha sendo discutida desde o século XIX.
Segundo ela, já naquela época a biologia hereditária era considerada um assunto muito sério. Também os médicos aplaudiram a lei, que permitia realizar um antigo sonho da genética: o sonho de uma sociedade perfeita, sem "elementos inferiores", assinala Rothmaler.
Milhares de pessoas supostamente com doenças hereditárias passaram a ser esterilizadas. Acima de tudo, "problemas natos no desenvolvimento mental" passaram a ser a justificação para o regime livrar-se de pessoas "indesejadas": prostitutas, criminosos ou mesmo pessoas simples que não conseguiam atender às exigências da sociedade e, portanto, eram consideradas "problemáticas".
Rothmaler conta que, muitas vezes, estas pessoas dependiam de assistência pública. Por isso, havia muitas informações sobre elas nas actas médicas.
Nesta altura os cientistas ainda não dispunham de conhecimentos profundos sobre doenças hereditárias. "Havia uma ideia de como determinadas características genéticas são passadas de geração em geração, como a cor dos cabelos. Mais tarde  acreditou-se poder identificar traços do carácter", explica a pesquisadora.
Para a análise dos processos, foram criados tribunais específicos em toda a Alemanha. Um jurista e dois médicos decidiam a esterilização. Atestados médicos deveriam ressaltar a necessidade da intervenção. "A onda de denúncias foi tão grande que os tribunais mal podiam dar conta", diz Rothmaler. No começo, ainda se tentou analisar as queixas, mas à medida que a guerra se aproximava, os processos tornara-se uma farsa.
"Quando era decidida a esterilização, os atingidos tinham três opções: aceitar o procedimento, entrar com recurso ou entrar para a clandestinidade", explica. As apelações raramente eram atendidas e os fugitivos eram capturados pela polícia. Para a maioria, não havia saída: costumavam ser encontrados.
As esterilizações eram praticadas em hospitais de todo o país. Mesmo jovens de 14 anos – ou em casos extremos crianças menores – podiam ser submetidos ao procedimento. Pesquisadores acreditam que, até 1945, 400 mil pessoas tenham sido vítimas da lei no território controlado pelos nazis. Seis mil pessoas teriam morrido em consequência de complicações após a intervenção.
"A doentes incuráveis… [pode] ser concedida a morte por misericórdia", escreveu Adolf Hitler em 1 de Setembro de 1939, data do início da Segunda Guerra Mundial. Isso iniciaria uma fase ainda mais cruel da eugenia nazi: o assassinato de "vidas inferiores".
A eutanásia – palavra grega que significa literalmente "boa morte" – passou a ser usada para matar doentes mentais e pessoas com deficiência. As vítimas eram consideradas um peso para a sociedade, pelas quais supostamente não se podia fazer mais nada. "O que não podemos curar, nós destruímos, pensavam os médicos envolvidos", explica Christiane Rothmaler.
Médicos e pessoal de enfermagem também foram acusados de seleccionar e executar vítimas indefesas. Na chamada operação "T4", em alusão à sede da instituição responsável pela eutanásia nazi, na rua Tiergartenstrasse 4, em Berlim, 70 mil pessoas foram mortas com injecções letais ou em câmaras de gás até Agosto de 1941. Protestos da Igreja levaram à suspensão das execuções. Até ao final da guerra, no entanto, crianças e adultos continuariam a ser vítimas de eutanásia, mas o procedimento não era nem propagado nem realizado de forma tão aberta.


A Alemanha não foi o único país que teve esterilização forçada. Esta prática também já aconteceu na Suécia e nos Estados Unidos. Só nos EUA, no século passado, cerca de 60 mil pessoas foram esterilizadas à força. Mas o assassinato planeado de pessoas doentes e deficientes aconteceu apenas na Alemanha nazi.
Fontes: DW
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Propaganda alemã para o programa de eugenia T4
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/07/14-de-julho-de-1933-e-promulgada-pelos.html
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10 de Maio de 1933: O regime nazi inicia a queima de livros na Alemanha

Em 1933, Joseph Goebbels, ministro alemão da Propaganda e do Esclarecimento Popular, deu início à “sincronização da cultura”, processo pelo qual as artes foram moldadas para atender aos objectivos do Partido Nazi. O governo expulsou os judeus e os que considerava política ou artisticamente suspeitos das organizações culturais.
Entre as figuras de vanguarda do movimento nazi figuravam estudantes das universidades alemãs e, no final da década de 1920, muitos engrossaram as fileiras das várias formações daquela ideologia. A força do ultra nacionalismo e do anti-semitismo das organizações estudantis,já se fazia sentir há décadas. Em 6 de Abril de 1933, a sede da Associação Estudantil Alemã para Imprensa e Propaganda proclamou um "Acto Nacional contra o Espírito Não-Germânico", para “limpar”, ou "depurar" (Säuberung) a literatura alemã pelo fogo. As suas sucursais deveriam fornecer à imprensa boletins e encomendar artigos pró-nazismo , organizar eventos em que personalidades nazis famosas pudessem discursar para grandes massas, bem como negociar horários de transmissão pelo rádio para que fossem ouvidos dentro das casas. Em 8 de Abril, a Associação Estudantil também publicou seus doze "artigos"—em uma alusão às 12 Teses do alemão Martinho Lutero contra a Igreja Católica—através das quais apresentava os seus conceitos e requisitos para o estabelecimento de um idioma e de uma cultura nacionais "puras", atacava o "intelectualismo judaico", defendia a necessidade de "depuração" do idioma e da literatura alemães, e exigia que universidades se convertessem em centros do nacionalismo alemão. Os estudantes alemães descreveram o acto como uma reacção à "difamatória campanha" mundial empreendida pelos judeus contra a Alemanha e uma afirmação dos valores tradicionais alemães.Num acto simbólico, quase que profético, no dia 10 de Maio os estudantes atearam fogo a mais de 25.000 livros considerados "não-alemães", já pressagiando a era de censura política e de controle cultural que estava para vir. Na noite daquele mesmo dia estudantes de direita, vindos de todas as cidades universitárias, marcharam à luz de tochas em desfiles organizados para protestar "contra o espírito não-alemão". O ritual que desenvolveram, já predeterminado, tinha como componente básica a presença e o discurso de oficiais nazis do alto escalão, reitores, professores universitários, e líderes estudantis. Nos locais de reunião, os estudantes lançavam pilhas e pilhas de livros indesejáveis nas fogueiras. Entretanto, nem todas as queimas de livros aconteceram naquele 10 de Maio como a Associação Estudantil havia planeado. Algumas foram adiadas por alguns dias por causa das chuvas, outras, dependendo da preferência da assembleia local, aconteceram em 21 de Junho  no solstício de Verão, uma data festiva tradicional. Todavia, no dia 10, em 34 cidades universitárias por toda a Alemanha, o "Acto contra o Espírito Não-alemão" foi um sucesso, atraindo ampla cobertura jornalística. Em alguns lugares, particularmente em Berlim, as emissoras de rádio transmitiram "ao vivo" os discursos, as canções e as frases de efeito para inúmeros ouvintes alemães.Também as obras de escritores alemães de renome que não agradavam ao Partido Nazi, tais como Bertolt Brecht, Lion Feuchtwange, e Alfred Kerr, foram lançadas à fogueira durante uma cerimónia de queima de livros realizada em Berlim. A propagação da cultura "ariana", e a supressão de outras formas de produção artística representaram um esforço extra para a "purificação" da Alemanha. Outros escritores incluídos nas listas negras foram os autores americanos Ernest Hemingway e Helen Keller.

Fontes: wwwushmm.org
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Ficheiro:1933-may-10-berlin-book-burning.JPG
Queima de Livros (1933)
Ficheiro: Bundesarchiv Bild 102-14597, Berlim, Opernplatz, Bücherverbrennung.jpg
Berlim Opernplatz
Multidão reunida na praça da Ópera de Berlim, (Opernplatz)

Mais de cem anos antes, o poeta judeu-alemão, Heinrich Heine, tinha afirmado:
 Aqueles que queimam livros, acabam cedo ou tarde por queimar homens
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/05/10-de-maio-de-1933-o-regime-nazi-inicia.html?spref=fb&fbclid=IwAR2a0XborV5RlkXNgKxny7j7gJXLqoHr8SJkl3FD58w1I_BO83QHOqVnz1Y
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26 de Abril de 1933: É criada a Gestapo, polícia política, na Alemanha de Hitler, sob a direcção de Hermann Goering

A Gestapo  - contração de Geheime Staatspolizei (Polícia Secreta do Estado) -  foi criada no dia 26 de Abril de 1933 por Hermann Göring, então ministro do Interior da Prússia, tendo como origem a Polícia Secreta Prussiana.

A polícia secreta oficial da Alemanha nazi, totalmente subordinada às SS (Schutzstaffel ou, em português "Tropa de Protecção"), foi dirigida a partir de 1936 por Reinhard Heydrich, até à sua morte no atentado de Praga em 1942.

Formada por oficiais de polícia de carreira e profissionais de Direito, a sua organização e funções foram rapidamente fixadas por Göring  depois da ascensão de Hitler ao poder em Janeiro de 1933. Rudolf Diels foi o primeiro chefe da organização.

A função da Gestapo era investigar e combater “todas as tendências perigosas para o Estado”. Tinha plena autoridade para investigar casos de traição, espionagem e sabotagem, além dos ataques ao Partido Nazi e ao Estado.

A lei chegou a ser modificada a fim de que as acções da Gestapo não pudessem ser submetidas à revisão judicial.

O poder da Gestapo que mais permitia abusos era a Schutzhaft ou 'custódia preventiva', um eufemismo para designar prisões sem procedimentos legais, tipicamente em campos de concentração. A pessoa encarcerada tinha de firmar o Schutzhaftbefehl, documento em que declarava a sua vontade de ser encarcerada. Habitualmente isto conseguia-se submetendo-a a tortura.

O primeiro director, Diels, converteu a Gestapo numa agência policial com jurisdição nacional.


O papel da Gestapo como polícia política não era muito evidente até que Göring foi nomeado sucessor de Diels como seu comandante na Prússia. Göring recomendou estender o poder da Gestapo para além daquele país, até abarcar toda a Alemanha, com excepção da Bavária, onde o Reichsführer-SS Heinrich Himmler exercia a chefia da polícia da província e valeu-se das unidades locais da SS como força policial política.



Em Abril de 1934, Göring e Himmler concordaram em pôr de lado as suas diferenças devido em grande medida ao ódio que ambos sentiam pelas SA (Sturmabteilung) de Ernst Röhm, um dos braços armados do Nacional Socialismo durante a Segunda Guerra Mundial. Göring transferiu às SS toda a autoridade da Gestapo , que foi incorporada na Sicherheitspolizei (Polícia de Segurança) organização semelhante ao Sicherheitsdienst (Serviço de Informação).





À medida que o Exército Vermelho e os Aliados penetravam em todas as frentes pelo interior da Alemanha, já no final da Segunda Guerra Mundial, a instituição ia desaparecendo.





A partir dos primeiros dias de Abril de 1945, funcionários da Gestapo começaram a queimar arquivos e documentos nas instalações e pátios centrais do edifício, sendo visíveis as colunas de fumo nas cercanias da Wilhelmstrasse, principal avenida dos ministérios.



Na alvorada de 29 de Abril de 1945, a 301ª Divisão de Fuzileiros, comandada pelo coronel soviético Antonov, lançou um assalto com dois regimentos e conseguiu colocar uma bandeira vermelha na sede da Gestapo, porém teve de recuar nessa mesma tarde em virtude de um forte e nutrido contra-ataque da Waffen SS. Não puderam libertar os últimos sete presos políticos que tinham sobrevivido a um massacre no dia 23 de Abril.



No dia 1 de Maio, durante a noite, homens das SS retiraram os sete prisioneiros da cela principal e colocaram-nos noutra cela no sótão, dando morte a um dos detidos, um suboficial da Wehrmacht. Na madrugada de 2 de Maio, o edifício foi tomado pelo Exército Vermelho, que libertou os presos e lhes deu alimentos. Entretanto, um soldado russo, ao manusear a arma, disparou acidentalmente um tiro que matou o ‘ex-gauleiter’ Joseph Wagner, que havia caído em desgraça pelo regime nazi devido às suas crenças religiosas.



A organização foi dissolvida por decreto do general Dwight Eisenhower, comandante das Forças Expedicionárias Aliadas, no dia 7 de Maio de 1945. No Julgamento de Nuremberga, a Gestapo foi considerada uma organização criminosa ficando proibida em toda a Alemanha.
A sede central da Gestapo em Berlim estava localizada na Prinz Albrechtrasse, número 8, um edifício que havia sido um teatro e que actualmente acolhe uma exibição permanente da “Topografia do Terror”. Desde 1934, era conhecida pelos berlinenses como a “casa dos horrores” pelas notícias que corriam sobre as torturas aos presos que eram algemados por curtas correntes às paredes horizontalmente.


Fontes: Opera Mundi
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Ficheiro:Bundesarchiv Bild 183-R97512, Berlin, Geheimes Staatspolizeihauptamt.jpg
Sede da Gestapo em Berlim
Ficheiro:Gestapomen following the white buses.jpg
Agentes da Gestapo à paisana em 1945
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/26-de-abril-de-1933-e-criada-gestapo.html?spref=fb&fbclid=IwAR3MCECmjvunSf50UhtUC6Y7a6oPwGsA_2Y44bDIFb_Lnb4h79BeTtaWRwA
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27 de Fevereiro de 1933: Incêndio no Palácio do Reichstag, a sede do parlamento alemão, é atribuído ao Partido Comunista, que é proscrito, possibilitando a conquista da maioria parlamentar pelos nazis

Milhares de berlinenses afluíram na noite de 27 de Fevereiro de 1933 ao Reichstag. Em pouco tempo, a notícia espalhou-se: o prédio do Parlamento alemão estava em chamas. Centenas de polícias impediam o acesso ao local, enquanto os bombeiros berlinenses tentavam apagar o fogo. Em vão: o plenário foi completamente destruído pelas chamas.

Curiosos e indignados seguiam rumo ao Reichstag, mas não apenas eles. As lideranças nazis também se apressavam. Joseph Goebbles, líder do partido nazi, o NSDAP, em Berlim, reagiu à mensagem com a pergunta "isso é uma piada?"

Hitler estava perturbado quando chegou ao local. Ele não lamentava pelo Parlamento como instituição, já que sempre desprezou a democracia. O que mais o incomodava era a suposição de que teriam sido os seus inimigos, os comunistas, os responsáveis pelo incêndio. A intenção, segundo Goebbels, era, "por meio do incêndio e do terror, causar tumultos e, com o pânico generalizado, tomar o poder".

Em finais de Fevereiro de 1933, os nazis ainda não tinham consolidado o seu poder, pois somente no dia 30 de Janeiro de 1933 é que o presidente do Reich, Paul von Hindenburg, havia nomeado Hitler para o cargo de chanceler. Hitler não tinha a menor intenção de deixar o poder, e o seu grande receio era uma possível insurreição dos comunistas. Agora, diante de um Reichstag em chamas, ele via um suposto fundamento para as suas preocupações.

Rapidamente os principais suspeitos começaram a ser ouvidos: dentro do prédio em chamas, a polícia havia prendido um jovem de nome Marinus van der Lubbe. O holandês de 24 anos estava há pouco tempo na capital alemã. Rapidamente, as investigações mostraram que Van der Lubbe mantinha ligações com os comunistas. Ele confessou ter provocado o incêndio – mas sozinho, em protesto contra a ascensão ao poder dos nazis.

Hitler não acreditava nessa versão. Ele teria reagido de maneira totalmente histérica ao relato de que uma única pessoa teria incendiado o Reichstag. E, teimosamente, insistiu que uma conspiração comunista estava por trás de tudo. "Se esse incêndio, como acredito, tiver sido obra dos comunistas, precisamos exterminar essa peste assassina com punho de ferro", referiu o Führer. Hermann Göring, comandante da polícia prussiana, declarou estado de alarme máximo e autorizou os seus subordinados a usar armas de fogo.



Para os nazis, o incêndio do Reichstag oferecia uma oportunidade única, algo que Hitler reconheceu de imediato. A população estava profundamente insegura. E as elites conservadoras de burocratas, políticos e militares temiam uma tomada de poder pelos comunistas.

Ainda na mesma noite, a polícia recebeu de Göring a instrução de prender deputados comunistas e funcionários do partido. Especialmente cruel era o comportamento das tropas nazis da SA (Sturmabteilung, literalmente departamento de assalto). Elas levaram incontáveis pessoas para prisões provisórias, na sua maioria localizadas em porões. Lá, os membros da SA torturavam os prisioneiros. Alguns não sobreviveram. Até Abril, aproximadamente 25 mil pessoas foram detidas.

Na sede do governo, o tumulto também era grande. Com toda a pressa, foi emitida uma portaria de defesa contra a suposta ameaça comunista. Ou seja, no dia 28 de Fevereiro de 1933, Von Hindenburg assinaria o Decreto do Presidente do Reich para a protecção do povo e do Estado, que eliminava a liberdade de expressão, de opinião, de reunião e de imprensa. O sigilo do correio também era abolido. Além disso, o governo em Berlim ganhava poderes para "intervir" nos estados, a fim de garantir "a paz e a ordem".

Com o Decreto do Incêndio do Reichstag, como ele ficou conhecido a seguir, os nazis passaram a dispor da ferramenta decisiva para combater os seus inimigos. Sem provas nem controle jurídico, eles podiam agora deter qualquer um que lhes fosse desconfortável. Jornais de oposição, por exemplo, foram logo proibidos.

Grande parte da população acreditava naquilo que estava escrito nos jornais, ou seja, que os comunistas tinham tentado dar um golpe. Um periódico bávaro aplaudia: "Por isso, saudamos as últimas medidas de emergência".

O fim das liberdades democráticas era aceite em silêncio. Hitler deixou-se festejar como o salvador da Alemanha diante do perigo do comunismo. A portaria de emergência do dia 28 de Fevereiro de 1933 foi um duro golpe na frágil democracia da República de Weimar e uma importante etapa no caminho para a ditadura nazi.

Frequentemente surgem boatos de que os próprios nazis teriam incendiado o Reichstag, a fim colocar a culpa nos comunistas. Mas a maioria dos historiadores afirma que realmente tratou-se de um acto isolado, conduzido por Marinus van der Lubbe.

Facto é que Hitler reconheceu a oportunidade e fez uso dela.
Fontes: DW
wikipedia (imagens)
File:Reichstagsbrand.jpg
 File:Reichstagfire1.jpg
A janela na qual supõe-se que Marinus van der Lubbe tenha entrado no prédio
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/02/27-de-fevereiro-de-1933-incendio-no.html?fbclid=IwAR3VWlx5LRTbdIttC_21F-jtV2q-k0f69at_9uzoegoByECAv5jbpbU8CRY
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Via Graça Silva:
Uma Turma Difícil
Um filme dramático sobre os desafios da educação, baseado numa história verídica
Uma docente de uma escola parisiense, vendo as suas alternativas de ensino esgotar-se a cada dia devido a uma turma problemática, lembra-se de lhes propor um desafio: entrarem juntos num concurso de reflexão sobre as memórias do Holocausto e o seu impacto nos jovens de hoje. Contra as expectativas de todos incluindo os próprios, eles vão empenhar-se no projecto e, no limite, encontrar nas diferenças a força da união
- See more at: http://www.rtp.pt/programa/tv/p33262#sthash.2dRE7n7z.dpuf
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19ab1945
Via URAP - União de Resistentes Anti-fascistas Portugueses
http://www.urap.pt/index.php/histria-mainmenu-37/32-histria/155-juramento-de-buchenwald

Juramento de Buchenwald

Discurso proferido em francês, russo, polaco, inglês e alemão, na cerimónia fúnebre do campo de Buchenwald, 
a 19 de Abril de 1945.
A URAP esteve presente no encontro internacional de juventude, no campo de concentração de Buchenwald, na Alemanha, por ocasião do 63º aniversário da auto-libertação deste campo.
«Camaradas!
Nós, antifascistas de Buchenwald, estamos aqui hoje para prestar homenagem aos
51.000 presos assassinados pela besta nazi e seus aliados, em Buchenwald e seus destacamentos exteriores!
51.000 fuzilados, enforcados, pisados, assassinados, asfixiados, afogados, esfomeados, envenenados (lavados)
51.000 pais, irmãos - filhos morreram de uma morte cruel, por lutarem contra o regime assassino fascista.
51.000 mães e mulheres e milhares de crianças acusam!
Nós, sobreviventes e testemunhas das bestialidades nazistas, vimos, com raiva impotente, os nossos camaradas tombarem.
Se houve algo que nos segurou à vida, foi o pensamento:
O dia da vingança chegará!
Hoje somos livres!
Agradecemos ao Exército Aliado, aos americanos, aos ingleses, aos soviéticos e a todos os exércitos da liberdade, que combateram pela paz e pela vida, por nós e por todo o mundo.
Recordamos também aqui, o grande amigo dos antifascistas de todos os países, um dos organizadores e iniciadores da luta por um novo Mundo democrático e pacífico: F. D. Roosevelt. Honra à sua memória!
Nós, ex-prisioneiros de Buchenwald, russos, franceses, polacos, checos - eslovacos e alemães, espanhóis, italianos e austríacos, belgas e holandeses, ingleses, luxemburgueses, romenos, jugoslavos e húngaros, lutámos em conjunto contra as SS, contra os criminosos nazis, pela nossa própria libertação.
Animava-nos uma ideia:        
A nossa causa é justa! A vitória será nossa!
Nós travámos, em muitas línguas, a mesma dura luta impiedosa e com numerosas vítimas, luta essa que ainda não está terminada.
Ainda flutuam bandeiras hitlerianas!
Os assassinos dos nossos camaradas ainda estão vivos!
Os nossos verdugos sádicos ainda andam por aí à solta!
Por isso, nós juramos perante todo o mundo, nesta parada, neste lugar do horror fascista:
Só daremos por terminada a nossa luta, quando o último dos culpados estiver perante os juízes representantes dos povos!
O extermínio do nazismo e suas raízes é o nosso lema.
A construção de um mundo novo de paz e de liberdade é o nosso objectivo.
Devemos isso aos nossos camaradas assassinados e aos seus parentes.
Como sinal da vossa disponibilidade para esta luta, levantem a mão para o juramento e repitam comigo:
                                   NÓS JURAMOS!
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19 de Abril de 1943: Início do Levantamento do Gueto de Varsóvia

Os 60 mil judeus que ainda sobreviviam no gueto de Varsóvia, Polónia, iniciaram um levantamento no dia 19 de Abril de 1943 contra as tropas nazis, que tinham recebido ordens de Hitler para exterminá-los. O combate, desesperado e desproporcional, duraria até 16 de Maio. Sete mil judeus morreram com as armas em punho. Os demais foram conduzidos a campos de extermínio. 

As forças nazis tentavam eliminar o gueto judaico da cidade quando se depararam com o fogo dos resistentes judeus, liderados por Mordechai Anielewicz, Iosef Levartowski, Andrej Schmit e Michal Klepisz, de diferentes orientações políticas, que se uniram para enfrentar o inimigo. “Estamos limitados, mas não caídos. Dos nossos esconderijos, ataquemos o inimigo. Se for para morrer, morramos como heróis, para permanecermos vivos à posteridade.”, dizia o manifesto que dava vida ao Levantamento do Gueto de Varsóvia. 

Pouco depois da invasão da Polónia pela Wehrmacht em Setembro de 1939, perto de 500 mil judeus polacos foram confinados em deploráveis condições numa área de cinco quilómetros quadrados, onde normalmente poderiam viver 200 mil. O gueto foi cercado por um muro de três metros de altura e arame farpado vigiado por soldados das SS. Quem quer que fosse apanhado a tentar fugir era fuzilado. Os nazis controlavam também a quantidade de alimentos levada ao gueto, obrigando os judeus a viveram basicamente de um prato de sopa por dia. Doenças e inanição mataram milhares todos os dias. 

A partir de Julho de 1942, cerca de seis mil judeus eram transferidos a cada dia para o campo de concentração de Treblinka. Diziam os nazis que eles estavam a ser transferidos para campos de trabalho, mas logo se soube que na verdade levá-los para campos de trabalho significava a morte. 

Ante este quadro, uma resistência subterrânea  formou-se: a OJC (Organização Judaica de Combate). Armas de porte reduzido eram adquiridas a alto custo a organizações polacas antinazis. A resistência, armada com armas ligeiras, foi capaz de resistir à continuidade da deportação, atacando os nazis do alto dos telhados e dos sótãos. Um inverno severo e a falta de comboios também contribuíram para a redução das deportações. 

Quando chegou a Primavera, em 19 de Abril de 1943, o líder nazi Heinrich Himmler anunciou que o gueto deveria ser esvaziado à força em homenagem ao aniversário de Hitler, que seria no dia seguinte. Cerca de dois mil soldados SS atravessaram as barreiras com tanques, obuses, lança-chamas e metralhadoras, contrapondo-se aos cerca de mil judeus que portavam pistolas, fuzis, granadas caseiras e coquetéis Molotov. 





A resistência judaica mostrou-se capaz de rechaçar os ataques durante 28 dias. Milhares foram massacrados à medida que as tropas alemãs avançavam,  fazendo explodir os edifícios um a um. Os combatentes da OJC foram aos esgotos para continuar a luta. Em 8 de Maio o bunker de comando caiu diante dos nazis.
Finalmente, em 16 de Maio, o general SS Jurgen Stroop assume o controlo total do gueto. Teve então início uma maciça deportação para Treblinka. Durante o levantamento cerca de 300 soldados alemães foram mortos e cerca de mil feridos. Mais de 56 mil judeus foram massacrados. Virtualmente todos os sobreviventes do levantamento levados a Treblinka foram exterminados até o fim da guerra.
 
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

File:Stroop Report - Warsaw Ghetto Uprising 06b.jpg
Fotografia de Maio de 1943  
File:Stroop Report - Warsaw Ghetto Uprising - 26552.jpg
Destruição de casas no gueto 
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/19-de-abril-de-1943-inicio-do.html?spref=fb&fbclid=IwAR1DFlqH2eFy9r_WIVTczg7lUbrcNJwUFaZJp-DahrpxdUdm3oXew6UAeUY
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01 de Agosto de 1936: Início dos Jogos Olímpicos de Berlim, na Alemanha de Adolf Hitler

Os Jogos Olímpicos de 1936 foram realizados em Berlim, Alemanha, entre 1 e 16 de agosto, reunindo cerca de quatro mil atletas de 49 países.
Estes Jogos não se podem dissociar da ideologia nazi imposta na Alemanha pelo ditador Adolf Hitler, que chegara ao poder três anos antes. Hitler sentiu que as Olimpíadas eram o acontecimento ideal para demonstrar a superioridade da raça ariana e tentar convencer o mundo a seguir essa ideologia. Assim, os Jogos de 1936 foram uma grande exposição de propaganda nazi. A bandeira oficial da Alemanha era a bandeira nazi, havia mais suásticas (símbolo da ideologia nazi) ao longo do estádio do que bandeiras olímpicas e cada vitória de atletas alemães era celebrada como uma manifestação de superioridade. Os únicos fotógrafos permitidos eram alemães e, mesmo assim, todas as fotos passavam antes pelas mãos da Censura. A Alemanha encabeçou o quadro de medalhas com um total de 89.
Tentando camuflar a política antissemita e os planos de expansão territorial, o regime nazi alemão explorou os Jogos para fazer passar a imagem de uma Alemanha desenvolvida e tolerante. Ao rejeitar a proposta de boicote aos Jogos de Berlim, os Estados Unidos da América e outras democracias ocidentais perderam a oportunidade de denunciar, já naquela altura, a tirania de Hitler e criar uma espécie de resistência internacional às suas políticas. Até porque, após a conclusão das Olimpíadas, a política expansionista e de perseguição aos judeus encetada pela Alemanha culminou no desencadear da Segunda Guerra Mundial e do holocausto.
Apesar disso, Hitler viu a sua teoria da superioridade da raça ariana contrariada por um negro norte-americano, Jesse Owens, que conquistou as vitórias nas provas de atletismo dos 100 e 200 metros, salto em comprimento e estafeta de 4x100 metros. Hitler retirou-se do estádio aquando da entrega das medalhas ao atleta americano.
Os Jogos de 1936 bateram o recorde de atletas (3963) e países participantes (49) até então e foram os primeiros transmitidos pela televisão. Outra inovação foi a tocha olímpica, transportada em estafeta desde Olímpia, na Grécia, até à capital alemã. Portugal conquistou uma medalha de bronze neste Jogos Olímpicos, na prova de obstáculos em hipismo, denominada Prémio das Nações. José Beltrão, Domingos de Sousa Coutinho e Luís Mena e Silva foram os autores da proeza, numa comitiva portuguesa composta por 19 atletas concorrentes.

Jogos Olímpicos de Berlim, 1936. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
www.tutoriart.com.br
wikipedia (Imagens)  

Arquivo: Bundesarchiv Bild 146-1976-116-08A, Olympische Spiele, Fackelläufer.jpg
A chama olímpica a caminho do estádio


Arquivo: Berlin36-2.jpg
Estádio Olímpico de Berlim em 1936

 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/08/01-de-agosto-de-1936-inicio-dos-jogos.html?spref=fb&fbclid=IwAR0e-ua5AYgs83lAL41bO5XAGh5-JIHtQsikx37udeCJ5XE3uY4jGtscAo0
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30 de Janeiro de 1933: Adolf Hitler é nomeado Chanceler pelo presidente Paul von Hindenburg



Na gelada manhã de 30 de Janeiro de 1933 chegaria ao fim a tragédia da República de Weimar, a tragédia de 14 frustrados anos nos quais os alemães buscaram, sem sucesso, pôr em funcionamento uma democracia.

Aproximadamente às 10h30, os membros do ministério proposto em negociações entre nazis e reaccionários da velha escola, somados às forças conservadoras, de centro e de sectores sociais-democratas, atravessam o jardim do palácio e  apresentaram-se  no gabinete presidencial.

O presidente da República, o velho marechal Paul von Hindenburg, de 86 anos, confia a chancelaria a Adolf Hitler, führer do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), mais conhecido como Partido Nazi, e  encarrega-o de formar o novo governo.

A nomeação surpreendente de Hitler seguiu-se às tentativas entre os dirigentes conservadores, em especial o ex-chanceler Franz von Papen, e os simpatizantes nazis, representados pelo doutor Hjalmar Schacht, um reputado economista responsável pelo reordenamento espetacular da economia alemã após a crise inflacionária de 1923, o "ano desumano".

Os conservadores e o empresariado queriam utilizarHitler para deter a ameaça comunista. Não acreditavam que os nazis representassem um perigo real para a democracia alemã. No entanto, eles sabiam bem quem era Hitler e a sua ideologia, desde a publicação do Mein Kampf, a "Bíblia nazi", oito anos antes.

O Partido Nazi estava a perder velocidade eleitoral. No pleito de 31 de Julho de 1932 havia conquistado 230 cadeiras no Reichstag de um total de 608 – 37,3 % dos votos populares. Já nas eleições legislativas de Novembro do mesmo ano, obtiveram 33,1% dos sufrágios, perdendo 2 milhões de votos e 34 lugares no Parlamento. Os comunistas ganharam 750 mil votos e os social-democratas perderam a mesma quantidade. Com este resultado, os comunistas passaram de 89 para 100 cadeiras e os socialistas caíram de 133 para 121 deputados. Os dois somados superavam largamente as 196 cadeiras nazis. A perda de dois milhões de votos nazis sobre um total de 17 milhões, em apenas quatro meses, significava um duro revés. O governo formado por Hitler foi aberto amplamente aos representantes da direita clássica. Não contava com mais do que três nazis, Hitler, entre eles, e Von Papen, como vice-chanceler.

Por falta da maioria absoluta no Reichstag, Hitler parecia longe de poder governar a seu talante. Ninguém leva a sério os discursos racistas. Muitos alemães pensam, contudo, que ele poderia recuperar o país atormentado pela crise económica.

Com uma rapidez fulminante e por meios totalmente ilegais, vai consolidar a ditadura a despeito da fraca representação do seu partido no governo e no Reichstag.

No dia seguinte à sua investidura na chancelaria, Hitler dissolve o Reichstag e prepara novas eleições para 5 de Março de 1933. Ao mesmo tempo, traça aquilo que o seu chefe de propaganda, Josef Goebbels, designa de "as grandes linhas da luta armada contra o terror vermelho".

As tropas de assalto do seu partido, as SA (Sturmabteilung), aterrorizam a oposição como forma de campanha eleitoral. Cometem pelo menos 51 assassinatos.

Um dos principais ajudantes de Hitler, Hermann Goering, ocupando o cargo chave de Ministro do Interior da Prússia, manipula a polícia, demitindo funcionários hostis e colocando os nazis nos postos essenciais.

Hitler faz rondar o "espectro da revolução bolchevique", mas como esta tarda a eclodir, decide inventá-la. Em 24 de Fevereiro, um assalto à sede do Partido Comunista permite a Goering anunciar a apreensão de documentos prenunciando a revolução. Esses documentos jamais foram publicados.

Como toda esta agitação não parecia bastar para acumular a maioria dos sufrágios aos nazis, decidem incendiar o Reichstag.

As classes conservadoras julgavam ter encontrado o homem que as ajudaria a alcançar suas metas : erguer uma Alemanha autoritária que pusesse termo à "insensatez democrática", esmagasse os comunistas e o poder dos sindicatos, arrancasse as algemas de Versalhes, reconstruísse um grande exército e reconquistasse para o país o seu lugar ao sol.

O Império dos Hohenzollern fora edificado sobre as vitórias militares da Prússia ; a República alemã sobre a derrota diante dos Aliados depois de uma grande guerra. O Terceiro Reich, porém, nada devia aos azares da guerra. Foi instaurado em tempos de paz, e pacificamente, pelos próprios alemães.

Fontes: Opera Mundi
wikipedia(imagens) 

Adolf Hitler (centro) e o seu gabinete em 30 de Janeiro de 1933.
Adolf Hitler na Chancelaria a 30 de Janeiro de 1933
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/30-de-janeiro-de-1933-adolf-hitler-e.html?fbclid=IwAR1or2DDiU-aq9ZBQ5X_8fvwMI_Xrme090JYKw-v-mBCG6xP66tSXFwP5O8
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30 de Junho de 1934: "Noite das facas longas", na Alemanha nazi. Adolf Hitler, Goering e Himmler ordenam a morte dos dirigentes da tropa de choque SA

A partir de 24 de março de 1933, o "Reichstag" (Parlamento alemão) aprova a chamada "lei dos plenos poderes", dando a Adolph Hitler uma autoridade ditatorial. Estes primeiros anos no poder serão cruciais para o ditador estabelecer a sua autoridade e rodear-se de colaboradores leais. Em todas as províncias são instalados governadores do Reich e são drasticamente limitadas as liberdades democráticas. A nível social, a influência nazi começa igualmente a estender-se; não há, a partir de então, associação, profissão, emprego oficial, jornal ou empresa que não estejam integrados na linha omnipotente do partido. Ocorrem, também, os célebres pogroms contra os judeus. Simultaneamente, a atenção de Hitler vira-se para as forças militarizadas. Com Heinrich Himmler cria-se a Gestapo (Polícia Secreta do Estado) e o serviço de segurança (SD). Para os adversários (políticos, religiosos ou "racistas") criam-se campos de concentração (KZ) por detrás de pântanos ou florestas, rodeados de arame farpado e de fileiras de postos de vigilância. Pouca gente do povo se apercebe verdadeiramente do que se passa. Quem se apercebe está, de alguma forma, dentro do sistema. Alguns comandos da Reichwehr (o exército) opõem-se a esta evolução, não se deixando manobrar pelo sistema. O presidente do Reich continua a ser o seu presidente supremo e o corpo de oficiais está em grande parte cheio de desconfiança e de aversão por Hitler e os seus métodos. Quando o chefe das SA, Ernst Rohm, apoiado pelo seu gigantesco exército, pretende organizar um corpo paramilitar eficaz e autónomo, o ditador reage de forma drástica. Manda "limpar" todos os setores militares, eliminando todos quantos se lhe poderiam opor. E tudo numa única noite, que ficará conhecida como "A Noite das Facas Longas". Rohm foi preso na madrugada de 30 de junho de 1934 por Hitler num hotel nos arredores de Munique e, resistindo à prisão, foi levado à força ao cárcere de Stadelhein. Em 2 de julho de 1934, em Stadelhein,seguindo ordens diretas de Hitler,Theodor Eicke (construtor do Campo de Concentração de Dachau) e um oficial da SS  foram à sua cela, entregando-lhe uma pistola com uma bala e 10 minutos para se matar, se não fizesse eles mesmos o executariam .Röhm  recusou-se,dizendo: "Se vou ser morto, deixe o Sr. Hitler fazer isso"..Eicke e o oficial  retiraram-se, retornando após 10 minutos. Encontraram Röhm de pé e totalmente nu .Sem entender o motivo para isso, mas obedecendo às ordens recebidas,  executaram Röhm à queima-roupa.
Na noite de 30 de junho de 1934, foram assassinados dezenas de adversários, pessoas informadas que, conhecendo Hitler, poderiam "falar de mais" a seu respeito; trata-se, por isso, de uma das mais célebres e dramáticas depurações do Partido Nacional Socialista.
A Noite das Facas Longas (30 de junho 1934). In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.
wikipedia (imagens)




Kurt Daluege, Heinrich Himmler e Ernst Röhm em  Agosto de  1933
Gregor Strasser, membro e vice-líder do partido Nazi, uma das vitimas da Noite das facas longas pela sua rivalidade com Hitler
Franz von Papen, vice-chanceler alemão, foi preso após discursar contra os nazis
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/06/30-de-junho-de-1934-noite-das-facas.html
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14jul1933...Nazis começaram a perseguir os comunistas

A crise e a ascensão nazista


Entre 1928 e 1930, o governo alemão era chefiado pelo social-democrata Miller, e a maioria das cadeiras do Parlamento era ocupada por social-democratas e comunistas. Mas a Alemanha sofreu violentamente os reflexos da crise que começara em 1929, em Nova York. As greves recomeçaram. A economia se estagnou novamente.

Com isso, o governo de Miller caiu, e subiu Brunning, de tendência liberal, que iniciou planos para executar algumas reformas para sanar a crise. Os grandes proprietários alemães e a alta burguesia, sentindo que seriam prejudicados por elas, formaram uma aliança de oposição. Essa aliança passou a financiar maciçamente o Partido Nazista, para que, com o uso das SA e das SS, ele impedisse as manifestações operárias exigindo reformas.

Das fileiras do Partido Nazista faziam parte a pequena burguesia e a classe média, o operariado pouco esclarecido de origem camponesa e a aristocracia operária , ex-oficiais que participaram da Primeira Guerra e que acreditavam no mito "apunhalada pelas costas". O discurso do Partido Nazista era absorvido mais facilmente por essas camadas.

Adolf Hitler. Congresso do Partido Nazista 1927
O número de deputados nazistas cresceu significativamente nas eleições de 1930 e de 1932. As tropas SA e SS sentiram-se encorajadas a perseguir os comunistas. Os nazistas estavam cada vez mais próximos do poder.

O resultado das eleições de 1932 dá bem a idéia de como o Partido Nazista cresceu, defendendo a moralidade, a estabilidade e a restauração da Alemanha Grande, Imperial:

  • Partido Nazista                           230 deputados
  • Partido Social-Democrata            133 deputados
  • Partido Comunista                      89 deputados
  • Partido Centro Católico               97 deputados

Apesar desse crescimento, os nazistas não obtiveram a maioria absoluta. Isto é, eles seriam derrotados pela união dos demais partidos importantes. Mas os social-democratas, os comunistas e os católicos se digladiavam (lutavam), enquanto a direita se unia em torno dos nazistas.

Nesse quadro, os representantes do capital monopolista e dos latifundiários passaram a pressionar o presidente Hindemburg para nomear o chefe do Partido Nazista para o cargo de chancelar. Foi o que ocorreu. Em 30 de janeiro de 1933, Hindemburg encarregou Hitler de formar o novo governo.

De início, Hitler agiu de maneira conciliatória. Mas seu objetivo era uma ditadura sob a liderança de um führer, isto é, um líder senhor absoluto da vida política na Alemanha.

Um incêndio ocorrido no Reichstag (Parlamento) em 27 de fevereiro de 1933 foi atribuído aos comunistas. A partir desse momento, os partidos de esquerda começaram a ser perseguidos. Jornais marxistas criados pelos operários foram fechados. Em 28 de fevereiro, foi imposto o estado de emergência. Ficaram suspensos os sete artigos da Constituição que garantiam as liberdades individuais.

Sob esse clima, iniciou-se a campanha para as eleições de março. Os jornais social-democratas e comunistas foram fechados. Só circulava o  Volkisher Beobachter, o jornal oficial dos nazistas. E só eram permitidos os discursos e campanhas feitos pelo Partido Nazista. O Partido Nazista teve 17 milhões de votos, o Partido Social-Democrata, 7 milhões, e o Partido Comunista, 4 milhões. Era o estabelecimento da ditadura nazista na Alemanha.
 http://histoblogsu.blogspot.com/2009/07/crise-e-ascensao-nazista.html
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01 de Abril de 1924: Hitler é condenado pelo 'Putsch' da Cervejaria

No dia 1 de Abril de 1924, o líder do Partido Nazi (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou, em alemão, Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei - NSDAP), Adolf Hitler, é sentenciado a cinco anos de prisão por liderar o fracassado "Putsch da Cervejaria" em Munique, no estado da Baviera. 

No começo dos anos 1920, as fileiras do Partido Nazi de Hitler engrossavam com alemães ressentidos que simpatizavam com a organização partidária que manifestava ódio implacável aos marxistas, ao governo social-democrático e aos judeus. Em Novembro de 1923, após o governo alemão ter retomado o pagamento das reparações de Guerra ao Reino Unido e à França, os nazis detonaram o “Putsch da Cervejaria” – a sua primeira tentativa de chegar ao poder pela força. Hitler esperava que a sua revolução nacionalista na Baviera se espraiasse entre o insatisfeito exército germânico, que por sua vez derrocaria o governo em Berlim. Contudo, o golpe foi imediatamente reprimido pela polícia e Hitler foi preso, julgado e condenado a cinco anos de prisão por ‘alta traição’. 

Enviado à prisão de Landsberg, passou o tempo a escrever a sua autobiografia, Mein Kampf (Minha Luta) em que definiu claramente a sua filosofia da superioridade racial ariana, a aversão ao marxismo e aos marxistas e o seu arreigado anti-semitismo, e a trabalhar para aperfeiçoar as suas habilidades oratórias. 

Após nove meses de cárcere, a pressão política exercida por aliados do Partido Nazi forçaram a sua libertação. Durante os  anos subsequentes, Hitler e outros líderes nazis reorganizaram o seu partido como um movimento de massas fanático, em condições de tentar conquistar a maioria no Parlamento alemão - o Reichstag – por meios legais em 1932. No mesmo ano, o presidente Paul von Hindenburg derrotou um intento presidencial de Hitler. 

Entretanto, em Janeiro de 1933, apoiado e pressionado pelas forças conservadoras e empresariais, pelos partidos de centro-direita, pelos liberais e parte dos social-democratas, nomeou Hitler como chanceler do Reich, na esperança de que o líder nazi com suficiente poder e respaldo político, pudesse isolar os esquerdistas e o perigo de uma revolução, mas ao mesmo tempo mantido em rédea curta como membro do gabinete presidencial. 

Todavia, Hindenburg subestimou a audácia política de Hitler. Um dos primeiros actos do novo chanceler foi valer-se do incêndio do Reichstag como pretexto para convocação de novas eleições gerais. A polícia sob o comando do líder nazi Hermann Goering reprimiu e conteve os partidos de oposição antes do pleito, e os nazis conquistaram uma estreita maioria. Pouco depois, Hitler assume poderes absolutos por intermédio de decretos-leis. Em 1934, com a morte de Hindenburg, os últimos resquícios de um regime minimamente democrático foram desmantelados, deixando Hitler como o führer indiscutível da Nação e com as mãos livres para se preparar para a Guerra de conquista e o genocídio que se seguiu. 
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

Ficheiro:Bundesarchiv Bild 119-1486, Hitler-Putsch, München, Marienplatz.jpg
Forças nazis na Praça Central de Marienplatz durante o Putsch de Munique, em 1923File:Bundesarchiv Bild 146-2007-0003, Soldaten bei der Verhaftung von Stadträten.jpg
Membros da milícia nazi durante o golpe
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/01-de-abril-de-1924-hitler-e-condenado.html?spref=fb&fbclid=IwAR00QcrYBrPSIfcdRO2J6I54wILofQhPahUElRwcGc8lrythmFBRn7Vq8Vs
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08 de Novembro de 1923: Primeira tentativa nazi de tomada de poder, com o golpe da Cervejaria

O Golpe da Cervejaria, também conhecido como o Golpe de Munique (em Alemão: "Hitlerputsch" ou Hitler-Ludendorff-Putsch) foi uma tentativa fracassada de revolução que ocorreu entre a noite de 8 de Novembro e o início da tarde de 9 de Novembro de 1923, quando o líder Nazi do Partido de Adolf Hitler, o "Generalquartiermeister" (o director geral) Erich Ludendorff, e outros chefes da Kampfbund (Liga das Sociedades da luta patriótica e do Partido Nacional-Socialista Alemão) tentou, sem sucesso, tomar o poder em Munique e na Alemanha.


Conjuntura



1923, ano que os alemães apelidaram de "ano desumano" havia começado mal. Em 11 de Janeiro, as tropas franco-belgas ocupam a bacia do Ruhr, principal fonte de riqueza do país, a fim de obrigar os alemães a pagar as reparações de guerra a que o Tratado de Versalhes os havia condenado.



A instabilidade política e a "resistência passiva" à ocupação estrangeira levam a greves por todo o país assim como a uma vertiginosa alta de preços.



Em Outubro de 1923, era necessário algumas dezenas de milhares de marcos para comprar um dólar americano ou pão. Este contexto encoraja a acção revolucionária.



Em Berlim, o presidente da República Friedrich Ebert e o chanceler Gustav Streseman decretam Estado de emergência em 26 de Setembro, enquanto o economista Hjalmar Schacht tenta estancar a inflação criando uma moeda provisória, o rentenmark. A Baviera recusa o que chama de ‘‘ditadura dos prussianos de Berlim’’ e proclama no mesmo dia o seu próprio Estado de Emergência, entregando poderes ditatoriais a um triunvirato formado por Gustav von Kahr, o general Otto von Lossow, comandante do Exército, e o coronel Hans von Seisser, chefe da polícia.



A ameaça do separatismo bávaro paira sobre o país. É o momento que Hitler escolhe para apoderar -se do poder em Munique.



O golpe fracassado



Em 8 de Novembro,numa grande cervejaria local, a Bürgerbraükeller, três mil pessoass ouvem o triunvirato.



A cervejaria é brutalmente invadida pelos militantes do partido nazi. o seu chefe, Hitler, sobe a um estrado. Revólver em punho, ele empurra os dirigentes bávaros para uma sala e  intima-os a entregar-lhe o poder, porém os dirigentes resistem. Desconcertado, Hitler tenta na manhã seguinte retomar a iniciativa, planeando ocupar o Ministério da Guerra da Baviera. Uma centena de policias, que permaneceram fieis às forças locais, apesar dos apelos dos nazis, impedem o avanço dos manifestantes nazis.



Aos primeiros tiros de fogo, os agitadores debandam, o chefe em primeiro lugar. Contaram-se 16 mortos.O ‘‘Putsch da Cervejaria’’ termina com um completo fracasso. O chefe nazi é preso dois dias depois. Ao cabo de um processo tempestuoso, no curso do qual exibe seu talento propagandístico, Hitler é condenado a 1 de Abril de 1924 a cinco anos de prisão. Cumpriria apenas nove meses.



Deixa a prisão de Landsberg a 20 de Dezembro de 1924 com um manuscrito ditado no cárcere ao seu fiel Rudolf Hess. Nele anuncia o seu projecto político para a Alemanha. O título: "Mein Kampf" (" A Minha Luta").

O nacional-socialismo  apresentava-se  como uma alternativa revolucionária ao comunismo bolchevique. Dizia responder às aspirações dos proletários, dos desempregados e dos ‘lumpens’ alemães que rejeitavam seguir os bolcheviques russos, tidos por alguns germânicos como "gente inculta e desprezível".



Ao pregar um nacionalismo visceral, o partido de Hitler seduzia também numerosos patriotas sinceros, revoltados com o humilhante acordo de Versalhes.





A ascensão de Hitler ao poder em menos de oito anos deve-se antes de mais nada às circunstâncias e  à crise económica de 1929, que interrompe a clara recuperação económica, social, política e cultural da democracia alemã nascida em Weimar dez anos antes.



Com a multiplicação dos desempregados e o decorrente aumento da miséria, o Partido Nazi vê o número de seus apoiantes crescer vertiginosamente.



De 176 mil em 1929, o número de filiados ao partido nazi ascende a 806 mil em 1931 e a 4 milhões em 1933. Os nazis não tinham mais que 12 deputados em 1928. Obtêm 107 nas eleições legislativas de 1930 e  transformam-se no segundo partido alemão.
wikipedia (Imagens)
Os participantes no Golpe da Cervejaria da esquerda para a direita:  Pernet, Weber, Frick, Kiebel, Ludendorff, Hitler, Bruckner, Röhm e Wagner.
File:Bundesarchiv Bild 102-00344A, München, nach Hitler-Ludendorff Prozess.jpg
 Forças nazis na Praça Central de Marienplatz durante o Putsch de Munique, em 1923Ficheiro:Bundesarchiv Bild 119-1486, Hitler-Putsch, München, Marienplatz.jpg
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/11/08-de-novembro-de-1923-primeira.html?fbclid=IwAR1M418DtLOZxkXhdFNmNh9WN1LMIkW396nXaaJSEktkVJzM-7Pcnj-4gTU
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9 de Novembro de 1938: Noite de Cristal (Kristallnacht), na Alemanha nazi. Lojas e habitações de judeus, sinagogas são destruídas. A violência estende-se por mais dois dias.

No dia  9 de Novembro de 1938, sinagogas foram incendiadas em toda a Alemanha. Polícia e bombeiros foram impedidos de agir pelo governo nazi.

Aquela que ficaria conhecida  como a "Noite de cristal" marcou o início do Holocausto, que causou a morte de seis milhões de judeus na Europa até ao final da Segunda Guerra Mundial.

A "Noite de Cristal" (Kristallnacht ou Reichspogromnacht), de 9 para 10 de Novembro de 1938, em toda a Alemanha e Áustria, foi marcada pela destruição de símbolos judaicos. Sinagogas, casas comerciais e residências de judeus foram invadidas e os seus bens destruídos.

Milhares foram torturados, mortos ou deportados para campos de concentração. A justificação  usada pelos nazis foi o assassinato do então diplomata alemão em Paris, Ernst von Rath, pelo jovem Herschel Grynszpan, de 17 anos, dois dias antes.

A perseguição nazi à comunidade judaica alemã já havia começado em Abril de 1933, com a convocação aos cidadãos a boicotarem estabelecimentos pertencentes a judeus. Mais tarde, foram proibidos de frequentar estabelecimentos públicos, inclusive hospitais.

No Outono europeu de 1935, a perseguição aos judeus, apontados como "inimigos dos alemães", atingiu outro ponto alto com as chamadas "Leis de Nuremberga". Enquanto o resto do mundo parecia não levar o genocídio a sério, Hitler via confirmada sua política de limpeza étnica.

Uma lei de 15 de Novembro de 1935 havia proibido os casamentos e condenado as relações extraconjugais entre judeus e não-judeus. Havia ainda a proibição de que não-judeus fizessem serviços domésticos para famílias judaicas e que um judeu hasteasse a bandeira nazi.

Ainda em 1938, as crianças judias foram expulsas das escolas e foi decretada a expropriação compulsória de todas as lojas, indústrias e estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus.  A 1 de Janeiro de 1939, foi adicionado obrigatoriamente aos documentos de judeus o nome Israel para homens e Sarah para mulheres.

A proporção da brutalidade do pogrom de 9 de Novembro foi indescritível. Hermann Göring, chefe das SA ( Secções de Assalto), lamentou "as grandes perdas materiais" daquele 9 de Novembro de 1938, acrescentando: "Preferia que tivessem assassinado 200 judeus em vez de destruir tantos objectos de valor!"
wikipedia (Imagens)

Lojas destruídas durante a "Noite de Cristal"
Arquivo: Bundesarchiv Bild 146-1970-083-42, Magdeburg, zerstörtes Jüdisches Geschäft.jpg
Photograph of the smashed interior of the Berlin synagogue
Interior da Sinagoga de Berlim após a Noite de Cristal
 https://www.youtube.com/watch?v=TDT0ZAFH-Wo&feature=youtu.be&fbclid=IwAR1e7KKjJMJmzct5uDxCnBEm-JWhvLAestyVXgxs4n__c_0ywBmWQ1EkKts
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/11/09-de-novembro-de-1938-noite-de-cristal.html?fbclid=IwAR0x56jQXICla4nsMbBz-mek5An7fiUHUXNGgS7QDPk6vMc_2rlm1KUICN4
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20 de Janeiro de 1942: Conferência de Wannsee, a cúpula nazi decide exterminar os judeus

No dia 20 de Janeiro de 1942, a convite de Reinhard Heydrich, chefe da Polícia de Segurança (Sicherheitspolizei) e do Serviço de Segurança (Sicherheitsdienst - SD) da Alemanha nazi, uma reunião entre representantes das SS, do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) e de vários ministérios do Reich tratou da “solução final da questão judaica” (“Endlösung der Judenfrage”). A discussão centrou-se no objectivo de expulsão dos judeus de todas as esferas da vida do povo alemão.
O encontro aconteceu ao meio-dia na sala de jantar do palacete de Wannsee (à beira do lago Wann), nos arredores de Berlim, e durou cerca de 90 minutos. 
Foram discutidas medidas a tomar e o conceito de 'deportação' dos judeus para o Leste Europeu foi alterado para "trabalho apropriado no curso do qual sem dúvida uma grande porção será eliminada por causas naturais" e os "restantes serão... tratados de forma apropriada, porque, se libertados, iriam agir como semente de uma nova restauração judaica". 
Heydrich tinha como objectivo o reconhecimento do seu próprio papel de liderança nas deportações, bem como o envolvimento de ministérios e membros do Partido importantes na preparação para o assassinato dos judeus. Ao mesmo tempo, deveriam ser resolvidos os conflitos das administrações de ocupação alemãs civis na Polónia e nos territórios do Báltico e Leste Europeu (“Ostland”) com os líderes das SS. 

Os participantes fizeram propostas e levantaram objecções em nome dos organismos a que pertenciam, mas em geral mostraram-se dispostos a colaborar. 

Antes, em Julho de 1941, Herman Goering, agindo sob instruções de Hitler, já ordenara que Heydrich e Heinrich Himmler - na altura o número dois do regime - apresentassem “tão cedo quanto possível, um plano geral elencando as medidas administrativas, materiais e financeiras necessárias que levassem à desejada solução final da questão judaica”. 
Heydrich convocou então Adolf Eichmann, chefe doDepartamento Central da Emigração Judaica, e 15 outros altos funcionários de diversos ministérios e organizações nazis para a reunião em Wannsee. A agenda tratou de um único tema e concentrou-se em elaborar um plano a fim de encontrar a “solução final”, como Hitler havia exigido. Diversas propostas repulsivas e espantosas foram abertamente discutidas, inclusive esterilização em massa e deportação para a ilha de Madagáscar.
Heydrich propôs simplesmente o transporte de judeus de todos os cantos da Europa para campos de concentração na Polónia, onde encontrariam a morte. Houve objecções a esta proposta, alegando-se que ela consumiria muito tempo. O que fazer com os que levassem mais tempo para morrer? O que fazer com os milhões de judeus que ainda estavam na Polónia? Embora a expressão “extermínio” não constasse das actas da reunião, estava implícita: quem quer que resistisse às condições de um campo de trabalho forçado deveria ser “tratado adequadamente”. 
Meses mais tarde, o Zyklon-B, em Chelmno, na Polónia, mostrou ser a “solução” que estavam  à procura – o meio mais eficaz de matar grandes grupos de pessoas ao mesmo tempo. Os fornos crematórios, que transformariam cadáveres em cinzas, acabariam por completar a tarefa. 
Todos os cuidados para manter sob sigilo o encontro de Wannsee foram adoptados. Não obstante, descobertas as actas da reunião forneceram provas decisivas durante os Processos de Nuremberga. 
Surgiu aí a expressão “Holocausto” que diz respeito à aniquilação de cerca de 6 milhões de judeus – dois terços da população judaica europeia anterior à Segunda Guerra Mundial – que incluíam 4,5 milhões da Polónia, Ucrânia, Rússia e países bálticos; 750 mil da Hungria e Roménia; 290 mil da Alemanha e Áustria; 105 mil dos Países Baixos; 90 mil da França; 54 mil da Grécia. 
O Holocausto foi único na História na prática do genocídio – a sistemática destruição de um povo devido apenas à religião, raça, etnia, nacionalidade ou preferência sexual – em escala jamais igualada. Além dos judeus, entre 9 e 10 milhões de pessoas – ciganos, eslavos, homossexuais e deficientes físicos – foram exterminados. 
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)

 
 A mansão no nº 56-58 Am Grossen Wannsee, onde ocorreu a Conferência de Wannsee. Hoje é um memorial e museu.


Carta de Reinhard Heydrich a Martin Luther, subsecretário de Assuntos Estrangeiros, convidando-o a participar na Conferência de Wannsee (Casa Memorial da Conferência de Wannsee, Berlim)
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/20-de-janeiro-de-1942-conferencia-de.html?fbclid=IwAR3gdP0ZixiIg1Ixtq2LGInarJpJ7Zc8TNzOfE49H9q1GyYpjGHRK134Uf4
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