e morreu 1938
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http://www.culturapara.art.br/opoema/cesarvallejo/cesarvallejo_db.htm
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Caesar
Abraham Vallejo nasceu em 16 de Março de 1892, em Santiago de
Chuco, Perú.
"Toda
a vida de Vallejo é um esforço para conquistar, na própria escritura
de cada poema, este alfabeto competente ou linguagem adequada:
uma linguagem adequada à obscuridade da intuição, à visão das trevas
não pode ser senão obscura. O poeta desce à noite e toda a noite
deve ser dita no poema, o poema deve mostrá-la; ele a viu, a tocou,
e pede que o escutem “em bloco”:
e se vi, que
me escutem pois, em bloco,
se toquei esta mecânica, que vejam
lentamente,
aos poucos, vorazmente, minhas trevas.
(De Panteão - César Vallejo)
se toquei esta mecânica, que vejam
lentamente,
aos poucos, vorazmente, minhas trevas.
(De Panteão - César Vallejo)
(Américo
Ferrari: Introdução a César Vallejo:
Obra Poética Completa)
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Obra Poética Completa)
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BARRO
NU (Os Arautos Negros) Erguem-se visagens fúnebres do lábio como batráquios terríveis na atmosfera. Pelo Saara azul da Substância caminha um verso cinza, um dromedário Fosforesce um esgar de pesadelos cruéis. E o cego que morreu repleto de vozes de neve. Madrugar o poeta , o nômade, é um dia áspero para ser homem. As Horas seguem febris e abortam nos ângulos rubros séculos de ventura. Quem corta o fio, quem desfaz impiedosamente os nervos, cordéis já gastos, na tumba? Amor! E tu também. Pedras gastas se delineiam na tua máscara que se rasga Contudo, a tumba é um sexo de mulher que conquista o homem!
(Trad.
Jorge
Henrique Bastos)
XIII (Trilce) Penso em teu sexo. Reduzido o coração, penso em teu sexo diante do raiar maduro do dia. Digito o botão da felicidade, está preparado. E desaparece o sentimento antigo degenerando com prudência. Penso em teu sexo, o sulco mais fecundo e harmonioso que o ventre da Sombra, embora a Morte possa conceber e gerar o próprio Deus. Oh Consciência penso, sim, no animal livre que copula onde quer, onde pode. Oh , escândalo de mel dos crepúsculos oh estrondo mudo odumodnortse! XXIII (Trilce) Moinho candente dos biscoitos, pura gema infantil e inumerável, mãe. Oh os quatro remoinhos assombrosamente por mondar, mãe: os infelizes. As duas irmãs, Miguel que morreu e eu arrastando uma trança por cada letra do alfabeto. Repartias na sala de cima de manhã e a tarde, trabalho em dobro, as hóstias soberbas do tempo para que não sobrassem as cascas dos relógios parados à meia-noite em ponto. Mãe, e agora? Em qual alvéolo ficaria, em que rebento capilar, certa migalha que sufoca a garganta e não quer passar. Hoje, até os ossos puros se transformam em farinha que não será amassada a terna doceira do amor! Até a sombra crua e o grande molar cuja gengiva lateja na covinha láctea e inadvertido lavra e fervilha, observaste tantas vezes as mãos cerradas dos recém nascidos. A terra há de ouvir no teu silêncio como nos exigem o aluguel do mundo onde nos abandonaste e o valor daquele pão interminável. E cobraram-nos, embora fôssemos ainda jovens, como havias de perceber, não poderíamos arrebatar nada. Quando foi que nos deste algo, Diz, Mãe? ISTO Sucedeu isto entre duas pálpebras; tremi no ventre, colérico, alcalino, parado junto ao equinócio lúbrico ao pé do frio incêndio que me devasta. O resvalo alcalino, digo, mais perto do alho, sobre o sentido da calda, no interior da ferrugem, no ir da água e no rolar da onda. O resvalo alcalino, também, era enorme na montagem colossal do céu. Que dardos e arpões lançarei, se morrer no ventre hei de dar em folhas de plátano sagrado meus cinco ossos subalternos, e no olhar o próprio olhar! (Dizem que nos suspiros criam-se acordeões ósseos, táteis; dizem que quando morrem os que se acabam assim, falecem fora do relógio, a mão a segurar um sapato solitário) Compreendendo tudo, coronel, e tudo no sentido lastimável desta voz castigo-me: extraio tristemente durante a noite, as minhas próprias unhas depois não possuo nada e falo sozinho, inspeciono os semestres e para encher as minhas vértebras, toco-me. OUVE a massa, o teu cometa, escutai-os, não venhas carpir a memória, gravíssimo cetáceo; ouve a túnica com que estás sonâmbulo, ouve a tua nudez, detentora do sonho. Narra-te segurando a cauda de fogo e os chifres em que acaba a crina do rasto atroz; rompe-te em círculos, forma-te, mas em colunas curvas descreve-te atmosférico, ser vaporoso, ao passo reforçado do esqueleto. A morte? Impugna todo o vestido! A vida? Obsta parte da tua morte! Fera venturosa, pensa, deus desgraçado, despoja-te da fronteira. Falaremos em breve. OS ANÉIS FATIGADOS Há ânsias de voltar, de amar, de não ausentar-se, e há ânsias de morrer, combatido por duas águas unidas que jamais hão-de istmar-se. Há ânsias de um beijo enorme que amortalhe a Vida, que acaba na áfrica de uma agonia ardente, suicida! Há ânsias de... não ter ânsias, Senhor, a ti aponto-te com o dedo deicida: há ânsias de não ter tido coração. A primavera volta, volta e partirá. E Deus, curvado em tempo, repete-se, e passa, passa carregando a espinha dorsal do Universo. Quando as têmporas tocam seu lúgubre tambor, quando me dói o sonho gravado num punhal, há ânsias de ficar plantado neste verso! PEDRA NEGRA SOBRE PEDRA BRANCA Morrerei em Paris com aguaceiros num dia de que já tenho a lembrança. Morrerei em Paris - daqui não saio - numa quinta-feira, como hoje, de outono. Quinta-feira será, pois hoje, quinta-feira, em que estes versos proso, dei os úmeros à pouca sorte, e nunca como hoje voltei,com todo o meu caminho, a ver-me só. Morreu César Vallejo, espancavam-no todos sem que lhes fizesse nada; davam-lhe forte com um pau e forte com uma corda também; são testemunhos as quintas-feiras e os ossos úmeros, a solidão, os caminhos, a chuva... POEMA PARA SER LIDO E CANTADO Sei que há uma pessoa que, dia e noite, me busca em sua mão, encontrando-me, a cada minuto, em seu calçado. Ignora que a noite está enterrada atrás da cozinha com esporas? Sei que há uma pessoa composta de minhas partes, que eu completo sempre que o meu vulto cavalga sua exacta pedrazinha. Ignora que ao seu cofre não voltará nenhuma moeda que saiu com seu retrato? Sei o dia, mas o sol escapou-me; sei o acto universal que fez na cama com alheia coragem e essa água morna, cuja superficial frequência é uma mina. Tão pequena é, acaso, essa pessoa que até seus próprios pés assim a pisam? Um gato é a fronteira entre eu e ela, mesmo ao lado de sua malga de água. Vejo-a pelas esquinas, abre e fecha sua veste, antes palmeira interrogante... que poderá fazer senão mudar de pranto? Mas ela busca-me, busca-me. É uma história! UM HOMEM PASSA COM UM PÃO AO OMBRO Um homem passa com um pão ao ombro - Vou escrever, depois, sobre o meu duplo? Outro senta-se, coça-se, tira um piolho do sovaco, mata-o - Com que desplante falar da Psicanálise? Outro entrou em meu peito com um pau na mão - Falar, em seguida, de Sócrates ao médico? Um coxo passa dando o braço a um menino - Vou, depois, ler André Breton? Outro treme de frio, tosse, cospe sangue - Convirá não aludir jamais ao Eu profundo? Outro busca no lodo ossos e cascas - Como escrever, depois, sobre o infinito? Um pereiro cai de um telhado, morre, já não almoça - Inovar, em seguida, a metáfora, o tropo? Um comerciante rouba um grama no peso a um freguês - Falar, depois, da quarta dimensão? Um banqueiro falsifica o seu balanço - Com que cara chorar no teatro? Um pária dorme com um pé às costas - Falar, depois, a ninguém de Picasso? Alguém vai num enterro a soluçar - Como em seguida ingressar na Academia? Alguém limpa uma espingarda na cozinha - Com que desplante falar do mais além? Alguém passa a contar pelos dedos - Como falar do não-eu sem dar um grito?
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perfil
https://www.youtube.com/watch?v=PJuMi9SLMO4
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poemas
https://www.youtube.com/watch?v=WTqN1oFVg6E&list=PL897643894BDBEFF8
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Che Guevara
recita "Los heraldos negros" DE CESAR VALLEJO
:https://www.youtube.com/watch?v=PwkGzm-K0RI