07/01/2017

6.131. (7jan2017.19.19') António Tereso

Nasceu a 16nov1927
morreu a 7jan2017
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Nasceu na freguesia de Évora de Alcobaça
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Conversei com ele em Alcobaça
Ele tem familiares em Alcobaça
o irmão dele era o taxista "Pobre Homem"
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 http://www.pcp.pt/sobre-falecimento-de-antonio-tereso

Nota do Secretariado do Comité Central do PCP

Faleceu António Tereso


Faleceu António Tereso
O Secretariado do Comité Central do Partido Comunista Português informa com mágoa e tristeza, do falecimento hoje dia 7 de Janeiro aos 89 anos, de António Tereso. Militante comunista que dedicou a sua vida à luta dos trabalhadores e do povo português pela liberdade, pela democracia, pelo socialismo.
António Tereso, começou a trabalhar aos 12 anos, ingressando mais tarde na Carris.
É como operário da Carris e na sequência da luta que em Fevereiro de 1959 foi preso e condenado a dois anos e três meses de prisão.
Na prisão de Caxias desempenha complexo e destacado papel na preparação e concretização da fuga de oito destacados dirigentes e militantes comunistas do Forte de Caxias no carro blindado de Salazar, a 4 de Dezembro de 1961.
Depois da fuga, foi forçado a ingressar na clandestinidade.
Passou depois pela Checoslováquia e por França, onde tirou o curso de torneiro mecânico e aí exerceu essa profissão até ao 25 de Abril de 1974.
Após o 25 de Abril, regressado a Portugal, desempenhou as mais diversas tarefas e responsabilidades no apoio à Direcção do Partido, até quando lhe foi possível fisicamente, antes e após a sua reintegração na Carris.
O corpo de António Tereso estará em câmara ardente na Casa Mortuária da Igreja de S.Francisco de Assis, na Av.Afonso III (ao Alto de S.João) a partir das 10 horas de dia 8 de Janeiro, domingo, saíndo o funeral às 12 horas para o Cemitério de Barcarena onde o corpo será cremado pelas 12h30.
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7jan2017
Via Paulo Tojeira:
 Deixou-nos o Tereso (na foto, tirada junto ao Forte de Peniche, da esquerda para a direita: Paulo Tojeira, António Dias Lourenço e António Tereso). O camarada Tereso deu provas de grande coragem na fuga da prisão de Caxias (ver aqui: http://resistentes.blogs.sapo.pt/372.html). Lembro-me do último abraço que trocámos, há uns anos, antes do início da manifestação do 1º de Maio, em Lisboa. Um abraço com o calor inconfundível do comunista vertical!
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4dez1961
fuga de Caxias
 http://dorl.pcp.pt/index.php/histria-do-pcp-menumarxismoleninismo-103/85-momentos-da-historia-do-pcp/207-artigos-de-85-momentos-da-historia-do-pcp/374-a-fuga-de-caxias-foi-h-45-anos-dedicao-prova-de-bala
2006

A Fuga de Caxias foi há 45 anos - Dedicação à prova de bala

A Fuga de Caxias foi há 45 anos
Dedicação à prova de bala


Há 45 anos, no dia 4 de Dezembro de 1961, oito destacados militantes comunistas evadiram-se do Reduto Norte da prisão de Caxias num carro blindado, perante o olhar impotente dos carcereiros. Realizada em poucos segundos e apenas com recursos do interior da prisão, tratou-se de uma das mais audaciosas fugas dos cárceres fascistas.

«Golo!» O grito de José Magro ecoou pelo pátio da prisão de Caxias na manhã do dia 4 de Dezembro de 1961, à hora do recreio dos presos. Era o sinal combinado: em menos de cinco segundos, sete presos comunistas entram num carro blindado que estava parado no pátio. Ao volante encontrava-se um outro recluso, que muitos julgavam «rachado». Os guardas, apanhados de surpresa, demoraram a reagir.
Com os oito homens dentro do carro, este arranca em direcção ao portão principal, que não resiste ao embate e cede. Dez segundos depois, o carro está fora da prisão e ruma à auto-estrada, sob os disparos da GNR. Chegados a Lisboa, a viatura é abandonada e os seus ocupantes refugiam-se em casas seguras.
Entre o momento de entrada dos fugitivos para o carro e a entrada na auto-estrada passaram apenas 65 segundos. Mas a fuga de Caxias não foi fruto da sorte ou da improvisação. Foi, sim, o resultado de uma intensa preparação e audácia e da vontade inabalável de retomar a luta antifascista que fervilhava para lá dos altos muros da fortaleza de Caxias.

O falso «rachado» e o carro blindado
A fuga de 4 de Dezembro culminou um longo e intenso processo de estudo de possibilidades de evasão. Umas atrás das outras, foram sendo inviabilizadas pelas frequentes alterações na composição das salas destinadas aos funcionários do Partido e nas normas de funcionamento interno da cadeia. Com a fuga de Peniche, em Janeiro do ano anterior, a segurança aumentou. A evasão era cada vez mais difícil.
Era necessário fazer o reconhecimento do Forte e estudar as possibilidades de fuga. Mas como consegui-lo? José Magro, dirigente do Partido com largos anos de cativeiro, encarrega António Tereso de uma difícil missão: explorar as hipóteses de evasão. Mas para isso, teria de fazer-se passar por «rachado», fingindo que se tinha passado para o lado dos carcereiros e sujeitando-se ao desprezo dos seus camaradas.
A operação era delicada e o sigilo teria de ser absoluto. Tereso resiste, mas acaba por aceitar. A dedicação ao Partido justificava o sacrifício. A cada dia que passa, o falso «rachado» vai ganhando habilmente a confiança dos guardas e da direcção da prisão. Desta forma, conquista uma liberdade de movimentos rara para um prisioneiro. É graças a ela que descobre, na garagem da cadeia, um carro blindado pertencente ao próprio Salazar. Estava ali a oportunidade desejada.

Uma corrida contra o tempo
Sempre em contacto com a Direcção do Partido no interior da prisão, António Tereso começa a preparar a fuga, que se torna numa verdadeira corrida contra o tempo. À beira de sair em liberdade e com os restantes camaradas com penas atribuídas e em vias de serem transferidos para Peniche, teve que acelerar os preparativos.
Num curto espaço de tempo, era necessário pôr o carro a funcionar, tornar normal a sua utilização e circulação pela cadeia e estudar a forma de o fazer chegar ao fosso interior, o único local a que os restantes presos poderiam ter acesso. Tudo isto foi feito com invulgar mestria.
Enquanto isso, a Direcção do Partido na prisão debatia os pormenores da fuga. A data foi decidida: 4 de Dezembro. Os participantes na fuga são colocados ao corrente do plano. Tereso aproveita ainda para sabotar os restantes carros, de forma a evitar qualquer perseguição.

Uma manhã aparentemente igual às outras
Às 8.30 horas da manhã do dia 4 de Dezembro de 1961, os dez reclusos da sala 2, todos quadros clandestinos do Partido são avisados, como normalmente acontecia, para se prepararem para o recreio. Eram nove horas quando os comunistas são conduzidos ao Fosso Interior por um guarda prisional. Começava o recreio de meia hora sob a vigilância directa de três guardas da GNR, armados com espingardas, e por guardas da cadeia. Aparentemente, tratava-se de uma manhã normal…
Pouco depois, com o plano de fuga já em marcha, o recreio foi interrompido. Uma carrinha da PIDE vem recolher para interrogatório alguns presos que se encontravam nas casamatas existentes no local onde se iria desenrolar a fuga. Entretanto, António Tereso, que havia recebido o sinal a partir da sala 2 que se ia iniciar o recreio, dirige-se ao túnel que liga ao Fosso Interior e certifica-se que os presos que iam fugir já estavam no recreio. Com o carro em marcha atrás, dirige-se para o túnel, tarefa difícil dada a largura do carro quase coincidir com a do portão.
Às 9.34 horas, a cinco minutos do fim do intervalo, o carro é colocado no centro do Fosso Interior. Os presos ladeiam o carro, em conformidade com as portas previamente distribuídas para a entrada dos dois grupos em que se dividiam os fugitivos. Os guardas não estranham a presença do carro. Um grito ecoa pelo pátio: «Golo!»***
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António Tereso - Demasiado sério» para estar preso

 António Tereso
Demasiado sério» para estar preso

«Foi com sacrifício que aceitei a tarefa de “rachar”. Foi o que mais me custou na vida», afirmou, visivelmente emocionado, António Tereso. Por indicação de José Magro, viveu juntamente com o inimigo durante dezanove meses. O objectivo era encontrar uma hipótese de fuga.
A ruptura com os seus camaradas – de que apenas um pequeno número de dirigentes sabia tratar-se de uma encenação – deu-se durante um almoço.
«Atirei com um prato de arroz à cara de um preso, mas ele, em vez de se virar a mim, começou-se a rir, o que me dificultou a tarefa.» De rompante, começou a esmurrar a porta gritando que queria sair daquela sala. Dezanove dias depois mudou-se para a «sala dos trabalhos». Até conseguir a transferência, ficou na sala com os seus camaradas. Esses dias, recordou, foram «muito difíceis».
«Eram todos meus amigos», confessou.
Começava assim o seu percurso de «rachado», ao serviço dos carcereiros. Tereso contou como conseguiu ganhar a confiança dos inimigos. Havia que esperar que «eles precisassem de nós. Foi essa a minha vitória». «Um dia chego ao pé do director, o Gomes da Silva, e disse-lhe: se precisar do carro lavado, eu lavo-lhe o carro», recorda António Tereso. O director concordou. Antes de trabalhar como motorista da Carris tinha lavado carros e fazia aquilo bem. «Ficou muito contente e ganhei um cliente», ironizou.
A confiança que ganhou foi tanta que chegou a conduzir o director fora da prisão e este deu-lhe permissão para ir ao seu gabinete sempre que necessário. Daí para a frente, recordou, os «carcereiros quando queriam alguma coisa vinham ter comigo para eu ir ver ao gabinete do director se ele estava lá. Eu tinha esta liberdade toda».
Também o guarda Lourenço, um PIDE reformado, foi conquistado pelo falso «rachado». Numa ocasião, ao lavar o seu carro, Tereso encontra um pequeno coração de ouro. «Depois de lhe lavar o carro, devolvo-lhe o coraçãozinho. Ele respondeu: “há dois anos que procurava isso, é da minha netinha”.». Após contar à mulher o sucedido, esta responde: «esse homem é sério demais para estar preso.»
A confiança era tanta que lhe é oferecido um lugar como motorista da PIDE, a ganhar 1 500 escudos. Tereso comunica o sucedido ao Partido. A resposta, recorda, foi «não há fuga para ninguém, agarra-me isso com as duas mãos». Faltavam três meses para sair em liberdade…
Um dia, passeava com o director pela prisão e depara-se com o carro, estacionado numa garagem. O desafio vem do próprio responsável da cadeia. «Há-de me pôr este carro a trabalhar», disse-lhe. «Quando ele me diz isso, eu esqueci os meses e a liberdade, esqueci tudo», lembrou. Nessa noite, comunicou ao Partido: temos fuga!
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avante
 http://www.avante.pt/pt/1773/pcp/22273/
22nov2007
 

Os 80 anos de António Tereso
O salão do Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa, acolheu, dia 16, o convívio de comemoração do 80.º aniversário de António Tereso. O histórico militante comunista celebrizou-se pelo seu destacado papel na fuga de Caxias no carro blindado de Salazar, em 1961, que devolveu à liberdade e à luta antifascista valiosos militantes do Partido. No convívio participaram muitos camaradas e amigos de António Tereso.
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Via Vitor Dias
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Morreu o camarada António Tereso

Morreu o camarada António Tereso

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É com profunda tristeza que noticio que faleceu o camarada António Tereso que desempenhou um papel fundamental na fuga de Caxias e com quem criei laços de amizade ao longo de muitas viagens pelo país após o 26 de Abril. Nesta hora de tristeza, não vejo melhor forma de o homenagear aqui do que citar este seu breve depoimento:

«Foi com sacrifício que aceitei a tarefa de “rachar”. Foi o que mais me custou na vida», afirmou, visivelmente emocionado, António Tereso. Por indicação de José Magro, viveu juntamente com o inimigo durante dezanove meses. O objectivo era encontrar uma hipótese de fuga.
A ruptura com os seus camaradas – de que apenas um pequeno número de dirigentes sabia tratar-se de uma encenação – deu-se durante um almoço.
«Atirei com um prato de arroz à cara de um preso, mas ele, em vez de se virar a mim, começou-se a rir, o que me dificultou a tarefa.» De rompante, começou a esmurrar a porta gritando que queria sair daquela sala. Dezanove dias depois mudou-se para a «sala dos trabalhos». Até conseguir a transferência, ficou na sala com os seus camaradas. Esses dias, recordou, foram «muito difíceis».
«Eram todos meus amigos», confessou.
Começava assim o seu percurso de «rachado», ao serviço dos carcereiros. Tereso contou como conseguiu ganhar a confiança dos inimigos. Havia que esperar que «eles precisassem de nós. Foi essa a minha vitória». «Um dia chego ao pé do director, o Gomes da Silva, e disse-lhe: se precisar do carro lavado, eu lavo-lhe o carro», recorda António Tereso. O director concordou. Antes de trabalhar como motorista da Carris tinha lavado carros e fazia aquilo bem. «Ficou muito contente e ganhei um cliente», ironizou.
A confiança que ganhou foi tanta que chegou a conduzir o director fora da prisão e este deu-lhe permissão para ir ao seu gabinete sempre que necessário. Daí para a frente, recordou, os «carcereiros quando queriam alguma coisa vinham ter comigo para eu ir ver ao gabinete do director se ele estava lá. Eu tinha esta liberdade toda».
Também o guarda Lourenço, um PIDE reformado, foi conquistado pelo falso «rachado». Numa ocasião, ao lavar o seu carro, Tereso encontra um pequeno coração de ouro. «Depois de lhe lavar o carro, devolvo-lhe o coraçãozinho. Ele respondeu: “há dois anos que procurava isso, é da minha netinha”.». Após contar à mulher o sucedido, esta responde: «esse homem é sério demais para estar preso.»
A confiança era tanta que lhe é oferecido um lugar como motorista da PIDE, a ganhar 1 500 escudos. Tereso comunica o sucedido ao Partido. A resposta, recorda, foi «não há fuga para ninguém, agarra-me isso com as duas mãos». Faltavam três meses para sair em liberdade…
Um dia, passeava com o director pela prisão e depara-se com o carro, estacionado numa garagem. O desafio vem do próprio responsável da cadeia. «Há-de me pôr este carro a trabalhar», disse-lhe. «Quando ele me diz isso, eu esqueci os meses e a liberdade, esqueci tudo», lembrou. Nessa noite, comunicou ao Partido: temos fuga!»