01/02/2017

4.559.(1fev2017.8.8') John Ford

Nasceu a 1fev1894
e morreu a 31ag1973
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1356176638864&set=a.1356174758817&type=3&theater
“São as tristezas silenciosas que cortam as cordas do coração.”
“Quando a lenda é mais interessante que a realidade, imprima-se a lenda.”

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Resultado de imagem para frases de John Ford
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Um documentário-tributo a John Ford...
Um documentário sobre a vida do grande realizador, John Ford.
Em «Directed By John Ford», de 1971, Peter Bogdanovich incluiu os depoimentos de John Wayne, Henry Fonda e James Stewart explicando como trabalhavam com o seu ?mestre?. Entrevistas com Ford e alguns excertos dos seus filmes completam o admirável documentário.
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http://rtp.pt/programa/tv/p23954
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entrevistas:
https://www.youtube.com/watch?v=402rJPFhuC4
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https://www.youtube.com/watch?v=NWgHoWWHYzA
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wikipédia
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Ford
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https://www.youtube.com/watch?v=402rJPFhuC4
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“São as tristezas silenciosas que cortam as cordas do coração.”
Foto de Carmen Jácome.
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http://www.johnford.com.br/
Após voltar à cidade de Shinbone para o enterro de um velho amigo, o senador Ranse Stoddard decide contar a alguns jornalistas a verdadeira história sobre o acontecimento que, muitos anos antes, fez dele um homem célebre. Stoddard revela, para a surpresa de todos, que não foi ele quem matou o fora da lei Liberty Valance, e sim o pobre homem desconhecido que acabara de falecer. Ao terminar o relato, Stoddard vê o editor do jornal local rasgar todas as anotações e pergunta o porquê desta reação. A resposta é direta: "Quando a lenda se torna fato, imprime-se a lenda." 

A frase-marco de O homem que matou o facínora aplica-se não apenas ao próprio filme, mas a tudo que envolve, hoje, a figura mítica de John Ford. Talvez não haja, no mundo, um cineasta cuja vida e obra estejam tão imersas num ambiente de lendas. O homem que consolidou o western. O inventor do Monument Valley. O grande narrador da história americana. O maior poeta da era de ouro de Hollywood. O polêmico e controverso conservador. O sujeito que, avesso a entrevistas, deixou que todo um folclore fosse construído a respeito de si, definindo-se sempre da forma mais simples (e enganosa) possível: "Meu nome é John Ford. Eu faço westerns." 

Mas há sempre o momento em que é preciso mostrar os fatos. A mostra John Ford recupera, enfim, o elemento que deu origem a toda uma lenda: seus filmes. Através de um vasto panorama de sua produção, composto dos mais diversos gêneros e períodos, todos poderemos atravessar a barreira do mito e experimentar o vigor e a beleza que o cinema de Ford conserva até hoje. Dentre as inúmeras lendas, verdadeiras ou não, que se impõem sobre o diretor, uma, no entanto, parece-nos especialmente acurada: ao ver sua obra em conjunto, entregando-se ao universo ao mesmo tempo primitivo e sofisticado que Ford constrói, é impossível não se tornar um verdadeiro fordiano. 
 
Uma boa mostra a todos. 
 
Leonardo Levis e Raphael Mesquita
Curadores

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12ab2001
avante
Bailes
CINEMA   • Rogério Feitor

Todo o texto é baseado nos filmes e personagens de John Ford. Por isso mesmo nada mais é do que um elogio a este velho mestre e às pessoas que ele representou nos seus filmes. Que somos todos nós.
Imagine-se John Wayne. Alto e majestoso, um cowboy sempre solitário que não receava sacar das suas pistolas para resolver assuntos onde palavras já não teriam peso algum. Por vezes, não querendo marcar a ferro e fogo os seus adversários, recorria aos punhos para os acalmar. Firme e justo, poucas vezes perdia ele a calma, e, quando isso acontecia, uma explosão de chamas queimava o écran e a todos nós.
Observe-se agora James Stewart. Não tão violento quanto Wayne, pelo menos a um nível físico, a sua figura esguia e luminosa marcava verticalmente as telas do cinema na época. Sempre atento aos tempos e modas, apelava para o retorno à lei da palavra como figura solucionadora das injustiças e crises no tempo dos Westerns. E nunca matou Liberty Valance, apesar dessa lenda ainda correr por aí.
Finalmente, o ícone maior: Henry Fonda. Dele o próprio mestre disse que o seu andar era o Cinema. Alto, mas não tão alto quanto Wayne e Stewart, magro e duro, não hesita em juntar às palavras a brusquidão dos seus golpes. Calmo, escuta sempre primeiro antes de executar alguma coisa. E apenas dá a sua opinião quando a todos escutou.
Alguma ligação entre estes três? Uma imensa: a certeza. A certeza de uma vida demasiado efémera para ser desperdiçada, a certeza da vitória da justiça humana, a certeza no carácter humano, uma certeza tão forte que os leva mais longe, sempre buscando dúvidas para atingirem o fim da certeza: a vida em toda a sua plenitude. Todos homens. Todos os homens.
A mulher
Para ela não há actrizes nem tercetos. A mulher é uma só.
Normalmente chega de uma viagem, com o pai ou mesmo sozinha. Elegante e bela, fala com um tom calmo, não segura mas certa de encontrar ouvidos que devidamente sintam o mesmo que ela. Lentamente, tenta mudar o carácter bruto daqueles que a rodeiam, excepto quando encontra alguém esculpido em ferro ou pedra. Aí apaixona-se, passando ela a ter certezas e ele dúvidas.
Por vezes vítima, outras vezes apenas companheira, mas sempre diferente de todas as outras mulheres. Uma das vezes inexistente como amante mas certa como mãe. Aliás, foi mais do que uma vez.
O baile
Com Wayne sempre foram encontros violentos. E por isso mesmo inesquecíveis. Firme, abraça a sua mulher e obriga-a (apesar de nunca a termos ouvido dizer que tinha sido obrigada) a dançar, por vezes até a casar com ele. Ela, excitada com o seu amor tímido e violento, deixa que ele a rodeie com o seu braço. Wayne tem a certeza, ela a beleza. E só uma vez não foi ele bem sucedido.
Stewart tem o dom da palavra e da sinceridade. Ela, encantada com a sua beleza e justiça, deixa-se levar. Com Stewart é um compromisso firme e seguro. Ela nunca o abandonará apesar de não ter ainda as certezas dele. Mas de uma coisa está certa: ele provará a todos que tem razão, mesmo quando à verdade prefere a lenda.
Com Fonda tudo é inesquecível. Criança-homem, veste o seu fato de domingo, o seu único fato, para a levar ao mais surreal, logo inesquecível baile já visto no Cinema (todo o surrealismo é uma constante luta contra o esquecimento). Numa igreja semi-construída, Fonda leva-a a dançar de manhã. Ela finalmente está segura e certa com Fonda. E assim tem um nome: a querida Clementine. E Fonda, quando se despede dela, sabe que ela para sempre o vai esperar. É ela a sua certeza não concretizada, é ela a sua dúvida eterna, a sua vida.
E quando nenhuma amante surge no seu caminho, eis a mãe, entidade terrena que sabe não poder substituir uma amante, mas que tem a certeza firme de ser insubstituível. Por fim reúnem-se todos no baile: os três com uma única mulher, dançando por turnos e esperando impacientemente a sua vez. Os três? No fim, como num sonho, só me vejo a mim, a dançar, com a minha querida Clementine. E disso tenho a certeza.
«Avante!» Nº 1428 - 12.Abril.2001