24/10/2017

8.960.(24ouTUbro2017.7.7') Viet Thanh Nguyen

Nasceu a 13MARço1971
***
Nasceu no Vietname  e cresceu nos Estados Unidos. Escreve para o Los Angeles Times e leciona literatura inglesa e cultura americana e etnia na Universidade do Sul da Califórnia. É editor do blog Diacritics.org, que fala de arte, cultura e política vietnamitas da diáspora. Este é seu primeiro romance.
https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=05554
***
"Toda guerra se trava duas vezes, a primeira no campo de batalha, a segunda na memória"
***
21jul2017
"Cresci a saber que era um refugiado e que ser refugiado era ter uma identidade problemática nos Estados Unidos"
"Sou um espião, um infiltrado, um malsim, um homem de duas faces", apresenta-se na primeira frase do livro, 
reveladora da duplicidade de carácter facilitadora da sua actividade e que serve ao autor para montar uma narrativa 
focada no elemento desagregador de todas as guerras, em particular, a do Vietname. "Queria uma personagem que me
 permitisse falar do quanto esta guerra dividiu. Falar da guerra do Vietname não é apenas falar daquela guerra 
específica, mas do que está ligado a ela e inclui a colonização francesa, o racismo europeu face aos asiáticos e o 
grande confronto entre capitalismo e comunismo.











A narrativa desta guerra - e a de outras guerras - aproxima sempre quem a lê de um dos lados. "Tentei ultrapassar 
essa limitação criando uma personagem que incorporasse todas estas componentes, fosse capaz de ver as coisas a 
partir dos dois lados, mas também se sentisse dividida em relação a si mesmo. É uma personagem com simpatia 
pelos dois lados, pelo modo como cada um vê a sua tragédia. Tem duas faces. Literalmente, porque descende
 de um francês e de uma vietnamita, mas também de modo figurativo, porque está a sempre a mostrar caras 
diferentes a pessoas diferentes e a viver uma vida de disfarce e subterfúgio. Parte do romance fala do dilema da
 identidade. Saberá ele quem é? Quis uma dimensão universal porque a maior parte de nós sente muitas divisões, 
estamos muitas vezes a pôr máscaras, a sofrer secretamente acerca do que somos." 





Vietnamita de origem, cresceu na Pensilvânia, tornouse “muito americano”, mas ao mesmo tempo sentindo-se vietnamita. Enquanto se tornava americano, pensava: “sou estranho!”
https://www.publico.pt/2017/07/21/culturaipsilon/noticia/vietname-uma-tragicomedia-moral-1779491
***
13seTEMbro2017
O autor vietnamita ganhou o Pulitzer de Ficção com este romance de estreia, que chegou agora às livrarias portuguesas
Com O Simpatizante, o seu primeiro livro, Viet Thanh Nguyen (n. 1971) ganhou o Pulitzer de Ficção 2016. Nguyen tem origem vietnamita, mas radicou-se com a família nos Estados Unidos quando se deu a queda de Saigão. Depois deste romance publicou um ensaio sobre o Vietname. Antes havia publicado contos na imprensa. 

Sem surpresa, a intriga é um melting pot da actualidade, de histórias com referentes biográficos que Nguyen terá ouvido aos pais (ele era uma criança de 4 anos quando deixou o país onde nasceu), e de metaficção. Um compósito de livro de espionagem apimentado por reminiscências da guerra, e de busca de identidade num país novo.

O narrador anónimo é um oficial vietnamita refugiado em Los Angeles, doublé de espião e proprietário de uma loja de bebidas, um intelectual (autor de uma tese sobre Graham Greene), enfim, um homem cheio de contradições, filho ilegítimo de um padre francês. A primeira frase diz tudo: "Sou um espião, um infiltrado, um malsim, um homem de duas faces. Não será porventura uma surpresa que também seja um homem de duas mentes." O segundo parágrafo abre com a famosa citação de Eliot: "Abril, o mês mais cruel." Saigão, a terra devastada, implodia com fragor. 

Na precipitação da retirada de Saigão, veio tudo: gente comum, militares de alta patente sul-vietnamitas, agentes duplos, informadores de Thang, os pais de Nguyen, uma das centenas de famílias que foram instaladas em Fort Indiantown Gap, um campo de refugiados na Pensilvânia. 

Não admira que Nguyen utilize o livro para, ao mesmo tempo que exorciza os fantasmas do narrador (que volta ao Vietname para defender os seus ideais), revisita a América profunda dos anos 70 e 80: cinema, música, tiques geracionais. Tudo sem ignorar as previsíveis comparações com o Vietname, personalidade das mulheres incluída. A actualidade está presente ao longo da narrativa: "Recostado na sua cadeira de junco, com uma t-shirt branca e umas calças de caqui, e os tornozelos perfeitos à mostra porque não usava meias com os sapatos de vela, era tão coolcomo um gelado…" Em suma, a escrita de Nguyen prende o leitor em velocidade cruzeiro. 
http://www.sabado.pt/gps/palco-plateia/livros/detalhe/critica-de-livros-o-simpatizante-de-viet-thanh-nguyen
***
22jul2017
É pouco habitual nos romances que vão surgindo nas livrarias existir a tensão que O Simpatizante provoca no leitor.
A guerra que dá início ao romance O Simpatizante teve início no ano de 1946, com o fim da colonização francesa de uma Indochina que se dividirá em Vietname
 do Sul e do Norte, e que só acabará no dia 30 de abril de 1975. Uma data que marcou ocupantes e ocupados e que, sendo dada como referência, mais nada significa pois continuaram as hostilidades por muitos meses (anos!) entre
 quem ficou no terreno.
Principalmente, porque o ocupante era uma potência mundial, os Estados Unidos da América, e vivia-se o tempo da Guerra Fria. Isso observa-se bem 
ao pegar-se no romance de Viet Thanh Nguyen, em que se sente logo o ambiente repleto de um odor a cobardia de quem não quer ser mais derrotado e foge.
O cenário, muito bem descrito do itinerário de fuga até ao aeroporto, mostra-nos uma capital que vai entrar numa zona negra da história e pessoas já
 marcadas e o leitor mais velho e o mais jovem culto irá ter sempre na cabeça a imagem dos últimos fugitivos de Saigão num helicóptero que aterra 
no topo das instalações da embaixada norte-americana da atual Cidade de Ho Chin Minh enquanto ler este romance. Será o grande símbolo do fim da
 história do Vietname que marcou sucessivas gerações de jovens soldados americanos e que o autor recupera por via de uma metáfora que em 
O Simpatizante é constante nas primeiras páginas, mas que à página 59 é flagrante no paralelismo entre o desaire que acontece ao último meio
 de fuga desde Saigão de 1975 e o que agora é recriado por Nguyen nesta narrativa.

https://www.dn.pt/artes/interior/as-memorias-intranquilas-de-viet-thanh-nguyen-8656294.html

***
24ouTUbro2017
«O Simpatizante», a aclamada estreia literária de Viet Thanh Nguyen, está hoje em destaque no programa O Livro do Dia, da TSF. Oiça aqui a leitura que Carlos Vaz Marques faz desta história de espiões, infiltrados, malsins, homens de duas faces. Já nas livrarias, «O Simpatizante» é um dos livros norte-americanos mais premiados dos últimos tempos. Venceu, entre outros, o Prémio Pulitzer para Ficção em 2016. Mais informações e primeiros capítulos para leitura imediata em www.elsinore.pt.

https://www.tsf.pt/programa/o-livro-do-dia/emissao/o-simpatizante-de-viet-thanh-nguyen-8865575.html?autoplay=true