26/05/2018

7.495.(26mAIo2018.11.11') 1820 Revolução Liberal...Guerra Civil (1826.1834) entre os irmãos D.Pedro IV e D.Miguel...


D. Pedro IV
 



Segundo filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, a morte de seu irmão primogénito, D. António, encaminhou-o para a herança da coroa de Portugal. 
A sua infância decorreria em ambiente carregado, entre o instável ambiente familiar e os acontecimentos sociais e políticos, desde os ecos da Revolução Francesa, às ameaças napoleónicas, culminando pela fuga da corte para o Brasil perante as invasões francesas (1807). Contava então 9 anos de idade e a sua educação decorreu à rédea solta, sem estudos sistemáticos. Sofria de epilepsia, elemento de grande importância a considerar na compreensão da sua personalidade. Educado sem «luzes excessivas», os anos depressa lhe atribuem funções cada vez mais elevadas. 
No Brasil casou com a arquiduquesa Leopoldina de Áustria, de quem teve dois filhos: D. Maria da Glória (1819) e D. Pedro (1825). A partir da revolução liberal portuguesa de 1820, os acontecimentos, quer no Brasil quer em Portugal, atropelam-se em ritmo acelerante para o feitio de D. João VI; por intimativas de Lisboa, nomeia regente do Brasil seu filho D. Pedro (devido à agitação popular no Rio, Pará e na Baía, de inspiração liberal) e volta a Portugal. Aqui, as Cortes Gerais, preocupadas com os acontecimentos brasileiros e a ascendência a reino da antiga colónia, pensam mandar o infante D. Pedro em viagem pela Europa. Mas antes que o regente do Brasil tomasse conhecimento, escreve ele a seu pai acerca das ideias de independência que alastravam no Brasil, e das quais D. Pedro viria a ser uma pedra fundamental: com efeito, a independência cobrir-se-ia com D. Pedro que, a dada altura, se teria convencido que em vez de movido, era o motor dos acontecimentos. 
Em 7 de Setembro de 1822, o regente proclamava formalmente a independência brasileira, junto ao lpiranga (estado de São Paulo), sendo, mais tarde, proclamado imperador do Brasil. Quando em 1826, D. João VI morre imprevistamente, e se abre o problema da sucessão, o imperador brasileiro passa a ser uma das personagens fundamentais do drama nacional, que principiou a desenrolar-se e que termina em 1834 com a vitória dos liberais. D. Pedro foi proclamado rei de Portugal, conforme as determinações paternais. No decurso do seu breve e longínquo reinado, confirma D. Isabel Maria na regência, e outorga aos seus súbditos uma Carta Constitucional e abdica, condicionalmente, em sua filha D. Maria da Glória, com a condição do casamento desta com seu tio D. Miguel, ausente em Viena de Áustria, e que devia jurar a Carta. Após a doação da Carta os acontecimentos precipitaram-se: em Portugal, D. Miguel começa a governar como rei absoluto (1827), os liberais expatriados, presos ou a espernearem nas forcas; no Brasil, o choque, cada vez mais patente entre os sopros dos ventos liberais, e o autoritarismo do imperador, arrasta-o à gradual perda de prestígio e à dramática abdicação em seu filho D. Pedro II (7-4-1831). 
Tendo abdicado duas coroas, o ex-imperador do Brasil e ex-rei de Portugal, reduzido ao título de duque de Bragança, abandona o Brasil e dirige-se para a Europa com a filha D. Maria II, rainha de nome, por cujo trono se batiam os liberais portugueses espalhados pela Europa, ou reunidos na ilha Terceira. O duque de Bragança decide empenhar-se pessoalmente na solução do pleito e a 3 de Março de 1832 assume a regência e nomeia um ministério do qual faz parte Mouzinho da Silveira. Data de então a fase decisiva da luta entre liberais e absolutistas, caracterizada, fundamentalmente, pela revolucionária legislação de Mouzinho e pelo entusiasmo e abnegação de D. Pedro, na preparação da expedição militar que, dos Açores, chegará às costas portuguesas (no Norte, próximo de Mindelo), para sentar no trono a jovem soberana e impor a Carta. E nos longos meses do cerco do Porto que o regente, não obstante os defeitos de carácter e de educação, dá a plena medida da pertinácia e dedicação pela causa que encabeçava. A convenção de Évora Monte põe fim a esta cruel guerra civil, e exila o rei absoluto. Pouco mais viveria D. Pedro: só o tempo suficiente para ver as Cortes reunidas de acordo com a carta, tendo falecido 4 dias após o começo do reinado de D. Maria II; apenas com 36 anos. Apaixonado, incoerente e corajoso, o nome e a actuação de D. Pedro são indissociáveis da experiência liberal portuguesa, que assinala o início do Portugal contemporâneo: mal ou bem, melhor ou pior, o possível Portugal contemporâneo e europeu principiou aí.

Ficha genealógica:
D. Pedro IV nasceu no Palácio de Queluz a 12 de Outubro de 1798, recebendo o nome de Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Serafim de Bragança e Bourbon, tendo falecido no mesmo palácio, a 24 de Setembro de 1834, foi sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora, sendo transladado para o Brasil em 1972.
Foi o 1.º imperador do Brasil, de 1822 a 1831, abdicando do trono para vir à Europa defender os direitos de sua filha D. Maria da Glória ao trono português.  Guardou então para si o título de duque de Bragança.
Casou em 1817 com D. Maria Leopoldina Josefa Carolina, que nasceu a 22 de Janeiro de 1797, e faleceu no Rio de Janeiro, a 11 de Dezembro de 1826, filha de Francisco I e de D. Maria Teresa, últimos imperadores do Sacro Império Romano Germânico , e primeiros da Áustria.
Do casamento nasceram:
1. D. Maria da Glória, que sucedeu no trono;
2. D. Miguel. Nasceu e faleceu no Rio de Janeiro, a 24 de Abril de 1820;
3. D. João Carlos. Nasceu no Rio de Janeiro a 6 de Março de 1821, e faleceu na mesma cidade a 4 de Fevereiro de 1822;
4. D. Januária Maria. Nasceu no Rio de Janeiro, a 11 de Março de 1822, e faleceu em Nice, França, em 13 de Março de 1901. Casou em 1844 com Luís Carlos Maria José de Bourbon, nascido em Nápoles, a 19 de Julho de 1824, e morreu em Paris, a 5 de Março de 1897, filho de Francisco I, rei das Duas Sicílias;
5. D. Paula Mariana. Nasceu no Rio de Janeiro, a 17 de Fevereiro de 1823, e faleceu na mesma cidade, em 16 de Janeiro de 1833;
6. D. Francisca Carolina. Nasceu a 2 de Agosto de 1824, no Rio de Janeiro, e morreu em Paris, a 27 de Março de 1898. Casou em 1843 com Francisco Armando Filipe Luís Maria de Orléans (1818-1900), filho de Luís Filipe e de D. Maria Amélia, reis dos Franceses, e príncipe de Joinville e duque de Pentièvre;
7. D. Pedro. Nasceu no paço de São Cristóvão do Rio de Janeiro, a 2 de Dezembro de 1825, tendo recebido o nome de Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Rafael Gonzaga, tendo falecido em Paris a 5 de Dezembro de 1891. Foi sepultado no Panteão de S. Vicente de Fora, tendo sido transladado para o Brasil, estando sepultado na catedral de Petrópolis.
Ascendeu ao trono do Brasil, por abdicação de seu pai, em 7 de Abril de 1831. Casou em 1843 com D. Teresa Cristina de Bourbon, nascida em Nápoles no dia 14 de Março de 1822, tendo falecido no Porto em 28 de Dezembro de 1889, filha de Francisco I, rei das Duas Sicílias, e de D. Maria Isabel de Bourbon, com geração.
D. Pedro IV casou em segundas núpcias, em 1829, com D. Amélia de Beauharnais, nascida em Milão em 31 de Julho de 1812, e falecida em Lisboa, no Palácio das Janelas Verdes, em 26 de Janeiro de 1873, filha de Eugénio de Beauharnais, então vice-rei de Itália, filho do primeiro casamento de Josefina, Imperatriz dos Franceses, e da princesa Augusta Amélia, filha de Maximiano José I, rei da Baviera.
Do casamento nasceram:
8. D. Maria Amélia. nasceu em paris, a 1 de Dezembro de 1831, e morreu no Funchal, a 4 de Fevereiro de 1853, sendo sepultada na quinta do Lambert e mais tarde transladada para o Panteão de S. Vicente de Fora. Morreu solteira;
9. Vários filhos de outras ligações.

Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976 Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, Volume VII: A Instauração do Liberalismo (1807-1832), e
História de Portugal, Volume VIII: Do Mindelo à Regeneração (1832-1851)
Lisboa, Verbo, 1984 e 1986
Nobreza de Portugal, vol. I
Lisboa, Editorial Enciclopédica,

 http://www.arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/pedro4.html
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D. Miguel




D. Miguel









































Terceiro filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina. Regressou à Metrópole com a corte vindos do Brasil no momento em que se ensaiava no País a primeira experiência liberal à qual a rainha e os seus apoiantes reagiram vivamente por manejos anti-revolucionários.
D. Miguel tomou o partido da mãe e hostilizou o pai assumindo atitudes políticas cada vez mais definidas, tendo encabeçado o Partido tradicionalista. Foi o executor dos movimentos da Vila-Francada e da Abrilada. O primeiro constituiu um espectacular triunfo político que o elevou a comandante-chefe do exército português. Após o segundo o rei demite o filho do alto posto ocupado e ordena o seu exílio.
Vive quatro anos em Viena de Áustria. D. Pedro IV, após a morte de D. João VI, herdeiro do trono e já imperador do Brasil, outorga a Carta Constitucional e abdica em sua filha D. Maria da Glória que casaria, uma vez chegada à maior idade, com D. Miguel seu tio. O país era governado por uma regência da presidência da infanta D. Isabel Maria. D. Miguel aceitou tudo quanto lhe foi proposto: jurou a Carta, celebrou esponsais com a sobrinha, protestou respeito e obediência a D. Pedro e à regente – e esperou. Malogrado o projecto de deslocar D. Miguel para o Brasil D. Pedro IV nomeia-o seu lugar-tenente em Portugal.
Chegado a Lisboa jura de novo a Carta, assume a regência e nomeia novo ministério. Dias depois dissolve as Câmaras. Da reunião das Cortes, para isso especialmente convocadas, resulta a aclamação de D. Miguel como rei absoluto. Após a assinatura da Convenção de Évora-Monte, que pós termo à guerra civil derimida a favor de D. Pedro e dos liberais, D. Miguel terminou o breve e contestado reinado regressando ao exílio donde não mais voltou.

Ficha genealógica:
D. Miguel nasceu no Palácio de Queluz, a 26 de Maio de 1802, recebendo o nome de Miguel Maria do Patrocínio João Carlos Francisco de Assis Xavier de Paula Pedro de Alcântara António Rafael Gabriel Joaquim José Gonzaga Evaristo, e faleceu em Carlsruhe, na Alemanha, a 14 de Novembro de 1866. Está sepultado no Convento dos Franciscanos de Engelberg.
Casou em 1851 com a princesa Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rosenberg, nasceu em Kleinhenbach, a 3 de Abril de 1831; faleceu em Cowes, Inglaterra, a 16 de Dezembro de 1909, filha do príncipe Constantino José e de sua mulher Maria Luísa Henriqueta, princesa de Hohenlohe-Langenburgo.  Do casamento nasceram:
1. D. Maria das Neves. Nasceu no Castelo de Heubach, a 5 de Agosto de 1852; faleceu em Viena de Áustria, a 15 de Fevereiro de 1941. Casou a 26 de Abril de 1871 com o príncipe D. Afonso Carlos de Bourbon, que nasceu em Londres, a 12 de Setembro de 1849, e faleceu em Viena, a 29 de Setembro de 1936, pretendente carlista à coroa de Espanha;
2. D. Miguel, herdeiro legitimista à coroa de Portugal, com o título de D. Miguel II. Nasceu em Kleinenbach, a 19 de Setembro de 1853; faleceu em Seebenstein, na Áustria, a 11 de Outubro de 1927). Casou em 1877 com a princesa Isabel de Thurn e Taxis (n. em 28 de Maio de 1860; f. a 7 de Fevereiro de 1881), filha do príncipe Maximiliano de Thurn e Taxis e de sua mulher, a princesa Helena, duquesa na Baviera. Casou em segundas núpcias, a 7 de Novembro de 1893, com a princesa Maria Teresa Sofia Pia Ana Melchiora (n. em Roma, a 4 de Janeiro de 1870; f. em Viena, a 16 de Janeiro de 1935), filha do príncipe Carlos de Loewenstein-Wertheim-Roserrberg e da princesa Sofia de Liechstein. Com descendência dos dois casamentos.
3. A infanta D. Maria Teresa. Nasceu em Kleinheubach, a 24 de Agosto de 1855; faleceu em Viena, a 12 de Fevereiro de 1944). Casou a 23 de Julho de 1873 com Carlos Luís de Habsburgo (n. em Schoenbrunn, a 30 de Julho de 1833; f. em Viena, a 19 de Maio de 1896), arquiduque de Áustria e príncipe real da Hungria, irmão do imperador Francisco José. Com descendência.
4.  A infanta D. Maria José. Nasceu em Bronnbach, a 19 de Março de 1857; faleceu em Viena, a 11 de Março de 1943). Casou a 29 de Abril de 1874 com Carlos Teodoro, duque da Baviera (n. em Possenhofen, a 9 de Agosto de 1839; £ em Kreuth, a 30 de Novembro de 1909), filho do duque Maximiliano e da duquesa Luísa, princesa real da Baviera. Com descendência.  
5.  A infanta D. Aldegundes. Nasceu. em Bronnbach, a 10 de Novembro de 1858; faleceu em Gunten, na Suíça, a 15 de Abril de 1946). Casou em 15 de Outubro de 1876 com Henrique de Bourbon-Parma (n. em Parma, a 12 de Fevereiro de 1851; f. em Menthon, a 14 de Abril de 1905 ), conde de Bardi e filho de Carlos III, duque de Parma, e de sua mulher a duquesa Luísa de Bourbon-Artois. Sem descendência.
6. A infanta D. Maria Ana. Nasceu em Bronnbach, a 13 de julho de 1861; faleceu. em Nova Iorque, a 31 de Julho de 1942). Casou em 21 de Abril de 1893 com Guilherme Alexandre (n. Biebrich, a 22 de Abril de 1852; f. em Berg, a 25 de Fevereiro de 1912), filha do grão-duque Adolfo e de sua mulher Adelaide, grã-duquesa do Luxemburgo. Com descendência.
7.  A infanta D. Maria Antónia. Nasceu em Bronnbach, a 28 de Novembro de 1862; faleceu em Berg, no Luxemburgo, a 14 de Maio de 1959). Casou em 15 de Outubro de 1884 com Roberto de Bourbon (n. em Florença, a 9 de Julho de 1848; f. em Pianore, a 16 de Novembro de 1907), filho de Carlos III e de Luísa, duques de Parma. Com descendência.
Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976 Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, Volume VII: A Instauração do Liberalismo (1807-1832),
História de Portugal, Volume VIII: Do Mindelo à Regeneração (1832-1851) e
História de Portugal, Volume IX: O Terceiro Liberalismo (1851-1890)
Lisboa, Verbo, 1984, 1986.
Internet:
Miguel, D. - Entrada no Portugal - Dicionário histórico

 http://arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/miguel.html
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26mAIo1834...A Convenção de Évora Monte põe fim à Guerra Civil, marcando a vitória do Liberalismo de D. Pedro IV.
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/05/26-de-maio-de-1834-convencao-de-evora.html?spref=fb&fbclid=IwAR0rG8Rc2XjXf137NLHaYcu5qN7FN3qee-Rt9Z94GDlG2d8UeOFhu5e-rog
Assim ficou conhecida a convenção, que pôs termo à luta entre os exércitos de D. Pedro e D. Miguel, celebrada entre liberais e absolutistas, e assinada em 26 de Maio de 1834, pela qual D. Miguel se obrigou, perante a Grã-Bretanha, a Espanha e a França, a fazer depor as armas ao seu exército.
Os miguelistas haviam ficado completamente desanimados, quando em Santarém souberam da derrota que sofreram na batalha de Asseiceira, e muitos oficiais abandonaram a causa absolutista levando consigo muitos soldados; o próprio coronel dos dragões de Chaves, que era compadre de D. Miguel e lhe devia muitos favores, desertou com quase todo o regimento, indo apresentar-se ao marechal Saldanha. O procedimento deste militar foi censurado até pelos próprios liberais. As relíquias do exército de D. Miguel, abandonando as fortes posições de Santarém, atravessaram o Tejo em direcção a Évora, onde houve ideia de tentar a sorte das armas, porque as tropas miguelistas ainda ascendiam a dezanove mil homens, mas completamente desmoralizados por sucessivas derrotas.
E conhecendo a ineficácia de prolongar a resistência, foi resolvido assinar-se a convenção, a qual contém nove artigos: o 1.º concede amnistia a todos os delitos políticos cometidos desde 31 de Julho de 1826; o 2.º permite a livre saída de Portugal a todos os amnistiados; o 3.º garante aos militares os postos legalmente adquiridos; o 4.º dispõe que com os funcionários civis e eclesiásticos haja a consideração que merecerem por seus serviços e qualidades; o 5.º estabelece a dotação anual de 60.000$000 réis ao infante D. Miguel; o 6.º permite que o infante embarque no porto que escolher com a devida segurança para a sua pessoa e comitiva; o 7.º presume a obrigação de D. Miguel sair do reino no prazo de quinze dias com a declaração de não voltar mais à península; o 8.º estabelece que as tropas miguelistas entregarão as armas no depósito que for indicado; o 9.º dispõe que os regimentos e corpos de serviço de D. Miguel se dissolvam pacificamente.
A estes artigos foram aditados mais quatro, sendo os dois primeiros para que às autoridades, que ainda reconhecessem a autoridade do infante, fosse dada imediata ordem para se submeterem ao governo da rainha D. Maria II; o 3.º marcando o dia 30 para D. Miguel sair de Évora para o porto de Sines, onde devia embarcar, e o 4.º fixando o dia 31 para a entrega das armas no seminário de Évora. D. Miguel embarcou em 1 de Junho no referido porto, no vapor inglês Stag, que o transportou a Génova, acompanhando-o muitos dos seus partidários.
 wikipedia (imagem)
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16 de Maio de 1834: Guerra Civil, a Batalha de Asseiceira garante a vitória às forças liberais de D. Pedro IV.

A batalha da Asseiceira travou-se na povoação de Asseiceira, perto de Tomar, a 16 de Maio de 1834. Fez parte das guerras civis entre liberais e miguelistas, onde estes últimos foram derrotados. Além de mortos e feridos em grande número, os absolutistas deixaram 1400 prisioneiros nas mãos dos liberais. D. Pedro, que abdicara da coroa brasileira em 1831, chegou à Terceira em 1832, proclamando-se aí regente do reino. Apesar da inferioridade de forças, as forças liberais seguiriam para o continente e, apesar de praticamente derrotadas com o Cerco do Porto de 1833, “contra-atacaram” em várias localidades do país: o Duque de Terceira e o Almirante Napier tomaram o Algarve; Saldanha ocupou o Porto e, partindo para sul, conquistou Leiria, Torres Novas e Pernes; Sá da Bandeira tentou apoderar-se do Baixo Alentejo, o Duque de Terceira, dominaria sucessivamente Trás-os-Montes, as Beiras e Coimbra, vindo a alcançar o seu maior triunfo na decisiva e difícil Batalha da Asseiceira, em 16 de Maio, onde desbaratou e pôs em fuga as tropas realistas e abriu caminho para a aproximação de Santarém e para a subsequente ocupação da cidade. Esta batalha pôs termo ao reinado de D. Miguel, obrigado a recolher-se a Évora Monte, onde foi assinada a paz e de onde o monarca partiu para o exílio.



Porque perdeu D. Miguel a batalha da Asseiceira?




(Artigo do Expresso)



Os dois exércitos partem para a batalha da Asseiceira em situações opostas. Os liberais tinham conseguido deslocar o eixo da guerra, do Porto (cercado desde 20 de Julho de 1832) para o Algarve (24 de Junho de 1833) e conseguido a supremacia naval na batalha do Cabo de São Vicente (5 de Julho de 1833).


Entraram em Lisboa (24 de Julho de 1833) e repeliram o contra-ataque à capital, dirigido pelo marechal Bourmont (Outubro de 1833). Avançaram pelo Ribatejo, vencendo os miguelistas em Pernes (30 de Janeiro de 1834) e Almoster (18 de Fevereiro).

Ambiente de traição




Em Almoster, o comandante da cavalaria miguelista tinha-a conduzido a uma armadilha e feito aprisionar os seus soldados antes da batalha sendo, depois, recompensado pelo comando liberal.

Em Braga, o oficial responsável pelas comunicações do exército de D. Miguel bandeara-se para o campo contrário, levando os códigos do telégrafo.

Daí em diante as comunicações eram interceptadas e decifradas, dando vantagem aos partidários de D. Pedro e aos seus comandantes, os duques de Saldanha e da Terceira.

Do lado miguelista consegue-se, ainda assim, pôr de pé, a 15 de Maio, uma força de 6.000 homens, apoiada por cavalaria e artilharia que estabelece uma posição defensiva de 2,5 km de frente, a sul de Tomar, tirando partido das colinas da Asseiceira (perto do actual nó de Tomar da A23).

O exército liberal, estabelecido em Tomar, avança para sul, a 16 de Maio, ao nascer do sol. A guarda-avançada miguelista retarda o avanço contrário sobre Santa Cita até às nove da manhã, altura em que os liberais conquistam a aldeia e formam em três colunas para conquistarem as elevações guarnecidas pela artilharia contrária.

O fogo da artilharia e das armas ligeiras enche o vale de fumo e reduz a visibilidade. António Ventura citou o testemunho de um combatente segundo o qual "parecia que a própria charneca estava a arder". É o momento em que um golpe de audácia pode resolver uma batalha indecisa. O general miguelista Guedes de Oliveira manda avançar a cavalaria.

Cavalgada heróica




Esta era comandada pelo oficial francês Puisseux, um homem alto, de uma coragem lendária e com a cara traçada por uma cicatriz, recebida em Santo Tirso. Invectiva os seus 250 cavaleiros - em mau português, como contou o conferencista - e comanda uma carga que obriga a infantaria liberal a retroceder, até porque os Lanceiros da Rainha recuam, também.

A vitória parece certa mas, ao chegarem ao alto de uma colina, deparam, lá em baixo, com os soldados do coronel Vicente Queirós, um dos melhores operacionais de D. Pedro. Estas forças de reserva não fogem, formam em linha e disparam sucessivas salvas.



Pussieux é mortalmente ferido. Nem sempre a morte do comandante que lidera um ataque desmoraliza as tropas mas neste caso, o ímpeto estava definitivamente quebrado e a iniciativa voltava a pertencer aos liberais.

Retirada para Évora



A partir daqui o exército de D. Miguel retira sobre Évora. Recebe reforços importantes vindos do Algarve e Alentejo (parcialmente dominados pelos absolutistas nas zonas rurais) e junta 10.000 homens. Sendo Évora indefensável, tem duas hipóteses: retirar para as fortificações de Elvas, cuja guarnição lhe continua fiel, ou, como escreverá mais tarde nas suas memórias Charles Napier, o almirante britânico ao serviço dos liberais, ter a audácia de avançar sobre Madrid e juntar-se às forças carlistas espanholas que, desde Outubro de 1833, se tinham rebelado contra o governo liberal.

De resto, o pretendente absolutista ao trono espanhol, o auto-proclamado Carlos V, estará em Portugal até à derrota de D. Miguel.Mas, como referiu António Ventura, os generais miguelistas vão puxar o tapete ao rei e "negociar a paz nas suas costas". Em "A Brasileira de Prazins", Camilo Castelo Branco descreverá, mais tarde, um diálogo entre dois partidários de D. Miguel: "o rei deve saber o que lhe valeram o Bourmont e o Pussieux e o MacDonnell, no fim da campanha. Sabes tu? - rematou o morgado - aqui anda marosca..."
Em Espanha a guerra civil vai prosseguir até 1839 com um resultado final idêntico ao português mas num cenário simétrico: o governo central e o exército eram liberais, enquanto os absolutistas dominavam o campo e tiveram que formar um exército a partir de milícias "e de oficiais carlistas saneados".

Guerra continua em Espanha

Muitos dos estrangeiros que tinham lutado em Portugal vão, agora, combater em Espanha, uns ao serviço de liberais, outros dos absolutistas. Uma divisão portuguesa combaterá ao lado dos liberais espanhóis, retribuindo o apoio militar prestado em 1834, quando tropas espanholas tinham entrado por Almeida e pelo Alentejo para pressionar D. Miguel.
Os franceses, quase todos realistas, combatem nos dois campos: durante o cerco do Porto, os liberais chegaram a ser comandados por Solignac e os miguelistas por Bourmont.
Sendo os governos francês e britânico da época partidários da monarquia constitucional e tendo assinado a Quádrupla Aliança com os liberais portugueses e espanhóis, o apoio internacional a esta causa estava garantido.
As leis francesas e inglesas proibiam o envolvimento de oficiais em conflitos estrangeiros, razão pela qual muitos dos envolvidos, como por exemplo Napier, usaram pseudónimos.
A diferença é que os franceses que lutavam no campo absolutista arriscavam sanções mais pesadas, por estarem a contrariar a política peninsular dos respectivos governos.
Fontes: Expresso
Batalha de Asseiceira. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
Ficheiro:Liberal Wars.jpg
Caricatura representando D. Pedro  e D. Miguel  a disputar  a coroa portuguesa, por Honoré Daumier1833.

 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/05/16-de-maio-de-1834-guerra-civil-batalha.html?spref=fb&fbclid=IwAR3K_RkuHDMxi4q_vl8AdZyD21e7a4P3V3VgRgi7vjbnkXBcAXtC0LiUFcU
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18 de Fevereiro de 1834: Guerra Civil em Portugal. As forças liberais de D. Pedro IV batem as tropas absolutistas na Batalha de Almoster.

A Batalha de Almoster, foi travada a 18 de Fevereiro de 1834, batalha onde as tropas liberais, comandadas pelo Marechal Saldanha, venceram as tropas absolutistas comandadas pelo General Lemos.

Santarém era o fulcro da guerra civil, mas o perigo miguelista não existia apenas nessa cidade. Apesar de várias vitórias liberais, a cidade de Santarém continuava a resistir, e no Norte as províncias de Trás-os-Montes, Minho e Beira-Alta estavam ainda em poder de D. Miguel.



Foi então que o Marechal Saldanha, comandante das forças liberais, estabeleceu o plano de, sem deixar de manter o cerco de Santarém, atacar com uma parte das suas tropas as cidades de Leiria e Coimbra, o que teria por efeito isolar os miguelistas que resistiam em Santarém. As tropas de Saldanha fizeram a sua junção, em Rio Maior, com as que ele mandara vir de Lisboa. Os efectivos não excediam quatro mil e quinhentos homens, mas a 16 de Janeiro de 1834 foi lançado, por dois lados, o ataque a Leiria. Vendo-se na iminência de ficar com a retirada cortada, os miguelistas abandonaram sem demora o Castelo de Leiria e tentaram refugiar-se em Coimbra. Nos primeiros dias de Fevereiro, o General Lemos, comandante das tropas miguelistas, pôs em execução um plano para atacar os liberais que ocupavam Pernes e os que cercavam Santarém.



Prevendo a possibilidade de tal tentativa, Saldanha tomou as precauções necessárias, fazendo com que o plano falhasse. Lemos estabeleceu um novo projecto, que se baseava num ataque fulminante à Ponte de Asseca, em poder dos liberais, a fim de abrir caminho para Lisboa, onde deveria eclodir a revolução miguelista. Na madrugada de 18 de Fevereiro, as cerca de 4000 tropas do general Póvoas marcharam sobre Ponte de Asseca, enquanto Lemos com cerca de 4500 homens avança pelo norte em direcção a Almoster e Santa Maria. O terreno era extremamente difícil, pois formava um desfiladeiro estreito, entre colinas cobertas de mato denso. Mas Saldanha, compreendendo os intuitos de Lemos, havia-se preparado para lhe fazer frente. Deixando avançar os miguelistas sem lhes opor resistência, conseguiu que eles, confiantes e supondo-se já senhores da situação, entrassem no desfiladeiro que constituía uma autêntica ratoeira.



Com os batalhões de caçadores nº2 e nº12, o coronel Queirós cortou a retirada dos miguelistas para a ponte de Santa Maria, ao passo que, com os regimentos de infantaria nº3 e nº6, ficando o nº1 de reserva, o brigadeiro Brito lançava uma impetuosa carga à baioneta. Saldanha comandava pessoalmente Infantaria nº1, o mesmo regimento que comandara na célebre carga do Buçaco, e esperava a ocasião de intervir.

Só nessa altura os soldados de D. Miguel compreenderam a terrível situação em que se encontravam. A derrota foi total, e as perdas dos absolutistas excederam um milhar de homens.

A Batalha de Almoster significou o desmoronar de todas as esperanças do irmão de D. Pedro IV.
Fontes: wikipedia
Batalha de Almoster. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014


O Marechal  Saldanha
Ficheiro:General Lemos.jpg
O General Lemos
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Elaina Carla Silva Xavier

Ninguém morre de fome em Portugal? – Pobreza e mobilidade social na obra de Eça de Queirós (1878 – 1888)
 https://pt.scribd.com/document/280522234/Ninguem-Morre-de-Fome-Em-Portugal-Pobreza-e-Mobilidade-Social-Na-Obra-de-Eca-de-Queiros-1878-1888-2010
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24 de Julho de 1833: Guerra Civil. As tropas liberais do Duque da Terceira entram em Lisboa

No dia 24 de Julho de 1883, as tropas liberais de D. Pedro IV, comandadas pelo Duque da Terceira, entraram vitoriosamente em Lisboa, tendo desembarcado no Algarve e atravessado o Alentejo sem dispararem um único tiro.

Lisboa foi entregue ao comandante-chefe liberal, o Duque da Terceira, pelo Duque de Cadaval, antigo primeiro-ministro do rei D. Miguel, a 24 de Julho de 1833.

Na verdade, as tropas de D. Miguel tinham abandonado Lisboa de madrugada, tendo a capital sido libertada das tropas absolutistas. Durante a noite anterior, tomados de súbito pânico, Nuno Caetano Álvares Pereira de Melo,  6.º duque de Cadaval, que encabeçava o ministério miguelista, e os restantes ministros decidiram abandonar Lisboa sem opor resistência. Num dos episódios mais estranhos de toda a guerra, o duque de Cadaval, comandante do exército miguelista em Lisboa, organizou uma grande parada militar que se dirigiu para norte, sem ter sequer entrado em combate. As forças do duque da Terceira entraram na cidade a 24 de Julho, sendo entusiasticamente recebidas como libertadoras. Dois dias depois, chegava Charles Napier com a esquadra que vinha bloquear o Tejo, operação tornada desnecessária pela reviravolta entretanto ocorrida.

Um ano depois, em 1834, é a vez de todo o território ser libertado e D. Miguel exilado.

Em 1878, a Câmara Municipal de Lisboa decide chamar Rua 24 de Julho à parte do aterro ocidental que começa na Praça D. Luís I e termina no caneiro de Alcântara. A alteração de rua para avenida foi feita a 18 de Outubro de 1928.

Em 1860 teve início a construção da estátua (da autoria de José Simões de Almeida e de António Gaspar)  em homenagem a António José de Sousa Manuel Menezes Severim de Noronha, sétimo conde de Vila Flor e duque da Terceira (título que recebeu por ter encabeçado a resistência liberal na ilha Terceira). 

A inauguração (1877) coincidiu com a comemoração do 44.º aniversário do desembarque do duque da Terceira em Lisboa, à frente das tropas liberais.
Trata-se de uma estátua de bronze, com altura de 3,30m, onde a figura do duque é representada em traje militar, de rosto sóbrio e numa posição de chefia e comando. A estátua encontra-se na Praça Duque da Terceira, no Cais do Sodré.
wikipedia (imagens)

O Duque da Terceira
O Duque da Terceira em 1850
Estátua em homenagem ao Duque da Terceira
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8 de Julho de 1832: Guerra Civil - Desembarque do Mindelo. A esquadra de D. Pedro atinge a praia do Mindelo, em Vila do Conde.

Foi um dos acontecimentos mais importantes das Lutas Liberais. Organizados no exílio, nomeadamente em Inglaterra, e depois nos Açores (onde as fileiras foram engrossadas por voluntários locais), os partidários de D. Pedro desembarcaram na praia do Pampelido, nos arredores do Mindelo, a 8 de julho de 1832, e dirigiram-se para o Porto. O desembarque que sucedeu a Norte da cidade do Porto durante a tarde do dia 8 de Julho de 1832 permitiu que no dia seguinte o “exército libertador” a tomasse de surpresa ao exército miguelista que entretanto se reorganizou e submeteu as forças liberais a prolongado cerco – o também célebre Cerco do Porto – até à capitulação de D. Miguel e à “Convenção de Évora Monte” que pôs termo à Guerra Civil portuguesa.
Embora a designação de “Desembarque do Mindelo”, consagrada pela tradição, não seja historiograficamente a mais correcta para situar o evento já que ele teve lugar não na Praia do Mindelo mas, à segunda tentativa, na Praia dos Ladrões, em Arnosa de Pampelido, não deixa de ser curiosa a expressão que deste mesmo evento ainda ecoa na memória dos portugueses, a dos “bravos do Mindelo” expressão que pretende glorificar as forças liberais que participaram no desembarque e na tomada do Porto como os vencedores das guerras liberai.Na sua maior parte, os comandantes eram oficiais ingleses. No desembarque participaram o próprio príncipe e muitos homens que iriam marcar a vida portuguesa nas décadas seguintes, como Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque e Alexandre Herculano.

Fontes: Infopédia

wikipedia (imagens)
Landing of liberal forces in Oporto.jpg
Desembarque das forças liberais no Porto em 8 de julho de 1832
Padrão comemorativo da primeira tentativa de desembarque na Vila do Conde
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11 de Julho de 1828: D.Miguel é aclamado rei de Portugal

Terceiro filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz, a 26 de outubro de 1802, e morreu em Brombach, a 14 de novembro de 1866. Vigésimo nono rei de Portugal (1828-1834), ficou conhecido pelos cognomes o Usurpador e o Absolutista.

Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, em 1807, com a família real para o Brasil, de onde regressou acompanhado dos pais em 1821, tendo ficado o seu irmão D. Pedro a governar o Brasil.

Durante a sua estada no Brasil deram-se em Portugal acontecimentos que viriam a condicionar a sua ação, como a Conspiração de 1817 e, sobretudo, a Revolução liberal de 1820. Regressou a Lisboa a 3 de julho de 1821, quando o liberalismo dava os seus primeiros passos no nosso país, facto que provocou em D. Carlota Joaquina uma forte reação, apoiando a rainha os adversários do regime nascido em 1820. Depressa o infante assume a chefia dos partidários do antigo regime, aglutinados em volta de sua mãe. Assim, esteve à frente dos movimentos contrarrevolucionários da Vila-Francada (1823) e da Abrilada (1824).

A Vila-Francada conduziria à dissolução das Cortes liberais e ao fim da vigência da Constituição de 1822, acabando por redundar numa vitória política que elevaria D. Miguel a comandante-chefe do exército português. A Abrilada só não teve sucesso mercê da intervenção de diplomatas estrangeiros acreditados em Lisboa. Após o golpe, D. João VI demite o filho do alto cargo que ocupava desde a Vila-Francada e D. Miguel deixa o país, fixando-se em Viena de Áustria, onde permaneceria por quatro anos.

Aquando da morte de D. João VI, em 10 de março de 1826, D. Miguel escreve para o Brasil, afirmando aceitar D. Isabel Maria como regente do reino e seu irmão como legítimo herdeiro do trono. Numa tentativa de conciliação, D. Pedro IV abdica do trono português a favor de sua filha D. Maria da Glória, na dupla condição de ser jurada a Carta Constitucional e de sua filha casar com o tio, D. Miguel. Este não só celebra os esponsais com a sobrinha como jura a Carta Constitucional outorgada por seu irmão.

Chegado a Lisboa em fevereiro de 1828, D. Miguel jura novamente a Carta. Porém, decorrido pouco tempo, falta ao compromisso assumido com seu irmão, nomeia um novo ministério, dissolve as Câmaras e, convocadas as cortes à maneira antiga, é proclamado, pelos três estados do reino, rei absoluto. São sufocados os focos de reação antimiguelista. Os liberais emigram em massa e os que ficam são alvo do terror miguelista; são presas ou degredadas milhares de pessoas, e muitas são sumariamente executadas.

Os exilados, após se reunirem nos Açores (Ilha Terceira), sob os auspícios de D. Pedro, seguem para o norte do país. Em junho desembarcam no Pampelido e daí seguem para o Porto, onde sofreriam um longo e penoso cerco. Dá-se, pois, início a uma guerra civil que se prolongaria por dois anos (1832-1834) e que levaria ao trono D. Maria II. Verificando a impossibilidade de continuar a luta, D. Miguel rendeu-se, assinando em 26 de maio de 1834 a Convenção de Évora-Monte. No dia 1 de junho de 1834, D. Miguel deixa definitivamente Portugal, seguindo para Itália. Acaba por se fixar na Alemanha, onde casa em 1851 com D. Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rochefort-Rosenberg, de quem teve sete filhos, e onde veio a falecer a 14 de novembro de 1866.
D. Miguel. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)
D. Miguel, c.1828
Ficheiro:30- Rei D. Miguel - O Absoluto.jpg

Arquivo: Dom Miguel.jpg


D.Miguel c.1828
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11jul ou 23jun1828????

23 de Junho de 1828: D. Miguel, representante máximo das forças absolutistas, é aclamado rei de Portugal

Terceiro filho varão de D. João VI e de D. Carlota Joaquina, nasceu em Queluz, a 26 de Outubro de 1802, e morreu em Brombach, a 14 de Novembro de 1866. Vigésimo nono rei de Portugal (1828-1834), ficou conhecido pelos cognomes o Usurpador e o Absolutista.

Na sequência da primeira invasão francesa, embarcou, em 1807, com a família real para o Brasil, de onde regressou acompanhado dos pais em 1821, tendo ficado o seu irmão D. Pedro a governar o Brasil.

Durante a sua estada no Brasil deram-se em Portugal acontecimentos que viriam a condicionar a sua ação, como a Conspiração de 1817 e, sobretudo, a Revolução liberal de 1820. Regressou a Lisboa a 3 de Julho de 1821, quando o liberalismo dava os seus primeiros passos no nosso país, facto que provocou em D. Carlota Joaquina uma forte reação, apoiando a rainha os adversários do regime nascido em 1820. Depressa o infante assume a chefia dos partidários do antigo regime, aglutinados em volta de sua mãe. Assim, esteve à frente dos movimentos contrarrevolucionários da Vila-Francada (1823) e da Abrilada (1824).

A Vila-Francada conduziria à dissolução das Cortes liberais e ao fim da vigência da Constituição de 1822, acabando por redundar numa vitória política que elevaria D. Miguel a comandante-chefe do exército português. A Abrilada só não teve sucesso mercê da intervenção de diplomatas estrangeiros acreditados em Lisboa. Após o golpe, D. João VI demite o filho do alto cargo que ocupava desde a Vila-Francada e D. Miguel deixa o país, fixando-se em Viena de Áustria, onde permaneceria por quatro anos.

Aquando da morte de D. João VI, em 10 de março de 1826, D. Miguel escreve para o Brasil, afirmando aceitar D. Isabel Maria como regente do reino e seu irmão como legítimo herdeiro do trono. Numa tentativa de conciliação, D. Pedro IV abdica do trono português a favor de sua filha D. Maria da Glória, na dupla condição de ser jurada a Carta Constitucional e de sua filha casar com o tio, D. Miguel. Este não só celebra os esponsais com a sobrinha como jura a Carta Constitucional outorgada por seu irmão.

Chegado a Lisboa em Fevereiro de 1828, D. Miguel jura novamente a Carta. Porém, decorrido pouco tempo, falta ao compromisso assumido com seu irmão, nomeia um novo ministério, dissolve as Câmaras e, convocadas as cortes à maneira antiga, é proclamado, pelos três estados do reino, rei absoluto no dia 23 de junho de 1828. Foi reconhecido pelo papa, pela Espanha e pelos Estados Unidos, ficando as restantes potências na expectativa, mas aceitando porém tratar com o seu governo enquanto entidade que "de facto" exercia o poder político sobre a quase totalidade do território nacional.

A não aceitação da decisão das Cortes Gerais pelo seu irmão D. Pedro e pelos liberais desencadeou a Guerra Civil Portuguesa.São sufocados os focos de reação antimiguelista. Os liberais emigram em massa e os que ficam são alvo do terror miguelista; são presas ou degredadas milhares de pessoas, e muitas são sumariamente executadas.

Os exilados, após se reunirem nos Açores (Ilha Terceira), sob os auspícios de D. Pedro, seguem para o norte do país. Em junho desembarcam no Pampelido e daí seguem para o Porto, onde sofreriam um longo e penoso cerco. Dá-se, pois, início a uma guerra civil que se prolongaria por dois anos (1832-1834) e que levaria ao trono D. Maria II. Verificando a impossibilidade de continuar a luta, D. Miguel rendeu-se, assinando em 26 de Maio de 1834 a Convenção de Évora-Monte. No dia 1 de Junho de 1834, D. Miguel deixa definitivamente Portugal, seguindo para Itália. Acaba por se fixar na Alemanha, onde casa em 1851 com D. Adelaide de Loewenstein-Wertheim-Rochefort-Rosenberg, de quem teve sete filhos, e onde veio a falecer a 14 de Novembro de 1866.
D. Miguel. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)
D. Miguel, c.1828
Ficheiro:30- Rei D. Miguel - O Absoluto.jpg

Arquivo: Dom Miguel.jpg



D.Miguel c.1828
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08 de Julho de 1832: Guerra Civil - Desembarque do Mindelo. A esquadra de D. Pedro atinge a praia do Mindelo, em Vila do Conde.

Foi um dos acontecimentos mais importantes das Lutas Liberais. Organizados no exílio, nomeadamente em Inglaterra, e depois nos Açores (onde as fileiras foram engrossadas por voluntários locais), os partidários de D. Pedro desembarcaram na praia do Pampelido, nos arredores do Mindelo, a 8 de julho de 1832, e dirigiram-se para o Porto. O desembarque que sucedeu a Norte da cidade do Porto durante a tarde do dia 8 de Julho de 1832 permitiu que no dia seguinte o “exército libertador” a tomasse de surpresa ao exército miguelista que entretanto se reorganizou e submeteu as forças liberais a prolongado cerco – o também célebre Cerco do Porto – até à capitulação de D. Miguel e à “Convenção de Évora Monte” que pôs termo à Guerra Civil portuguesa.
Embora a designação de “Desembarque do Mindelo”, consagrada pela tradição, não seja historiograficamente a mais correcta para situar o evento já que ele teve lugar não na Praia do Mindelo mas, à segunda tentativa, na Praia dos Ladrões, em Arnosa de Pampelido, não deixa de ser curiosa a expressão que deste mesmo evento ainda ecoa na memória dos portugueses, a dos “bravos do Mindelo” expressão que pretende glorificar as forças liberais que participaram no desembarque e na tomada do Porto como os vencedores das guerras liberai.Na sua maior parte, os comandantes eram oficiais ingleses. No desembarque participaram o próprio príncipe e muitos homens que iriam marcar a vida portuguesa nas décadas seguintes, como Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque e Alexandre Herculano.
Fontes: Infopédia
wikipedia (imagens)
Landing of liberal forces in Oporto.jpg
Desembarque das forças liberais no Porto em 8 de julho de 1832
Padrão comemorativo da primeira tentativa de desembarque na Vila do Conde
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/07/08-de-julho-de-1832-guerra-civil.html
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 24 de Julho de 1827: Início das "Archotadas", manifestações nocturnas à luz de archotes, em protesto pela instabilidade governativa, após a demissão do marechal Saldanha
Em 24 de Julho de 1826, Saldanha, depois de pretender demitir  o intendente-geral da polícia, Joaquim Rodrigues de Bastos, e o chanceler da Casa da Suplicação, o desembargador João de Matos e Vasconcelos e Barbosa de Magalhães, demitiu-se, ao mesmo tempo que sucessivas manifestações em Lisboa o aclamavam e se repetiram nos dias 25 e 27. Ficaram conhecidas como as archotadas, porque, realizando-se à noitinha, os magotes de manifestantes, então ditos os grotescos, utilizavam archotes. Entretanto, no dia 26 o conde da Ponte era nomeado ministro da guerra e interino dos estrangeiros. A esquerda radical chegou a gritar por Saldanha como primeiro cônsul da república. A pressão dos saldanhistas levou também vários oficiais do Porto a manifestações de apoio na noite de 28 para 29 de Julho. Vila Flor apoia então o conde da Ponte, futuro miguelista. Ponte reprime directamente manifestantes no Terreiro do Paço. Os exaltados atacam suspeitos nas ruas de Lisboa. Regimentos confraternizam com os populares. No Porto, o general Stubbs apoia o governo.
wikipedia (imagem)

Marechal Saldanha
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/07/24-de-julho-de-1827-inicio-das.html?spref=fb&fbclid=IwAR35jHIa3t2Fq3H89WKSuNPYMyMHNPX1I6iouODWrC6MbAUkrcXZUZT5xVI
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27 de Maio de 1823: D. Miguel desencadeia o movimento da Vilafrancada, para abolir a Constituição Liberal de 1822

Golpe de Estado levado a efeito entre 27 de maio e 3 de junho de 1823, tendo como palco o território de Vila Franca de Xira. Este golpe pôs fim à primeira tentativa de imposição de um regime liberal em Portugal e resultou na dissolução das Cortes.
O regime instaurado em Portugal após a Revolução de 1820, liderada pelos coronéis Sepúlveda e Cabreira, não ia ao encontro da vontade política dos mais conservadores - como a rainha D. Carlota Joaquina, que teve um papel fundamental na preparação deste golpe - que reclamavam pelo Absolutismo.
Alguns dos fatores que facilitaram esta viragem prendem-se, em primeiro lugar, com o facto de esta ação ocorrer em simultâneo com os acontecimentos que tinham lugar em Espanha, cuja tentativa da implantação do liberalismo fracassava já pela segunda vez (1823). Em segundo lugar foi também fundamental o sentimento de desilusão decorrente da perda do Brasil, que se tornara independente (1822) graças, em boa parte, ao incentivo dos liberais. As classes sociais que se viram implicadas no processo e experiência liberais variavam as suas opiniões, com maior destaque para a nobreza e burguesia, mas o panorama geral era o de uma vontade de regresso ao regime anterior porém ao mesmo tempo salvaguardando as conquistas que a burguesia alcançara.
Os acontecimentos, cujo desfecho seria o golpe de Estado, começaram no Norte, em fevereiro, através do incitamento do conde de Amarante a favor eliminação das forças liberais. O Governo liberal aceitou o desafio enviando um exército para pôr fim à revolta. As tropas do conde de Amarante foram vencidas e retiraram-se para Espanha, procurando apoio nas forças do exército francês que a invadia com o propósito de destronar o Governo liberal. Aproveitando a situação espanhola favorável às pretensões absolutistas, dá-se início à Vila-Francada a 27 de maio, com o envio de tropas para Vila Franca, às quais se reúne D. Miguel. Foi enviado um corpo militar de Lisboa, cujo general, nomeado para o seu comando, compactuou com o infante. Reuniram-se as Cortes extraordinárias na tentativa de resolução da situação.
As Cortes cedem à pressão dos revolucionários e o rei declarou ser necessário modificar a Constituição. Nomeou D. Miguel comandante-chefe do Exército e constituiu um novo Ministério. As Cortes liberais foram dissolvidas no dia 3 de junho.
Vila-Francada. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)

D. Miguel
Ficheiro:30- Rei D. Miguel - O Absoluto.jpg

D. Miguel saúda os soldados ao chegar a Vila Franca
Ficheiro:Vilafrancada.jpg 
http://estoriasdahistoria12.blogspot.pt/2018/05/27-de-maio-de-1823-d-miguel-desencadeia.html
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11noVEMbro1820...eclode a Martinhada
J. S. da Silva Dias
 
 
O vintismo: realidades

e estrangulamentos políticos'
 
1. Não tem consistência científica a ideia de que a movimentação

cívica e militar verificada no nosso País em Agosto

e Setembro de 1820 foi obra da Maçonaria. Constitui, porém,

uma objectividade histórica o enorme avanço das forças maçónicas

no triénio vintista, muito embora ainda então sem

hegemonia política acentuada.

2. Carece também de base científica a doutrina de que a

revolta do Porto e a adesão subsequente das províncias foram

obra dos liberais rousseauneanos ou afrancesados à 89. De facto,

foram o produto de uma coalizão de descontentamentos, com

motivações e tipificações irredutíveis, que iam da direita marginalizada

à esquerda irredenta, dos fidalgos transmontanos

e beirões à inteligência radical de Lisboa. As indecisões e

indefinições, a seguir ao 24 de Agosto no Porto e ao 15 de

Setembro na capital, até à Martinhada (11-18 de Novembro de

1820) têm tudo a ver com a realidade coaliziva do vintismo, na

fase de arranque. A aliança táctica da esquerda radical e da

direita descontente, na Martinhada, contra Fernandes Tomás e a

ala gradualista e moderada do vintismo resultou, primordialmente,

do improvisado das ideologias e do contraditório das

formações políticas em presença no campo revolucionário. Um

abalizado direitista, António da Silveira Pinto da Fonseca, presidiu

à Junta do Porto; outro direitista não menos abalizado,

Sebastião Drago Valente de Brito Cabreira, comandou o exército

de operações; e um terceiro direitista igualmente abalizado,

Gaspar Teixeira de Magalhães e Lacerda, assumiu a chefia da

guarnição da capital.

3. O desenlace da Martinhada atirou pela borda fora do

vintismo a direita descontente, empurrando-a para ò campo

reaccionário. Desencadeou, simultaneamente, um processo de


radicalização na massa dos oportunistas vindos do antigo regime.

0 facto envenenou a acção da ala radical, tornando-a,
em grande parte, objectivamente contra-revolucionária.


 

http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223994933F1mOZ6ye7Ev66VY9.pdf?fbclid=IwAR1R4V5tvS9UM-pYKVMtZfRlWbdb6l_jFs7Qz4n45AqfMe1if0myKLiGm60
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http://r1820.pt/programa-geral/?fbclid=IwAR3m3Jf4FbUxShEmzRMRO_zqMsbWuUsRwgJcvNSKz8s63_ArbS3FyfxsgGE
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A Martinhada
Eis que surgiu, então, o primeiro golpe de Estado da nova situação, a Martinhada, a pavorosa ou o embroglio de 11 de novembro, promovido pelo grupo militar dominante, onde se destacaram o referido Gaspar Teixeira, Sebastião Drago Cabreira, António da Silveira, o brigadeiro Joaquim Teles Jordão  e Bernardo Sá Nogueira[9].Um grupo que não estava unificado doutrinariamente, dado que se alguns adotavam o liberalismo exaltado, marcado pelo ritmo maçónico, já outros eram marcados pelo conservantismo militarista[10].
Aliás, entre os mais ativos estavam não só militares que hão-de ser comandantes miguelistas, como outros que tanto alinharão com os pedristas como com os setembristas. A única coisa que os unificava era a hostilidade ao governo das juntas, principalmente ao domínio dos magistrados[11].
O episódio era bem demonstrativo do facto da revolução ser essencialmente militar. Como reconheceu o vintista arrependido, Almeida Garrett[12], se o exército perdera a disciplina e não se podia contar com ele, eis que a revolução não podia deixar de ser militar, porque o exército tinha força, quando devia chamar-se povo e exército; fazer a revolução militar e civil; armar imediatamente o povo para que melhor se unissem assim, e mais respeito impusessem a estranhos[13].
Uma semana depois, novo manifesto da Junta já aceitava as bases eleitorais da Constituição de Cádis, embora rejeitando jurar o mesmo texto. No dia 22 eram emitidas Instruções para as Eleições dos Deputados às Cortes segundo o método estabelecido na Constituição Espanhola, e adotado para o Reino de Portugal, aceitando-se um sufrágio quase universal e indireto. Cada 600 fogos, representados pelos seus chefes, escolhiam um eleitor, dotado de virtudes e inteligência que elegeriam  deputados que deveriam ter a maior soma possível de conhecimentos científicos, firmeza de caráter, religião, amor da pátria, e meios honestos de subsistência[14].
Tradicionalistas e jacobinos publicaram então manifestos. Os primeiros apelavam ao voto nos que professassem a religião católica Fugi dos irreligiosos e escandalosos, ainda que vos digam que são sábios e instruídos. Os jacobinos  pediam Instrução e sabedoria são qualidades mui preciosas; pois é claro que um congresso composto só de homens probos e de firme carácter não desempenharia os altos destinos que vão ser objeto de suas tarefas. A Junta tentava ser neutral e preferia invocar os luminosos princípios  e a sábias e profundas bases.
As confusões e as rápidas mudanças de campo político hão-de ser o normal das anormalidades do processo demoliberal português. Entre aquilo que um dia se proclamou em momento de exaltação, por simples tática ou para poder obedecer-se a uma diretiva superior, da Igreja, da loja ou do próprio monarca, e aquilo que há-de ser a postura permanente de cada um, vai, por vezes uma longa distância. As circunstâncias mudavam mais rapidamente que as crenças, enquanto as obediências permaneciam, vencendo mudanças de regime, de governo ou de sinais ideológicos oficiais e oficiosos.
Trigoso que se assume como não liberal e não regenerador, mas antes como um moderado, tem, aliás, posições típicas dessa postura. Em 14 de fevereiro de 1821 assume-se contra a liberdade de imprensa. Em 15 de fevereiro, com 32 deputados, vota contra a extinção da censura prévia. Em seguida propõe que no texto constitucional, em vez da expressão a soberania reside originariamente em a Nação, surja a soberania reside essencialmente em a nação. Defende, com 26 deputados, a existência de duas câmaras. Com sete deputados, vota a favor do veto absoluto do rei, porque para evitar o despotismo Real, se caía no despotismo ainda pior do corpo legislativo[15].
Perspetivar o movimento de apoio às mudanças da segunda metade de 1820, reduzindo-o à força que acabou por sair vencedora de forma monista é continuarmos os vícios das interpretações retroativas segundo o modelo da história dos vencedores.
http://www.politipedia.pt/vintismo-1820-1823/?fbclid=IwAR0uF5P0-8179umLO_Mtnn1tp1kiIkTfNYUAbW8jhpvtTREWppmjddai0S0
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24 de Agosto de 1820: Eclode a Revolução Liberal, no Porto

Na sequência das invasões francesas e da partida da família real para o Brasil, e não obstante as vitórias sobre as forças napoleónicas, Portugal tornou-se um país abandonado pelo seu rei nas mãos de uns quantos oficiais ingleses. Os portugueses sentiam que D. João VI descurara o reino, sentiam que a metrópole se tornara numa colónia do Brasil, sob influência britânica, situação agravada ainda pela constante drenagem de recursos para a colónia e o permanente desequilíbrio orçamental.Em 1817, várias pessoas foram presas sob a acusação de conspirarem contra a vida de Beresford e contra a regência. A sentença foi dura: a execução de doze portugueses, incluindo Gomes Freire de Andrade. Esta atitude, longe de acalmar os ânimos, antes os exaltou.Em 22 de janeiro de 1818, Manuel Fernandes Tomás fundou no Porto uma associação secreta - o Sinédrio -, cuja atividade consistia em acompanhar a atividade política e intervir, se fosse caso disso.No ano de 1820 vários fatores iriam contribuir para o agravamento da situação. O liberalismo triunfou em Espanha, aprofundando-se os já existentes contactos com liberais portugueses.Beresford partiu em fins de março para o Brasil, a fim de obter junto de D. João VI mais amplos poderes. O Sinédrio aproveita a sua ausência para aumentar significativamente o seu já grande número de membros e preparar irreversível e definitivamente a revolução.Assim, às primeiras horas da manhã de 24 de agosto de 1820, o exército, sob a liderança dos coronéis Sepúlveda e Cabreira, revoltou-se no Campo de Santo Ovídio, no Porto. De imediato se efetuou uma reunião na Câmara Municipal, formando-se uma Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, sob a presidência do brigadeiro-general António da Silveira. A Junta tinha como objetivos imediatos a tomada da regência do reino nas suas mãos e a convocação de Cortes que redigiriam a Constituição.Em Lisboa a regência tentou resistir, mas soçobrou perante um novo levantamento, a 15 de setembro, que formou um Governo Interino.Em 28 de setembro os revolucionários do Norte e do Sul juntam-se numa nova Junta Provisional, presidida por Freire Andrade (parente do mártir executado em 1817).

O novo Governo quase nada fez além de organizar as eleições para as Cortes. Estas, realizadas em dezembro de 1820, de imediato solicitaram o regresso à metrópole de D. João VI. Em janeiro de 1821 as Cortes elegeram um novo governo e uma nova regência (presidida pelo conde de Sampaio), para governar até ao regresso do rei.    
Revolução de 1820. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. 
wikipédia (imagens)


António da Silveira Pinto da Fonseca, Presidente da Junta Provisional do Governo Supremo do
Reino

O General de Brigada Sepúlveda, em gravura de 1822
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/08/24-de-agosto-de-1820-eclode-revolucao.html
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