e morreu a 6jun2018...Vila Nova de Gaia
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https://www.facebook.com/pg/Albano-Martins-268301303219866/posts/
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6jun2018
uma breve noticia apontava a morte de
Albano Martins
com o título
"Poeta e tradutor premiado".
Albano Martins
(1930-2018)
.
"
O poeta e tradutor Albano Martins morreu no passado dia 6 de Junho, no
Hospital Santos Silva, em Vila Nova de Gaia, aos 87 anos. Nascido em
1930, no Fundão, e licenciado em Filologia Clássica, era docente da
Universidade Fernando Pessoa. A sua obra está publicada em duas dezenas
de livros de poesia e em antologias e obras colectivas. Em 1998, recebeu
o Grande Prémio de Tradução Literária, pela tradução de "Canto Geral",
de Pablo Neruda e, em 2012, o Grande Prémio de Tradução literária da
APT/SPA pela tradução da "Antologia da Poesia Grega Clássica"."
.
Albano Martins foi aluno do Liceu Nacional de Castelo Branco, onde terminou o Curso Liceal em finais da década de 40.
.
Em
7 de Julho de 1957, o semanário albicastrense "Beira-Baixa", publicava
uma pequena nota onde se refere o nome de Albano Martins:
" Licenciatura
Com alta classificação terminou o seu Curso de Filologia Clássica, o sr.Dr.Albano Dias Martins, filho do sr. Francisco Dias Rato e da srª D.Maria do Carmo Gonçalves Martins."
Com alta classificação terminou o seu Curso de Filologia Clássica, o sr.Dr.Albano Dias Martins, filho do sr. Francisco Dias Rato e da srª D.Maria do Carmo Gonçalves Martins."
.
Mais um Antigo Aluno do nosso Liceu que passou a ser "memória"...
http://memoriarecenteeantiga.blogspot.com/2018/10/in-revista-autores.html***

https://www.facebook.com/arvorecooperativa/photos/a.109249895779702/1365806580124021/?type=3&theater
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24feVEReiro2010
Poemas de Albano Martins

Há um instante em que a memória é estreita
para conter o mar, o sal, os navios,
a penumbra branca das gaivotas.
Um instante de nudez perfeita.

Onde se diz espiga
leia-se narciso.
Ou leia-se jacinto.
Ou leia-se outra flor.
Que pode ser a mesma.
As flores
são formas
de que a pintura se serve
para disfarçar
a natureza. Por isso
é que
no perfil
duma flor
está também pintado
o seu perfume.
Albano Martins, in "Castália e Outros Poemas"
+copy.jpg)
Em que idioma te direi
este amor sem nome
que é servo e rei?
Como o direi?
Como o calarei?
É como se a noite se molhasse
repentinamente, quando choras.
É como se o dia se demorasse,
quando te espero e tu te demoras.
Albano Martins (in «Outros Poemas», 1951/52;
«Vocação do Silêncio»,
Poesia - 1950-1985)
http://schsonia.blogspot.com/2010/02/poemas-de-albano-martins.html
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In Antologia Poética
Mãe
Mãe:Por quem
os sinos
dobram
assim?
É por ti
ou por mim? **
in "Castália e Outros Poemas"
Dormir um Pouco...
Homenagem a Federico García LorcaDormir um pouco — um minuto,
um século. Acordar
na crista
duma onda, ser
o lastro de espuma
que há no sono
das algas. Ou
ser apenas
a maré, que sempre
volta
para dizer: eu não morri, eu sou
a borboleta
do vento, a flor
incandescente destas águas.
*
Diálogo
Levaráspela mão
o menino
até ao rio. Dir-lhe-ás
que a água é cega
e surda. Muda,
não. Que o digam
os peixes, que em silêncio
com ela sustentam
seu diálogo
líquido, de líquidas
sílabas
de submersas
vogais. *
Glosa para José Gomes Ferreira
O mundo, dizias tu,não é só dos pássaros
e do vento, o mundo
é também nosso. Foi
por isso, poeta,
que encheste
uma gaveta
de nuvens com a memória
das palavras e acendeste
no chão
dos dias
comuns
algumas estrelas
com tua mão. *
Entardecer na Praia da Luz
Espreguiçados, os ramosdas palmeiras filtram
a luz que sobra
do dia. É já noite
nas folhas. O branco
das paredes recolhe
o sangue e o vinho
de buganvílias
e hibiscos. Bebe-os
de um trago: saberás
que, mais do que cegueira, a noite
é uma embriaguez perfeita. *
Flor da Paixão
Sei agoraque a paixão
é azul e coroada
como o sangue e a cabeça
das rainhas. Que tem
nome de flor
e é ímpar. Porque,
se o não fosse,
não seria paixão. *
Pintura
Onde se diz espigaleia-se narciso.
Ou leia-se jacinto.
Ou leia-se outra flor.
Que pode ser a mesma.
As flores
são formas
de que a pintura se serve
para disfarçar
a natureza. Por isso
é que
no perfil
duma flor
está também pintado
o seu perfume. **
http://www.citador.pt/poemas/a/albano-martins
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16jan2017
Uma Cidade
Uma cidade pode ser
apenas um rio, uma torre, uma rua
com varandas de sal e gerânios
de espuma. Pode
ser um cacho
de uvas numa garrafa, uma bandeira
azul e branca, um cavalo
de crinas de algodão, esporas
de água e flancos
de granito.
Uma cidade
pode ser o nome
dum país, dum cais, um porto, um barco
de andorinhas e gaivotas
ancoradas
na areia. E pode
ser
um arco-íris à janela, um manjerico
de sol, um beijo
de magnólias
ao crepúsculo, um balão
aceso
numa noite
de junho.
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.
in "Castália e Outros Poemas"

https://www.facebook.com/events/1156970811085921/
*** de junho.
Uma cidade pode ser
um coração,
um punho.
in "Castália e Outros Poemas"

https://www.facebook.com/events/1156970811085921/

https://www.facebook.com/LivrariaLello/photos/pcb.838586899637984/838586679638006/?type=3&theater
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8mAIo2015
NA CASA DA CULTURA DE V. N. DE GAIA (CASA BARBOT), EM HOMENAGEM QUE LHE FOI PRESTADA
https://www.youtube.com/watch?v=AV_ccj53U3E
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23dez2012
Três momentos da poesia europeia por Albano Martins
Está nas livrarias o belíssimo volume Três momentos da poesia europeia (De Safo e Píndaro a Ungaretti e Salinas), com selecção, tradução e notas de Albano Martins, publicado pelas Edições Afrontamento. Recordo
que o poeta português e tradutor de poetas recebeu, no passado dia 12
de Dezembro, o Grande Prémio de Tradução Literária 2011, da Associação
Portuguesa de Tradutores /Sociedade Portuguesa de Autores, pela tradução
da Antologia da Poesia Grega Clássica, também com a chancela da Afrontamento. Noto, ainda, que a tradução do Canto Geral, de Pablo Neruda, publicado pela extinta Campo das Letras, em 1998, deu a Albano Martins, em 1999, o Grande Prémio de Tradução A.P.T. /Pen Clube Português e, pela tradução
de sete obras do poeta chileno, o governo do Chile conferiu-lhe, em
2004, a Ordem de Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral, no grau de
Grande Oficial.
(na imagem, Albano Martins na sua mesa de trabalho, fotografado por mim em Agosto último)
Na presente
antologia, coligem-se dez poetas gregos arcaicos (Arquíloco, Álcman,
Mimnermo, Alceu, Safo, Íbico, Anacreonte, Teógnis, Simónides, Píndaro),
dez poetas italianos contemporâneos (Umberto Saba, Dino Campana,
Vincenzo Cardarelli, Giuseppe Ungaretti, Eugenio Montale, Salvatore
Quasimodo, Raffaele Carrieri, Sandro Penna, Cesare Pavese, Antonia
Pozzi) e cinco poetas da geração espanhola de 27
(Pedro Salinas, Jorge Guillén, Gerardo Diego, Rafael Alberti, Manuel
Altolaguirre). No final do livro, encontramos notas biográficas e
bibliográficas de cada um dos poetas.
três poemas:
Não entendo a luta dos ventos. Rola
uma onda daqui, outra dali. E nós,
no meio, somos arrasados
com a escura nau, duramente
sacudidos pelo forte temporal. Já a vasa
cobre o pé do mastro, toda
a vela é rasgada e dela
pendem enormes farrapos. Os cabos
cedem, e o leme...
Firmo os pés nas enxárcias
e apenas isso me mantém são e salvo ...
Alceu, p.17
***
Não sei onde as gaivotas fazem o ninho,
onde encontram a paz.
Sou como elas,
em perpétuo voo.
Raso a vida
Como elas rasam a água
em busca de alimento.
E amo, talvez como elas, o sossego,
o grande sossego marinho,
mas o meu destino é viver
faiscando na tempestade.
Vincenzo Cardarelli, p.77
***
Enganou-se a pomba.
Enganava-se.
Ia para norte, foi para sul. Julgou que o trigo era água. Enganava-se.
Julgou que o mar era o céu;
Enganava-se.
Ia para norte, foi para sul. Julgou que o trigo era água. Enganava-se.
Julgou que o mar era o céu;
a noite, a manhã.
Enganava-se.
Que as estrelas eram o orvalho;
o calor, a neve.
Enganava-se.
Que a tua saia era a tua blusa;
Enganava-se.
Que as estrelas eram o orvalho;
o calor, a neve.
Enganava-se.
Que a tua saia era a tua blusa;
o teu coração, a sua casa.
Enganava-se.
(Ela adormeceu na orla; Tu, no alto de um ramo).
Enganava-se.
(Ela adormeceu na orla; Tu, no alto de um ramo).
Rafael Alberti, p.159
http://comlivros-teresa.blogspot.com/2012/12/tres-momentos-da-poesia-europeia-por.html
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4abril2009
A singularidade poética de Albano Martins
Na sequência do meu texto Palavras escritas e ditas a vermelho, que desencadeou “pedidos de esclarecimento” sobre a obra do poeta Albano Martins,
edito aqui alguns artigos que fui elaborando ao longo dos anos,
esperando assim contribuir para um melhor entendimento de uma poética
singular.
Albano Martins nasceu em 1930, na Aldeia do Telhado,
Fundão. A sua actividade de professor universitário na Universidade
Fernando Pessoa, no Porto, fê-lo radicar-se naquela cidade. Foi
agraciado pelo Governo da República do Chile com a Ordem de Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral no Grau de Grande Oficial, pela sua obra poética e pelo seu trabalho de tradução de Pablo Neruda. Foi distinguido com a Medalha de Ouro da Cidade do Fundão, em 2006. No ano passado, no 10 de Junho, foi condecorado Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique
pelo Presidente da República. Uma condecoração do Dia de Portugal que
nos enche de orgulho: pelo poeta e pelo país o reconhecer! Também no ano
passado lançou o livro infantil «Uma Casa à Beira da Floresta». (na
imagem à esquerda, retrato de Albano Martins pelo pintor Jorge
Pinheiro, incluído no pequeno livro «Frágeis são as palavras – Antologia
pessoal» editado pela Asa.).
Sobre a sua poesia, deixo um olhar pela Antologia poética Assim são as Algas,
editada pela Campo das Letras que reúne 50 anos de vida literária (de
1950 a 2000). Uma edição de capa dura feita com detalhe e esmero,
guardiã de um conteúdo raro. Por 552 páginas, corre o inefável
compromisso do poeta com a poesia: «Cumpro o meu destino como qualquer fonte».
Um Destino tecido com a palavra exacta, policroma, polifónica,
odorífica, tudo envolto na solidão e no silêncio donde brota toda a
criação: «Im /puro sou. Escavo /com minhas mãos a lama /do silêncio. Não /conheço outro oficio.».
No seu ofício, o poeta talha o centro do amor – «Centro do próprio
centro» –, que está no corpo da mulher amada, o mesmo é dizer, na
poesia: «Dei-te o nome da abelha, /mas tu és favo e mel, /substância vermelha /feita de sangue e pele». Uma poesia que declara a partilha e, sobretudo, o acto de amor para com a Literatura Portuguesa.
A natureza, a senha para a felicidade
Albano Martins encontra na natureza a chave da harmonia existencial. Associando a natureza à natureza da palavra, diz o poeta que «A verdadeira beleza /está no que o homem tem de semelhante /com a natureza.». Mais, aconselha o homem a aproximar-se dela para lhe apreender a perfeição: «Para saberes, ergue /um monumento, deixa /que as rolas façam /seu ninho no topo».
Albano Martins encontra na natureza a chave da harmonia existencial. Associando a natureza à natureza da palavra, diz o poeta que «A verdadeira beleza /está no que o homem tem de semelhante /com a natureza.». Mais, aconselha o homem a aproximar-se dela para lhe apreender a perfeição: «Para saberes, ergue /um monumento, deixa /que as rolas façam /seu ninho no topo».
Aos 20 anos de idade, em Secura verde (1950), Albano detinha-se na observação da natureza para interpretar a sua condição de poeta iniciático: «Sou um mundo fechado /ainda por abrir, /uma flor imperfeita /que não sabe florir»; «Meus versos, gritos do vento das ramagens, /são a minha própria alma angustiada /a reflectir imagens /duma lenda em mim iniciada».
Decretava o seu voo feito de «Pássaros que abandonam /o calor e o
âmbito do ninho», multiplicava-lhes auras e arco-íris em versos que eram
«encontros da sombra com a luz». Debatia-se com o drama da criação – «Posso ter o corpo aberto /e não mostrar o que sou». Definia o seu método e escolhia o seu destino – seguir sozinho um caminho achado «nas palavras dos que vinham»; «Construo e destruo /meu destino é esse».
Em Rodomel Rododendro (1989), um belíssimo conjunto de textos em Prosa poética, pode ler-se o que seria, recorrentemente, a sua bússola humanista: «Repara.
Há um rio correndo entre as falanges dos dedos. Navegá-lo-ás solitário,
porque solitárias são as navegações humanas, todas, como inavegáveis
são os rios, todos os rios da terra, anteriores ao mar. Onde tu vês a
foz é a nascente que vês. Que os rios, como tudo o que é fluido e
movente, nascem ao contrário». Assim são as Algas, substância
genesíaca que circula na epiderme; assim é o sangue que o poeta deixa
correr para que o leitor o persiga.
Amor e erotismo no mapa do corpo
Paul Éluard escreveu: «combatíamos juntos o sono. /Dois sóis em nós se erguiam». A reciprocidade amorosa sobressai na temática do Amor em Albano Martins, com intimismo avassalador. A mulher amada surge como complemento de lugar onde o sujeito encontra a sua plenitude, carne e espírito: «Assim me deito /sobre a ternura /Este é o meu leito /e a minha lura». O pronome pessoal “Eu” dá lugar ao “Nós”, e o possessivo “Nosso” atesta a conjura amorosa: «Nenhum excesso /nos contém. Nenhuma /onda nos devolve.»; «O que em nós sobra /à maré pertence.»; «Basta uma flor, /basta uma asa /para saber que a primavera /entrou em nossa casa.». Juntos partilham uma margem – «Esta é a margem /do azul. Nenhum /outro limite / reconheço ao sangue» –, repleta de luz, emaranhados no erotismo.
Paul Éluard escreveu: «combatíamos juntos o sono. /Dois sóis em nós se erguiam». A reciprocidade amorosa sobressai na temática do Amor em Albano Martins, com intimismo avassalador. A mulher amada surge como complemento de lugar onde o sujeito encontra a sua plenitude, carne e espírito: «Assim me deito /sobre a ternura /Este é o meu leito /e a minha lura». O pronome pessoal “Eu” dá lugar ao “Nós”, e o possessivo “Nosso” atesta a conjura amorosa: «Nenhum excesso /nos contém. Nenhuma /onda nos devolve.»; «O que em nós sobra /à maré pertence.»; «Basta uma flor, /basta uma asa /para saber que a primavera /entrou em nossa casa.». Juntos partilham uma margem – «Esta é a margem /do azul. Nenhum /outro limite / reconheço ao sangue» –, repleta de luz, emaranhados no erotismo.
Em A margem do azul (1982), o poeta desata a pulsão do amor e do desejo em palavras como espécies de mãos que bebem, sôfregas, a pele: «De ti fiz a harpa e a lira, /a guitarra. /Outra música não sei.». Em Vertical o Desejo (1985), os interditos abrem-se à luz, num mapa erótico que se desnuda pela vibração vocabular: «Entras
/ em mim descalça, vulnerável /como um alvo próximo, ferida /nos
joelhos e nas coxas. Pelo tacto /nos conhecemos, é essa luz /oblíqua que
nos cega. E te pertenço /e me pertences como /a lâmina /à bainha, a
chama /ao pavio.».
Com Uma Colina para os Lábios
(1993), o desejo edifica-se no altar do corpo amado, no processo que
reitera o destino do poeta que constrói e destrói, dando forma à avidez
da descoberta: «Não sei medir-te de outro modo: /te dispo e visto o tempo todo.». A exclusividade do amor conjuga com a paixão o verbo ser e este com a vontade de ser homem: «Apenas um dos dedos /conhece a luva. Só uma pétala /convém à rosa.». Trata-se de um amor extasiado, porém real ou, como diria Éluard, «Estar enlevado é uma forma de realidade».
No entanto, a melopeia amorosa não se faz apenas de luz e orvalho, mas também de sombras e lodo: «Cubro-te a face /de sombras. Sou /o teu e meu eclipse.». Sendo esta uma poesia que afirma que «A vida / – essa invenção magnífica /da morte.», faz da vida um hino à felicidade: «Quando
escurece, é preciso acender rapidamente todas as luzes da casa. Nunca
se sabe quando o eclipse do sol é total. E a morte precisa de luz para
ver na escuridão.». A harmonia de contrários geradores de equivalências é uma constante na poesia de Albano, e apanágio da grande poesia.
O ninho da memória
Porque o homem faz-se também de memória, em Em tempo de memória (1974), o poeta enceta a «viagem das flores sem moldura», recupera o tempo branco, «sem cor e sem regresso». Não se julgue, porém, que este retorno ao passado é feito de passividade: não há imobilismo nesta poesia, mas reminiscências, cintilações, inclinações do corpo, uma oração até às mãos doridas e requiem aos «gestos perdidos /no espaço da memória».
Porque o homem faz-se também de memória, em Em tempo de memória (1974), o poeta enceta a «viagem das flores sem moldura», recupera o tempo branco, «sem cor e sem regresso». Não se julgue, porém, que este retorno ao passado é feito de passividade: não há imobilismo nesta poesia, mas reminiscências, cintilações, inclinações do corpo, uma oração até às mãos doridas e requiem aos «gestos perdidos /no espaço da memória».
Em Paralelo ao vento, (1979), caracterizam-se e questionam-se os «Anos plácidos, /fulvos, /que luz ainda perdura? /Que piano guarda /ainda uma nota /grave, /cintilante /e pura?». A demanda seguiria em Os Remos escaldantes (1983) onde «Há um melro que faz /o ninho» na memória: «Ouço-o /agora. Canta /a flor das giestas /e da cerejeira». Esses «dias enxutos» instigam, em O mesmo nome (1996), a «Rosa-dos-ventos» da infância, onde cabiam todos os lugares e todas as direcções. Reiterava-se, na poesia de excelência, o mel das «Lendárias e luminosas abelhas», a «Magnólia dos símbolos», a florida e «incandescente metáfora», o «Aveludado perfume», recorrências que palmilham e dinamizam todo o trabalho poético de Albano.
© Teresa Sá Couto
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16dez2018
Via Graça Silva que postou:
"Assimilar-te: ser
perfume na tua pele."
e m' indicou mais 8 poemas:
já estão em cima...
https://donadaaoinfinito.blogs.sapo.pt/8-poemas-de-albano-martins-2814?fbclid=IwAR0RIRgi1OvjXrddyd0Rl4HKYDUj5S-pVe4lC8pv5aR-pg9jzKLXxeFWrG8