29/12/2018

9.434.(29dez2018.11.11') Jacques-Louis David

Nasceu a 30aGOSTO1748...Paris
e morreu a 29dez1825...Bruxelas...
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Análise da obra: "A Morte de Marat" de Jacques - Louis David

Jacques Louis David, discípulo de Vien (diretor da Academia), aperfeiçoou a sua linguagem clássica durante uma prolongada estadia em Roma, entre 1774 e 1780. De volta à França, o pintor estabeleceu fortes ligações, com os líderes políticos da Revolução Francesa, o que lhe permitiu assumir um papel de relevo sobre a produção artística nesse país. Revolucionário não ao nível político mas também enquanto artista, David assinala, através de uma suas obras pioneiras, "O Juramento dos Horácios" (1784), o fim do estilo rococó (representado por Fragonard) e a ascensão da estética neoclássica.

O quadro "A Morte de Marat" representa um acontecimento emblemático da Revolução Francesa (o assassinato de um dos seus chefes políticos), denunciando em simultâneo as divergências e os conflitos internos que rodearam o processo revolucionário e que foram solucionadas com a ascensão de Napoleão Bonaparte. Jean-Paul Marat, amigo pessoal de David, tinha uma doença de pele especialmente dolorosa que o obrigava a permanecer dentro de uma banheira durante o dia enquanto trabalhava. Um dia, Charlotte Corday entrou no aposento, tendo como pretexto a entrega de uma mensagem e assassinou-o, enterrando-lhe uma faca no peito.Para David, este quadro foi concebido como um monumento para um homem que foi simultaneamente herói, mártir e amigo. Embora dominada por uma forte emotividade, a obra deve também ser entendida a partir de um ponto de vista documental, enquanto testemunho e descrição da ação. Como em muitos outros trabalhos iniciais David, todos os objetos presentes na tela têm uma função concreta, tendo sido evitado qualquer detalhe ou alusão supérflua de forma a não prejudicar a clareza do tema. Desta forma, a composição é francamente encenada, de forma incluir todos os sinais e pistas para uma identificação e compreensão do acontecimento: a banheira, a faca, a carta, a ferida e o sangue.
À simplicidade e estaticidade da composição, dominada por fundo escuro liso que encerra a imagem, contrapõe-se o expressivo e vital tratamento da luz e da cor que revelam uma direta inspiração em algumas experiência pictóricas de temática religiosa dos pintores barrocos Caravaggio, Pietro da Cortona, Ribera e Zurbarán, pelos quais David nutria uma especial admiração. Uma fonte luminosa rasante ilumina a figura partir de um ponto alto, criando uma atmosfera mística acentuada pela vibração cromática do fundo. A utilização de tons frios e tendencialmente escuros permitiu realçar alguns pormenores dos corpo morto recorrendo a subtis e simbólicas manchas avermelhadas, contribuindo igualmente para destacar a caixa de madeira onde David inscreveu a sua dedicatória.

O sentido moralístico e didático desta pintura anuncia o carácter propagandístico dos trabalhos posteriores de David que, enquanto pintor favorito de Napoleão Bonaparte, se tornou um dos expoentes máximos da pintura histórico-patriótica oficial.
O quadro "A Morte de Marat" (com as dimensões de 165 por 128 centímetros) está exposto no Musée Royal des Beaux-Arts de Bruxelas.

Aspectos Importantes: 


A luz: a luz de “A Morte de Marat” é bastante teatral. Enquanto o caixote, a cabeça e os braços de Marat estão bem iluminados, os detalhes mais sangrentos ficam nas sombras.

Marat: em vida, Marat era um homem radical e impetuoso. Além disso, sofria de uma doença de pele, que deformava as suas feições. Mas em “A Morte de Marat”, este é retratado jovem e belo, com uma expressão serena no rosto. A sua posição lembra a “Pietà”, de Miguel Ângelo, conduzindo a uma analogia com a iconografia cristã.
Os móveis: a simplicidade dos móveis e utensílios no quadro “A Morte de Marat” revelam um Marat de poucas posses, um homem do povo. O caixote com a dedicatória de David lembra uma lápide.
O assassinato: Marat é retratado neste quadro instantes após o seu assassinato, cometido pela jovem Charlotte Corday. Quase não há sangue em “A Morte de Marat”, apenas algumas gotas e a água da banheira, avermelhada. Jacques Louis David escolhe concentrar a atenção do observador no mártir, e não no crime em si.
A faca: deixada no chão, a faca é do mesmo tamanho da pena utilizada por Marat. Estes objectos contam a história do crime. Enquanto Charlotte utiliza uma arma, Marat luta com ideias. 
Os bilhetes: dois bilhetes aparecem em “A Morte de Marat”. Um está nas mãos de Marat, e é o suposto documento que lhe foi entregue pela assassina, Charlotte. Está escrito: “ "Il suffit que je sois bien malheureuse pour avoir droit a votre bienveillance". No outro bilhete, Marat faz uma doação  a uma viúva de guerra. O autor procura retratar a generosidade de Marat.

A Morte de Marat. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. 
abstracaocoletiva.com.br
wikipedia (Imagens)


File:Death of Marat by David.jpg

Detalhe do bilhete de Charlotte Corday  "Il suffit que je sois bien malheureuse pour avoir droit a votre bienveillance"
File:Death of Marat by David (detail).jpg


Outras Versões

File:Charlotte Corday.jpg
Charlotte Corday  - Paul Jacques Aimé Baudry (1860)

A Morte de Marat - Joseph Roques
File:Joseph Roques - La mort de Marat - 1793.jpg

A Morte de Marat - Santiago Rebull
File:Rebull - La muerte de Marat.jpg



 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/05/analise-da-obra-morte-de-marat-de.html?fbclid=IwAR0vY8fSJcCbwEfjKZVjUWpUsY6L6A078075SWn9On8zbOwmFeAk5POJcCM
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Análise da obra: "O Juramento dos Horácios", de Jacques -Louis David



Le Serment des Horaces (O Juramento dos Horácios) de Jacques-Louis David foi concluído em 1784, tem 3,3 por 4,25 metros, e foi encomendado pelo rei de França, Luís XVI. Encontra-se no Museu do Louvre, em Paris.
A pintura é uma representação de uma passagem da peça Horácio, do dramaturgo francês Pierre Corneille. Verdadeira ou lendária a luta entre Horácios e Curiácios foi registada, no século I a. C., pelo historiador Tito Lívio na obra "Ab Urbe Condita" . A cena representada refere-se às guerras entre Roma e Alba Longa, em 669 a.C. No reinado de Tullus Hostilius, deflagrou uma guerra entre Roma e Alba Longa para disputarem o domínio da Itália Central. Decidiu-se então, para evitar o derramamento de muito sangue e para salvar vidas de ambas as cidades, que a disputa se resolveria num combate mortal entre três irmãos romanos - os Horácios, e três irmãos albanos - os Curiácios, cujas famílias tinham relações familiares muito próximas. Da luta travada entre os dois grupos resultou a morte de dois irmãos Horácios. Os albanos festejavam já a vitória, quando o terceiro romano, Publius Horacius fingiu fugir.  Os Curiácios partiram em sua perseguição, decidindo a dada altura separar-se, seguindo cada um para seu lado, no encalce do adversário. Publius Horacius conseguiu enganá-los, voltando atrás e surpreendendo-os quando estavam separados. Apanhando-os a sós, eliminou-os um a um.
Publius retorna a Roma, atravessa as portas da cidade em triunfo, entre a aclamação do povo, mas ao chegar à praça principal encontra, entre a população, a sua  irmã Camila, que tinha ficado noiva de um dos irmãos Curiácios. Esta ao reconhecer o manto que o irmão trazia aos ombros, como sendo um que ela tinha feito para o seu amado, apercebeu-se da terrível verdade e começa a chorar.
Publius Horacius enfurece-se por a irmã derramar lágrimas por um inimigo, precisamente no momento em que comemorava a vitória de Roma. Então, de imediato desembainha a espada e mata-a, exclamando: "Assim morra todo aquele que chora um inimigo de Roma!".
As acções dos Horácios tornaram-se um símbolo do patriotismo romano, segundo o qual o Estado estava acima do indivíduo.
Jacques-Louis David pretendeu mostrar com a obra "O Juramento dos Horácios" que o cumprimento do dever está acima de qualquer sentimento pessoal, tal como o fizeram os três irmãos Horácios que juraram derrotar os inimigos ou morrer por Roma.
Na obra aparecem três homens vestindo trajes de luta, com os braços levantados em direcção a outro homem, que levanta três espadas ao alto. No lado direito da obra estão três mulheres sentadas, de olhos fechados, com gestos e expressões de consternação. Os três homens são os irmãos Horácios, prestando juramento de lealdade e solidariedade a Roma. O homem que segura as espadas e que toma o juramento é o pai Horácio, e atrás deles está Camila Horácio, de branco. No centro da pintura verifica-se a acção principal, o ritual de juramento, os homens apresentam expressões enérgicas. A atmosfera de virilidade e de robustez expressa-se nas quatro personagens, sob a frieza das  colunas dóricas ao fundo. Estas estão em contraposição às mulheres representadas, inertes e passivas. 
A obra, encomendada pelo rei Luís XVI, foi concluída em 1784 e exposta pela primeira vez em 1785.  A obra é considerada o paradigma da pintura neoclássica, convertendo-se em  modelo a ser seguido por pintores posteriores. Revela aspectos do final do período moderno, como a intenção da nobreza e monarquia em resgatar valores da Roma Antiga, como o civismo e a virtude, e o bem colectivo sobre os interesses individuais.
wikipedia (Imagens)

Arquivo: Jacques-Louis David, Le Serment des Horaces.jpg
O Juramento dos Horácios - Jacques -Louis David

Arquivo: Lille PDBA david horaces.JPG
Desenho preparatório da obra

Arquivo: Schhoraces4.jpg
As linhas rectas para os homens e as curvas para as mulheres

Arquivo: Schhoraces5.jpg
Ponto de fuga
Arquivo: Estudo para o Juramento dos Horácios Sabina.jpg
Estudo para Camila

 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/09/analise-da-obrao-juramento-dos-horacios.html?fbclid=IwAR04pVQt-AB7MRoqmBndJhlxbdGXQyxBUlxnRHExRfcGf96IpLrtjTtUppk
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29 de Dezembro de 1825: Morre Jacques-Louis David, pintor da Revolução Francesa

Jacques-Louis David, pintor francês e maior representante do neoclassicismo, morre em Bruxelas no dia 29 de Dezembro de 1825. Durante anos, ele controlou a actividade artística francesa, sendo o pintor oficial da corte local e de Napoleão Bonaparte.



Quando a monarquia Bourbon foi restaurada, David foi um dos proscritos. Contudo Luis XVIII concedeu-lhe amnistia, oferecendo-lhe uma posição na corte, que David recusou, preferindo o exílio em Bruxelas. Lá pintou Cupido e Psique,  dedicando-se a composições em pequena escala e a retratos. A sua última grande criação foi “Marte desarmado por Vénus e as Três Graças”, terminada um ano antes de sua morte. Desejava que a obra fosse o seu testamento artístico. Exposta em Paris, reuniu uma multidão de admiradores.



Faleceu depois de ter sido atropelado por uma carruagem à saída do teatro. Devido às suas actividades revolucionárias o seu corpo foi impedido de retornar à pátria, sendo sepultado no cemitério Evere, em Bruxelas. O coração, porém, repousa no cemitério Père Lachaise, em Paris.

Jacques Louis David nasceu em Paris em 30 de Agosto de 1748 numa rica família da burguesia. Estudou na Academia Real, conquistando, na sua quarta tentativa, o Prémio de Roma em 1774. Partiu então para a Cidade Eterna, onde permaneceu durante cinco anos. No decurso dessa estadia foi influenciado pela arte clássica e pela obra do pintor do século XVII, Nicolas Poussin.



De volta a Paris em 1780, adopta o seu próprio estilo neo-clássico, inspirando-se nos temas para os seus quadros na Antiguidade Clássica.



A primeira encomenda, “O Juramento dos Horácios” (1784, Museu do Louvre) foi cuidadosamente premeditada para ser o manifesto do novo estilo neo-clássico, destinado a alimentar o sentido cívico do público. Exibindo um tema fortemente moral, ou melhor, patriótico, esta obra tornou-se a principal referência da pintura histórica, nobre e heróica, das duas décadas seguintes.



A partir de 1789, a fim de testemunhar os episódios da Revolução Francesa e amigo de Robespierre, põe a sua arte ao serviço da nação e adopta um estilo mais realista que neo-clássico como atesta “A Morte de Marat” (1793, Museu Real de Belas Artes, Bruxelas). Em 1794, encarcerado por duas vezes no Palácio de Luxemburgo, continuou, não obstante, a pintar e concebe “As Sabinas”que concluiu em 1799.





De 1799 a 1815, foi o pintor oficial de Napoleão Bonaparte, cujo reinado expressou em três grandes telas como Coroação de Napoleão I em 2 de Dezembro de 1804 (1806-1807, Museu do Louvre). Após a queda do imperador, parte para o exílio em Bruxelas – a Itália  recusou-se a acolhê-lo – onde permaneceu até à morte. Abre um atelier e retoma os temas da mitologia grega e romana, adoptando um estilo mais teatral.



Ao longo de toda a carreira foi igualmente um fecundo retratista. Mais intimistas que suas grandes telas, os retratos como Madame Recamier (1800, Museu do Louvre), mostram sua enorme maestria técnica e a psicologia das personagens. Numerosos críticos modernos consideram que os retratos de David, destituídos do discurso moral e submetidos a uma técnica mais simples, constituem a sua maior realização artística.



A carreira de David simboliza de qualquer modo a passagem do estilo rococó do século XVIII ao realismo do século XIX.  O seu estilo de poderoso impacto aliado à grande maestria no desenho influencia fortemente Antoine Gros e Jean Auguste Ingres, um dos últimos representantes do neo-classicismo. Os temas patrióticos e heróicos preparam o caminho para o romantismo



David apoiou a Revolução Francesa desde o início, era amigo de Robespierre e membro do Clube dos Jacobinos. Enquanto outros deixavam o país, David permaneceu para auxiliar na queda do antigo regime, votando pela morte do rei. De facto, na primeira Convenção Nacional ele foi alcunhado de "terrorista feroz".

Logo, porém, voltou a sua crítica contra a Academia, possivelmente por causa da hipocrisia que sentia nos bastidores e da oposição que suas obras haviam sofrido no início da carreira. Os ataques trouxeram-lhe ainda maiores inimizades, uma vez que a instituição era refúgio dos realistas. Todavia, com o aval da Assembleia Nacional planeou reformas na antiga escola segundo a nova constituição, passando a desempenhar um papel de propagandista da República tanto pela sua actuação pública como através das pinturas.



Napoleão e David admiravam-se mutuamente. David desde o primeiro encontro ficara impressionado com o então general. Quando este subiu ao trono, David solicitou fazer o seu retrato. Depois  pintou-o  na cena da coroação, nas bodas com Josefina, outra grande composição, e de novo na da passagem dos Alpes, montado num fogoso cavalo.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
Auto retrato 1794


 


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 https://www.youtube.com/watch?v=Nz1z4_CALNI
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https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/12/29-de-dezembro-de-1825-morre-jacques.html?fbclid=IwAR3GUgBW9Jg82Ln_8YhChCSBbnMiIKALcpSzr5wVUtecaQbIGC8Rod3AcZQ
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