Nicolau II
22 de Janeiro de 1905: Domingo sangrento em São Petersburgo. Dois mil operários são massacrados pela Guarda do czar. O acontecimento conduziria à Revolução.
No
dia 22 de Janeiro de 1905, o czar Nicolau II recebeu uma petição em tom
desesperado: "Estamos em situação miserável, somos oprimidos,
sobrecarregados com excesso de trabalho, insultados, não nos reconhecem
como seres humanos, somos tratados como escravos. Para nós, chegou
aquele momento terrível em que a morte é melhor do que a continuação do
sofrimento insuportável".
O
país estava afundado numa enorme crise, as pessoas passavam fome, em
todas as classes da sociedade havia insatisfação. Os nobres não queriam
aceitar a industrialização da Rússia, por acreditar que isso os
empobreceria. Os camponeses sentiam-se oprimidos e enganados: apesar da
abolição do regime feudal em 1856, toda a terra continuava a pertencer
exclusivamente aos nobres. E não havia perspectiva de mudança.
Os
intelectuais exigiam uma participação na vida política. O czar Nicolau
II, absolutista, ainda podia administrar e agir no seu imenso reino como
bem entendesse. Nas vésperas da primeira revolução russa, o soberano
ainda não tomara conhecimento dos problemas dos trabalhadores, da fome,
da miséria e das arbitrariedades dos proprietários de fábricas.
Numa
situação tão tensa, um facto insignificante transformou-se, de repente,
numa catástrofe. Quatro operários da maior fábrica de São Petersburgo
foram demitidos porque exigiram a punição de um feitor que era injusto e
tratava mal os operários.
Os
quatro revoltosos estavam dispostos a lutar. O protesto foi apoiado
pelos sindicatos fiéis ao regime, os chamados "sindicatos amarelos",
criados pelas autoridades estatais nas regiões industriais russas, no
início do século, para canalizar e controlar a crescente insatisfação
popular. Tais associações sindicais eram dirigidas e administradas pela
polícia local. O sindicato de São Petersburgo, que contava 11 mil
filiados em Janeiro de 1905, tentou manter a paz social, procurando
fazer com que o director da fábrica anulasse a demissão dos quatro
operários. Em vão. O industrial permaneceu irredutível.
No
dia 2 de Janeiro, foi realizada uma assembleia do sindicato.
Discutiu-se de maneira extremamente emocional o que se podia fazer em
tal situação. E surgiu então ao apelo à greve. Pouco a pouco, mas de
maneira inexorável, a situação começava a fugir ao controle das
autoridades estatais. Outras fábricas de São Petersburgo aderiram à
greve. Foi nesse clima de revolta que se decidiu a realização da marcha
de protesto do dia 22 de Janeiro, que dirigiria uma petição ao czar,
reivindicando uma melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Na
manhã gelada do domingo, 22 de Janeiro, uma multidão de 100 mil pessoas
dirigiu-se então para a residência do czar, o Palácio de Inverno de São
Petersburgo. A residência estava protegida pelos militares, com o apoio
da cavalaria dos cossacos. Mas a multidão era pacífica. Não eram os
aspectos revolucionários que predominavam na marcha, mas sim os ícones
de santos da Igreja Ortodoxa, os estandartes eclesiásticos, as ladainhas
rezadas. Por onde passava o cortejo, nas ruas de São Petersburgo, as
pessoas faziam o sinal da cruz, e muitas juntavam-se a ele.
Quando
a multidão se aproximou do palácio, ouviram-se os primeiros disparos.
Sobre o massacre que se seguiu, existem divergências de interpretação.
Algumas fontes falam de um acto espontâneo e inconsequente. Outros
historiadores acreditam, porém, que o banho de sangue foi premeditado.
Duzentas
pessoas foram assassinadas e cerca de 800 ficaram gravemente feridas. A
sangrenta repressão da marcha de protesto diante do palácio do czar em
São Petersburgo foi o ponto de partida para as rebeliões que se
seguiram. Poucos dias mais tarde, a população de Varsóvia – na época,
administrada pela Rússia – saiu às ruas para protestar. Novamente, o
regime czarista mandou abrir fogo contra os manifestantes.
Os
protestos eclodiram em toda a Rússia. Em Outubro do turbulento ano de
1905, após uma greve geral, o czar Nicolau II assinou um decreto
conhecido como Manifesto de Outubro. Ele abriu caminho para as primeiras
eleições parlamentares livres. Isso marcou, ao mesmo tempo, o fim da
primeira revolução russa, que começara de maneira sangrenta em São
Petersburgo.
Fontes: DW
wikipedia (imagens)
O massacre do Domingo Sangrento em São Petersburgo
Trecho do filme soviético Devyatoe yanvarya("9 de Janeiro") (1925) mostrando uma linha de soldados armados em frente a manifestantes que se aproximam ao Palácio de Inverno em São Petersburgo.
No calendário utilizado na Rússia na época, O Juliano, o massacre
ocorreu a 9 de Janeiro, que corresponde a 22 de Janeiro no calendário
Gregoriano
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/22-de-janeiro-de-1905-domingo-sangrento.html?fbclid=IwAR0Lj3AcPmTkHGsc13K_6yA_cdZ_5No3Kpn_9MPEX62N4zYfpSlTiV6wY60***
Nasceu a 25aGOSTO1530...Kolormenskoye...perto de Moscovo
morreu a 16mar1584...Moscovo
***
foi um filme que me marcou
do extraordinário realizador Sergei Eisenstein
O único fragmento que restou do filme "Ivan, o Terrível parte III"...com legendas em português.
https://www.youtube.com/watch?v=Bunafh0zHV8
***
13 de Março de 1881: O czar Alexandre II da Rússia é assassinado.
No
dia 13 de Março de 1881, dia em que a Rússia receberia uma nova
constituição e uma nova czarina consorte, o czar Alexandre II foi
assassinado por jovens anarquistas.
Ascendeu
ao trono em 2 de Março de 1855 aos 37 anos e logo tomou consciência do
atraso da Rússia. Comprometeu-se, sem perder tempo, com corajosas
reformas. Mas no dia 4 de Abril de 1866, um estudante, Dimitri
Karakosov, atirou sobre ele e por pouco não o matou.
Este
primeiro atentado contra a pessoa sagrada do czar, segundo os costumes
locais, provocou consternação. Um novo ataque ocorreria a 1 de Junho de
1867, quando visitava Paris.
Amargurado
e preocupado, interrompe as reformas liberais e inicia aventuras
bélicas no Cáucaso, nos Balcãs e na Sibéria. Entre os estudantes
anarquistas, a agitação não cessa. Serge Netchaïev, filho de um
camponês, discípulo de Michel Bakunin e Pierre Proudhon, preconiza em
seu Catecismo Revolucionário a destruição do Estado e o assassinato dos
opositores.
Muitos
dos jovens burgueses propõem-se falar com os "mujiques", os pobres do
campo, a fim de incitá-los a sublevarem-se contra o regime. Uma
organização secreta chamada Zemlia i Volia (Terra e Liberdade) nasce do
fracasso da tentativa. O seu propósito é radical: os revolucionários só
devem acreditar neles mesmos para acabar com a autocracia.
Em
9 de Janeiro de 1878, a jovem Vera Zassulitch, alveja o general Trepov,
chefe de polícia célebre pela sua brutalidade. Ela é absolvida. Outros
atentados acontecem contra os representantes da polícia e da justiça.
O
próprio czar seria vítima de vários tiros disparados por um
desequilibrado nas cercanias do palácio em 2 de Abril de 1879. Nasce
então uma nova organização secreta, a Narodnaia Volia (A Vontade do
Povo), que assume o objectivo de assassinar o czar.
Alexandre
escapa dum atentado que destruiu um vagão do comboio em que viajava e
uma outra explosão atinge a sala de jantar de seu palácio.
Por
um decreto de 12 de Fevereiro de 1880, confere poderes ditatoriais ao
conde Loris-Mélikov, heroi da guerra contra a Turquia, com a missão de
erradicar o niilismo e concluir a reforma das instituições. Ele mesmo
escapa por pouco de um tiro de pistola no dia 20 de Fevereiro.
A
18 de Julho de 1880, o czar casa-se em segredo com a amante. No seu
desejo de coroá-la imperatriz, pensa em realizar alterações na sua
política, o que lhe valeria a indulgência do seu povo.
A
Narodnaïa Volia, reunia jovens burgueses obcecados pelo ódio à
autocracia. Entre eles, Sophie Perovski, filha de um governador militar
de São Petersburgo. A prisão do seu amante, Jeliabov, não a desencoraja.
A data fatídica é fixada para 13 de Março de 1881.
O
czar é alertado quanto à possibilidade de um atentado. No dia 13 de
Março percorre de carruagem as margens do canal Catarina. Lá estavam
escondidos quatro homens com bombas, sob as ordens de Sophie. O
soberano escapa da primeira bomba. Avança pelo meio de mortos e feridos e
quer enfrentar pessoalmente o terrorista. Foi então que um cúmplice
atira uma segunda bomba. O czar morreria poucas horas depois.
Alexandre III, seu filho, assumiria o trono em seu lugar, acarretando o retorno à autocracia absoluta.
Fontes: Opera Mundi
wikipedia (imagens)
O assassinato de Alexandre II
Coroação do Czar Alexandre II - Mihály Zichy
Coroação do Czar Alexandre II - Mihály Zichy
***
18 de Maio de 1868: Nasce Nicolau II, último czar da Rússia
Último monarca da longa
dinastia dos Romanov e derradeiro czar da Rússia, Nicolau II foi o último
imperador da Rússia, rei da Polónia e grão-príncipe da Finlândia. Nasceu no
Palácio de Catarina, em Tsarskoye Selo, próximo de São Petersburgo, no dia 18 de
Maio de 1868. Oficialmente, era chamado Nicolau II, Imperador e Autocrata de
Todas as Rússias, ascendeu ao trono em 1894, com 26 anos, sucedendo a Alexandre
III.
Pautou-se por uma política absolutista, por vezes mesmo cruel, o que leva muitos historiadores a considerá-lo um monarca a quem faltava sentido político. Os desastres na guerra contra o Japão (1904-1905) suscitaram o descontentamento, que se viria a alastrar com a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial. O país encontrava-se fortemente marcado pelas desigualdades, causadoras de grande revolta nas classes operárias, já fortemente influenciadas pelas ideias comunistas, que faziam greves incontroláveis.
A situação, de facto, era propícia a uma mudança radical. Em fevereiro de 1917, dava-se a Revolução Russa. Os revolucionários responsabilizaram o monarca pela repressão das manifestações populares, e a 3 de março de 1917 Nicolau II viu-se forçado a abdicar do trono. Era, aliás, uma decisão apoiada pela Alemanha, que desejava ver a Rússia fora do palco da guerra. A partir daí, o czar e a sua família foram aprisionados, primeiro no Palácio de Alexandre em Tsarskoye Selo, depois na Casa do Governador em Tobolsk e finalmente na Casa Ipatiev em Ecaterimburgo. Nicolau II, a sua mulher, o seu filho, as suas quatro filhas, o médico da família imperial, um servo pessoal, a camareira da Imperatriz e o cozinheiro da família foram executados no porão da casa pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de julho de 1918.Mais tarde Nicolau II, a sua mulher e os seus filhos foram canonizados como mártires por grupos ligados à Igreja Ortodoxa Russa no exílio.
Durante muitos anos, circularam lendas que evocavam a sobrevivência de alguns membros da família. Foi preciso esperar pela década de 90 para que os cientistas provassem, através de análises ao ADN, que os restos descobertos do czar e da sua família lhes pertenciam efetivamente, e que ninguém sobrevivera
Pautou-se por uma política absolutista, por vezes mesmo cruel, o que leva muitos historiadores a considerá-lo um monarca a quem faltava sentido político. Os desastres na guerra contra o Japão (1904-1905) suscitaram o descontentamento, que se viria a alastrar com a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial. O país encontrava-se fortemente marcado pelas desigualdades, causadoras de grande revolta nas classes operárias, já fortemente influenciadas pelas ideias comunistas, que faziam greves incontroláveis.
A situação, de facto, era propícia a uma mudança radical. Em fevereiro de 1917, dava-se a Revolução Russa. Os revolucionários responsabilizaram o monarca pela repressão das manifestações populares, e a 3 de março de 1917 Nicolau II viu-se forçado a abdicar do trono. Era, aliás, uma decisão apoiada pela Alemanha, que desejava ver a Rússia fora do palco da guerra. A partir daí, o czar e a sua família foram aprisionados, primeiro no Palácio de Alexandre em Tsarskoye Selo, depois na Casa do Governador em Tobolsk e finalmente na Casa Ipatiev em Ecaterimburgo. Nicolau II, a sua mulher, o seu filho, as suas quatro filhas, o médico da família imperial, um servo pessoal, a camareira da Imperatriz e o cozinheiro da família foram executados no porão da casa pelos bolcheviques na madrugada de 16 para 17 de julho de 1918.Mais tarde Nicolau II, a sua mulher e os seus filhos foram canonizados como mártires por grupos ligados à Igreja Ortodoxa Russa no exílio.
Durante muitos anos, circularam lendas que evocavam a sobrevivência de alguns membros da família. Foi preciso esperar pela década de 90 para que os cientistas provassem, através de análises ao ADN, que os restos descobertos do czar e da sua família lhes pertenciam efetivamente, e que ninguém sobrevivera
Nicolau
II. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2011.
wikipedia
(Imagens)
Nicolau durante a prisão
emTsarskoye Selo, numa
das suas últimas fotos
***
17 de Junho de 1773: Catarina II da Rússia promulga o Édito de Tolerância
A
tolerância a todas as religiões, prevista pelo édito de 17 de Junho de
1773, na Rússia, é a imagem de uma monarquia esclarecida e moderna.
Catarina
II influenciou os rumos da história russa como ninguém. Levando à
frente a política expansionista de Pedro, o Grande, esta filha de
príncipes alemães transformou a Rússia na maior potência da Europa
Oriental. Influenciada pelos pensadores iluministas da Revolução
Francesa, Catarina, "a déspota esclarecida", conduziu uma série de
reformas na política interna russa.
A
17 de Junho de 1773, tornou público o seu Édito da Tolerância, que
instituiu a liberdade religiosa. Leitora de Montesquieu e Voltaire, a
monarca procurava passar uma imagem moderna. Catarina reformou o sistema
de educação, dinamizou a vida cultural e atraiu colonos alemães para a
região próxima ao Rio Volga. Durante o seu reinado, São Petersburgo
transformou-se numa das cidades mais bonitas da Europa.
A
imperatriz ficou conhecida pela sua perspicácia política e extrema
ganância pelo poder. Vários dos seus amantes, pertencentes aos círculos
nobres russos, tentaram influenciá-la. Em 1762, Catarina conspirou
contra o próprio marido, Pedro III, tendo assumido o trono a seguir. O
assassinato do czar não foi ordenado por ela, embora nada conste que
Catarina tenha feito algo para impedir o facto. Após a morte de Pedro,
nenhum obstáculo impediu o domínio absoluto da monarca.
Catarina
conduziu duas guerras vitoriosas contra o Império Otomano e anexou
parte da Polónia à Rússia, que cresceu assustadoramente durante o seu
reinado.
Ao
contrário do que pregava a sua imagem de discípula dos iluministas
franceses, Catarina governou com punho de ferro. Apesar de alguns sinais
de modernização, as suas reformas não trouxeram mudanças essenciais
para o conjunto da sociedade russa. Sob o seu domínio, as desigualdades
sociais tornaram-se ainda mais gritantes.
O
regime de servidão expandiu-se até à Ucrânia e a política oficial
deixou os servos à mercê da nobreza. A rebelião dos agricultores, em
protesto contra as condições de miséria absoluta em que viviam, foi
sufocada por Catarina no ano de 1774, à custa de muito sangue. O líder
da revolta foi executado em praça pública.
Voltaire,
no entanto, persistiu como um dos grandes admiradores da monarca,
alimentando a ilusão de que ela seria a grande defensora dos direitos
dos súbditos, em nome do Iluminismo. A intenção da imperatriz de
realizar uma reforma na legislação foi suficiente para o filósofo
francês acreditar que Catarina promovia uma verdadeira revolução
iluminista na Rússia.
A
czarina usou das suas boas relações com Voltaire, que se tornou um
aliado para os seus planos e feitos, enquanto Diderot, que Catarina
tentava também convencer das suas boas intenções, não se deixou levar.
O
reinado de Catarina foi, em suma, bastante contraditório. O Édito da
Tolerância, que proibia perseguições religiosas, foi aplicado apenas à
parte da Igreja russa ortodoxa, que em meados do século XVII se
havia separado oficialmente da Igreja estatal.
Enquanto
isso, sob os domínios de Catarina, os judeus foram confinados à parte
ocidental do território russo, na distante anexada Polónia. Ritos
religiosos judaicos passaram a ser aceites somente dentro das fronteiras
deste território demarcado. A partir de 1791, formaram-se verdadeiros
guetos na região.
Também
a política expansionista e a ganância pelo poder absoluto da czarina
eram contrárias às ideias de Voltaire e do Iluminismo francês. Mas foi
exactamente pela sua personalidade extremamente ambígua que Catarina, a
Grande, se tornou uma das figuras mais importantes da política mundial.
Fontes: DW
wikipedia (imagens)
Catarina II da Rússia
*
02 de Maio de 1729 : Nasce Catarina, "a Grande", Imperatriz da Rússia
Catarina
II, a Grande (nascida Sofia Augusta Frederica de Anhalt-Zerbst, a 2 de
Maio de 1729 e falecida a 17 de Novembro de 1796) foi
uma imperatriz russa. Catarina subiu ao poder após uma conspiração que
depôs o seu marido, o czar Pedro III (1728 – 1762), o seu reinado foi um dos pontos altos da Nobreza Russa.
A
família da mãe de Catarina (ainda conhecida pelo seu nome de
nascimento, Sofia) estava intimamente ligada à família imperial russa. O
seu tio materno, Carlos Augusto de Holnstein, tinha sido um dos
pretendentes a casar-se com a Imperatriz Isabel I, mas morreu de sarampo
antes do casamento acontecer. Durante a sua procura de noivas para o
seu sobrinho Pedro, Isabel interessou-se por Sofia e convocou-a a São
Petersburgo.
A
família deixou Zerbst no dia 10 de Janeiro de 1744. Alguns dias mais
tarde, Sofia despediu-se do seu pai em Schwedt, nas margens do rio Oder,
e continuou a viagem com a sua mãe. Realizada a meio do Inverno, a
viagem foi longa e extenuante. Quando atravessaram a fronteira russa,
mãe e filha encontraram trenós, enviados pela Imperatriz Isabel. O resto
da viagem foi luxuosa, no entanto, ao chegar triunfantemente a São
Petersburgo, foram informadas de que a Corte se encontrava em Moscovo na
altura. Por isso, após um breve período de descanso, elas voltaram a
fazer-se à estrada, uma vez que queriam chegar à segunda cidade mais
importante do Império a tempo do aniversário do Grão-duque Pedro que se
realizaria a 10 de Fevereiro. Segundo relatos da época, a Imperatriz
gostou imediatamente de Sofia. O Grão-duque ficou contente por vê-las,
já que a mãe de Sofia era prima directa do seu pai. A futura noiva notou
imediatamente uma certa fragilidade em Pedro, uma analise acertada,
visto que ele sofria de todo o tipo de doenças.
Sofia
começou a aprender russo e a estudar a Religião Ortodoxa, o que agradou
à Imperatriz Isabel. No dia 28 de Junho, Sofia converteu-se numa grande
cerimónia. No dia seguinte aconteceu o noivado e a Princesa Sofia de
Anhalt-Zerbst tornou-se na Grã-duquesa Catarina Alexeyevna da Rússia e
passou a ser a segunda mulher mais importante do país.
Pouco
tempo depois, Pedro contraiu sarampo e depois começou a mostrar
sintomas de varicela. Foi a própria Imperatriz que cuidou dele durante a
doença, que o deixou com o rosto desfigurado e com muito pouco cabelo.
Ele sabia como a doença o tinha deixado ainda menos atraente, o que
destruiu a pouca confiança que lhe restava. Catarina achava-o uma
criatura penosa e olhava para o casamento com muito pouco entusiasmo. Na
altura Pedro tinha começado a beber em excesso e o seu comportamento
tornou-se cruel. A corte regressou a São Petersburgo e, após vários
adiamentos, o casamento aconteceu no dia 21 de Agosto de 1745 na
Catedral de Kasan.
O
jovem casal habituou-se um ao outro, mas o casamento foi um erro. A mãe
de Catarina acabou por regressar a casa e a futura Imperatriz ocupou-se
lendo tudo o que lhe viesse parar às mãos. Acabou por descobrir
satisfação quando avançou dos trabalhos de Platão para os de Voltaire. O
seu interesse pelo intelectual causou uma separação ainda maior entre
ela e o marido, que a começou a evitar. Os anos foram passando e não
havia nenhum herdeiro à vista, irritando profundamente a Imperatriz que
culpava Catarina por não se conseguir tornar atraente aos olhos do
marido. O facto de ela ter arranjado um amante, é pouco surpreendente no
meio de toda a pressão a que estava sujeita. Em 1754 ela finalmente deu
à luz um filho, Paulo. Alexei foi o filho nascido da relação de
Catarina com o Conde Gregório Orlov, nascido a 11 de Abril de 1762. O
seu apelido foi escolhido como uma derivação do nome da casa onde a sua
família vivia, Brobrinskoe. Isabel foi a filha de Catarina com o
Príncipe Potemkin-Tauria. Nasceu em segredo, em Moscovo, durante as
comemorações do final da Guerra Russo-Turca, a 13 de Julho de 1775.
Após a morte da imperatriz Isabel a 5 de Janeiro de 1762, Pedro, o grão-duque de Holstein-Gottorp, sucedeu ao trono como Pedro III da Rússia.
Catarina, que antes detinha o título de grã-duquesa, tornou-se
imperatriz-consorte da Rússia. O casal imperial mudou-se para o novo Palácio de Inverno em São Petersburgo.Em
Julho de 1762, pouco depois de estar seis meses no trono, o czar Pedro
cometeu o erro político de se retirar com os seus cortesãos de Holstein
para Oranienbaum, na Finlândia,
deixando a sua esposa sozinha em São Petersburgo. Nos dias 13 e 14 de
Julho, a guarda imperial revoltou-se, depôs Pedro e proclamou Catarina
como governante da Rússia. O golpe sem sangue teve sucesso.Três dias depois, a 17 de Julho de 1762, Pedro III morreu em Ripsha, às mãos do irmão mais novo de Gregório Orlov, o amante de Catarina.
Catarina
ansiava por ser reconhecida como uma soberana iluminista. Foi ela a
pioneira naquele que seria mais tarde o papel da Grã-Bretanha ao longo
do século XIX, o de mediadora internacional de disputas que poderiam
levar à guerra. Catarina tinha a reputação de ser uma mecenas
das artes, literatura e educação. O Museu Hermitage, começou a partir da
colecção privada da imperatriz. Escreveu ainda comédias, ficção e uma
autobiografia enquanto se correspondia
com Voltaire, Diderot e d’Alembert, todos eles autores da
primeira Enciclopédia que, mais tarde, cimentaram a sua reputação
através da escrita. Os principais economistas da época, Arthur
Young eJacques Necker, tornaram-se membros estrangeiros da Sociedade
Económica Livre seguindo a sugestão dela de se instalarem em São
Petersburgo em 1765.
Catarina faleceu no dia 17 de Novembro de 1796 após ter sofrido um ataque cardiaco .
Fontes: romanov.blogs.sapo.pt
wikipedia
Catarina por Louis Caravaque, 1745,
Catarina com o marido, o czar Pedro III e o filho, Paulo
Alegoria de Catarina após a vitória russa na Guerra Russo-Turca de 1768-1774
***
08 de Fevereiro de 1725: Morre Pedro "O Grande" , czar de todas as Rússias.
Pedro, o Grande -Paul Delaroche
*
09 de Junho de 1672: Nasce Pedro o Grande, czar da Rússia
No
fim do século XVII, a dinastia dos Romanov deu à Rússia um czar tão
poderoso quanto Ivan, o Terrível, mas sem o seu espírito destruidor.
Era Pedro, o Grande, o pai da Rússia moderna. De infância
difícil, como Ivan, assistiu a uma luta pelo poder seguida de mortes nos
corredores do Kremlin, quando o seu pai morreu. Obrigando-o
a refugiar-se nos arredores de Moscovo na sua maioridade, pois Sofia,
sua irmã mais velha e tutora, não lhe passou o ceptro, ambicionava ser
czarina.
Ao percorrer o campo, aproveitou o seu tempo livre observando e adquirindo conhecimentos práticos, como construir uma casa em alvenaria, consertar sapatos, extrair dentes cariados e mesmo fundir um canhão.
Medindo mais de 2 metros, Pedro tornou-se um verdadeiro gigante provido de uma força lendária ao dobrar pesados pratos de prata e abater árvores a machadadas em segundos. O seu apetite era imenso, em refeições sem cerimónias na companhia de artistas ingleses, escoceses, suíços, dinamarqueses, que viviam em Moscovo. Foi o maior incentivador da vodca ao organizar campeonatos, bebia 3 litros de uma só vez.
Ao aperceber-se que a Rússia era socialmente e tecnicamente atrasada, resolveu abrir uma janela para o Ocidente, já como czar, a fim de dotar o país de ideias europeias de progresso. Não sem antes recolher a irmã Sofia aos costumes no Convento das Carmelitas. Empreendeu um périplo de 18 meses pela Europa, em que se fez passar por marinheiro e trabalhar como carpinteiro num estaleiro da Holanda, aprendeu a retalhar a gordura da baleia, estudou anatomia e cirurgia observando dissecação de cadáveres, visitou museus e galerias de arte.
Ao percorrer o campo, aproveitou o seu tempo livre observando e adquirindo conhecimentos práticos, como construir uma casa em alvenaria, consertar sapatos, extrair dentes cariados e mesmo fundir um canhão.
Medindo mais de 2 metros, Pedro tornou-se um verdadeiro gigante provido de uma força lendária ao dobrar pesados pratos de prata e abater árvores a machadadas em segundos. O seu apetite era imenso, em refeições sem cerimónias na companhia de artistas ingleses, escoceses, suíços, dinamarqueses, que viviam em Moscovo. Foi o maior incentivador da vodca ao organizar campeonatos, bebia 3 litros de uma só vez.
Ao aperceber-se que a Rússia era socialmente e tecnicamente atrasada, resolveu abrir uma janela para o Ocidente, já como czar, a fim de dotar o país de ideias europeias de progresso. Não sem antes recolher a irmã Sofia aos costumes no Convento das Carmelitas. Empreendeu um périplo de 18 meses pela Europa, em que se fez passar por marinheiro e trabalhar como carpinteiro num estaleiro da Holanda, aprendeu a retalhar a gordura da baleia, estudou anatomia e cirurgia observando dissecação de cadáveres, visitou museus e galerias de arte.
Ao
surgirem notícias de que inimigos das novas ideias queriam depô-lo,
retornou com a revolta já subjugada, o que não foi suficiente para
conter a sua fúria. Fez queimar em praça pública todos os prisioneiros,
um por um, e, na aproximação da morte, cortava-lhes a cabeça para
expô-las e dar exemplo. O que não impediu de começar simbolicamente o
processo de modernização do país ao ordenar a todos os homens que
desbastassem o comprimento da barba, com as suas próprias mãos cortava a
barba dos nobres da corte. Os longos hábitos dos homens deveriam dar
lugar aos sobretudos e as damas abandonar os véus para comparecer nas
recepções com vestidos justos e bem decotados, como se usava em França.
Os filhos da aristocracia seriam confiados a governantas que os
familiarizariam com o francês e o alemão.
Buscou nos Urais, na riqueza dos seus recursos naturais, o tesouro de pedras preciosas que ergueria seu império à altura de um reino burguês distanciado do rústico que imperava na corte, do ortodoxamente rudimentar. Às novas terras conquistadas, crescia o interesse na demanda por joias e na acumulação que reluzia o esplendor das monarquias absolutistas dos anos 1500 a 1700, quando a exploração atingiu o seu ápice.
Facilitou a construção de fábricas e escolas para ensinar matemática, navegação, astronomia, medicina, geografia, filosofia e política. Lançou o primeiro jornal russo. Imprimiu 600 obras e construiu um teatro em Moscovo, ainda de pé na Praça Vermelha. A convicção dele era a de que o mal resultava da ignorância, o conhecimento possuía um efeito libertador ao forjar uma nova alma, sem desconfiar que contribuía decisivamente para o início de formação de consciências críticas que marcaram a Rússia na revolta contra a injustiça e a opressão.
Em 1709, os suecos, que vinham de invadir a Polónia e a Saxónia, voltaram à carga visando a Ucrânia, quando, em Poltava, se desenrolou uma das batalhas mais decisivas da história da Rússia. Aliada aos saxões, polacos e dinamarqueses, afastou o perigo de uma dominação sueca sobre a Europa do Norte e territórios bálticos para sempre. A vitória permitiu a conquista da janela sobre o Ocidente, o Báltico assegurava uma via de comunicação utilizável durante todo o ano com o resto da Europa. Pedro já havia começado a construir um porto ao qual se devia dar o nome de seu santo padroeiro, portanto, o seu. Foi chamado de São Petersburgo.
São Petersburgo nasceu de um sonho extravagante de Pedro, o Grande, fazendo-a cultivar um ar de superioridade sobre a sua grande irmã, Moscovo.
O lugar escolhido parecia ser pior do que se podia imaginar, um pântano na desembocadura do Neva, lá onde o rio alcança o golfo da Finlândia. Pedro mandou vir da França e da Itália inúmeros arquitectos e artistas para construir uma cidade. Com a maior urgência, ela cresceu sobre as ossadas de milhares de servos, de prisioneiros de guerra, recrutas requisitados do exército, tantas foram as mortes por causa do árduo trabalho em cavar canais e secar pântanos para fixar as fundações.
Ao fim de 9 anos, ergueram-se 25 mil casas, Pedro, o Grande, tornou-a capital da Rússia. Com uma rede de canais como os de Amsterdão e grandes avenidas arborizadas, a altura das casas variava segundo a classe social dos seus ocupantes. Um andar com quatro janelas e uma clarabóia, para os comuns, e dois níveis com sacada, para os ricos comerciantes.
Com o intuito de se vingar das ameaças sofridas na puberdade em Moscovo, e tomado por um maligno prazer, removeu a corte real em 1712 para os pântanos ainda fétidos de São Petersburgo. Deveriam abandonar os castelos moscovitas medievais para construir novas mansões, segundo as estritas directivas arquitectónicas do czar, que redesenhava projectos, supervisionava material de construção e adequação de estátuas e plantas. A ordem era de povoar a cidade com milhares de servos dos seus domínios.
Considerando que Moscovo era o centro nevrálgico da Igreja Ortodoxa, Pedro aproveita o ensejo para desvincular a Igreja do Estado. Constrói a catedral de São Pedro e São Paulo, ao melhor estilo católico, projectada por arquitectos italianos, e dá largos passos na aproximação às ideias do Ocidente.
O Imperador de todas as Rússias, seu novo cognome em 1721, procurou rivalizar com Versalhes ao erigir o palácio de verão Peterhof - denominação alemã alterada em 1944 para Petrodvorets -, com magníficos jardins e chafarizes que permitiam satisfazer a sua atracção por brincadeiras: os esguichos jorravam repentinamente e molhavam os distraídos enredados em filosofia ou intrigas. Recepções e bailes de máscaras prenunciavam o ingresso da licenciosidade e costumes escandalosos para padrões ortodoxos, já que Moscovo apenas celebrava um número restrito de austeras festas religiosas.
Foi em Peterhof que o czar teve uma desavença tempestuosa com o seu único filho, nascido do seu primeiro casamento com uma mulher que nunca amou e que ele encerrou, por fim, num convento. A sua segunda mulher, com a qual viveu 23 anos, era uma camponesa analfabeta, amante de um oficial, que lhe deu 12 filhos, dos quais somente 2 filhas sobreviveram. Alexis, o herdeiro do trono, converteu-se num instrumento nas mãos de conservadores que urdiam a deposição de Pedro e da capital.
Ao responder de forma evasiva a questões que envolviam o poder, o czar acusou o seu filho de conspiração e o herdeiro foi feito prisioneiro para obrigá-lo a entregar a sua alma. Pedro morreu sem designar sucessor em 1725, em consequência de doença contraída no mergulho nas águas geladas do golfo da Finlândia para socorrer pescadores .
Pedro faria com que a Rússia deixasse de olhar para o seu umbigo e se permitisse tirar proveito de novas influências que arejassem a essência da sua alma. Simplificou o alfabeto russo e aumentou a possibilidade de aprender, permitida pela leitura mais fácil. Ao imprimir livros e jornais, retirou a Rússia do atraso em termos de alfabetização.
Fecundo o fruto dos seus esforços de modernização em inúmeros campos, contudo, também causaram uma ruptura social. A uma nobreza europeizada opunham-se camponeses e o clero que resistiam de todas as maneiras a mudanças. O fosso iria aumentar meio século mais tarde sob o reino de uma czarina, Catarina, a Grande.
Buscou nos Urais, na riqueza dos seus recursos naturais, o tesouro de pedras preciosas que ergueria seu império à altura de um reino burguês distanciado do rústico que imperava na corte, do ortodoxamente rudimentar. Às novas terras conquistadas, crescia o interesse na demanda por joias e na acumulação que reluzia o esplendor das monarquias absolutistas dos anos 1500 a 1700, quando a exploração atingiu o seu ápice.
Facilitou a construção de fábricas e escolas para ensinar matemática, navegação, astronomia, medicina, geografia, filosofia e política. Lançou o primeiro jornal russo. Imprimiu 600 obras e construiu um teatro em Moscovo, ainda de pé na Praça Vermelha. A convicção dele era a de que o mal resultava da ignorância, o conhecimento possuía um efeito libertador ao forjar uma nova alma, sem desconfiar que contribuía decisivamente para o início de formação de consciências críticas que marcaram a Rússia na revolta contra a injustiça e a opressão.
Em 1709, os suecos, que vinham de invadir a Polónia e a Saxónia, voltaram à carga visando a Ucrânia, quando, em Poltava, se desenrolou uma das batalhas mais decisivas da história da Rússia. Aliada aos saxões, polacos e dinamarqueses, afastou o perigo de uma dominação sueca sobre a Europa do Norte e territórios bálticos para sempre. A vitória permitiu a conquista da janela sobre o Ocidente, o Báltico assegurava uma via de comunicação utilizável durante todo o ano com o resto da Europa. Pedro já havia começado a construir um porto ao qual se devia dar o nome de seu santo padroeiro, portanto, o seu. Foi chamado de São Petersburgo.
São Petersburgo nasceu de um sonho extravagante de Pedro, o Grande, fazendo-a cultivar um ar de superioridade sobre a sua grande irmã, Moscovo.
O lugar escolhido parecia ser pior do que se podia imaginar, um pântano na desembocadura do Neva, lá onde o rio alcança o golfo da Finlândia. Pedro mandou vir da França e da Itália inúmeros arquitectos e artistas para construir uma cidade. Com a maior urgência, ela cresceu sobre as ossadas de milhares de servos, de prisioneiros de guerra, recrutas requisitados do exército, tantas foram as mortes por causa do árduo trabalho em cavar canais e secar pântanos para fixar as fundações.
Ao fim de 9 anos, ergueram-se 25 mil casas, Pedro, o Grande, tornou-a capital da Rússia. Com uma rede de canais como os de Amsterdão e grandes avenidas arborizadas, a altura das casas variava segundo a classe social dos seus ocupantes. Um andar com quatro janelas e uma clarabóia, para os comuns, e dois níveis com sacada, para os ricos comerciantes.
Com o intuito de se vingar das ameaças sofridas na puberdade em Moscovo, e tomado por um maligno prazer, removeu a corte real em 1712 para os pântanos ainda fétidos de São Petersburgo. Deveriam abandonar os castelos moscovitas medievais para construir novas mansões, segundo as estritas directivas arquitectónicas do czar, que redesenhava projectos, supervisionava material de construção e adequação de estátuas e plantas. A ordem era de povoar a cidade com milhares de servos dos seus domínios.
Considerando que Moscovo era o centro nevrálgico da Igreja Ortodoxa, Pedro aproveita o ensejo para desvincular a Igreja do Estado. Constrói a catedral de São Pedro e São Paulo, ao melhor estilo católico, projectada por arquitectos italianos, e dá largos passos na aproximação às ideias do Ocidente.
O Imperador de todas as Rússias, seu novo cognome em 1721, procurou rivalizar com Versalhes ao erigir o palácio de verão Peterhof - denominação alemã alterada em 1944 para Petrodvorets -, com magníficos jardins e chafarizes que permitiam satisfazer a sua atracção por brincadeiras: os esguichos jorravam repentinamente e molhavam os distraídos enredados em filosofia ou intrigas. Recepções e bailes de máscaras prenunciavam o ingresso da licenciosidade e costumes escandalosos para padrões ortodoxos, já que Moscovo apenas celebrava um número restrito de austeras festas religiosas.
Foi em Peterhof que o czar teve uma desavença tempestuosa com o seu único filho, nascido do seu primeiro casamento com uma mulher que nunca amou e que ele encerrou, por fim, num convento. A sua segunda mulher, com a qual viveu 23 anos, era uma camponesa analfabeta, amante de um oficial, que lhe deu 12 filhos, dos quais somente 2 filhas sobreviveram. Alexis, o herdeiro do trono, converteu-se num instrumento nas mãos de conservadores que urdiam a deposição de Pedro e da capital.
Ao responder de forma evasiva a questões que envolviam o poder, o czar acusou o seu filho de conspiração e o herdeiro foi feito prisioneiro para obrigá-lo a entregar a sua alma. Pedro morreu sem designar sucessor em 1725, em consequência de doença contraída no mergulho nas águas geladas do golfo da Finlândia para socorrer pescadores .
Pedro faria com que a Rússia deixasse de olhar para o seu umbigo e se permitisse tirar proveito de novas influências que arejassem a essência da sua alma. Simplificou o alfabeto russo e aumentou a possibilidade de aprender, permitida pela leitura mais fácil. Ao imprimir livros e jornais, retirou a Rússia do atraso em termos de alfabetização.
Fecundo o fruto dos seus esforços de modernização em inúmeros campos, contudo, também causaram uma ruptura social. A uma nobreza europeizada opunham-se camponeses e o clero que resistiam de todas as maneiras a mudanças. O fosso iria aumentar meio século mais tarde sob o reino de uma czarina, Catarina, a Grande.
Fontes: Conhecer a Rússia
wikipedia (imagens)
Pedro, o Grande - Godfrey Kneller
Pedro medita no projecto da construção de São Petersburgo - Alexandre Benois
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16 de Janeiro de 1547: Ivan, O Terrível, é coroado Czar de todas as Rússias.
Nasceu em 25 de Agosto de 1530, em Kolomenskoye, perto de Moscovo [Rússia], morreu em 18 de Março de 1584, em Moscovo.
Grande
príncipe de Moscovo (1533-84) foi o primeiro monarca a ser proclamado
czar da Rússia, em 1547. O seu reinado viu a criação de um Estado russo
centralizado e o início de um império.
Filho
do grão-duque Vassili III de Moscovo e da sua segunda mulher, Yelena
Glinskaya, foi o penúltimo representante da dinastia Rurik. Em 4 de
Dezembro de 1533, imediatamente após a morte de seu pai, tendo três anos
de idade, Ivan foi proclamado grão-príncipe de Moscovo. A mãe regeu a
Rússia em nome do filho até à sua morte em 1538, possivelmente por
envenenamento. A morte dos pais serviu para reavivar as lutas das várias
facções de nobres pelo controlo da pessoa do príncipe e do poder. Os
anos 1538-47 foram, por isso, um período de conflitos sanguinários entre
os vários clãs da casta guerreira dos boiardos. As lutas permanentes
para o controlo do governo em detrimento do reino causou uma profunda
impressão no grão-duque, craindo-lhe uma aversão aos boiardos que se
manteve ao longo de toda a vida.
Em
16 de Janeiro de 1547, Ivan foi coroado czar e grão-príncipe de toda a
Rússia. O título czar foi obtido a partir do título latim caesar (César)
e foi traduzido pelos contemporâneos de Ivan como "imperador". Em
Fevereiro de 1547 Ivan casou-se com Anastasiya Romanovna, tia-avó do
futuro primeiro czar da dinastia Romanov.
Ivan
foi grandemente influenciado, pelo menos desde 1542, pelas ideias do
bispo metropolita de Moscovo, Makari, que incentivou o jovem czar a
estabelecer, como desejava, um estado cristão baseado nos princípios da
justiça. O governo de Ivan iniciou um vasto programa de reformas e de
reorganização da administração central e local. Os concílios da Igreja
convocados em 1547 e 1549 reforçaram e sistematizaram a organização da
Igreja, reforçando a ortodoxia e canonizando um grande número de santos
russos. Em 1549 a primeira zemski sobor reuniu-se para exercer a
sua capacidade consultiva – esta assembleia nacional era composta de
boiardos, clérigos e alguns representantes eleitos da nova nobreza de
serviço. Em 1550 um novo e mais detalhado código jurídico foi elaborado
substituindo um datado de 1497. A administração central da Rússia também
foi reorganizada em departamentos, cada um responsável por uma função
específica do Estado. As condições de serviço militar foram melhoradas,
as forças armadas foram reorganizados e o sistema de comando alterado de
modo que os comandantes passassem a ser nomeados com base no mérito e
não simplesmente em virtude de sua origem nobre. O governo também
permitiu que os administradores distritais fossem eleitos pela
aristocracia local, criando assim uma ampla zona de auto-governo.
Um
dos objectivos das reformas era o de limitar os poderes da aristocracia
hereditária de príncipes e boiardos (que continuaram a manter as suas
propriedades hereditárias) e promover os interesses da aristocracia de
serviço, que recebeu as suas terras como compensação pelo serviço
governamental e que passou a estar, assim, dependente do czar. Todas as
reformas ocorreram sob a égide do chamado "Conselho Escolhido", um órgão
consultivo informal em que as principais figuras eram os favoritos do
czar Aleksey Adashev e o padre Silvestre. A influência do conselho foi
diminuindo até que desapareceu completamente no início de 1560, após a
morte da primeira mulher de Ivan e de Makari, altura em que as ideias de
Ivan assim como o núcleo dos seus principais seguidores tinham mudado. A
primeira mulher de Ivan, Anastasiya, morreu em 1560, e apenas dois
herdeiros do sexo masculino, Ivan (n. 1554) e Fyodor (n. 1557),
sobreviveram aos enormes rigores da infância naquela época.
A
Rússia esteve em guerra durante a maior parte do reinado de Ivan. Os
governantes moscovitas temiam desde sempre as incursões dos tártaros e,
entre 1547 e 1550 foram realizadas várias campanhas sem sucesso contra o
hostil Canato de Kazan, no rio Volga. Em 1552, depois de preparativos
prolongados, o czar avançou contra Kazan, tendo o exército russo
conseguido finalmente tomar a cidade de assalto. Em 1556 o Canato de
Astracã, localizado na foz do rio Volga, foi anexado sem luta. A partir
daquele momento, o Volga tornou-se um rio russo, e a rota comercial para
o mar Cáspio passou a ser segura.
Com
ambas as margens do rio Volga garantidas, Ivan preparou-se para uma
campanha que desse à Rússia uma saída para o mar, a tradicional
preocupação da Rússia litoral. Ivan percebeu que o comércio com a Europa
estava totalmente dependente do livre acesso ao mar Báltico e decidiu
voltar sua atenção para oeste. Em 1558 decidiu-se pela guerra, numa
tentativa de estabelecer o domínio russo sobre a Livónia (hoje em dia a
Letónia e a Estónia). No início, a Rússia teve algum sucesso e conseguiu
destruir o poder dos cavaleiros da Livónia, mas a Lituânia, aliada dos
cavaleiros, tornou-se em 1569 parte integrante da Polónia. A guerra
arrastou-se e, enquanto os suecos apoiavam a Polónia contra a Rússia, os
tártaros da Crimeia atacaram Astracã fazendo, em 1571, uma incursão
profunda pelo interior da Rússia; queimaram Moscovo, deixando de pé
unicamente o Kremlin. Quando Estêvão Bathory da Transilvânia se tornou
rei da Polónia, em 1575, reorganizou os exércitos polacos sob a sua
direcção, tornando-os capazes de levar a guerra até ao território russo,
enquanto os suecos reocupavam partes da Livónia. Ivan acabou por pedir
ao papa Gregório XIII para intervir, e através da mediação do núncio
papal, Antonio Possevino, foi assinado um armistício com a Polónia em 15
de Janeiro de 1582. Nos termos do acordo Rússia perdia todos as suas
conquistas na Livónia, e um armistício com a Suécia, em 1583, obrigou a
Rússia a abandonar as cidades no golfo da Finlândia. A Guerra da
Livónia, que durara 24 anos, fora infrutífera para a Rússia e tinha-a
esgotado devido à sua prolongada duração.
As
primeiras execuções de Ivan surgiram, aparentemente, devido à sua
decepção com o curso da Guerra da Livónia e a suspeita da traição de
vários boiardos. A deserção de um dos seus melhores comandantes, o
príncipe Andrey Kurbsky para a Polónia, em 1564, parece ter perturbado o
czar, que anunciou mais tarde a sua intenção de abdicar, devido à
traição dos boiardos. Os moscovitas, no entanto, liderados pelo clero,
imploraram-lhe que continuasse a governar e, em 1565, aceitou o pedido
com a condição de que puderia lidar com os traidores como desejava.
Seria autorizado a formar umaOprichnina, isto é, a organizar um
território que seria administrado separadamente do restante território
do principado e colocado sob seu governo directo, como terra da coroa.
Um corpo de guarda-costas de 1.000 a 6.000 homens, conhecido como oprichniki, foi recrutado, e cidades e distritos específicos em toda a Rússia foram incluídos no Oprichnina,
sendo as receitas provenientes destes territórios atribuídas à
manutenção da nova corte do czar e dos que o serviam; corte formada por
um número cuidadosamente seleccionado de boiardos e de nobres de
serviço. Ivan vivia exclusivamente no interior desta nova corte deixando
a administração diária da Rússia (agora chamada zemschina, ou
terra), que colocou nas mãos dos principais dirigentes boiardos e de
administradores. Ivan deixou praticamente de comunicar com eles,
enquanto o oprichniki atacava impunemente todos os que não faziam parte do círculo imediato do czar.
A maioria dos historiadores tende a considerar esta época do reinado de Ivan, o Terrível,
como uma luta foi entre o czar e da antiga nobreza hereditária, que,
com ciúmes de entregar o seu poder e privilégios, resistiu aos seus
projectos de reformas interna e militar. O Oprichnina pode ter
sido, assim, a tentativa de Ivan criar um Estado altamente centralizado e
destruir os poderes económico e político dos príncipes e da alta
nobreza. Os boiardos, de facto, estavam cada vez mais ressentidos com a
política de Ivan e conspiraram contra ele várias vezes, mas o reinado de
terror que Ivan iniciou por meio do Oprichnina mostrou-se muito
mais perigoso para a estabilidade do país do que o perigo que tinha
intenção de suprimir. Em 1570, por exemplo, o czar conduziu pessoalmente
as suas tropasoprichniki contra Novgorod, destruindo a cidade e
executando vários milhares de habitantes. Muitos boiardos e outros
membros da aristocracia morreram neste período, alguns executados
publicamente com crueldade calculada. Mais tarde Ivan enviou para vários
mosteiros memoriais (sinodiki) de mais de 3.000 das suas vítimas, a maioria dos quais foram executados no decurso do Oprichnina.
O Oprichnina durou apenas sete anos, de 1565-1572, data em que foi abolido como resultado do fracasso dos regimentos Oprichnina em defender Moscovo do ataque dos tártaros da Crimeia. O exército Oprichnina foi integrado no zemschina, e algumas das propriedades confiscadas por apoiantes de Ivan foram devolvidos aos seus proprietários. Mas o episódio do Oprichnina deixou uma marca sangrenta no reinado de Ivan, causando dúvidas sobre sua estabilidade mental e dando a ideia de Ivan, O Terrível, ter sido um governante desconfiado e vingativo.
No fim do seu reinado o czar manifestou
interesse em estabelecer relações diplomáticas e comerciais com a
Inglaterra, chegando mesmo a mostrar disponibilidade para se casar com
uma mulher nobre inglesa. Em 1575, parece ter abdicado durante cerca de
um ano em favor de um príncipe tártaro, Simeão Bekbulatovich. Durante a
década de 1570 casou-se cinco vezes, em rápida sucessão. Finalmente, num
acesso de raiva, matou o seu único herdeiro viável, Ivan, em 1581. Este
assassinato despoletou a crise política que começou com a extinção da
dinastia Rurik após a morte do seu segundo filho o doente Fyodor, em
1598.
As
conquistas do czar Ivan foram muitas. Na política externa, todas as
suas acções dirigiram-se a forçar a ligação da Rússia à Europa, uma
linha que Pedro I, o Grande, continuou. Internamente, o reinado
de terror de Ivan acabou por resultar no enfraquecimento de todos os
estratos aristocráticos, mesmo da nobreza de serviço que ele tinha
patrocinado. A longa e mal sucedida Guerra da Livónia ultrapassou os
recursos do Estado e quase levou a Rússia à bancarrota. Estes factores,
juntamente com as incursões dos tártaros, tiveram como resultado o
despovoamento de várias províncias russas à data da morte de Ivan, em
1584. No entanto, deixou o país muito mais centralizado, tanto
administrativa como culturalmente.
Fontes:Encylopaedia Britannica
wikipedia (imagens)
Retrato de Ivan IV por Viktor Vasnetsov
O Czar Ivan IV admira sua sexta esposa, Vasilisa Melentyeva. Pintura de 1875, por Grigory Semyonovich Sedov
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/16-de-janeiro-de-1547-ivan-o-terrivel-e.html?fbclid=IwAR3-QE-2ZoyJoBpYeuomu3spbvMHqTEjNr9UMzwIw2C2DaetQo7KuyyGnyY***