14/03/2019

9.633.(14mar2019.9.9') Incontinência Urinária

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2019...de 11 a 17mar2019...Semana da Incontinência Urinária

Incontinência urinária. As diferenças entre homem e mulher

O sistema neurológico não se comporta como é suposto e a bexiga não consegue cumprir a sua função. A anatomia também é para aqui chamada, com desvantagem para as mulheres. De 11 a 17 de março, assinala-se a Semana da Incontinência Urinária.
 
 
Texto de Sara Dias Oliveira
É um processo que, em algum momento da vida e por diversas razões, deixa de funcionar como devia. A bexiga não consegue armazenar a urina e há perdas involuntárias e indesejáveis. Tudo porque o sistema neurológico de enervação da bexiga ou dos esfíncteres urinários descontrola-se. O sistema esfincteriano de controlo da micção fica frágil. Há várias causas e diversos tipos de incontinência urinária que afetam cerca de 600 mil portugueses.
Há incontinência por imperiosidade, há incontinência de esforço, há incontinência mista por imperiosidade e esforço e há incontinência por extravasamento. Essas classificações ajudam a entender as razões da incontinência urinária. “Existem causas neurológicas, como os traumatismos verbero medulares, lesões neurológicas após cirurgias, sequelas de AVC, sequelas de diabetes, doença de Parkinson, demências”, adianta à NM Avelino Fraga, médico urologista, professor do colégio de especialidade de Urologia e professor de Urologia do ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
Há mais causas. “Existe igualmente incontinência urinária que resulta de fragilidade da musculatura pélvica em consequência de traumatismos de parto, de cirurgias ginecológicas, de prolapsos, de obesidade, de obstipação. As doenças da próstata e cirurgias prostáticas podem conduzir igualmente à incontinência urinária”, acrescenta o especialista.
Sequelas de AVC, traumatismos pós parto, obesidade, obstipação, défice hormonal, são algumas das causas da incontinência urinária.
A incontinência urinária não é igual para homens e para mulheres. Há diferenças. O aparelho urinário é diferente e as diferenças explicam-se pela anatomia dos dois sexos. “No homem, o aparelho urinário baixo relaciona muito a bexiga com a próstata e a uretra masculina, sendo mais bem definido e condicionado por uma uretra longa e estrutura prostática bem definida”. O que, de certo modo, protege o homem. No caso da mulher, a estrutura da bexiga e da uretra feminina, muito mais curta, relaciona-se com o pavimento pélvico. “Portanto, todas as patologias – traumatismos de parto, obesidade, obstipação, défice hormonal – que afetam estas estruturas tornam a incontinência urinária mais frequente e de apresentação muitas vezes diferente na mulher, em relação ao homem”.
A incontinência urinária pode ser passageira ou crónica. Há a incontinência que acontece como consequência de uma infeção urinária ou de quadros confusionais. Temporária, portanto. E há a situação crónica que se instala, em definitivo, “num doente desleixado ou mal orientado.” “Evidentemente que existem situações difíceis de tratar nomeadamente em doentes acamados. Mas a cronicidade de uma incontinência urinária deve ser evitada a todo o custo, dada a repercussão na qualidade de vida do doente”, diz o médico. Os casos crónicos deveriam ser ocasionais, até porque os serviços de Urologia têm consultas de incontinência urinária.
A melhor prevenção é alertar médicos e doentes para o problema, identificar as causas, ter consciência das repercussões na qualidade de vida. Avelino Fraga adianta alguns cuidados. “Ter um estilo de vida saudável também vai contribuir para a prevenção da incontinência urinária, nomeadamente evitando a obesidade, as infeções urinárias, a obstipação, os traumatismos de parto, nomeadamente com consultas pré-parto.” Controlar as patologias que vão surgindo como doenças da próstata, cardíacas e neurológicas, diabetes, ajuda a evitar, retardar ou prevenir a incontinência da bexiga.
“Pensos, fraldas, coletores urinários e sobretudo algálias são recursos que devemos evitar a todo o custo. A sua existência é embaraçosa para os doentes, retira-lhes qualidade de vida e representam custos muito maiores que o dos tratamentos existentes”, sublinha o médico e professor.
Primeiro identifica-se a causa, depois avança-se com uma terapêutica direcionada.
Os tratamentos disponíveis são eficazes e com poucos efeitos laterais. “A reabilitação e o fortalecimento da musculatura pélvica é muito eficaz, nomeadamente para mulheres jovens e para incontinência ligeira a média gravidade. Tem igualmente muita eficácia na recuperação pós-parto, pós AVC, pós cirurgia prostática.” Os medicamentos, quando prescritos, também produzem os seus efeitos e têm uma alta taxa de adesão. No entanto, alguns não são comparticipados, o que, por vezes, limita o acesso ao tratamento.
“Existem igualmente cirurgias muito eficazes (taxas de sucesso, cura, superiores a 90%), nomeadamente para tratamento da incontinência urinária esforço feminina (slings sub uretrais) e para tratamento da insuficiência esfíncter no homem (slings e esfíncteres artificiais). Mais recentemente, temos tido ótimos resultados com o uso de neuro estimuladores e na implantação de neuro moduladores, em casos selecionados”, adianta o urologista.
https://www.noticiasmagazine.pt/2019/incontinencia-urinaria-as-diferencas-entre-homem-e-mulher/
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2011

30% das mulheres portuguesas sofre de incontinência urinária


Cerca de 30% das mulheres portuguesas sofrem de incontinência urinária e 50% das que tiveram parto vaginal tem algum grau de prolapso genital (descida das paredes vaginais e do útero).
A uroginecologista Teresa Mascarenhas acrescentou que "quase 12% das mulheres são submetidas, em qualquer fase da sua vida, a uma cirurgia uroginecológica".
Teresa Mascarenhas falava a propósito do 36.º Encontro anual da Associação Internacional de Uroginecologia (IUGA) que se realizar pela primeira vez em Portugal, entre 28 de Junho e 2 de Julho, em Lisboa.
A disfunção do pavimento pélvico, a incontinência urinária feminina e o prolapso genital são alguns dos temas em análise nesta reunião que já conta com mais de dois mil médicos inscritos, de 72 países.
"São situações de grande prevalência e impacto psicossociais e de grande aporte económico", sublinhou a responsável pela organização da iniciativa, que é chefe de serviço do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, directora da Unidade de Uroginecologia do Hospital de S. João e professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
De acordo com a especialista, a gravidez e o parto continuam a ser as principais factores de risco das disfunções do pavimento pélvico.
"A maior parte das mulheres recupera destes problemas, mas num trabalho realizado demonstrei que partíamos de mulheres que eram zero por cento incontinentes antes da primeira gravidez para mais de 50% após o parto. A maior parte recuperou, mas 20% ficaram com incontinência urinária", acrescentou.
Contudo, a especialista ressalvou que estas situações são cada vez mais prevenidas e tratadas precocemente ou com recurso a uma cirurgia simples.
"Não ameaça a vida, mas é um problema grave porque afecta muitas mulheres e a sua qualidade de vida", frisou.
A perda de urina involuntária é comum nas mulheres e em menor grau nos homens. Os sintomas surgem gradualmente agravando-se com o decorrer dos anos se nada for feito.
Muitas mulheres por vergonha ou embaraço ou mesmo ignorância não recorrem a cuidados médicos. Num estudo realizado no Hospital de S. João, no Porto, constatou-se que somente 14% das mulheres com problemas de incontinência urinária procuraram ajuda médica.
Em simultâneo à reunião anual da IUGA, decorrerão os encontros, europeu e ibero-americano de uroginecologiahttps://www.jn.pt/sociedade/interior/30-das-mulheres-portuguesas-sofre-de-incontinencia-urinaria-1857785.html
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