17/03/2019

5.506.(17mar2019.9.9') Nat King Cole

Nasceu a 17mar1919...Montgomery...Alabama...EUA
e morreu a 15feVER1965...Santa Mónica...Califórnia...EUA
***
Várias vezes postei:
 https://www.youtube.com/watch?v=MKCyUe4syc4&list=RDMKCyUe4syc4#t=2
***
17mar2019
abro esta postagem cem anos depois
*
 Nat King Cole nasceu há 100 anos. Dos primeiros sucessos, aos marcos históricos na televisão norte-americana, aos grammys ganhos depois da morte em dueto com a filha.
 

65 mil dólares pagavam, em 1948, uma moradia no exclusivo bairro de Hancock Park em Los Angeles. O que o dinheiro ou a fama não pagavam era o respeito dos vizinhos se a pele fosse negra. Nat King Cole, já era estrela, já era rico, apresentava-se em casal e sem qualquer mancha no seu currículo, criminal ou de figura pública, e, ainda assim, logo à chegada, ouviu a provocação de um vizinho, advogado e residente no bairro. "Não queremos pessoas indesejadas por aqui". Nat King Cole não se ficou e a resposta saiu como a sua música, refinada e certeira. "Nem eu. Se vir alguém indesejado a chegar a este bairro, serei o primeiro a avisar", disse, segundo o Los Angeles Times.
Filho de Edward Coles, talhante e diácono, e de Perlina Adams, pianista na igreja local, Nathaniel Adams Cole nasceu em Montgomery, Alabama, há cem anos. Com a mudança da família para Chicago, a mãe mostrou-lhe os segredos do piano e o caminho foi rápido - aos 4 tocou a sua primeira música, aos 12 assumia o piano na igreja do pai e aos 15 abandonava o liceu para acompanhar o irmão, baixista, no circuito dos bares de Jazz e em 1937 já se mudava para Los Angeles. Aí, em trio, fez-se ouvir pela primeira vez. Num bar, um espetador bem embriagado aproximou-se do piano, com um chapéu, feito em papel, que, sem cerimónia, colocou na cabeça de Cole: "Olhe, o King Cole", a alcunha haveria de ficar, mas o verdadeiro marco chegaria depois. No final da audiência, chegou um pedido para que tocassem Sweet Loraine. Imediatamente, diz a lenda, Nat respondeu que ninguém ali cantava. Só acedeu depois do agente lhe dizer que quem pedia era conhecido por deixar generosas gorjetas. Sem o saber, tinha acabado de dar um passo determinante para deixar para trás o Jazz e o tão estimado papel de pianista, para se tornar numa das maiores vozes da história.
 https://www.youtube.com/watch?v=6fVaP6dM1fs
 O trio sem nome, passou imediatamente a Trio de King Cole, mas rapidamente ficaria para trás. Nem um trio, nem o Jazz, nem o piano, tinham espaço para os palcos que Nat se preparava para conquistar. Em 1943, com Straighten Up and Fly Right, música inspirada num dos sermões do pai, chegou pela primeira vez aos tops norte-americanos. E ninguém previu o que se seguiria. De trio passou a ser acompanhado por uma orquestra e rapidamente abriu a fábrica de sucessos. Logo em 46, (Get Tour Kicks on) Route 66 e (I love you) For Sentimental Reasons, dois anos depois Nature Boy e à entrada da década de 50, Mona Lisa.
 https://www.youtube.com/watch?time_continue=4&v=NIDX18Xl16s

Nos Estados Unidos tornou-se campeão de vendas, estendeu a fama à América do Sul - o que o fez gravar discos de Bossa Nova e outros cantados em espanhol, língua que mal compreendia - fez-se ator de cinema e foi o primeiro negro a apresentar um programa de televisão. E se no começo da década de 50, via a sua casa penhorada por evasão fiscal, no final dizia-se que já tinha atingido a fasquia dos 50 milhões de discos vendidos e que ganhava mais de meio milhão de dólares por ano. Números únicos na época e suficientes para que tentar usar a fama noutra das suas grandes causas, os direitos civis. Depois de anos a recusar tocar para plateias segregadas, em 56 decidiu voltar a Alabama na, inocente, esperança de que poderia ajudar a dar cor ao público. Correu mal.
"Vamos apanhar o preto"
A 12 de Abril de 1956, aceitou dar dois concertos em Birmingham, o primeiro, no horário nobre, para uma plateia branca e mais tarde para negros. O segundo nunca chegou a acontecer. À terceira música do primeiro concerto, da plateia do auditório municipal ouviu-se um grito: "Vamos apanhar o preto". Nesse momento, quatro homens correram até ao palco, tendo um agarrado Nat King Cole pelos joelhos para o derrubar e agredir antes da polícia presente no local os deter. O pior soube-se depois. Os quatro homens, eram membros do Conselho dos Cidadãos Brancos, uma organização que apoiava a segregação racial, e tinham planos bem mais violentos que causar uma lesão nas costas ao cantor. No carro onde tinham chegado foram encontradas caçadeiras, marretas e soqueiras, assim como provas de que para essa noite a convocatória tinha sido alargada a mais de cem homens, tudo tendo em vista o combate ao "rock n' roll" com que os negros, diziam, se preparavam para dominar a américa. Cole, que nunca foi confundido como músico de rock n'roll, cancelou os concertos previstos para os três dias seguintes e rumou ao Norte.
No final do ano, voltaria a sofrer as consequências da cor. A 5 de Novembro de 1956, estreava-se na NBC como anfitrião do programa a que dava nome. Mas, ao contrário do seu impacto musical, esse duraria bem menos que o esperado. Nessa altura, as marcas norte-americanas estavam pouco interessadas em aparecer associadas a um negro e, apesar das audiências nunca terem sido um problema, jamais conseguiu um apoio financeiro de dimensão nacional. Mesmo com a NBC disposta a pagar toda a produção e depois de ter passado a duração dos episódios de 15 para 30 minutos, seria o próprio Cole a cancelar a sua aventura televisiva e fê-lo com estrondo. "A Madison Avenue [rua onde se concentravam as agências de publicidade nova iorquinas] tem medo do escuro", disse.
 https://www.youtube.com/watch?v=434z1vrYNNo

Em dueto até depois da morte.
I Don't Want to Hurt Anymore e I Don't Want to see Tomorrow seriam, em 1964, as últimas músicas que colocaria nos tops, em vida pelo menos. Fumador de três maços de tabaco diários, no final do ano problemas respiratórios obrigavam-no a cancelar concertos e, em Dezembro, as análises haveriam revelar o pior: um tumor nos pulmões. Em Fevereiro seria internado para a operação ao pulmão esquerdo no St John Hospital, em Santa Mónica. Para evitar o circo mediático, o real estado de saúde de Nat King Cole foi mantido em segredo. Durante o internamento, ficaria a saber da morte do seu pai em Chicago, mas ainda teria direito a que a Maria Cole o levasse até casa no bairro Hancock para falar com os filhos. Morreria a 15 de Fevereiro de 1965, com apenas 45 anos, deixando, além dos três irmãos, mulher, cinco filhas, Natalie, as gémeas Timolin e Casey, Carol e Nat Kelly.
 https://www.youtube.com/watch?v=MKCyUe4syc4
 E foi a mais velha, Natalie, quem o voltou a colocar no top, em 1991. Unforgettable ... With Love, gravado em jeito de dueto com as velhas gravações de Nat King Cole, venceu o Grammy para disco do ano. Unforgettable foi considerada a canção do ano e a Natalie a artista de 1992. Anos mais tarde, seria Gregory Porter a tentar a mesma receita, juntando a sua voz à de King Cole para lançar, "Nat King Cole & Me". O disco, o terceiro de Porter, não venceu prémios ou grandes aplausos da crítica, mas cumpriu um propósito - o nome de Nat King Cole voltou aos tops de vendas - 3º em Inglaterra - e a sua música voltou a ser ouvida. Chamaram-lhe a Voz Dourada. Talvez por isso resista, aos primeiros e aos próximos cem anos.
 https://www.dn.pt/cultura/interior/100-anos-da-voz-dourada-10688481.html?fbclid=IwAR2iHRjf5wfoQIJPT1A7NEBSpSkdtvVVvc1jqSTCIXjyGLXwYokeBl1FBPY
***
smile

 https://www.youtube.com/watch?v=a0Hi-ZKAKMo
***

Natalie Cole & Nat King Cole - When I Fall In Love

And the moment I can feel that you feel that way too 
 Is when I fall in love with you. 
When I fall in love it will be forever 
Or I'll never fall in love 
In a restless world like this is Love is ended before it's begun
 And too many moonlight kisses Seem to cool in the warmth of the sun
 When I give my heart it will be completely (Completely) 
Or I'll never give my heart (Give my heart)
 And the moment I can feel that you feel that way too Is when I fall in love (When I fall in love) with you 
 Oh, this love feels so right. (When... I give my heart) 
When I give my heart, it will be completely (Completely)
 Or I'll never (never, never) give my heart (Never give my heart) 
And the moment I can feel that you feel that way too 
 Is when I fall in love (When I fall in love) 
 Is when I fall in love with you
 Ohhhh I love 
youhttps://www.youtube.com/watch?v=U1-R1UiUhNg
***
Cantou em português
suas mãos
https://www.youtube.com/watch?v=bWVX3_sFpAA
***
EM ESPANHOL
PERFÍDIA
 https://www.youtube.com/watch?v=gY2M9qxGuCk
***
por João Máximo~2017
 Há várias singularidades na história de Nat King Cole: foi o único grande músico de jazz a se tornar grande cantor romântico, o primeiro negro a estrelar um programa de TV nos Estados Unidos, único de sua geração a ter toda a sua obra gravada e ainda em catálogo (só na Amazon, são 4.107 itens relacionados) e o maior vendedor de discos da gravadora Capitol, numa época em que Frank Sinatra vivia nela sua melhor fase. Único, também, por ter cinco datas para comemorar seu centenário: a oficial, registrada pelas enciclopédias (uma delas, a de Leonard Feather), é hoje, 17 de março. Três outras mencionam os anos de 1912, 1915 e 1916. O certo, porém, defendido por biógrafos mais obstinados, seria o mesmo dia, mas daqui a dois anos.
 O INÍCIO, na Igreja
Nathaniel Adams Coles, que muito cedo cortaria o S do último nome, nasceu mesmo em Montgomery, Alabama, em 17 de março, dia de São Patrício, padroeiro da Irlanda, e em 1919. Como as autoridades locais não se preocupavam em registrar o nascimento de crianças negras, mesmo que filho de pastor da Igreja Batista, a confusão se fez. O ano de 1917 foi o que Nat informou para a certidão de seu primeiro casamento, com a dançarina Nadine Robinson (com 21 anos, não precisaria de autorização do pai para se casar). Na igreja, aprendeu a tocar órgão. O piano veio em seguida, por insistência da mãe, quando a família se mudou para Chicago.
Lá, Cole estudou os clássicos e, ao mesmo tempo, o jazz. O que havia de melhor no gênero estava em Chicago: King Oliver, Louis Armstrong, Jelly Roll Morton, Kid Ory, Duke Ellington, Ben Webster, Earl Hines, este um pianista cujo estilo influenciou o de Cole. Depois de tocar com o conjunto do tio, Eddie Coles (com quem gravou seus primeiros discos na Decca), Nat Cole foi tentar carreira na Califórnia, onde, tocando no Swanee Inn, ganhou o “King” entre os nomes e formou um trio. Tinha 19 anos
Pianista x cantor
O Nat King Cole Trio foi a sua fase de maior brilho como músico de jazz. Um trio com, até então, inusitada formação: ele no piano, Oscar Moore na guitarra e Wesley Prince no contrabaixo. A excelência de cada um e a integração entre os três resultaram em clássicos da discografia, os 349 registros em disco, contando com takes alternativos ou rejeitados, que estão nos 18 CDs da obra completa do grupo.
 https://www.youtube.com/watch?v=dSzGoJcVVg0
O cantor não surgiu por acaso, como sugere a lenda sobre o bêbado que, ouvindo o trio tocar “Sweet Lorraine”, passou a noite gritando para Cole cantar a letra de Mitchel Parrish. A verdade é que suas intervenções vocais sempre fizeram parte das apresentações. O sucesso é que levou adiante o cantor de voz densa, mas não agressiva, de emissão suave, mas não piegas, de interpretação apaixonada, mas não submissa. Isso, mais a forma clara e elegante de pronunciar as vogais abertas, já estavam com ele desde cedo.
Mas foi em 1948, pouco antes de seu casamento com Maria Ellington (futura mãe de Natalie Cole), que ele gravou “Nature boy”, canção pseudofilosófica de um estranho iogue chamado Eden Ahbez. Sucesso tão espetacular que o cantor começou a tirar o lugar do pianista.

Preconceito racial
 Esse sucesso custou sérios problemas a Nat King Cole, todos por preconceito. Moradores brancos de Hancock Park, onde Cole comprara casa de três andares e 12 quartos, fizeram pressão para que ele se mudasse. O programa de TV, estreado em novembro de 1956, foi logo transferido do horário nobre para a manhã. Diante dos protestos de telespectadores (brancos que não aceitam um negro cantando coisas de amor para suas mulheres, músicos inconformados por ele ganhar mais do que a orquestra branca que o acompanhava etc.), os patrocinadores não renovaram contrato, e o programa saiu do ar um ano depois.
 https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=NIDX18Xl16s
 Os tempos eram outros, e só por isso foi possível o que aconteceu em Birmingham, Alabama, escala final de uma excursão do trio com a orquestra de Ted Heath, o grupo The Four Freshmen e a cantora June Christ, todos brancos. Os artistas, Cole entre eles, aceitaram se apresentar para duas plateias na mesma noite, somente brancos na primeira sessão, somente negros na segunda. Foi justamente no primeiro show, quando Cole começou a cantar “Little girl”, que cinco membros do Conselho dos Cidadãos Brancos do Alabama subiram ao palco e o espancaram à vista de todos.
Sucesso e morte prematura
 Os fãs do jazz não chegaram a rejeitar o cantor, mas tinham saudades do pianista. E os que curtiam as baladas românticas — destinadas a sair de moda — jamais deixariam de comprar seus discos. Foi por isso que a alta e famosa torre de sua gravadora, a Capitol, em Hollywood, ficou conhecida como “a casa que Nat King Cole construiu”.
 O câncer nos pulmões foi descoberto dois meses antes de sua morte, em 15 de fevereiro de 1965. Os cigarros que fumava em excesso (segundo dizia, para manter a voz grave, encorpada) teriam sido a causa. Cantou enquanto pôde: em 3 de dezembro, fez suas últimas gravações: três canções de amor.
 Inesquecível no Brasil








Show de Nat King Cole no Maracanaziho, em 1959 - Eveline / Agência O Globo
Nat King Cole fazia sucesso em toda a América Latina, sobretudo no Brasil. A diferença é que seu cartaz no México, em Cuba e em outros países “south of the border” devia-se, principalmente, a três LPs gravados entre 1958 e 1962: “Cole español”, “More Cole español” e “A mis amigos”, cantando, sem entender as letras, boleros, sons, guarachas etc. No Brasil, era mesmo com a música romântica americana que ele vendia aos milhares os discos Capitol lançados aqui pela Odeon. E mais: sucessos como “Too young”, “Blue gardenia” e “Pretend” ganhavam letras em português gravadas por Cauby Peixoto, Lúcio Alves e o veterano Carlos Galhardo.
A preferência dos brasileiros ficou nítida quando, em 19 de abril de 1959, Cole cantou para um Maracanãzinho lotado, depois de se apresentar para plateias selecionadas por clubes fechados ou ingressos caros. Naquele domingo, os fãs saudaram “Quizás, quizás, quizás” com aplausos econômicos e vibraram ao reouvir “Tenderly” e “Unforgettable”.
 https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=exzXzAoyo8Q
Até aquela sua única vinda ao Brasil, Nat King Cole só gravara uma canção brasileira, o samba carnavalesco “Não tenho lágrimas”, vertido como “Come to the Mardi Gras”. Aqui, no estúdio da Odeon (o mesmo em que João Gilberto acabara de perpetuar “Chega de saudade”), Cole gravou para o LP “A mis amigos” outras coisas nossas, como “Ninguém me ama”, com contracanto de Silvia Telles, “Caboclo do rio”, com o Trio Irakitan, “Suas mãos” e “Não tenho lágrimas”, esta, agora, no original.

 https://oglobo.globo.com/cultura/musica/nat-king-cole-quase-centenario-21074624
***
 https://pt.wikipedia.org/wiki/Nat_King_Cole
***
Unforget
 https://www.youtube.com/watch?v=dT-7Ru6tDC4
***