26/04/2019

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Romantismo
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"A Liberdade Guiando o Povo" - Análise da Obra



"A Liberdade Guiando o Povo” é uma visão romântica sobre a revolução francesa de 1830. Na altura, a França era governada pelo rei Carlos X, que permaneceu no poder durante seis anos. Quando Carlos X tentou abolir a liberdade de impressa e dissolver a recém eleita assembleia, teve início a revolução. O rei é destronado, e Louis-Philippe, um membro mais liberal da família real, assume o poder. É o último rei francês, tendo abdicado em 1848.
Eugène Delacroix não participou na revolução. Para realizar “A Liberdade Guiando o Povo”, é provável que se tenha inspirado em gravuras do conflito, especialmente no trabalho de Nicolas Charlet.
Delacroix pintou “A Liberdade Guiando o Povo” rapidamente, em pouco mais de três meses, e expôs a obra no Salão de 1831. O quadro perturbou tanto os realistas quanto os revolucionários. Foi adquirida pelo Estado por 3 mil francos, e devolvida ao artista, que a deixou na casa de campo de uma tia sua. Durante muito tempo, evitou-se expor “A Liberdade Guiando o Povo” publicamente. Foi apenas em 1874 que o quadro foi adquirido pelo Louvre, e exposto com honrarias.
Destaques da obra “A Liberdade Guiando o Povo”:
A liberdade: representada como uma deusa clássica, sinónimo de virtude e eternidade. No entanto, os seus traços robustos são comuns ao povo francês, há pelos nas axilas e a mulher não flutua sobre o campo de batalha, mas mistura-se a ele, sujando as próprias mãos. Empunha uma arma moderna – um mosquete.
Os cadáveres: os mortos são membros da guarda de elite do rei. Por ser uma guerra civil, os revolucionários lutam contra pessoas muito próximas a eles, seus vizinhos e conterrâneos. O realismo dos cadáveres é inspirado em obras de Antoine-Jean Gros, pintor que Delacroix admirava.
  Homem sem calças: outro factor que torna a obra complexa e ambígua é a presença deste cadáver desnudado, um homem desprovido da sua dignidade. As suas roupas foram roubadas, e provavelmente pelos revoltosos. Outros personagens do quadro apresentam-se com objectos roubados dos cadáveres. Assim, mesmo entre aqueles que lutam pela liberdade, há atitudes censuráveis. 
As bandeiras: duas bandeiras são retratadas no quadro, uma empunhada pela liberdade, e outra sobre a Catedral de Notre Dame. A bandeira tricolor foi utilizada na Revolução Francesa de 1789 e nas guerras de Napoleão. Após a derrota deste em Waterloo, a bandeira não foi mais utilizada. O regresso deste símbolo é carregado de emoção, como se o povo reconquistasse o seu orgulho, após a restauração da monarquia.
O campo de batalha: o centro da revolução de 1830 foi a Ponte d ‘Arcole, e provavelmente este é o cenário da pintura. Porém, nenhum posto de observação permite esta vista de Notre Dame. Como outros pintores românticos, Delacroix abdica de uma fidelidade literal aos factos em prol de um maior efeito dramático. Converte acontecimentos contemporâneos em imagens míticas.
A composição: é uma composição clássica, em pirâmide, na qual a liberdade ocupa o vértice da pirâmide. O mosquete com baioneta que a liberdade empunha cria uma linha paralela com a arma empunhada pela criança. No restante do quadro, várias linhas diagonais trazem dinamismo à composição.
As cores: as cores vivas da bandeira auxiliam o destaque para a mulher que simboliza a liberdade. Nota-se que o vermelho da bandeira está sobre o céu azul, o que o salienta ainda mais. As cores repetem-se nas roupas do trabalhador aos pés da liberdade. As vestes da liberdade são pintadas num tom mais claro do que aqueles encontrados no restante da pintura, facilitando o sentido de leitura.
A luz: Fortes contrastes de luz e sombra conferem maior dramatismo à cena. Na paisagem, a luz do entardecer  mistura-se com o fumo dos canhões, dissolvendo-se num brilho marcante.
A pincelada: as pinceladas de Delacroix são visíveis na tela, o que contraria as regras académicas que determinam que a pincelada deve ser “invisível”.


    LA LIBERTÉ GUIDANT LE PEUPLE
    Autor: Eugène Delacroix
    Ano: 1830
    Técnica: óleo sobre tela
    Tamanho: 260cmx325cm
    Museu: Museu do Louvre, Paris
    wikipedia (Imagens)
Ficheiro:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg
"A Liberdade Guiando o Povo”
 https://www.youtube.com/watch?v=FePbGS5NymM
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/02/a-liberdade-guiando-o-povo-analise-da.html?spref=fb&fbclid=IwAR0PHAjtNccOJL_RPojCUQHdBHzvOCNMDOLE4FDCsP69-anJ6neT0N28J6E
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26 de Abril de 1798: Nasce Eugène Delacroix, um dos maiores mestres do Romantismo

Nascido em Saint-Maurice no dia 26 de Abril de 1798, Delacroix não demonstrava na infância uma grande inclinação para a pintura. Após sólidos estudos no liceu Louis-le-Grand, exibia um dom geral para a arte, em especial a música. Em 1815, quando fazia da música o seu estudo preferido, desejou adquirir algumas noções de pintura. Apresentado por um tio, recebeu aulas no atelier do pintor Guerin. Uma das suas primeiras telas, Damas Romanas  Desnudando-se pela Pátria (1818), despertou algum interesse. Ganhava à época algum dinheiro em serviços diversos e, em 1819, tornando-se órfão, entrou em grandes dificuldades financeiras.
Em 1822, envia a um salão de exposições o seu Dante e Virgílio, que conquista o maior sucesso que um artista poderia algum dia desejar. Mesmo cativando admiração entusiástica, o desencadear de críticas injustas  faz com que ficasse em último lugar no concurso pelo prémio de Roma, em 1822. Diante desse fracasso, não conseguiu parar de ganhar a vida com caricaturas e litografias, mas, ao mesmo tempo, permaneceu entregue à pintura com energia crescente. Em 1824, expõe O Massacre de Quios, que acentua a impressão causada no seu primeiro salão.
Theophile Gautier fala dele com grande admiração. No entanto, Delécluze, Beyle e Thiers apresentam restrições: para um, ele torna horrível a cena de horror; para outro, tem pouca preocupação com o belo; para o terceiro, a preocupação de evitar o académico  fez com que  fugisse de uma linha simples e harmoniosa.
Em 1828, com a apresentação de A Morte de Sardanapalo, as críticas voltam a acentuar-se: “Eugène Delacroix tornou-se o centro dos escândalos das exposições” e “a maior parte do público acha esse quadro ridículo”, disse o crítico M. Vitet à época. () “Que o senhor Delacroix se lembre que o gosto francês é nobre e puro e que cultive antes Racine que Shakespeare”, acrescentou o jornal Moniteur universel.  “O olho não consegue destrinçar a confusão de linhas e cores. O Sardanapalo é um erro de pintor”, criticou Delécluze.
Enquanto isso, após uma desavença momentânea com o Director de Belas-Artes, é encarregado pelo ministro do Interior de pintar A Morte de Carlos, o Temerário. O duque Louis-Philippe d'Orléans também lhe encomendariaRichelieu Oficiando a Missa. Do mesmo ano são A Batalha de Nancy e outras pinturas religiosas e retratos.
No Salão de 1831, O Bispo de Liege recupera as discussões com A Liberdade Guiando o Povo. Seja como for, esta exposição teve um resultado apreciável e Delacroix sai consagrado. Começa então a produzir uma série de telas representando batalhas, como Poitiers, Taillebourg (1831), seguida de quadros históricos como Carloss V no Mosteiro de Saint-Just, Boissy d'Anglas e Mirabeau e Dreux-Brézé.
Em 1832, Delacroix deixa Paris buscando renovar inspiração. Atravessa  Marrocos, retorna à Espanha e é a essas viagens que se deve A Fantasia Árabe. Nos anos que se seguem surge uma produção desenfreada, parecendo que Delacroix empreendera o sublime desafio de acumular obras-primas. Somente em 1857, após 20 anos e centenas de telas, é que o Instituto de Belas Artes lhe abre as portas.
Fontes:  Opera Mundi
wikipedia (Imagens)
Ficheiro:Eugene delacroix.jpg
Auto retrato - Eugène Delacroix
Ficheiro:Félix Nadar 1820-1910 portraits Eugène Delacroix.jpg
Eugène Delacroix retratado por Félix Nadar
Ficheiro:Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple.jpg
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/04/26-de-abril-de-1798-nasce-eugene.html?spref=fb&fbclid=IwAR1vWbSEvm_h2PUjWU9-SUt5FY6KnrSRsN8hKpyTcqlaMZbIz5OjvTzSn8o
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