09/05/2014

7.999.(9maio2014.8.8') Catarina Eufémia.

Nasceu a 13fev1928
assassinada a 19maio1954
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Via Cristela Francisco
"Chamava-se Catarina e o Alentejo a viu nascer, serranas viram-na em vida, Baleizão a viu morrer..."
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10212186248520362&set=a.1860397518613.110030.1501182935&type=3&theater
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As comemorações de 2014
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=738415&tm=9&layout=123&visual=61


Jerónimo de Sousa destaca importância do exemplo de Catarina Eufémia


O PCP voltou a cumprir a tradição e foi prestar homenagem esta manhã a Catarina Eufémia, a ceifeira morta a tiro há 60 anos por defender mais direitos para o povo. Catarina Eufémia tornou-se assim um símbolo da resistência no Alentejo, que os comunistas não esquecem.

Na aldeia alentejana de Baleizão, no concelho de Beja, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, destacou a importância do exemplo de Catarina Eufémia na luta contra o fascismo.

O líder comunista defendeu que o voto na CDU nas eleições europeias é uma forma de prestar homenagem à ceifeira que morreu aos 26 anos e deixou três filhos pequenos. O mais pequeno, de oito meses, estava ao seu colo quando foi baleada.
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Zeca cantou:
https://www.youtube.com/watch?v=vLwG3VrGjak
Letra:
À Catarina Eufémia, mãe, heroína, mártir, trabalhadora, logo mulher.

Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Serranas viram-na em vida
Baleizão a viu morrer

Ceifeiras na manhã fria
Flores na campa lhe vão pôr
Ficou vermelha a campina
Do sangue que então brotou

Acalma o furor campina
Que o teu pranto não findou
Quem viu morrer Catarina
Não perdoa a quem matou

Aquela pomba tão branca
Todos a querem p´ra si
Ó Alentejo queimado
Ninguém se lembra de ti

Aquela andorinha negra
Bate as asas p´ra voar
Ó Alentejo esquecido
Inda um dia hás-de cantar
***
CATARINA EUFÉMIA
Sophia de Mello Breyner Anderson

O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente
Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método obíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos
Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro
Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste
E a busca da justiça continua
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19 de Maio de 1954: Catarina Eufémia é morta a tiro em Baleizão, numa manifestação de trabalhadores agrícolas por aumento do salário.

Ceifeira alentejana, Catarina Eufémia,  filha de José Diogo  e de Maria Eufémia, nasceu em 1928, na aldeia de Baleizão, concelho e distrito de Beja. Era uma assalariada rural pobre e analfabeta, como tantas outras mulheres do seu Alentejo natal. Casou ainda nova, em 1946, tendo depois três filhos. A sua vida teria sido anónima e esquecida como a de tantos outros alentejanos da sua condição se não tivesse acabado em circunstâncias tenebrosas, guindando-a a símbolo da resistência e contestação ao regime salazarista.
O Alentejo, naqueles tempos difíceis, era uma região de latifúndios e de emprego sazonal, onde as condições de vida dos camponeses sem terras e assalariados eram extremamente difíceis. Esta situação sócio-económica e laboral penosa e dura agitou as massas camponesas da região a partir de meados dos anos 40, vindo-se a agudizar nas duas décadas seguintes, gerando-se um permanente clima de agitação social no campesinato. Eram inúmeros tumultos e mais frequentes ainda as greves rurais, que acabavam sempre com a intervenção da GNR e eram devidamente vigiadas pela PIDE, em busca então de infiltrados e agitadores comunistas.Numa dessas greves de trabalhadores agrícolas, ocorrida a 19 de maio de 1954 na aldeia de Baleizão, um grupo de camponeses dirigiu-se à residência do patrão. Entre esses trabalhadores rurais, contava-se Catarina Eufémia, grávida e com um filho de oito meses ao colo. Entre outras pretensões, reivindicava-se para as mulheres um aumento da jorna (salário de um dia de trabalho) de 16 para 23 escudos (o que representa na moeda atual - o Euro - um aumento de 8 para 11 ou 12 cêntimos), na campanha da ceifa. No entanto, a GNR apareceu, como tantas outras vezes, acabando por intervir duramente. Para além dos tiros para o ar, de intimidação e para dispersar a concentração de camponeses, outros houve que tiveram um destino mais cruel e sangrento. De facto, o tenente Carrajola, da GNR, no caminho do grupo de assalariados para a casa do patrão, matara Catarina Eufémia com vários tiros, que caíra para o chão com o filho ao colo. Este assassinato a sangue-frio foi uma das mais brutais ações do regime de Salazar, causando uma revolta surda e contida entre as massas rurais alentejanas. Catarina tornou-se, depois da sua morte trágica, como um símbolo, principalmente entre o Partido Comunista Português, como um modelo de mulher, mãe e militante. Muitas vezes se lhe jurou vingança, tal foi a raiva de dor que pulsou durante décadas no Alentejo por aquel morte estúpida e cruel, aparecendo também flores na campa de Catarina, no cemitério de Quintos, depositadas por desconhecidos. Os cantores de intervenção e os poetas opositores ao regime não deixaram também de cantar a pobre camponesa assassinada: José Afonso, Sophia de Mello Breyner ou José Carlos Ary dos Santos, entre outros. No imaginário popular e oposicionista, o assassinato de Catarina Eufémia era a demonstração clara da crueldade e brutalidade dos métodos e formas de resposta por parte do regime às desigualdades e injustiças que apoiava e mantinha.
Catarina Eufémia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. 

CATARINA EUFÉMIA
Sophia de Mello Breyner Anderson 
O primeiro tema da reflexão grega é a justiça
E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta: fazer frente
Pois não deste homem por ti
E não ficaste em casa a cozinhar intrigas
Segundo o antiquíssimo método obíquo das mulheres
Nem usaste de manobra ou de calúnia
E não serviste apenas para chorar os mortos
Tinha chegado o tempo
Em que era preciso que alguém não recuasse
E a terra bebeu um sangue duas vezes puro
Porque eras a mulher e não somente a fêmea
Eras a inocência frontal que não recua
Antígona poisou a sua mão sobre o teu ombro no instante em que morreste
E a busca da justiça continua
 https://www.youtube.com/watch?v=QiHf-4fodos
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/05/19-de-maio-de-1954-catarina-eufemia-e.html?spref=fb&fbclid=IwAR3EGHd5zhnrYB7ZOWb_gJgVp_LyxSImS6OpNr2nZN1jDQDd3g1LMnKrnRg
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=841914435823574&set=a.115115348503490.19782.115062325175459&type=1&theater
Recordar Catarina Eufémia e a luta das mulheres contra a ditadura

No próximo dia 19 de Maio de 2014 assinalam-se 60 anos do assassinio de Catarina Efigénia Sabino Eufémia, uma ceifeira portuguesa que em greve de assalariadas rurais reinvidicava por pão e melhor jornas na ceifa.
Catarina Eufémia foi assassinada pelo tenente Carrajola da Guarda Nacional Republicana, em terras de Baleizão, com 26 anos, analfabeta e mãe de três filhos, um dos quais estava ao seu colo quando foi baleada.
Catarina Eufémia tornou-se um simbolo da resistência antifascista e dos/as assalariados/as rurais alentejanos/as à repressão e exploração, e simultaneamente, de emancipação da mulher portuguesa.
José Afonso demonstrou em algumas das suas cantigas que a condição das mulheres era uma sua preocupação, cantando-as, quer pela sua condição de exploradas, quer pelo seu caracter de lutadoras e guerreiras. Cantar Alentejano é uma homenagem a esta mulher que lutou pelo direito ao trabalho e ao pão e acabou assassinada pelo regime fascista.
O Núcleo da Associação José Afonso Região de Aveiro e a Universidade Aberta - CLA de Cantanhede, convida a participarem na Tertúlia Recordar Catarina Eufémia e a luta das mulheres contra a ditadura, com a participação do companheiro Adelino Sobral (guitarra e voz) e do Grupo Poético de Aveiro, no dia 17 de Maio de 2014, às 16 horas na Casa dos Bugalhos em Cantanhede.
Vamos recordar Catarina Eufémia e todas as mulheres que lutaram contra o regisme fascista!

Venham... e tragam outro/a Amigo/a também!


O Núcleo da AJA Região de Aveiro
 — com Adelino Camões Sobral.