e morreu a 1849
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10200682617982246&set=a.1357680996472.48625.1664920033&type=3&theater
"A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve."
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biografia
http://www.e-biografias.net/edgar_allan_poe/
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O Corvo
https://www.youtube.com/watch?v=TcN84WZMzD4
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VIA CITADOR
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Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.
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Para se ser feliz até um certo ponto é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto.
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A poesia é a criação rítmica da beleza em palavras.
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Tudo o que vemos ou nos parece vermos não é mais do que um sonho dentro de outro sonho.
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Talvez seja a própria simplicidade do assunto que nos conduz ao erro.
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A ciência não averiguou ainda se a loucura é ou não a mais sublime das inteligências.
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Na minha opinião, o crime perfeito existe.
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A enorme multiplicação de livros em todos os ramos do conhecimento é uma das maiores pragas desta era, porque é um sério obstáculo à aquisição de qualquer conhecimento positivo.
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A vida real do homem é feliz, principalmente porque está sempre à espera de o ser em breve.
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A perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano.
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Não é na ciência que está a felicidade, mas na aquisição da ciência.
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A Génese de um Poema
A maior parte dos escritores, sobretudo os poetas, preferem deixar supor que compõem numa espécie de esplêndido frenesim, de extática intuição; literalmente, gelar-se-iam de terror à ideia de permitir ao público que desse uma espreitadela por detrás da cena para ver os laboriosos e incertos partos do pensamento, os verdadeiros planos compreendidos só no último minuto, os inúmeros balbucios de ideias que não alcançaram a maturidade da plena luz, as imaginações plenamente amadurecidas e, no entanto, rejeitadas pelo desespero de as levar a cabo, as opções e as rejeições longamente ponderadas, as tão difíceis emendas e acrescentas, numa palavra, as rodas e as empenas, as máquinas para mudança de cenário, as escadas e os alçapões, o vermelhão e os postiços que em 99% dos casos constituem os acessórios do histrião literário.
(...) No que a mim diz respeito, não compartilho da repugnância de que falei e nunca senti a mínima dificuldade em rememorar a marcha progressiva de todas as minhas obras. Escolho O Corvo por ser a mais conhecida. Proponho-me demonstrar claramente que nenhum pormenor da sua composição se pode explicar pelo acaso ou pela intuição, que a obra se desenvolveu, a par e passo, até à sua conclusão com a precisão e o rigor lógico de um problema matemático.
(...) Sendo assim determinados a extensão, o domínio e o tom, socorri-me da indução ordinária, a fim de encontrar alguma invenção artística inédita que me pudesse servir de chave para construir o poema, de eixo sobre o qual giraria toda a máquina. Ao examinar cuidadosamente todos os efeitos artísticos ordinários, ou, mais exactamente, toda a carpintaria no sentido teatral da palavra, não deixei de verificar imediatamente que nenhum tinha tido emprego tão universal como o refrão. A universalidade da sua utilização bastava para garantir-me o seu valor intrínseco e poupava-me à necessidade de submetê-lo à análise. Todavia, examinei-o pensando que poderia ser melhorado e depressa me apercebi de que ele não ultrapassara a sua fase primitiva. Tal como comummente é empregado, o refrão não somente se limita ao poema lírico, mas também só procura o seu efeito no poder da monotonia, tanto pelo som como pelo pensamento. O prazer tem como única origem a sensação de identidade, de repetição. Resolvi variar, e, portanto, aumentar o efeito, conservando em geral a monotonia do seu todo, repetindo, de cada vez, a do pensamento: isto é, decidi produzir efeitos constantemente renovados fazendo variar as aplicações do refrão, permanecendo o refrão, no seu conjunto, tal e qual.
(...) Estando assim determinado o som do refrão, era necessário escolher uma palavra que contivesse tal som e ao mesmo tempo se ligasse tanto quanto possível com essa melancolia que decidira havia de dar a sua tonalidade ao poema. Em tal ordem de pesquisas teria sido absolutamente impossível omitir a palavra nevermore, «nunca mais». E, na verdade, foi a primeira que me ocorreu.
O desideratum seguinte consistiu em: sob que pretexto ligar continuamente esta única palavra nevermore? Ao notar a dificuldade que desde começo experimentava em inventar uma razão suficientemente plausível para tal perpétua repetição, não deixei de me aperceber de que essa dificuldade provinha unicamente da ideia preconcebida de que tal palavra devia ser pronunciada de modo contínuo e monótono por um ser humano; em breve não deixei de me aperceber de que a dificuldade consistia em conciliar essa monotonia com o exercício da razão na criatura que repetisse a palavra. Então, de súbito, tive a ideia de uma criatura incapaz de raciocinar, embora capaz de falar; e, muito naturalmente, ocorreu-me em primeiro lugar a ideia de um papagaio, logo substituída pela de um corvo, ave igualmente dotada de palavra e infinitamente mais de acordo com o tom procurado.
Tinha, pois, chegado à concepção de um corvo, ave de mau agoiro, que repete invariavelmente apenas a palavra nevermore como conclusão de cada estância, num poema de um tom melancólico e com a extensão de cem versos. Então, sem nunca perder de vista este fim, superlativo ou de perfeição em todos os pontos, perguntei-me: «De todos os temas melancólicos, qual, no consenso universal dos homens, é o mais melancólico?» Resposta evidente: «A Morte.» «E quando é que esse tema mais melancólico é o mais poético?» Ainda aqui a resposta decorre com evidência do que já expliquei longamente: «Quando se alia o mais estreitamente com a Beleza: a morte de uma linda mulher é, pois, indiscutivelmente o tema mais poético do mundo…»
A verdade é que a originalidade, excepto nos espíritos de raríssima capacidade, de modo nenhum é, como alguns supõem, assunto de instinto ou de intuição. Em geral, para encontrá-la, é preciso procurá-la laboriosamente, e, embora constitua um mérito positivo da ordem mais elevada, conquistá-la exige menos invenção do que negação.
in ' A Filosofia da Composição '
***(...) No que a mim diz respeito, não compartilho da repugnância de que falei e nunca senti a mínima dificuldade em rememorar a marcha progressiva de todas as minhas obras. Escolho O Corvo por ser a mais conhecida. Proponho-me demonstrar claramente que nenhum pormenor da sua composição se pode explicar pelo acaso ou pela intuição, que a obra se desenvolveu, a par e passo, até à sua conclusão com a precisão e o rigor lógico de um problema matemático.
(...) Sendo assim determinados a extensão, o domínio e o tom, socorri-me da indução ordinária, a fim de encontrar alguma invenção artística inédita que me pudesse servir de chave para construir o poema, de eixo sobre o qual giraria toda a máquina. Ao examinar cuidadosamente todos os efeitos artísticos ordinários, ou, mais exactamente, toda a carpintaria no sentido teatral da palavra, não deixei de verificar imediatamente que nenhum tinha tido emprego tão universal como o refrão. A universalidade da sua utilização bastava para garantir-me o seu valor intrínseco e poupava-me à necessidade de submetê-lo à análise. Todavia, examinei-o pensando que poderia ser melhorado e depressa me apercebi de que ele não ultrapassara a sua fase primitiva. Tal como comummente é empregado, o refrão não somente se limita ao poema lírico, mas também só procura o seu efeito no poder da monotonia, tanto pelo som como pelo pensamento. O prazer tem como única origem a sensação de identidade, de repetição. Resolvi variar, e, portanto, aumentar o efeito, conservando em geral a monotonia do seu todo, repetindo, de cada vez, a do pensamento: isto é, decidi produzir efeitos constantemente renovados fazendo variar as aplicações do refrão, permanecendo o refrão, no seu conjunto, tal e qual.
(...) Estando assim determinado o som do refrão, era necessário escolher uma palavra que contivesse tal som e ao mesmo tempo se ligasse tanto quanto possível com essa melancolia que decidira havia de dar a sua tonalidade ao poema. Em tal ordem de pesquisas teria sido absolutamente impossível omitir a palavra nevermore, «nunca mais». E, na verdade, foi a primeira que me ocorreu.
O desideratum seguinte consistiu em: sob que pretexto ligar continuamente esta única palavra nevermore? Ao notar a dificuldade que desde começo experimentava em inventar uma razão suficientemente plausível para tal perpétua repetição, não deixei de me aperceber de que essa dificuldade provinha unicamente da ideia preconcebida de que tal palavra devia ser pronunciada de modo contínuo e monótono por um ser humano; em breve não deixei de me aperceber de que a dificuldade consistia em conciliar essa monotonia com o exercício da razão na criatura que repetisse a palavra. Então, de súbito, tive a ideia de uma criatura incapaz de raciocinar, embora capaz de falar; e, muito naturalmente, ocorreu-me em primeiro lugar a ideia de um papagaio, logo substituída pela de um corvo, ave igualmente dotada de palavra e infinitamente mais de acordo com o tom procurado.
Tinha, pois, chegado à concepção de um corvo, ave de mau agoiro, que repete invariavelmente apenas a palavra nevermore como conclusão de cada estância, num poema de um tom melancólico e com a extensão de cem versos. Então, sem nunca perder de vista este fim, superlativo ou de perfeição em todos os pontos, perguntei-me: «De todos os temas melancólicos, qual, no consenso universal dos homens, é o mais melancólico?» Resposta evidente: «A Morte.» «E quando é que esse tema mais melancólico é o mais poético?» Ainda aqui a resposta decorre com evidência do que já expliquei longamente: «Quando se alia o mais estreitamente com a Beleza: a morte de uma linda mulher é, pois, indiscutivelmente o tema mais poético do mundo…»
A verdade é que a originalidade, excepto nos espíritos de raríssima capacidade, de modo nenhum é, como alguns supõem, assunto de instinto ou de intuição. Em geral, para encontrá-la, é preciso procurá-la laboriosamente, e, embora constitua um mérito positivo da ordem mais elevada, conquistá-la exige menos invenção do que negação.
in ' A Filosofia da Composição '
19 de Janeiro de 1809: Nasce o escritor norte-americano Edgar Allan Poe, autor de "O Corvo" e "Os Crimes da Rua da Morgue", precursor da moderna literatura policial.
Escritor
norte-americano nascido a 19 de Janeiro
de 1809, em
Boston, e falecido
a 7 de Outubro de 1849. Filho de dois actores
de Baltimore, David
Poe Junior e
Elizabeth Arnold Poe,
ficou órfão com
apenas dois anos
de idade e
desde cedo aprendeu
a sobreviver sozinho.
Foi adoptado por
uma família de
comerciantes ricos de
Richmond, de quem
recebeu o apelido
Allan.
Entre
1815 e 1820,
a família Allan
viveu em Inglaterra e na
Escócia,
onde Poe recebeu
uma educação tradicional, regressando depois a Richmond. Poe foi para a Universidade da Virgínia
em 1826, onde
estudou grego, latim,
francês, espanhol e
italiano, mas desistiu
do curso onze
meses depois por
causa do seu
vício do jogo
e do álcool.
Resolveu então ir
para Boston, onde
publicou em 1827
um fascículo de
poemas da juventude
de inspiração byroniana, Tamerlane and
Other Poems.
Em
1829 publicou o
seu primeiro volume
de poemas, com
o título Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems, onde se
denota a influência
de John
Milton e Thomas
Moore. Foi então
para Nova
Iorque, onde
publicou outro volume,
contendo alguns dos
seus melhores poemas
e onde se
evidencia a influência
de Keats, Shelley e
Coleridge.Em 1835 estreou-se como director do
jornal Southern
Literary Messenger,
em Richmond, onde
se tornaria conhecido
como crítico literário,
mas veio a
ser despedido do
seu cargo alegadamente
por causa do
seu problema da
bebida. O álcool
viria aliás a
ser o estigma
que marcaria toda
a sua vida
até à morte.
Casou-se nesse mesmo
ano com a
sua prima de
apenas treze anos,
Virgínia Clemm, e
o casal resolveu
então instalar-se em
Nova Iorque, onde
não chegou a
permanecer muito tempo.
Foi em Filadélfia
que Poe alcançou
fama através de
vários volumes de
poemas e histórias
de mistério e
de terror. Em
1838 escreveu The Narrative of
Arthur Gordon Pym
(A Narrativa
de Arthur Gordon
Pym), obra
de prosa em
que combinou factos
reais com as
suas fantasias mais
insanes. Em 1839
tornou-se co director do Burton's Gentleman's Magazine em
Filadélfia, e nesse
mesmo ano escreveu
várias obras que
o tornaram famoso
pelo seu estilo
de literatura ligado
ao macabro e
ao sobrenatural. São
elas William
Wilson e The Fall of
the House of
Usher (A
Queda da Casa
de Usher).
A
primeira história policial surgiu apenas em
1841, na revista
Graham's Lady's
and Gentleman's Magazine, sob o
nome The
Murders of the
Rue Morgue (Os Crimes da
Rue Morgue),
e em 1843
Poe recebeu o
seu primeiro prémio
literário com a
obra The
Gold Bug.
Em 1844 regressou
a Nova Iorque
e tornou-se sub director do New York Mirror.
Na edição de
29 de janeiro
de 1845 deste
jornal surgiu o
poema "The Raven"
("O Corvo"), com
o qual Poe
atingiu o auge
da sua fama
nacional.
Dois
anos mais tarde
morre a sua
mulher Virgínia, mas
Poe volta a
casar, com Elmira
Royster, em 1849.
Porém, antes disso,
Poe publica Eureka, uma obra
que deu azo
a muita contestação
por parte de
alguns críticos da
época e que
é considerada uma
dissertação transcendental
sobre o universo,
muito louvada por
uns e detestada
por outros.
É de regresso à terra
natal do seu
pai que Poe
começa a apresentar
indícios de que
o problema do
alcoolismo já era
de certo modo
irreversível. De facto,
ele esteve na
origem da morte
do poeta
A
obra de Poe
é o espelho
da sua vida
conturbada e dos
seus hábitos e
atitudes anti - sociais, que o levavam a
ter uma escrita
que ia para
além dos padrões
convencionais. Se por
um lado foi
vítima de certas
circunstâncias que estavam para além do
seu controle, como
foi o facto
de ter ficado
órfão aos dois
anos de idade,
por outro fez-se
escravo de um
problema - o
álcool - que
agravaria a sua
personalidade já de
si inconstante, imprevisível e incontrolável.
Fontes:
Edgar Allan Poe. In Infopédia [Em
linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)
Edgar Allen Poe
-1848
Ilustração do "Corvo" por Gustave Doré,
1884
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/19-de-janeiro-de-1809-nasce-o-escritor.html?fbclid=IwAR1M1sO0HiZvAncYubVHkgrrlZ66nWAxc21HxpWO4ekDLN96xspH_PitnP8***