19/01/2015

9.428.(19jan2015.18.18') Edgar Allan Poe

Nasceu a 19jan1809
e morreu a 1849
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https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10200682617982246&set=a.1357680996472.48625.1664920033&type=3&theater
"A vida real do ser humano consiste em ser feliz, principalmente por estar sempre na esperança de sê-lo muito em breve."
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biografia
http://www.e-biografias.net/edgar_allan_poe/
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O Corvo
https://www.youtube.com/watch?v=TcN84WZMzD4
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VIA CITADOR

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Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite. - Edgar Allan Poe - Frases
Quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite.
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Para se ser feliz até um certo ponto é preciso ter-se sofrido até esse mesmo ponto.
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A poesia é a criação rítmica da beleza em palavras.
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Tudo o que vemos ou nos parece vermos não é mais do que um sonho dentro de outro sonho.
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Talvez seja a própria simplicidade do assunto que nos conduz ao erro.
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A ciência não averiguou ainda se a loucura é ou não a mais sublime das inteligências.
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Na minha opinião, o crime perfeito existe.
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A enorme multiplicação de livros em todos os ramos do conhecimento é uma das maiores pragas desta era, porque é um sério obstáculo à aquisição de qualquer conhecimento positivo.
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A vida real do homem é feliz, principalmente porque está sempre à espera de o ser em breve.
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A perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano.
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Não é na ciência que está a felicidade, mas na aquisição da ciência.
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A Génese de um Poema

A maior parte dos escritores, sobretudo os poetas, preferem deixar supor que compõem numa espécie de esplêndido frenesim, de extática intuição; literalmente, gelar-se-iam de terror à ideia de permitir ao público que desse uma espreitadela por detrás da cena para ver os laboriosos e incertos partos do pensamento, os verdadeiros planos compreendidos só no último minuto, os inúmeros balbucios de ideias que não alcançaram a maturidade da plena luz, as imaginações plenamente amadurecidas e, no entanto, rejeitadas pelo desespero de as levar a cabo, as opções e as rejeições longamente ponderadas, as tão difíceis emendas e acrescentas, numa palavra, as rodas e as empenas, as máquinas para mudança de cenário, as escadas e os alçapões, o vermelhão e os postiços que em 99% dos casos constituem os acessórios do histrião literário.
(...) No que a mim diz respeito, não compartilho da repugnância de que falei e nunca senti a mínima dificuldade em rememorar a marcha progressiva de todas as minhas obras. Escolho O Corvo por ser a mais conhecida. Proponho-me demonstrar claramente que nenhum pormenor da sua composição se pode explicar pelo acaso ou pela intuição, que a obra se desenvolveu, a par e passo, até à sua conclusão com a precisão e o rigor lógico de um problema matemático.

(...) Sendo assim determinados a extensão, o domínio e o tom, socorri-me da indução ordinária, a fim de encontrar alguma invenção artística inédita que me pudesse servir de chave para construir o poema, de eixo sobre o qual giraria toda a máquina. Ao examinar cuidadosamente todos os efeitos artísticos ordinários, ou, mais exactamente, toda a carpintaria no sentido teatral da palavra, não deixei de verificar imediatamente que nenhum tinha tido emprego tão universal como o refrão. A universalidade da sua utilização bastava para garantir-me o seu valor intrínseco e poupava-me à necessidade de submetê-lo à análise. Todavia, examinei-o pensando que poderia ser melhorado e depressa me apercebi de que ele não ultrapassara a sua fase primitiva. Tal como comummente é empregado, o refrão não somente se limita ao poema lírico, mas também só procura o seu efeito no poder da monotonia, tanto pelo som como pelo pensamento. O prazer tem como única origem a sensação de identidade, de repetição. Resolvi variar, e, portanto, aumentar o efeito, conservando em geral a monotonia do seu todo, repetindo, de cada vez, a do pensamento: isto é, decidi produzir efeitos constantemente renovados fazendo variar as aplicações do refrão, permanecendo o refrão, no seu conjunto, tal e qual.

(...) Estando assim determinado o som do refrão, era necessário escolher uma palavra que contivesse tal som e ao mesmo tempo se ligasse tanto quanto possível com essa melancolia que decidira havia de dar a sua tonalidade ao poema. Em tal ordem de pesquisas teria sido absolutamente impossível omitir a palavra nevermore, «nunca mais». E, na verdade, foi a primeira que me ocorreu.
desideratum seguinte consistiu em: sob que pretexto ligar continuamente esta única palavra nevermore? Ao notar a dificuldade que desde começo experimentava em inventar uma razão suficientemente plausível para tal perpétua repetição, não deixei de me aperceber de que essa dificuldade provinha unicamente da ideia preconcebida de que tal palavra devia ser pronunciada de modo contínuo e monótono por um ser humano; em breve não deixei de me aperceber de que a dificuldade consistia em conciliar essa monotonia com o exercício da razão na criatura que repetisse a palavra. Então, de súbito, tive a ideia de uma criatura incapaz de raciocinar, embora capaz de falar; e, muito naturalmente, ocorreu-me em primeiro lugar a ideia de um papagaio, logo substituída pela de um corvo, ave igualmente dotada de palavra e infinitamente mais de acordo com o tom procurado.
Tinha, pois, chegado à concepção de um corvo, ave de mau agoiro, que repete invariavelmente apenas a palavra nevermore como conclusão de cada estância, num poema de um tom melancólico e com a extensão de cem versos. Então, sem nunca perder de vista este fim, superlativo ou de perfeição em todos os pontos, perguntei-me: «De todos os temas melancólicos, qual, no consenso universal dos homens, é o mais melancólico?» Resposta evidente: «A Morte.» «E quando é que esse tema mais melancólico é o mais poético?» Ainda aqui a resposta decorre com evidência do que já expliquei longamente: «Quando se alia o mais estreitamente com a Beleza: a morte de uma linda mulher é, pois, indiscutivelmente o tema mais poético do mundo…»
A verdade é que a originalidade, excepto nos espíritos de raríssima capacidade, de modo nenhum é, como alguns supõem, assunto de instinto ou de intuição. Em geral, para encontrá-la, é preciso procurá-la laboriosamente, e, embora constitua um mérito positivo da ordem mais elevada, conquistá-la exige menos invenção do que negação.
 in ' A Filosofia da Composição '
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19 de Janeiro de 1809: Nasce o escritor norte-americano Edgar Allan Poe, autor de "O Corvo" e "Os Crimes da Rua da Morgue", precursor da moderna literatura policial.

Escritor norte-americano nascido a 19 de Janeiro de 1809, em Boston, e falecido a 7 de Outubro de 1849. Filho de dois actores de Baltimore, David Poe Junior e Elizabeth Arnold Poe, ficou órfão com apenas dois anos de idade e desde cedo aprendeu a sobreviver sozinho. Foi adoptado por uma família de comerciantes ricos de Richmond, de quem recebeu o apelido Allan.
Entre 1815 e 1820, a família Allan viveu em Inglaterra e na Escócia, onde Poe recebeu uma educação tradicional, regressando depois a Richmond. Poe foi para a Universidade da Virgínia em 1826, onde estudou grego, latim, francês, espanhol e italiano, mas desistiu do curso onze meses depois por causa do seu vício do jogo e do álcool. Resolveu então ir para Boston, onde publicou em 1827 um fascículo de poemas da juventude de inspiração byroniana, Tamerlane and Other Poems.
Em 1829 publicou o seu primeiro volume de poemas, com o título Al Aaraaf, Tamerlane and Minor Poems, onde se denota a influência de John Milton e Thomas Moore. Foi então para Nova Iorque, onde publicou outro volume, contendo alguns dos seus melhores poemas e onde se evidencia a influência de Keats, Shelley e Coleridge.Em 1835 estreou-se como director do jornal Southern Literary Messenger, em Richmond, onde se tornaria conhecido como crítico literário, mas veio a ser despedido do seu cargo alegadamente por causa do seu problema da bebida. O álcool viria aliás a ser o estigma que marcaria toda a sua vida até à morte. Casou-se nesse mesmo ano com a sua prima de apenas treze anos, Virgínia Clemm, e o casal resolveu então instalar-se em Nova Iorque, onde não chegou a permanecer muito tempo. Foi em Filadélfia que Poe alcançou fama através de vários volumes de poemas e histórias de mistério e de terror. Em 1838 escreveu The Narrative of Arthur Gordon Pym (A Narrativa de Arthur Gordon Pym), obra de prosa em que combinou factos reais com as suas fantasias mais insanes. Em 1839 tornou-se co director do Burton's Gentleman's Magazine em Filadélfia, e nesse mesmo ano escreveu várias obras que o tornaram famoso pelo seu estilo de literatura ligado ao macabro e ao sobrenatural. São elas William Wilson e The Fall of the House of Usher (A Queda da Casa de Usher).
A primeira história policial surgiu apenas em 1841, na revista Graham's Lady's and Gentleman's Magazine, sob o nome The Murders of the Rue Morgue (Os Crimes da Rue Morgue), e em 1843 Poe recebeu o seu primeiro prémio literário com a obra The Gold Bug. Em 1844 regressou a Nova Iorque e tornou-se sub director do New York Mirror. Na edição de 29 de janeiro de 1845 deste jornal surgiu o poema "The Raven" ("O Corvo"), com o qual Poe atingiu o auge da sua fama nacional.
Dois anos mais tarde morre a sua mulher Virgínia, mas Poe volta a casar, com Elmira Royster, em 1849. Porém, antes disso, Poe publica Eureka, uma obra que deu azo a muita contestação por parte de alguns críticos da época e que é considerada uma dissertação transcendental sobre o universo, muito louvada por uns e detestada por outros.
É de regresso à terra natal do seu pai que Poe começa a apresentar indícios de que o problema do alcoolismo era de certo modo irreversível. De facto, ele esteve na origem da morte do poeta
A obra de Poe é o espelho da sua vida conturbada e dos seus hábitos e atitudes anti - sociais, que o levavam a ter uma escrita que ia para além dos padrões convencionais. Se por um lado foi vítima de certas circunstâncias que estavam para além do seu controle, como foi o facto de ter ficado órfão aos dois anos de idade, por outro fez-se escravo de um problema - o álcool - que agravaria a sua personalidade de si inconstante, imprevisível e incontrolável.


Fontes:
Edgar Allan Poe. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)

File:Edgar Allan Poe 2 retouched and transparent bg.png
Edgar Allen Poe -1848
File:Spirtsofthedead.jpg
Cópia do manuscrito original de "Spirit of the deads"
File:Paul Gustave Dore Raven14.jpg


Ilustração do "Corvo" por Gustave Doré, 1884
https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/01/19-de-janeiro-de-1809-nasce-o-escritor.html?fbclid=IwAR1M1sO0HiZvAncYubVHkgrrlZ66nWAxc21HxpWO4ekDLN96xspH_PitnP8
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