07/09/2018

9.350.(7seTEMbro2018.9.9') Camilo Pessanha

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Nasceu a 7seTEMbro1867...Coimbra
e morreu a 1 mar1926...Macau
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In Clepsidra
"Floriram por Engano as Rosas Bravas
Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?
Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!
E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...
Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze _quanta flor! _do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?"  *

"Não Sei se Isto é Amor

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente...
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente."

http://www.citador.pt/poemas/a/camilo-pessanha
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morreu a 1 mar1926
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/01-de-marco-de-1926-morre-camilo.html?fbclid=IwAR20XVaGcdpQr6wck1PFklR3_DQCNybrf5APEDz1o22WCg1b3TMaLvql0BE
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07 de Setembro de 1867: Nasce o poeta simbolista Camilo Pessanha

Camilo de Almeida Pessanha nasce em Coimbra, na freguesia da Sé Nova, cerca das 23:00 horas do dia 7 de Setembro de 1867, filho de Maria do Espírito Santo Duarte Nunes Pereira e de Francisco António de Almeida Pessanha (então estudante do 3o ano de Direito) .

O jovem Pessanha vive em várias partes do país, alguns anos nos Açores, acompanhando as colocações ou transferências do pai, juiz, de quem viria a seguir as passadas: em 1878, ainda em Lamego, completa a instrução primária; em 1884, já na cidade do Mondego, termina o curso liceal no Liceu Central e ingressa então no Curso de Direito da Universidade de Coimbra.

Ao longo do seu período académico, publica poemas (o primeiro, “Lúbrica”, datado de 1885) e outros escritos  em revistas e jornais, como “A Crítica” (Coimbra) ou o “Novo Tempo”, periódico de Mangualde dirigido por Alberto Osório de Castro, colega de curso e grande amigo, irmão da também grande amiga de Pessanha, Ana de Castro Osório . Durante estes anos, leva uma vida boémia que em muito terá contribuído para a sua debilidade física, tentando restabelecer energias nas férias, na Quinta de Marmelos, em Mirandela. A sua irmã, Madalena da Paixão Pessanha, recorda-o nesses períodos:

“Lembro-me de o ver chegar de Coimbra. Não sei agora se já estava formado ou não. Suponho que nessa altura andava a rondar a casa dos 30. Era bem apessoado. Tinha um ar triste mas era alegre. À noite passava muito tempo junto à lareira. Era onde a família se reunia. Ele deitava-se no chão e recitava versos. Fazia-o tão bem! Por essas alturas escreveu alguns mas logo os rasgava. Parece que os escrevia só para os decorar e depois fazia o papel em pedaços.” 

Camilo Pessanha reprova no 4o ano (1887/88), na mesma altura em que faz a acesa crítica ao “romanticismo decadente, pretensioso, mascarado de frases novas” da obra Versos da Mocidade de António Fogaça. Não se matricula em 1888/89, no ano lectivo de 1889/90 encontra-se no 4o ano e recebe a 29 de Julho de 1890 o grau de bacharel. Em Fevereiro do ano seguinte, surgem as revistas rivais coimbrãs “Boémia Nova” e “Os Insubmissos”, divulgando em Portugal as correntes literárias Decadentismo e Simbolismo, cujas ideias o autor acolhe, agregando-se, apesar de casualmente, ao grupo dos Nefelibatas, constituído no Porto por elementos das duas revistas.

Em 1891, termina o curso de Direito e em Outubro do ano seguinte ingressa na magistratura, ocupando o lugar de procurador régio de Mirandela. Dois anos mais tarde, parte como advogado para Óbidos, com o juiz Alberto de Castro Osório. Talvez para “poder ajudar o seu irmão Francisco a formar-se” ou talvez devido a “uma tremenda decepção que a vida profissional inflingiu ao jovem subdelegado” , Camilo Pessanha apresenta-se a um concurso para professores no recentemente criado Liceu de Macau (Diário do Governo, 19/08/1893) e é nomeado em 18/12/1893 professor de Filosofia; entre outros nomeados encontramos Horácio Poiares, Mateus de Lima, João Pereira Vasco e, pouco antes, Wenceslau José de Sousa Morais. A 17 de Março de 1894 parte para Macau no barco a vapor espanhol, Santo Domingo. Camilo Pessanha morreu no dia 1 de Março de1926 em Macau, devido ao uso excessivo de Ópio.

Fontes:cvc.instituto-camoes.pt

wikipedia (imagens)







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Floriram por engano as rosas bravas 





Floriram por engano as rosas bravas 
No inverno: veio o vento desfolhá-las... 
Em que cismas, meu bem? Porque me calas 
As vozes com que há pouco me enganavas? 
Castelos doidos! Tão cedo caístes!... 
Onde vamos, alheio o pensamento, 
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento 
Perscrutaram nos meus, como vão tristes! 
E sobre nós cai nupcial a neve, 
Surda, em triunfo, pétalas, de leve 
Juncando o chão, na acrópole de gelos... 
Em redor do teu vulto é como um véu! 
Quem as esparze _quanta flor! _do céu, 
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos? 
Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'
 https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2018/09/07-de-setembro-de-1867-nasce-o-poeta.html?spref=fb
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Um dos da revista ORPHEU
http://faroldasletras.no.sapo.pt/orpheu.html
Revista de que apenas saíram dois números, em Lisboa, em março e junho de 1915, mas de notável significado na História da Literatura Portuguesa por marcar a introdução do ModernismoOrpheu 1, correspondente ao primeiro trimestre desse ano, é dirigida por Luís de Montalvor e Ronald de Carvalho e apresenta, além duma «Introdução» de Luís de Montalvor que lhe imprime um cunho simbolista-decadente, poemas «Para os Indícios de Oiro» de Mário de Sá-Carneiro, «Poemas» de Ronald de Carvalho, « O Marinheiro», «drama estático em um quadro» de Fernando Pessoa, «Treze sonetos» de Alfredo Pedro Guisado, «Frisos», contos, pelo desenhador Almada-Negreiros, e dois poemas de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, intitulados «Opiário» e «Ode Triunfal». Este número provocou escândalo e troça, como, aliás, os seus responsáveis desejavam: os jornais apodaram-nos de mistificadores ou alienados. Orpheu 2, já sob a direção de Pessoa e Sá-Carneiro, corresponde aos meses de abril, maio e junho. Inclui ilustrações de Santa-Rita Pintor, futurista, poemas de Ângelo de Lima (um autêntico louco, internado no Hospital Miguel Bombarda), «Poemas sem Suporte» - «Elegia» e «Manucure» de Mário de Sá-Carneiro, «Poemas» de Eduardo Guimarães, «Atelier (novela vertígica)» de Raul Leal, «Poemas» de Violante de Cysneiros (pseudónimo de Armando Cortes-Rodrigues), «Ode Marítima» de Álvaro de campos, «Narciso», poema de Luís de Montalvor, «Chuva Oblíqua», poemasintersecionistas de Fernando Pessoa (v. Intersecionismo).
Apesar de este número ter provocado reação semelhante à suscitada pelo primeiro, a empresa deu prejuízo financeiro, e por tal motivo não pôde prosseguir. Todavia, Pessoa não deixou de pensar em publicar mais dois números. Em setembro de 1916 anunciava a Cortes-Rodriguse que a saída de Orpheu 3 estava para breve e que deveria inserir dois poemas ingleses dele, Pessoa, versos de Camilo Pessanha e de Sá-Carneiro, «A Cena do Ódio» de Almada, poemas deÁlvaro de Campos, etc. De facto, o n.º 3 estava, no ano seguinte, em grande parte, se não totalmente, impresso, mas nunca veio a lume. As folhas impressas compreendem: «Poemas de Paris» de Sá -Carneiro, «Após o Rapto» de Albino de Meneses, «Gládio» e «Além-Deus», poemas de F. Pessoa, «Por esse crepúsculo - A morte dum fauno» por Augusto Ferreira Gomes, «A Cena do Ódio» de Almada-Negreiros, «Olhos» por D. Tomás de Almeida, «Para além d' outro Oceano», notas de C. Pacheco (outro heterónimo de F. Pessoa) «à memória de Alberto Caeiro», e «Névoa», composição de Castelo de Morais. De Orpheu 3 já foram publicados os poemas de Pessoa(graças a Casais Monteiro, Lisboa, 1953), os «Poemas de Paris», incluídos em Indícios de Oiro de M. de Sá-Carneiro, e «A Cena do Ódio», reproduzida em Líricas Portuguesas, 3.ª série (seleção de Jorge de Sena, Lisboa, 1958). - F. Pessoa chegou a escrever, em inglês, notas para uma apresentação da literatura do Orpheu, dando já como aparecido o projetado n.º 3, ano e meio após o n.º 1. Tomaz Kim deu a conhecer esse texto, que traduziu («O Orpheu e a Literatura Portuguesa»), em sep. de Tricórnio. Aí Pessoa considerava a revista «a soma e a síntese de todos os movimentos literários modernos». 
Coelho, Jacinto do Prado, DICIONÁRIO DE LITERATURA, 3.ª edição, 3.º volume, Porto, Figueirinhas, 1979
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