01/02/2019

4.273.(1feVER.9.9') Japão

Japão tem um Partido Comunista que actualmente está em 2.º lugar nas votações
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2019
Ir visitar esta exposição até 27mar
Palácio Nacional da Ajuda
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Vasco Rosa escreveu:
 
 A exposição "Uma História de Assombro" é um marco importante no trabalho feito sobre o património que ilustra as relações luso-nipónicas. Para ver até 27 de março.
Etimologicamente, assombro não é sinónimo de descobrimento mas a palavra que as curadoras Alexandra Curvelo e Ana Fernandes Pinto escolheram para título desta exposição no Palácio Nacional da Ajuda — “Uma História de Assombro”, na Galeria de Pintura do Rei D. Luís até 27 de Março — sobre as relações luso-nipónicas de c. 1543 a 1952 é, sem dúvida, ela própria, um perfeito achado, pois concentra todas as diferentes e contraditórias expressões que vimos estampadas nos rostos dos nossos viajantes a bordo da grande Nau do Trato, nos magníficos biombos nanban.
O pequeno país de intrépidos marinheiros, mercadores e missionários que rodou o globo por mar e alcançou o arquipélago do Japão antes de quaisquer outros europeus não teve como manter, ao longo dos séculos, presença, diálogo e influência económica e política junto daquele país, mas as marcas culturais (religiosas incluídas) que lá deixou perpetuaram-se até hoje e são ali estimadas com típico e inigualável zelo, ainda que a nossa representação diplomática contemporânea — por erro estratégico, mas “é o que há” — não consinta comissões longas e por isso consistentes e empáticas ou esteja a cargo de alguém com a curiosidade e o entendimento cultural, senão o talento literário e o impulso fazedor, de Wenceslau de Moraes (1854-1929) e de Armando Martins Janeira (1914-88), dois portugueses profundamente marcados pelas suas vivências japonesas, como, de outra forma, muito mais discreta, é certo, o foi o cineasta e adido cultural Paulo Rocha (1935-2012). José de Mello Gouveia, embaixador em Tóquio de 1988 a 1993, apoiou uma exposição na Torre do Tombo em 1998, promovida pela Associação de Amizade Portugal-Japão, e José de Freitas Ferraz, nosso embaixador naquele país de 2011 a 2014, foi o primeiríssimo instigador da actual exposição, mas — com o devido respeito —  global e comparativamente tudo isso me parece pouco, diante do muito do que podia e pode ou deve ser feito.
Num pequeníssimo livro, Quinze Dias no Japão (que tive a alegria e a sorte de propor e editar em 2001, resgatando cinco crónicas de 1979 e depois disso nunca impresso), João Bénard da Costa (1935-2009), admirador de Yasujro Ozu, reconhecia a sua perplexidade sobre a ausência de bibliografia portuguesa que o guiasse no país do sol nascente, socorrendo-se por isso de um livro de Roland Barthes dedicado a Tóquio — admitindo que, à época, aquela era a «grande viagem» a fazer. E provavelmente ainda é.
Como entender que a mais surpreendente peça desta exposição — o conjunto de sela, arreios e armadura de Samurai, oferecido ao jovem rei D. Luís em 1862 — tenha saído das reservas do Palácio Nacional da Ajuda para cuidados de conservação e restauro pelo Laboratório José de Figueiredo e seja agora exibida pela primeiríssima vez, e provavelmente apenas por alguns meses
 Alguns anos depois disso, o panorama mudou com as comemorações dos Descobrimentos Portugueses, que empurraram uma nova atenção historiográfica à arte nanban e à literatura jesuítica, com edição e comentário de fontes de época. A Fundação Oriente e o Instituto Português do Oriente (ainda que mais focados na China) também fizeram coisas de relevo, como a há muito esgotada, e sem reimpressão Fotobiografia de Wenceslau de Moraes e o álbum dos seus postais ilustrados (Daniel Pires, 1993 e 2004), a cuidada edição por Rui Manuel Loureiro do Tratado das Contradições e Diferenças de Costumes entre a Europa e o Japão de Luís Fróis em 2001 e o prolongado laboratório científico, internacional e multidisciplinar, de que em 2010 resultou a poderosa edição crítica em quatro volumes da Peregrinaçam de Fernão Mendes Pinto (pesem embora a reduzida tiragem desta (apenas 300 exemplares!) — e, por isso, o seu preço exorbitante, nada menos do que 150 € — e o facto de dela ainda não ter sido destilada uma edição de tipo popular, sua consequência óbvia e desejável).
https://observador.pt/especiais/no-palacio-da-ajuda-o-japao-e-enfim-revisitado/?fbclid=IwAR0qKfZ1IMR5GHhVhKeHfxSQxzscOtzmC9BufJ9qxNreQiPUHZoOc_KfhvM
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Vasco Rosa escreveu:

https://observador.pt/2016/01/29/japao-dos-biombos/
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Japão sofredor de 2 bombas nucleares:
 https://uniralcobaca.blogspot.com/2010/08/3149-o-pcp-nao-esqueceu-hiroshima-e.html
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