03/03/2019

6.841./3mar2019.7.7') Bulhão Pato

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Nasceu a 3mar1829...Bilbau
e morreu em 24aGOSTO1912...Monte Caparica
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Feliz de amor!

Não sabes que ao ver-te triste,
E pensativa a meu lado,
O rosto na mão firmado.
E os olhos postos no chão,
Calado, ansioso, anelante,
Quero ler no teu semblante
A causa da dor constante
Que te oprime o coração?

Pois não basta o meu amor
Para te dar a ventura?
Responde: quando a luz pura
Do sol vem beijar a flor,
Não lhe acende mais a cor?
Não lhe dá mais formosura?

Agora, quando se inflama
Em teu peito aquela chama,
À qual tudo se ilumina
De viva, encantada luz,
Dize: é quando, minha vida,
Pálida, triste, abatida,
A tua fronte se inclina,
E melancólica sombra,
De mal contida amargura
Nos teus olhos se traduz?!

Certeza de que és amada
Com quanto poder na terra
Em peito de homem se encerra,
Tem-la em tua alma gravada!
Então de fundo desgosto
Porque vem nuvem pesada
Carregar teu belo rosto?

Pois se ao vívido calor
Do sol a rosa fulgura
E redobra aroma e cor,
Não te há de dar a ventura
A chama do meu amor?!

Maio de 1859.http://www.bibliologista.com/2016/06/versos-poesiade-bulhao-pato.html
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 LAGRIMA

  Eu perguntei o que era amor à rosa,
«É como nós: corolla avelludada,
«De uma  côr attrahente, voluptuosa
«Porém, toda de espinhos circundada»:

  Os malmequeres brancos consultei
Sobre se sim ou não era eu amado;
Uma por uma as folhas arranquei
E d´um malmequer branco desfolhado.

  A derradeira respondeu-me : «Não!»
Banhou-se-me de pranto o coração...
Se é fraqueza chorar nos meus amores,

  Lagrimas verte o monte, que é granito,
E o céu, o próprio céu, que é infinito,
Chora também no calice das flores!

  (Bulhão Pato - no livro - Poesias escolhidas - 1932)
 http://olhaioliriodocampo.blogspot.com/2019/02/lagrima-um-poema-de-bulhao-pato.html
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CARTA
Quando partiste ainda havia
Um sol como de verão.
Partiste, e logo a invernia
— Triste do meu coração —
Rompeu de cara sombria.
Mar que vias da janela,
Tão sereno e tão azul,
Torvo ao largo se encapela
Com as lufadas do sul,
Dando núncios da procela.
Uma avesita arribada,
Que à tarde poisou aqui,
Soltou um pio magoada;
Como eu as tenho de ti
Teve saudades, coitada!
Saudades… se breve espero
Ver-te, que estás a dois passos?
Sempre a um pai é desespero
Não ter a filha nos braços,
E eu como a filha te quero.
De passagem te direi
Que ontem, descendo o valado,
Com a casa defrontei,
E, vendo tudo fechado,
Por vergonha não chorei.
Quando do alto do casal
Me avistavam da janela,
Que alegria triunfal! …
Eras tu, e a Filomela,
E os lenços num vendaval!
— «Depressa, que o tio espera,
Jantar na mesa, são horas.»
E a tentar cara severa,
E rindo como as auroras
Dos dias da primavera!
Agora vêm da invernia
As cordas d’água puxadas
Na força da ventania,
E essas janelas cerradas,
E eu sem a vossa alegria!…
Já nem sei o que escrevi…
Vou fechar a carta. Adeus!
Guarda um beijo para ti,
Dá-me um abraço nos teus,
Y nó te olvides de mi!
1899.
 https://viciodapoesia.com/2017/09/10/carta-poema-de-bulhao-pato/
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terça-feira, 22 de abril de 2008


Raimundo António de Bulhão Pato

Raimundo Antonio de Bulhao Pato
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de Março de 1828 — Monte da Caparica, 24 de Agosto de 1912), conhecido por Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As Memórias de Bulhão Pato são uma interessante fonte para o conhecimento da política portuguesa na última metade do século XIX.


Biografia

Nasceu a 3 de Março de 1829 em Bilbau, foi criado em Deusto. Era filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e de D. Maria da Piedade Brandy. Na sua infância estava Espanha entregue aos horrores da guerra civil, deram-se os três cercos de Bilbau, e a família Bulhão Pato depois de sofrer grandes transtornos e inclemências, decidiu abandonar a casa onde vivia, e em 1837 retirou-se para Portugal.

Frequentou o colégio da rua do Quelhas, matriculou-se na Escola Politécnica em 1845. Desde então, contando apenas 15 anos, começou a conviver com as primeiras capacidades literárias e políticas daquela época. Os seus versos eram tão espontâneos e tão naturais, que o consagraram verdadeiro poeta.

Publicou o seu primeiro livro em 1850, com o título de Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 apareceu o seu segundo livro, Versos de Bulhão Pato, e em 1866 o poema Paquita.

Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare, de Ruy Blas e de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.

Para o teatro, parece que escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, que se representou no teatro de D. Maria em 1858, sendo publicada nesse mesmo ano.

Bulhão Pato foi colaborador em diferentes jornais: Pamphletos, 1858; a Semana, Revista Peninsular, Revista Contemporanea e Revista Universal,entre outros.

Duas vezes foi convidado para deputado, mas sempre se recusou.
 http://poemas-poestas.blogspot.com/2008/04/raimundo-antnio-de-bulho-pato.html
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03 de Março de 1829: Nasce o poeta português Bulhão Pato

Poeta português, Raimundo António de Bulhão Pato nasceu a 3 de Março de 1829, em Bilbau, Espanha, e faleceu em 1912.
Filho de portugueses (o seu pai era fidalgo e poeta), teve uma infância difícil, vivendo constantemente rodeado de dificuldades decorrentes da guerra carlista. Já na adolescência, a guerra civil espanhola obriga a família a vir para Lisboa, onde Bulhão Pato frequenta a Escola Politécnica. Por essa altura começou a conviver também com algumas das personalidades literárias mais importantes da época, como Latino Coelho, Andrade Corvo, Rebelo da Silva, Almeida Garrett, Gomes de Amorim e Alexandre Herculano, entre outros. Essa convivência viria a ser de extrema importância para o consolidar dos seus conhecimentos. Colaborou em periódicos como O Panorama, a Revista Universal Lisbonense, a Revista Peninsular e A Semana. Traduz Shakespeare, Bernardin de Saint-Pierre e Vítor Hugo.
Considerado um poeta apaixonado, influenciado pelos valores do Ultrarromantismo que o envolveu durante a sua infância e adolescência (sobretudo em Poesias e Versos, de 1850 e 1862), influenciado por Lamartine e Byron, torna-se célebre com o poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado até 1894, e amplamente reconhecido por Alexandre Herculano e Rebelo da Silva.
É também autor de quatro livros de memórias, escritos num tom íntimo e nostálgico, interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem. O seu estatuto de derradeiro representante de um Romantismo sentimental ultrapassado, a que as facetas de caçador e de gastrónomo (é seu o livro de receitas O cozinheiro dos cozinheiros, de 1870) conferiam contornos de certa forma castiços, teria, ao que parece, servido de inspiração a Eça de Queirós na composição da figura do poeta Tomás de Alencar, em Os Maias (1888).

Bulhão Pato foi um grande apreciador dos prazeres da mesa e  terá sido num restaurante da Rua da Bela da Rainha (actualmente Rua da Prata), mais precisamente no "Estrela de Ouro", que nasceu a receita com o nome do escritor. Não foi invenção sua, mas sim de um cozinheiro que aproveitou para o homenagear enquanto bom apreciador deste prato, provavelmente como forma de agradecimento aos elogios que Bulhão Pato proferia às suas confecções culinárias. Estes bivalves eram na época muito apreciados, constituindo uma iguaria bastante requintada para as mesas dos lisboetas.O prato é confeccionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco.
Fontes: Infopédia
wikipédia (imagens)
Retrato de Bulhão Pato - Columbano Bordalo Pinheiro


https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/03-de-marco-de-1829-nasce-o-poeta.html?fbclid=IwAR1ZY7XUHFj3m8Ny8WLq1Qypofl1kb7P7DONyZmDi7sp2uV4wHr2Sgw_g5o
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