Ir ao Museu Arpad Szénes-Vieira da Silva
e ao espaço da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva
Praça das Amoreiras 56, Lisboa
http://www.fasvs.pt
*
até 21jul2019
Olhares Mútuos: Maria Helena Vieira da Silva e Sophia de Mello Breyner Andresen
Exposição no Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva
A Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva associa-se às
comemorações do Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen, com uma
exposição centrada na relação de amizade da poeta com o casal Arpad
Szenes e Maria Helena Vieira da Silva. A exposição ficará patente na
sala de exposições temporárias do Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva
entre 22 de Maio a 21 de Julho de 2019.Mais informação em: http://fasvs.pt/documentos/olharesmutuos.pdf
No dia da inauguração desta exposição será lançado o livro, coordenado por Maria Andresen Sousa Tavares, constituído pelo que, de principal, Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu sobre a Antiguidade Clássica: https://centenariodesophia.com/o-nú-na-antiguidade-clássica/
http://centenariodesophia.com/exposicao-no-museu-arpad-szenes-vieira-da-silva/
***
Vieira da Silva
13jun1908...Lisboa
e morreu a 6mar1992
***
2019
fotografei obras no metro de Lisboa
estação Rato
***
memórias de 1988
a reprodução que tenho na minha sala:
janela aberta na parede de livros
***

Estabeleceu-se como pintora em Paris, onde conheceu o marido Arpad Szenes, e tornou-se uma das artistas abstractas mais celebradas na Europa do pós-guerra, com as suas originais composições geometrizadas. Após um período de exílio no Brasil durante a II Guerra Mundial, foi-lhe concedida a naturalidade francesa, país que a acolheu para o resto da vida e onde obteve os maiores galardões artísticos nacionais. O seu percurso ficaria ainda associado a encomendas importantes de arte pública, a trabalhos de cenografia, tapeçaria, vitral e ilustração. O conjunto da obra foi objecto de repetidas retrospectivas e encontra-se exposto pelo mundo inteiro.
https://gulbenkian.pt/museu/artist/maria-helena-vieira-da-silva/
***
Envolve a sua pintura numa poesia de cores e formas, cria composições abstratas únicas. Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) viveu entre duas nacionalidades mas será sempre a mais internacional artista plástica portuguesa.
Antes de ser a mais famosa artista da sua geração, Helena é a menina de sentidos apurados que aos 5 anos “enche cadernos com desenhos” e aos 11 pinta a óleo. A família incentiva os dotes artísticos. Na adolescência tem lições de pintura, desenho e escultura. Porém, aos 20 anos, a sua “Lisboa Azul” já não lhe chega, quer aprender mais… parte então para Paris, a grande capital das artes onde as novas correntes fervilham.Tem aulas com professores ilustres, desenvolve amizade com artistas importantes, identifica-se com o abstracionismo, com o surrealismo e conhece o amor da sua vida, o pintor Arpad Szenes.Vivem uma cumplicidade total, trabalham juntos, muitas vezes expõem em conjunto. É também em Paris, em 1933, que faz a primeira exposição individual. Dos franceses recebe elogios, os portugueses ainda não a conhecem.
As relações com Portugal ficam mais dificeis depois do casamento. Para Salazar, Arpad Szenes é um inimigo do regime, um húngaro comunista.. a pintora perde encomendas, perde a paciência e deixa de ser cidadã do seu país.
O casal refugia-se no Brasil durante a segunda Grande Guerra para depois regressar a Paris onde é bem recebido. Mais tarde,Vieira da Silva aceita a nacionalidade francesa.
Por esta altura, o reconhecimento da sua obra é internacional. Vieira da Silva desenvolve composições abstratas inspiradas nas grandes cidades que redimensiona em traços suaves e poéticos. Trabalha ainda em ilustrações, decorações teatrais e dedica-se também à tapeçaria.
Maria Helena Vieira da Silva demora 20 anos a fazer as pazes com Portugal. Como tantos outros portugueses, a reconciliação só chega no 25 de abril, no dia em que começou a liberdade.
http://ensina.rtp.pt/artigo/helena-vieira-da-silva/
***
Maria Helena Vieira da
Silva
da segunda metade do século XX
Nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1908;
morreu em Paris em 6 de Março de 1992.
Filha do embaixador Marcos Vieira da Silva, ficou órfã de pai aos três anos, tendo sido educada pela mãe em casa do avô materno, director do jornal O Século.
Tendo mostrado interesse, desde muito pequena, pela pintura e pela música começou a estudar pintura, a partir de 1919, com Emília Santos Braga e Armando Lucena. Em 1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de Lisboa.
Em 1928 vai viver para Paris, acompanhada pela Mãe, indo visitar a Itália. No regresso começa a frequentar as aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.
Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier e Friez, participando numa exposição no Salon de Paris. Conhece o pintor húngaro Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a Hungria e a Transilvânia.
Em 1935 António Pedro organiza a primeira exposição da pintora em Portugal, e que a faz estar em Portugal por um breve período, até Outubro de 1936, após o qual voltará para Paris, onde participará activamente na associação «Amis du Monde», criada por vários artistas parisienses devido ao desenvolvimento da extrema direita na Europa.
Regressará em 1939, devido à guerra, já que para o seu marido, judeu húngaro, a proximidade dos nazis o incomoda, naturalmente. Ficará em Portugal por pouco tempo, pois o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo casado pela igreja. Não deixa de participar num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, mas cuja encomenda será retirada.
O casal de pintores decide-se a ir para o Brasil, até porque as notícias sobre uma possível invasão de Portugal pelo exército alemão não são de molde a os sossegar.
Em Brasil serão recebidos de braços abertos, recebendo passaportes diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das Nações, tendo mesmo recebido uma proposta de naturalização do governo.
Residirão no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e ensinando, regressando Vieira da Silva primeiro que o marido, retido pelos seus compromissos académicos.
É a época em que Vieira da Silva começa a ser reconhecida. O estado francês compra-lhe La Partie d'échecs, um dos seus quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças de teatro.
Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e no ano seguinte o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris,
Em 1956, foi-lhe dada a naturalidade francesa.
Fontes:
José Augusto França
A Arte em Portugal no Século XX,
Lisboa, Bertrand, 1974
http://arqnet.pt/portal/biografias/vieira_silva.html
**
História trágico marítima.
1944, óleo sobre tela, 81 x 100 cm
Centro de Arte Moderna José de Azeredo
Perdigão, Lisboa, Portugal
Vieira da Silva morreu em 6 de Março de 1992, em Paris.
Fonte:
Texto de apresentação de José Sommer Ribeiro
em Arpad Szenes - Vieira da Silva. Período Brasileiro.
Catálogo da Exposição realizada de 29 de Junho a 17 de Setembro de 2000
na Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva.
http://arqnet.pt/portal/imagemsemanal/marco0201.html
**
1mar2019
Aquisição de seis obras de Vieira da Silva marcaram história do museu
Ana Goulão
JOÃO RELVAS/Lisboa, 01 mar (Lusa) - A diretora do Museu Arpad Szénes-Vieira da Silva, Marina Bairrão Ruivo, afirmou hoje que o acontecimento mais marcante nos últimos cinco anos da entidade foi a aquisição, pelo Estado, de seis obras emblemáticas da pintora portuguesa.
Questionada pela agência Lusa sobre as celebrações dos 25 anos da criação da fundação, e do respetivo museu dedicado ao casal de artistas, que abriu portas em 1994, a responsável recordou esta aquisição como "o momento mais importante" para a instituição, em Lisboa.
"Fizemos várias exposições importantes, mas sem dúvida que a aquisição destas obras, aguardada há tantos anos, foi o acontecimento mais marcante dos últimos anos", sublinhou.
Depois de vários anos de negociações com os proprietários privados, o Governo acabaria por comprar, através da Direção-Geral do Património Cultural, as seis obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva, pelo valor global de 5,5 milhões de euros, exercendo o direito de compra que detinha.
https://www.msn.com/pt-pt/noticias/sociedade/aquisi%c3%a7%c3%a3o-de-seis-obras-de-vieira-da-silva-marcaram-hist%c3%b3ria-do-museu/ar-BBUf57l
***
7mar2018
Obra de Vieira da Silva leiloada por valor recorde de quase 2,3 milhões de euros
A obra "L'Incendie 1" ("O Incêndio") da pintora Maria Helena Vieira da Silva foi leiloada pelo valor recorde de 2,290 milhões de euros, em Londres.
Uma das obras mais relevantes da pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, “L’Incendie 1”, foi leiloada pelo valor recorde de 2,290 milhões de euros, em Londres, na terça-feira à noite.
“L’Incendie” (“O Incêndio”), de 1944, foi a leilão na Christie’s, com uma estimativa de base entre 1,100 milhões e 1,500 milhões de libras (1,230 milhões e 1,676 milhões de euros), no âmbito de um conjunto de obras de Arte Contemporânea e do Pós Guerra.
De acordo com a Christie’s, a tela esteve presente em algumas das principais exposições da artista na Europa e América do Sul, incluindo numa grande retrospetiva na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1970, em Lisboa, e foi adquirida pelo vendedor — uma coleção privada de arte, não identificada — aos herdeiros de Jorge de Brito, em 2008.

A pintora Maria Helena Vieira da Silva
A pintura, datada do penúltimo ano da II Guerra Mundial, alude a uma
cidade que está em chamas, representada por traços sinuosos a vermelho,
azul, laranja, amarelo e branco, deixando pouco espaço ao céu escuro
pelo fumo. Ao observar-se de perto, a composição aparentemente abstrata
revela rostos e figuras entre as chamas, alguns dos quais envergando
capacetes.Refletindo referências do cubismo, construtivismo e futurismo, a obra de Vieira da Silva remete também para El Greco e Hieronymus Bosch, e mostra a angústia perante a guerra. O quadro foi realizado durante o exílio da pintora no Rio de Janeiro, onde morou com o marido, o pintor de origem húngara Arpad Szenes, entre 1940 e 1947, antes de regressar a Paris.
Comprado pelo colecionador português Jorge de Brito à galeria parisiense Furstenberg, o quadro “L’Incendie 1” teve o seu ponto de partida na Galerie Pierre, da capital francesa, onde foi adquirido pela colecionadora Simone Collinet.
Antes da retrospetiva na Gulbenkian, a pintura esteve exposta em Hannover, Wuppertal e Bremen, na Alemanha, em 1958, e em Grenoble, em França, e em Turim, em Itália, em 1964.
Em 2012-2013, quando foi assinalado o ano de Portugal no Brasil, “L’Incendie 1” foi uma das 51 obras da pintora, expostas no Museu de Arte do Rio de Janeiro, na mostra “Vieira da Silva, Agora”, organizada pela Fundação Arpad Szenes — Vieira da Silva (FASVS), de Lisboa.
A mostra, que se estendeu até fevereiro de 2013 e que mobilizou mais de 43 mil visitantes, em pouco menos de dois meses, incluía obras provenientes do Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, assim como de coleções privadas e institucionais, como as de Roberto Marinho, Jorge de Brito, Ilídio Pinho, do Governo do Estado de São Paulo, do Metropolitano de Lisboa, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Millenium BCP, entre outras.
A exposição “Vieira da Silva, Agora” — sem as obras detidas por colecionadores brasileiros — esteve também patente em Lisboa, de março a junho de 2013, no Museu Arpad Szenes — Vieira da Silva, dedicado à preservação da obra da artista e do marido.
https://observador.pt/2018/03/07/obra-de-vieira-da-silva-leiloada-por-valor-recorde-de-quase-23-milhoes-de-euros/
***
Arpad Szenes e Vieira da Silva: um amor que estava escrito (e vamos ler)
O museu de Lisboa que reúne a obra dos dois artistas
vai editar pela primeira vez algumas das dezenas de cartas que trocaram
nos 55 anos em que viveram juntos. O livro chega no Verão, eles
conheceram-se no Inverno.
Manhã clara no Jardim das Amoreiras. Da mesa da esplanada do quiosque, é fácil imaginá-los ali sentados a conversar ou a descer a rua abraçados, vindos da casa que tinham ao virar da esquina, no Alto de São Francisco.
Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes pareciam quase sempre um casal de namorados, mesmo quando ele estava no Rio de Janeiro e ela num navio a caminho de Dacar, mesmo quando ela passava temporadas em Lisboa a aborrecer- -se com conversas de sala depois do jantar e ele em Paris, entre amigos e telas na casa do Boulevard Saint- -Jacques e no atelier da Avenida Denfert-Rochereau.
Manhã clara no Jardim das Amoreiras. Da mesa da esplanada do quiosque, é fácil imaginá-los ali sentados a conversar ou a descer a rua abraçados, vindos da casa que tinham ao virar da esquina, no Alto de São Francisco.
Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes pareciam quase sempre um casal de namorados, mesmo quando ele estava no Rio de Janeiro e ela num navio a caminho de Dacar, mesmo quando ela passava temporadas em Lisboa a aborrecer- -se com conversas de sala depois do jantar e ele em Paris, entre amigos e telas na casa do Boulevard Saint- -Jacques e no atelier da Avenida Denfert-Rochereau.
Ler parte das dezenas de cartas que escreveram um ao outro durante os 55 anos em que viveram juntos é entrar na sua intimidade, perceber de que se ocupavam quando não estavam a pintar, o que os preocupava quando se separavam. "Hoje, ao olhar as tuas fotografias, gostei tanto de me lembrar de nós no atelier a cozinhar. Eu abraçava- -te apaixonadamente e a fotografia ficou com o sabor da mousse de chocolate. Adorava ver-te mesmo de longe", escreve-lhe Arpad em Março de 1947, num período em que Vieira regressa a Paris e o pintor húngaro fica no Rio de Janeiro, transformando o atelier que partilhavam em Santa Tereza, bairro boémio de casario português e muitos artistas, na sua "gruta tropical".
Rotina diferente Sobre a mesa de Sandra Santos estão várias cartas manuscritas, quase todas rasuradas - Vieira riscava mesmo quando escrevia a lápis. Muitas delas têm desenhos e algumas corações juvenis a meio das frases. No armário ao fundo da sala há mais de dez caixas com correspondência que a pintora recebeu de outros artistas, políticos, escritores e até da mãe, outro dos núcleos que as duas investigadoras gostariam de tratar.
"As cartas entre a Vieira e o Arpad quase não falam de pintura. O que ali vemos é a vida a acontecer, com pormenores rotineiros", diz Bairrão Ruivo. "Mas a rotina deles tem muitos intervenientes que fazem parte da arte e da literatura do século XX, portuguesas e não só, como o Almada [Negreiros], o [Eduardo] Viana, a [galerista Jeanne] Bucher, o [poeta Carlos] Drummond de Andrade... É esse dia-a-dia das coisas banais que nos permite ficar a conhecer melhor estes dois seres incríveis."
Não foi fácil tratar o espólio. Obrigou a um processo exaustivo de transcrição e tradução ainda não terminado. A cada momento é preciso tomar decisões, já que ambos escrevem em francês - idioma que não é a língua-mãe de nenhum deles - e muitas vezes cometem erros gramaticais e de construção que tornam difícil a compreensão. O livro, acrescenta a documentalista, obrigou também a um estudo das referências que as cartas fazem a pessoas, lugares e organizações. "Às vezes, um artista é mencionado por um diminutivo e não é óbvio a quem se refere."
Passaram já 20 anos da morte de Vieira (6 de Março de 1992) - Arpad morreu em 1985 - e a edição das cartas é nova oportunidade para "chegar mais perto" deste casal, que, sem abdicar das suas raízes, está artisticamente ligado à Escola de Paris.
Ainda sem título, o livro é também uma boa forma de promover o espólio documental de um museu que nos últimos anos tem sido notícia por causa do diferendo entre o Ministério da Cultura e os herdeiros de Jorge de Brito (1927-2006), o banqueiro que se tornou um dos maiores coleccionadores de Vieira. A tensão entre os herdeiros e o Estado envolvia um moroso processo de classificação de 22 pinturas que Brito deixara em depósito no museu à data da sua criação, em 1994, e que impedia a sua venda no estrangeiro. A situação foi resolvida em Agosto do ano passado, depois de os herdeiros terem retirado do museu as obras que ali estavam em depósito. A Secretaria de Estado da Cultura decidiu, então, desistir da classificação, e os familiares do coleccionador aceitaram restituir seis pinturas ao museu até ao final de 2015.
Para manter estas obras, sem as quais o acervo do museu ficará fragilizado - é um dos núcleos mais importantes, com telas como Novembre e Au fur et à mesure -, o Estado ou a fundação terão de as comprar nos próximos quatro anos e meio.
Tédio em LisboaOs artistas conheceram-se em 1928, na Académie de la Grand Chaumière, em Paris. Arpad reparou em Vieira mal ela chegou, lê-se na fotobiografia Au fil du temps, publicada em 2008 pelo museu que reúne parte do espólio dos dois artistas em Lisboa. Ele tentou aproximar-se dela de imediato, apesar de dizer mal dos seus desenhos; ela começou por se afastar. Quando Arpad foi obrigado a regressar à Hungria, ficaram separados um ano, não sem que o pintor falasse aos amigos da "rapariga ibérica" que o deixara fascinado. Casaram-se em 1930 e foram viver para a Villa des Camélias, onde tinham outros artistas por vizinhos e as tertúlias se alongavam noite fora. Trabalhavam quase sempre juntos. Viajavam para ver a família e fazer exposições. E escreviam-se muito. "As cartas de Vieira parecem mais contidas", diz a directora do museu. "Embora terna, ela é angustiada." Arpad é luminoso e demora-se.
"Não abuses das tuas forças, tanto morais como físicas", escreve-lhe do Brasil, ainda em Março de 1947. Está preocupado com a saúde de Vieira e com o seu estado de espírito, agora que ela chegou a Paris: "Imagino que esteja muito frio. Em Inglaterra há tempestades de neve. E estas tempestades continuarão até ter notícias tuas. É a minha quarta carta, meu amor. (...) Escrevo na varanda enquanto ouço os biriris [pássaros] e olho o mar na direcção da Europa, pelo menos assim o imagino."
Quando está aborrecida com o ritmo de Lisboa, numa estada em 1950, Vieira da Silva envia-lhe uma carta em que revela emoções distintas: "Todos são gentis comigo, sobretudo porque eu sou uma pessoa gentil, mas não há nestas pessoas a mínima curiosidade, nem sequer psicológica." Mais à frente conta- -lhe que a tia Licas a levou a passear a Sintra no seu velho Rolls-Royce e que lhe tricotou um xaile, o que a deixou feliz. "Passei um dia inteiro a desenhar oliveiras", diz para mostrar ao marido que tem descansado e se diverte com as histórias dos amores de Vília, uma das suas primas preferidas, o que parece compensar os serões em que teme morrer de tédio.
https://www.publico.pt/2012/03/13/culturaipsilon/noticia/arpad-szenes-e-vieira-da-silva-um-amor-que-estava-escrito-e-vamos-ler-1537690
***
Envolve a sua pintura numa poesia de cores e formas, cria composições abstratas únicas. Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) viveu entre duas nacionalidades mas será sempre a mais internacional artista plástica portuguesa.
Antes de ser a mais famosa artista da sua geração, Helena é a menina de sentidos apurados que aos 5 anos “enche cadernos com desenhos” e aos 11 pinta a óleo. A família incentiva os dotes artísticos. Na adolescência tem lições de pintura, desenho e escultura. Porém, aos 20 anos, a sua “Lisboa Azul” já não lhe chega, quer aprender mais… parte então para Paris, a grande capital das artes onde as novas correntes fervilham.Tem aulas com professores ilustres, desenvolve amizade com artistas importantes, identifica-se com o abstracionismo, com o surrealismo e conhece o amor da sua vida, o pintor Arpad Szenes.Vivem uma cumplicidade total, trabalham juntos, muitas vezes expõem em conjunto. É também em Paris, em 1933, que faz a primeira exposição individual. Dos franceses recebe elogios, os portugueses ainda não a conhecem.
As relações com Portugal ficam mais dificeis depois do casamento. Para Salazar, Arpad Szenes é um inimigo do regime, um húngaro comunista.. a pintora perde encomendas, perde a paciência e deixa de ser cidadã do seu país.
O casal refugia-se no Brasil durante a segunda Grande Guerra para depois regressar a Paris onde é bem recebido. Mais tarde,Vieira da Silva aceita a nacionalidade francesa.
Por esta altura, o reconhecimento da sua obra é internacional. Vieira da Silva desenvolve composições abstratas inspiradas nas grandes cidades que redimensiona em traços suaves e poéticos. Trabalha ainda em ilustrações, decorações teatrais e dedica-se também à tapeçaria.
Maria Helena Vieira da Silva demora 20 anos a fazer as pazes com Portugal. Como tantos outros portugueses, a reconciliação só chega no 25 de abril, no dia em que começou a liberdade.
http://ensina.rtp.pt/artigo/helena-vieira-da-silva/
***
06 de Março de 1992: Morre a pintora Maria Helena Vieira da Silva
*
13 de Junho de 1908: Nasce Maria Helena Vieira da Silva
Natural de Lisboa, onde
nasceu no dia 13 de Junho de 1908, Maria Helena Vieira da Silva
instala-se definitivamente em Paris em
1928. Aí descobre
a cor, em Matisse e Bonnard, e uma toalha
aos quadrados, que
retém de um
pormenor de um
quadro deste último,
haveria de entrar
em ressonância com
a sua própria
pintura. Inspira-se ainda em Paul
Klee e frequenta,
com o marido,
Arpad Szenes, as
aulas de Roger
Bissière, pintor pós-cubista. O início da
maturidade da sua
obra pode datar-se
a partir do
quadro Pont
transbordeur (1931). Nesta época são já
patentes os elementos
que hão de
definir a sua
pesquisa estética: uma
conceção do espaço
anti-renascentista, ao não assumir o volume
ou a perspetiva
como um fim
em si, e
uma conceção da
pintura como "escrita",
repetindo elementos,
quadriláteros ou círculos, percorrendo as tramas das famosas
Bibliotecas e
Florestas. O
mundo exterior surge
neste universo através
da cor e da luz, e frequentemente a memória da
luz e dos
azulejos lisboetas habitará as suas telas.
Durante a Segunda Guerra
Mundial partiu para
o Brasil e nos quadros da
época instala-se a
angústia de um
espaço povoado de
criaturas fugazes e
encurraladas. Guerra ou O Desastre (1942) é sem
dúvida o quadro
mais representativo destes tempos conturbados. Ao voltar para Paris, Vieira
da Silva vê
a sua reputação
aumentar. O prémio
da Bienal de
São Paulo (1962)
vem coroar um
trabalho seguido atentamente pelo meio cultural português. Seguem-se as exposições, as
retrospetivas, as
consagrações. A sua
pintura esteve patente,
designadamente, na Europália, em Bruxelas, em 1992.
Esse foi, precisamente,
o ano da
sua morte.
Vieira da
Silva. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,
2003-2012.
Fundação Calouste Gulbenkian
Le désastre ou La
guerre
https://www.youtube.com/watch?v=n7UO_lpoQY4https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/06/13-de-junho-de-1908-nasce-maria-helena.html?spref=fb&fbclid=IwAR0Vo5TtUSXwXpLZ_t6MNsB1siyF3fbJknJ66y99aFQ23vVJjyPVYgpmyG0
***
Arpad Szénes
***