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http://www.pcp.pt/greve-geral-22-marco-2012
Declaração de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, Lisboa
Greve Geral de 22 de Março de 2012: Uma grande greve geral, uma poderosa jornada de luta
Quinta 22 de Março de 2012
A Greve Geral de hoje constitui uma grande greve geral, uma poderosa afirmação de descontentamento e protesto, de exigência de mudança por parte dos trabalhadores e do povo português.
O PCP saúda os trabalhadores portugueses por este marco de grande significado na história da sua luta. O PCP saúda a CGTP-IN e todos os sindicatos e demais organizações dos trabalhadores que se uniram nesta grande demonstração de força e combatividade.
Uma grande greve geral, ao nível das greves gerais anteriores, com uma grande participação de trabalhadores em todos os sectores e todas as regiões do País. Uma greve com uma adesão construída a pulso, assente na acção colectiva e em múltiplos exemplos de iniciativa e coragem individual.
Uma greve geral com um grande impacto. Com uma forte adesão na área industrial nos mais diversos sectores de que são exemplo a Portucel Viana do Castelo, a Centralcer, a Exide, Valorsul, Sakthi, Groz Beckert, Browning, Funfrap, os Estaleiros de Viana do Castelo, a Lisnave, Arsenal do Alfeite, a Vestion, a Parmalat, a Eical, a Paulo de Oliveira, o sector corticeiro/Grupo Amorim, minas da Panasqueira, Impormol, INCM, Cavan, Saint Gobain/Sekurit.
Com expressão no sector dos serviços, uma elevada adesão no sector dos correios, nos centros de contacto da EDP, importantes expressões em outros sectores, incluindo no sector do comércio e hotelaria. O sector da pesca fortemente afectado.
Uma elevada adesão na administração pública, na administração local com muitas adesões totais ou superiores a 90%, nomeadamente na recolha de lixo, transportes urbanos municipais e sectores operários e auxiliares, na administração central, com centenas de escolas dos vários níveis de ensino e jardins-de-infância encerrados e muitos outros estabelecimento de ensino profundamente afectados no seu funcionamento e importantes incidências nos serviços de saúde, na justiça, nas finanças e na segurança social.
Uma grande adesão no sector dos transportes com paralisações totais ou acima dos 70% e 80%, de que é exemplo o sector marítimo/portuário, o Metro de Lisboa, a CP em todo o País com grande adesão, os transportes fluviais com mais de 75% na Soflusa e 70% na Transtejo, o STCP e o Metro do Porto, as transportadoras rodoviárias de passageiros regionais, o Metro Sul do Tejo com a maior paralisação de sempre e registando-se nos transportes aéreos uma adesão mais baixa.
Uma greve geral que, em algumas regiões, atingiu globalmente expressões superiores ao de anteriores greves gerais, bem como em alguns sectores de que é exemplo a administração local, nomeadamente no sector da recolha de lixos e em outras áreas da administração pública, bem como no sector industrial e dos serviços.
Uma greve geral tanto mais significativa quanto se verificou nas condições do maior nível de desemprego desde o fascismo, da precariedade, de empobrecimento, de carência em que cada dia de salário conta, de sofisticadas formas de condicionamento e coação ideológica, de ameaça, repressão, arbitrariedade e violação da lei da greve, de desvalorização e silenciamento quer antes quer durante a greve. Os elevados índices de adesão nas condições de hoje são uma inapagável demonstração de descontentamento e protesto.
Nesta greve geral salienta-se e saúda-se o destacado envolvimento de jovens e de trabalhadores com vínculos precários, a elevada participação nos piquetes de greve e a forte expressão de rua nas concentrações, manifestações e desfiles já realizados e em curso.
Quero daqui saudar todos aqueles que se associaram das mais diversas formas a esta importante jornada de luta, nomeadamente muitos dos trabalhadores que integram os mais de um milhão e duzentos mil desempregados impedidos de fazer greve porque lhe liquidaram o posto de trabalho, bem como reformados e pensionistas, pequemos e médios empresários e jovens estudantes.
A greve geral é uma clara rejeição do pacto de agressão subscrito pelo PS, PSD e CDS-PP, com o FMI, a UE e o BCE, com o apoio do Presidente da República, cujas consequências dia a dia se aprofundam agravando a exploração, o empobrecimento e empurrando o País para o desastre.
A greve geral é uma clara rejeição dos ataques aos trabalhadores, do corte nos salários, nos subsídios, nos direitos, nos apoios sociais, nos serviços públicos.
A greve geral é uma clara rejeição da recessão económica que está a destruir capacidade produtiva, emprego e produção de riqueza, da retirada de milhares de milhões de euros ao povo para entregar no BPN, de roubo de somas colossais para engordar os lucros do grande capital a pretexto de pagamento de juros de uma dívida em grande parte ilegítima.
A greve geral é uma clara rejeição do pacote da alteração para pior da legislação de trabalho e que visa atingir todos os trabalhadores.
Rejeição do trabalho forçado e gratuito com a eliminação de feriados, redução de dias de férias e corte de dias de descanso obrigatório.
Rejeição da diminuição de salários, designadamente com o corte no pagamento do trabalho em dias de descanso e nas horas extraordinárias.
Rejeição da tentativa de generalização do banco de horas, que poderia significar trabalhar 12 horas por dia e 60 horas por semana, visando o prolongamento do horário de trabalho.
Rejeição da facilitação dos despedimentos, com a possibilidade de invocação da baixa de produtividade do trabalhador e a diminuição do valor das indemnizações.
Rejeição do ataque à contratação colectiva.
Rejeição de um pacote laboral que significa mais despedimentos, desemprego, precariedade, cortes dos salários e pensões, degradação das condições de trabalho, um imenso retrocesso social e civilizacional.
A rejeição deste pacote teve hoje uma clara exigência para que não seja aprovado nem promulgado. Uma exigência que prossegue na luta para que, em qualquer caso, não seja aplicado.
No seguimento da grande manifestação nacional de 11 de Fevereiro, a Greve Geral de hoje representa uma inequívoca exigência duma vida melhor, dum Portugal com futuro.
Rejeitar o pacto de agressão, promover a ruptura com a política de direita, assegurar uma política patriótica e de esquerda, com a renegociação da dívida nos montantes, nos prazos e nos juros, a aposta no sector produtivo e na produção nacional, o controlo público sobre os sectores estratégicos, a valorização do trabalho e dos trabalhadores, designadamente o aumento dos salários e das pensões, a garantia dos apoios sociais, a defesa dos serviços públicos, o apoio aos micro pequenos e médios empresários, a afirmação da soberania nacional é o único caminho para Portugal.
O PCP reafirmando a confiança de que é possível um Portugal mais desenvolvido e mais justo, apela aos trabalhadores, à juventude, ao povo português para que prossigam, multipliquem e intensifiquem a sua acção e luta e desde já sublinha a importância da participação na manifestação nacional da juventude trabalhadora e na manifestação nacional em defesa das freguesias e do poder local que se realizam dia 31 de Março em Lisboa.
O PCP apela a todos os democratas e patriotas para que se mobilizem, na rejeição do pacto de agressão, por um Portugal com futuro.