26/01/2014

7.430.(26jan2014.16.16') Memórias das Termas da Piedade.Vestiaria...Dr.João Lameiras Figueiredo...Ilda Anselmo...Maria Gertrudes (a tuxa)...

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João Pedro
 foto de Joao Pedro.








Por falar em memórias e alguns acidentes de percurso lembro com saudade um Grande ser Humano, Homem de cultura, amante da liberdade, fervoroso profissional, humildade e dedicação no seu trabalho que desempenhava com rigor, falo do Dr. João Lameiras de Figueiredo. Este Médico um ser Humano invejável de qualidades, não distinguia o pobre do rico, recebendo no seu consultório ou mesmo deslocando-se a suas casas não olhando a meios nem a dinheiro, simplesmente com um único objectivo o de ajudar “curar” aqueles doentes. Homem de respeito e respeitador, alto de estatura, cabelo grisalho com sua franja comprida penteada para trás, destacando-se na sua face o seu bigode farfalhudo amarelado “queimado” dos cigarros que fumava. Médico que me assistiu tantas vezes e me salvou a vida, não fosse a minha Mãe “Ilda Anselmo” quando eu era uma criança de pedir ajuda a este Médico. Como na vida tenho sido afortunado em doenças, mais uma vez recorreu-se ao Dr. Lameiras assim era conhecido em Alcobaça. Logo de imediato e após conclusão da auscultação que fez, “Nisso Ele era um profundo conhecedor, com suas mãos grandes, dedos compridos” que percorriam o corpo inteiro de qualquer doente, disse então á minha mãe “esta criança está na última”, tem uma Colite em último grau. Lá nos recomendou fazer tratamentos nas Termas da Piedade, conhecidas pelas suas qualidades de águas que eram (são) hipotermais, mesossalinas, cloretadas, sódicas, bicarbonatadas cálcicas e radioactivas, indicadas no tratamento de dermatoses e nas afecções intestinais. Recordando as Termas da Piedade não posso deixar de salientar uma das funcionárias daquele estabelecimento Termal, a minha Tia/Madrinha “Maria Gertrudes” mais conhecida por “Tuxa”. Empregada exemplar de uma dedicação e honestidade invejável, a quem os proprietários das termas confiavam todo o dinheiro realizado nos tratamentos, sendo Ela a recepcionista/telefonista do Hotel por onde passavam todas as vendas. Por aqueles espaços passei muito do tempo da minha infância e juventude, onde fui bastante feliz. Recordo-me de a “Tuxa” ter sempre lindas peças de fruta e bolos que lhe eram oferecidos por clientes das mais variadas zonas do País. Guardava sempre para os sobrinhos estas relíquias daquela época, onde eu era o mais sortudo por razões de estar mais próximo e a visitar inúmeras vezes. Percorria na sua maioria o percurso a pé desde a minha Aldeia “Bárrio” até as Termas. Lembro-me de um caminho estreito por um vale e monte rodeado de mato, pinheiros e arbustos silvestres, onde se podia inalar um ar fresco, puro, perfumado. Ouvia-se na caminhada o cantarolar dos pássaros, o ruido entre arbustos de répteis, o deslizar das águas nos ribeiros. Passava-se num alto conhecido por “Chão Branco” onde realçava a sua cor esbranquiçada em relação ao resto da paisagem. Era constituído por umas pequenas pedras num formato quase homogéneo idêntico ao de uma pequena bala, ao qual se chamavam “Rainhas”. Não tenho a ideia e a origem de tal nome pois sempre as conheci com essa denominação. Sei que muitas das vezes apanhávamo-las e onde houvesse uma fogueira aí as deitávamos, tal era o seu rebentamento ruidoso parecido ao de um pequeno explosivo. Ainda tenho nas minhas colecções de pedras algumas exemplares dessas “Rainhas”. Tenho memórias de com a minha Avó “Baptista” Mãe do meu Pai Alberto, percorrer aqueles caminhos empedrados, sentado num “seirão” de verga (objecto de transporte para carga de duas divisões, que era usado sobre o dorso de um Burro), sobre uma Burra velhinha de meia estatura branca/acinzentada que a minha Avó tinha, onde se fazia transportar até ás Termas da Piedade, onde também fazia tratamentos. A burrita ficava todo aquele tempo presa com a arreata a uma árvore, no inico da descida ingreme da mata das Termas, onde se fazia sentir as sombras e o fresco do verão. Joao Pedro 26-01-2014 Foto antiga das Termas da Piedade