24/02/2014

7.571.(23fev2014.23.32') Acessibilidade Pedonal

Para ter em consideração
A calçada é agressiva para quem circula  com uso da cadeira de rodas...
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texto de Manuela Ralha relativamente à calçada portuguesa, no recentemente aprovado Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa:

Mobilidade em Lisboa. Nem tudo se resume à calçada portuguesa
(21-02-2014, jornal i)
O Plano de Acessibilidade Pedonal, aprovado esta semana, prevê fazer de Lisboa uma “cidade para todos”. Poucas passadeiras, passeios estreitos, escolas onde faltam rampas de acesso ou transportes públicos sem capacidade para levar utentes com mobilidade reduzida foram alguns dos problemas mais identificados na capital. Feito o diagnóstico das barreiras à mobilidade, a câmara municipal promete agora eliminar esses entraves arquitetónicos até 2017. Nem que para isso seja preciso substituir a calçada portuguesa 

ESCOLAS
Problema
• Foram analisadas 32 escolas do 1.º ciclo, de um total de uma rede de 91 estabelecimentos do ensino básico em Lisboa 
• A existência de escadas entre o nível da entrada e as salas de aula, ginásios e recreios é um dos principais obstáculos para alunos e professores com mobilidade reduzida 
• Em alguns casos, a largura das portas e dos corredores é demasiado pequena 
• Não existem casas de banho adaptadas para alunos, docentes e funcionários com deficiências motoras 
• Faltam corrimãos nas rampas instaladas no interior e no exterior dos edifícios 
• Algumas escolas têm salas em oito andares diferentes, o que dificulta a mobilidade 
• Os pavimentos em mau estado de conservação são outras deficiências identificadas no plano de mobilidade
• Foram igualmente detetados problemas de acesso na passagem entre o exterior e o recinto escolar 

Solução
• Construir e adaptar instalações sanitárias para alunos e professores com mobilidade condicionada 
• Instalar rampas dentro e fora dos edifícios. Nos casos em que há rampas, melhorar alguns aspetos como corrimãos e faixas de sinalização 
• Montar meios mecânicos para facilitar o acesso a pisos mais elevados onde estão as salas de aula 
• Criar recreios exteriores cobertos 
• Promover obras para reabilitar os pavimentos exteriores das escolas 
• Construir rampas que facilitem o percurso entre a escola e a via pública 
• Colocar faixas antiderrapantes nas escadas 
• Investimento previsto para corrigir as anomalias detetadas no parque escolar: 951 mil euros 

TRANSPORTES
Problema
• A informação que consta nos sites de turismo está desajustada da realidade 
• Há falhas de informação aos utentes de mobilidade reduzida 
• Falta de avisos dentro dos autocarros sobre as paragens seguintes 
• Existência de degraus à entrada dos veículos 
• Corredores de largura insuficiente para a circulação de pessoas com mobilidade condicionada 
• O Metropolitano de Lisboa e os barcos antigos da Transtejo e Soflusa não têm zonas para cadeiras de rodas 
• Alguns comboios da CP não têm espaço suficiente para manobrar cadeiras de rodas 
• Problemas no acesso a Sete Rios: percursos sinuosos, pavimento em más condições, pouca iluminação 
• Acessos à interface de Alcântara com falta de sinalização, passadeiras e zona pedonal 

Solução
• A Carris prevê lançar o portal online de carregamento de títulos de transporte 
• O metro tem prevista a instalação de painéis com indicações em braile
• O Metropolitano de Lisboa quer ainda remodelar 14 estações, instalando elevadores e casas de banho para utentes com deficiências motoras 
• O Metro está a estudar também um dispositivo experimental nas carruagens para fixar cadeiras de rodas 
• Aumentar o número de bancos e abrigos nas paragens de autocarro é outra das medidas previstas 
• Adaptar paragens de autocarro, nomeadamente da carreira 720 da Carris, que serve serviços como o Hospital D. Estefânia e o Hospital Militar 
• Eliminar barreiras no acesso à estação de Sete Rios que possam dificultar a movimentação de peõe se o acesso à rede de transportes 
TURISMO
Problema
• Um inquérito aos hotéis de Lisboa indica que a maioria dos hoteleiros que participaram no estudo (47,6%) conhece o programa Turismo para Todos, mas pondera ainda se merece ou não ser implementado 
• Falta formação e competências dos recursos humanos, principalmente no atendimento ao público 
• Tendo em conta que quase 93% dos turistas preferem andar a pé, persistem os obstáculos no espaço público 
• Desconhecimento dos agentes turísticos sobre a oportunidade económica inerente ao projeto Turismo Acessível 
• Museus como o Rafael Bordalo Pinheiro e o da Cidade apresentam deficiência nos acessos, nomeadamente quanto à largura das zonas de passagem. A correção destes obstáculos implica um investimento superior a 200 mil euros 
• Dificuldades no acesso ao Castelo de São Jorge, tendo em conta que na freguesia 29% dos moradores têm 65 anos ou mais 

Solução
• Melhorar os acessos no espaço público 
• Articular a interface entre transportes 
• Apostar na formação, de modo a ter recursos humanos com competências inclusivas ao nível dos serviços 
• Aposta num portal virtual que disponibilize informação sobre as condições de acesso dos serviços, equipamentos e locais 
• Serviço gratuito ou taxa moderadora 
• Cobertura regional alargada a todo o território 
• Corpo de médicos experientes e especialidades várias
• Operacionalizar e divulgar o sistema de roteiros para turistas em cadeira de rodas 
• Captar agências de viagens que se especializem em turismo acessível 
• Adaptar os museus ao acesso de visitantes com mobilidade reduzida 
• Fazer diagnóstico das condições de acesso no Castelo de São Jorge e propor soluções no que respeita a pavimento, obstáculos e circulação mais fácil nas ruas íngremes 

PASSADEIRAS
Problema
• Quase 60% dos atropelamentos ocorreram com o peão na passadeira ou a menos de 50 metros das passadeiras 
• No conjunto dos anos em análise (2004-2007 e 2010-2011) registaram-se 114 atropelamentos nas imediações das passagens de peões desniveladas, não se podendo portanto assumir que absorvem, por definição, todos os fluxos pedonais 
• O estacionamento ilegal sobre as passadeiras 
• O sinal sonoro a funcionar durante toda a noite pode causar incómodo a quem reside na envolvente 
• Durante as horas de tráfego rodoviário mais intenso, o ruído tende a abafar o som do semáforo 
• O tempo de sinal verde ligado não é sempre cumprido 
• É favorecida a circulação automóvel nos eixos principais, através do prolongamento excessivo dos tempos de verde para os veículos, resultando no aumento dos tempos de espera para peões 

Solução
• Verificar quais os locais onde não existem ligações e quais aqueles em que existem ligações a melhorar 
• Há 55 passagens de peões desniveladas, subterrâneas ou superiores. Quando possível, substituí-las por passagens de peões de superfície, com semáforo 
• Reabilitar a passagem pedonal subterrânea de Alcântara é uma das prioridades. Atualmente apresenta problemas de infiltrações, iluminação, segurança e limpeza 
• Adaptar as passagens de peões existentes nos 19 cruzamentos da Av. 5 de Outubro e na Gare do Oriente 
• Propor contrato com a EMEL para fazer obras de adaptação de passagens de peões nas suas áreas em exploração 
• Eliminar as barreiras que aumentam o tempo de passagem para os peões, nomeadamente acabar com os degraus nos passeios e tornar as passadeiras mais largas onde exista maior intensidade de tráfego pedonal 

PASSEIOS E CALÇADAS 

Problema
• A calçada portuguesa foi generalizada e hoje é aplicada de forma automática por toda a cidade, com características que já não são as originais. Este tipo de calçada foi instalada em zonas inclinadas, tornando as ruas escorregadias 
• A largura do passeio nem sempre é suficiente, o que faz com que muitos peões sejam forçados a circular na faixa de rodagem 
• Alguns pavimentos são irregulares 
• Depois da abertura de valas, a reconstrução nem sempre é feita de forma adequada 
• Os passeios estão ocupados por obstáculos: sinalização vertical de trânsito, postes de iluminação pública, abrigos de autocarros, caixotes do lixo, bocas-de-incêndio ou esplanadas 
• O estacionamento ilegal de carros sobre o passeio provoca congestionamentos e cortes na circulação pedonal, forçando os peões a usar a faixa de rodagem ou a atravessá-la fora da passadeira 

Solução
• A perda de qualidade da calçada é um problema estrutural que a câmara municipal não se compromete a resolver no curto prazo. Qualquer mudança neste domínio será sempre “progressiva”, refere o documento 
• Inserir faixa com pavimento com 1,20 de largura nos “percursos pedonais saudáveis”, percursos urbanos comuns, integrado na rede de passeios e adaptado para fomentar o andar a pé 
• Implantar no início e no final de cada percurso placards com informações sobre distância, grau de dificuldade, etc. 
• Alterar a disposição dos lugares de estacionamento, para não roubar espaço aos passeios 
• Programar e executar, de forma progressiva, a remoção dos obstáculos fixos obsoletos 
• Eliminar os obstáculos nos passeios da Avenida Almirante Reis, zona onde já foram identificadas em pormenor as condições de acesso